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História A Eleição (em betagem) - Ícaro


Escrita por: Gabbehh

Notas do Autor


Esse foi o capítulo em que eu mais me diverti escrevendo.

As músicas desse capítulo são, exatamente nessa ordem:
- Oceans - Seafret
- Light it up - Major Lazer (apenas uma pequena parte)
- Radioactive - Imagine Dragons (apenas uma pequena parte, também)
- Lay down - Son Little

Capítulo 2 - Ícaro


Chovia.

Assim que Ícaro abriu seus olhos, um raio de preguiça passou pelo seu corpo. Era feriado, e ele deveria ir para uma festa, coisa que ele odiava. Tudo para beneficiar uma maldita campanha de eleição.

Ícaro olhou para o relógio. Era uma e meia da tarde.

Seu quarto estava uma bagunça. Milhões de papéis espalhados pelo chão de forma bagunçada, livros e mais livros de autoajuda estavam empilhados em fileiras de no mínimo meio metro cada, possuindo os títulos "Como evitar a depressão" "Pensamentos positivos" e o mais ridículo de todos: "Apenas não se deprima". Após o Grande Término e outra série de eventos deprimentes que aconteceram em sua vida, Ícaro comprava mais e mais livros de autoajuda para não entrar em uma Grande Depressão, mas aparentemente esses livros não eram nem um pouco eficazes e a tristeza engolia sua alma a cada dia.

Na parede ao lado de sua cama havia milhares de fotos, todas elas estavam rabiscadas, queimadas ou cortadas completamente ou pela metade, devido a um ataque de raiva que teve recentemente. Suas mãos estavam cheias de pequenos cortes de papel por causa disso.

Ícaro se sentou na beirada da cama, olhando tudo ao seu redor e provavelmente contemplando sua belíssima destruição.

Ele precisava de uma vida.

Ícaro pegou um frasco de remédios que estava na cabeceira de sua cama e se levantou. Ele não fazia a menor ideia de para quê aqueles remédios serviam, mas tomou do mesmo jeito. Em seguida, foi em direção a seu armário e vestiu uma camisa amarela de botão, se olhando no espelho logo depois disso. Seu cabelo estava terrivelmente bagunçado, havia olheiras enormes abaixo de seus olhos e ele sentia um gosto desagradável na boca. Para completar, não fazia a menor ideia de onde estavam suas lentes, então teve que por seus óculos no nariz.

Foi para a cozinha que milagrosamente estava limpa. Mesmo morando sozinho (por enquanto), Ícaro não gostava de deixar sua bagunça visível para "possíveis visitas", com exceção de seu quarto, é claro. Ninguém nunca entrava lá dentro.

Quase morreu de susto quando ouviu a campainha tocando. Como não estava acostumado com visitas, também não estava acostumado com o som irritante de sua campainha tocando.

Ele abriu uma fresta com os dedos na persiana e viu Alessio se esfregando na janela. Do seu lado estava Sam, dando risadas dos gestos que Alessio fazia.

Abriu a porta e imediatamente deu de cara com Sam e seu capuz preto e amarelo. Por algum motivo, do nada ele começou a se perguntar por que os olhos castanhos de Sam eram tão bonitos, por que seu cabelo preto e repicado combinava tão bem com sua franja comprida na testa e por que seus lábios pareciam tão macios e tão delicados para bei...

- Oi, Ícaro. - Sam falou, fazendo com que os pensamentos de Ícaro se separassem e fossem direto para a estratosfera.

- Olá Sam. - Ícaro respondeu, tentando fingir que aqueles pensamentos estranhos nunca estiveram em sua cabeça.

Alessio apareceu logo em seguida e então imediatamente cobriu os olhos de Sam com uma de suas mãos enormes.

- Cara, vai vestir uma calça. - Disse Alessio, fazendo com que Ícaro percebesse que estivera sem calças o tempo todo.

- - -

- Podem me explicar o motivo de estarem aqui? - Ícaro falou, se sentando no sofá com tanta delicadeza quanto você teria se estivesse irritado.

A realidade era que não havia um motivo para aquilo. Alessio e Sam finalmente estavam tendo um momento apenas para os dois, o que é raro já que Alessio é uma pessoa popular e está sempre rodeada de pessoas, e Sam tem seu pequeno grupo de três amigas que não se desgruda por nada, então ter tempo para saírem juntos era muito raro. Mas voltando ao assunto anterior, os dois estavam fazendo uma caminhada, rumo a um novo restaurante de comida árabe, quando Sam perguntou "E como o Ícaro está?" e Alessio respondeu "Não sei. Vamos visitar ele", e os dois foram assim, sem nenhum motivo aparente.

Acho que um dos fatores principais para eles terem ido até a casa de Ícaro não era para saber se ele estava realmente bem, mas principalmente porque ele tem ótimas balas de gengibre, e Sam adora gengibre.

- Hum, para nos prepararmos para a festa, é claro! - Alessio respondeu, abrindo uma bala de gengibre e a jogando em sua boca.

Ícaro o encarou visivelmente irritado, e disse:

- Por algum motivo eu não consigo acreditar nisso.

Alessio levou a mão ao peito, parecendo ofendido com o que seu amigo acabara de dizer.

- Que malvado você. Por que não acredita em mim? - Alessio falou.

- Primeiro: Você está com roupas de corrida. Segundo: Vocês dois estão abusando das minhas balas de gengibre - Ícaro disse e puxou o pote com balas para longe dos dois amigos - E terceiro: Essa festa só começa às dez e meia.

Alessio se calou. Havia esquecido esses pequenos detalhes que entregavam que ele e Sam só estavam ali para comer balas de gengibre. E agora que as balas estavam longe, os dois teriam que fazer um esforço a mais para alcançá-las.

-... Antes cedo do que nunca. - Alessio falou, esticando o braço para pegar mais uma bala.

Ícaro deu um tabefe em sua mão e ele recuou.

- Esse ditado nem existe. - Ícaro protestou - Não tem nada pra fazer aqui, voltem para seus outros amigos.

- Não. - Alessio falou, ajeitando sua postura. Ele fazia isso toda vez que queria se impor. Também fazia isso toda vez que queria lembrar o quanto ele era maior que Ícaro, até mesmo sentado.

- Por que não? - Ícaro disse, parecendo confuso.

- Porque nós somos seus amigos e você parece estar morrendo. - Sam se pronunciou no meio da conversa.

Ícaro virou sua cabeça em direção a Sam, como se canalizasse toda sua raiva nela, mas na verdade ele estava apenas surpreso.

Aquilo certamente o surpreendeu. Ele não esperava ouvir aquilo de Sam, uma das pessoas mais deprimentes do universo todo (se não A mais deprimente de todos). Sam era como uma barreira inatingível de calma. Ela quase nunca se zangava porque qualquer coisa negativa que você dissesse sobre Sam, ela concordaria. Por exemplo, na semana passada uma garota tentou insultá-la por nunca ter beijado um garoto, foi algo mais ou menos assim...

- Você nunca beijou um garoto? Que fracassada.

E contrariando as leis do universo que fariam qualquer pessoa se zangar ou ficar triste com isso, tudo o que Sam disse foi:

- É, eu sei. Eu sou mesmo uma fracassada.

E isso irritou tremendamente a garota, porque algumas pessoas ficam irritadas quando percebem que não conseguiram destruir a autoestima de uma pessoa. Acontece que Sam já não tinha mais uma autoestima fazia séculos.

Mas voltando a situação atual, Ícaro continuava em seu estado de indignação.

- Eu pareço estar morrendo? - Ícaro perguntou e os dois fizeram que sim com a cabeça - Então vocês estão tremendamente enganados, porque eu já morri há dias. Por dentro.

Alessio o encarou como se quisesse bater em Ícaro por ser tão patético e depressivo.

- Você está passando tempo demais com a Sam. - Alessio falou - Sabe seus problemas? Então, Ícaro, tudo que você tem que fazer é sambar em cima deles.

- Não creio que seja possível pra alguém que já está morto como eu. - Ícaro respondeu, fazendo Alessio ficar com mais raiva ainda.

Esse era o problema de Alessio. Ele levava uma vida muito alegre e feliz, sem deixar que nada o abalasse. Se algum problema surgisse ele o resolveria, já que era uma pessoa extremamente incrível, mas quando os outros estavam com problemas, Alessio se esquecia de que nem todos eram como ele, e de que nem todos sabem lidar tão bem com as coisas quanto ele e que talvez, só talvez, Ícaro estivesse cansado demais de tentar fazer as coisas e sempre se dar mal em tudo. Mas Alessio não escutava isso. Ele nunca escutava, e depois se zangava com as pessoas por elas não serem como ele e por terem a doença mais patética do mundo de acordo com ele, a tristeza.

- Sam, diga alguma coisa para apaziguar essa alma demoníaca. - Alessio disse o que pareceu uma boa ideia na hora, mas na verdade foi uma péssima ideia.

- Ícaro está certo. - Sam falou.

Quando você sofre um acidente de carro e os airbags são ativados, você ou fica morto pelo impacto de um carro contra outro carro (ou uma parede, rio, beira de estrada e etc.) Ou fica gravemente ferido, prensado contra o airbag, lutando para respirar de forma decente. Era exatamente assim que Alessio se sentiu naquele momento.

- O quê? - Alessio falou em estado de choque.

- Sério, Alessio? Sambar nos problemas? - Sam falou enquanto mexia em seu celular. - Não dá certo pra pessoas inúteis e fracassadas como nós dois.

Alessio se virou para Sam. Havia esquecido que ela era um poço de escuridão e quando se tratava de tristeza, ela conseguia ser mais irritante para ele do que Ícaro estava sendo.

- Me desculpa por ser positivo, então. - Alessio disse e então se levantou, saindo pela porta da frente.

A porta fez um estrondo quando se fechou e então houve um silêncio terrível.

Ícaro ficou observando Sam. Fazia um tempo desde que ela estivera em sua casa. Um mês para ser mais preciso. Desde que o Grande Término aconteceu, Sam era amiga de Luna, a ex-grande paixão de Ícaro. Por algum motivo, Luna detestava Ícaro com todas as forças, e então tentava manter Sam o mais longe possível para que Ícaro ficasse completamente solitário. Ao menos, era isso que Ícaro pensava. Luna apenas queria que Sam estivesse disponível para ela 24 horas por dia, sete dias por semana, mas Ícaro não achava isso correto. E como Luna era mais importante para Sam do que Ícaro, Sam procurava não deixá-la irritada dizendo que ia visitá-lo mais do que uma vez ao mês.

Sam guardou o celular e então olhou em volta. Pareceu surpresa ao não ver mais Alessio por perto.

- Hum? Cadê o Alessio? - Sam falou, e Ícaro a encarou imediatamente.

- Hã... Ele saiu porque ficou bravo com a gente. - Ícaro respondeu.

- Ah, que triste. - Disse Sam, voltando a mexer em seu celular - Você viu isso?

Sam então mostrou uma foto de seu mais novo ídolo, Noah Evans. Depois de ver seu seriado, o único assunto que Ícaro conseguia criar com Sam sobre a série Sparks era sobre o quanto Noah Evans era um ótimo ator que demonstrava bem como é ser um escritor fracassado e deprimente, o que descrevia bem como os dois se sentiam naquele momento. A foto que ela mostrou aparentemente era de um teaser da nova temporada, já que Noah Evans estava vestindo um terno e não uma roupa esfarrapada qualquer como nas outras duas temporadas.

- Espero que não falte muito para agosto - Sam falou, parecendo animada, mas nem tanto já que a única demonstração de alegria que ela tem é quando fica nervosa e começa a rir feito maluca.

Ícaro se sentou ao lado de Sam, ficando mais perto dela. Ele não fazia a menor ideia do motivo de ter feito aquilo, era como se suas pernas tivessem criado vontade própria e do nada decidiram se sentar ao lado de Samantha Travis.

- ... Está perto demais - Sam falou o que fez Ícaro recuar. Pensem o que quiserem, mas esse homem apenas queria ver as fotos de Noah Evans.

- Desculpa. - Ícaro falou, se afastando mais ainda. Ele estava mais de 50% envergonhado no momento, mas ainda assim tentou criar assunto porque conversar com Sam era incrivelmente fácil para ele. - Então... Vai à festa hoje?

Sam continuou procurando imagens de Noah Evans em seu Pinterest. E então respondeu sem desgrudar os olhos do celular.

- Festa, é...? Eu não sei. - Sam disse, marcando uma imagem como favorita - Luna e as outras garotas disseram que vão ir, mas eu não gosto de interação humana.

Ícaro fez uma careta. Ele detestava estar nos mesmos lugares que Luna porque isso o lembrava de coisas horríveis, e agora estava repensando se deveria mesmo ir nessa festa.

- E você? - Sam perguntou, finalmente desviando a atenção do celular para Ícaro.

Ícaro tossiu. Após a notícia de que Luna estaria na festa, isso mudava quase tudo.

- Alessio quer que eu vá. - Ícaro disse, dando a resposta mais óbvia enquanto jogava uma mecha de cabelo para trás, sem prestar muita atenção no que estava falando. - Pra campanha, sabe. E a Lara? Ela não vai?

- Hum, ela até foi convidada algumas milhões de vezes, mas sabe como é, né. É difícil levar a cadeira de rodas pra uma festa cheia de pessoas - Sam falou o que fez Ícaro ficar surpreso.

- Como assim? - Disse Ícaro. Ele não estava prestando muita atenção naquele momento.

- Ué. Você sabe, não sabe? - Sam falou, parecendo desinteressada no motivo da surpresa de Ícaro.

- Sabe do quê?

- A Lara. Lara Wachowski. A paraplégica. Todos na escola inteira sabem disso desde os dez anos.

Ícaro ficou quieto por alguns segundos. Ah, aquela Lara. Sentiu-se um pouco idiota por não estar prestando atenção no que Sam estava falando.

- Ah é, a Lara. - Ícaro disse, voltando a prestar atenção, e então Sam começou a rir.

- Meu Deus! - Sam exclamou - Você sequer estava prestando atenção? 

Ela riu cada vez mais alto, até arquear sua cabeça para frente e então Ícaro também começou a rir, e os dois tiveram um ataque de risos e apoiaram suas cabeças uma na testa do outro, o que fez os dois pararem de rir por um segundo, e em seguida Sam voltou a ter um ataque de riso, empurrando Ícaro para longe.

- Mas o que? - Sam disse, entre risinhos - Não faça isso!

Ícaro se virou para frente e sua expressão passou de séria para parcialmente triste. Aquilo havia sido muito errado e ele não conseguia acreditar no que havia feito.

Sam parou de rir quando percebeu o que havia acontecido. Ela se levantou e então colocou seu capuz de volta.

- Eu acho que eu devia ir embora. - Sam disse, indo até a porta. Ainda garoava lá fora, mas Sam não se importava com aquilo, ela só queria ir para casa. - Até, Ícaro.

- Tchau, Sam. - Ícaro disse, sem olhar para ela, e então a porta se abriu por um segundo e se fechou logo em seguida.

Tudo que Ícaro foi capaz de fazer foi deitar no sofá e dormir enquanto a tristeza não passava.

- - -

As pessoas apareciam de todos os lados segurando copos de bebidas ou fatias de pizzas em suas mãos. Havia uma música ruim e ensurdecedora tocando, e todos pareciam estar gostando daquilo, mesmo sendo fato de que aquela música era bem ruim mesmo. Garotas de vestido curto e shorts rasgados estavam dançando sensualmente aonde a música era mais alta, alguns caras, os bonitos e musculosos, se aproximavam das gostosas e então começava o ritual de acasalamento mais esquisito que você poderia ver na sua vida.

Ícaro estava com um copo de alguma bebida azul estranha, perto dos banheiros, aonde não havia muitas pessoas já que estava cedo demais para que alguém ficasse bêbado ou decidissem fazer sexo no banheiro. Mas do mesmo jeito era possível ver rostos conhecidos de longe. A entrada ficava bem na sua frente e assim que fitou Luna, com uma roupa razoavelmente bonita para a ocasião, desviou o olhar e bebeu um pouco de seja-lá-qual-bebida-está-no-meu-copo.

Só conseguia pensar no quanto ele queria estar em casa agora, deitado em sua cama, no seu quarto bagunçado, tomando mais remédios do que deveria, e não nessa estúpida festa, com essa estúpida musica ruim, essa estúpida bebida desconhecida e aquele estúpido castelo inflável, aonde garotas de saia iam para mostrar suas calcinhas para outros caras.

Ao menos não tinha uma piscina, e isso era lucro.

Assim que Alessio chegou, Ícaro jogou seu copo para o lado e foi correndo em direção a ele. Alessio ainda parecia visivelmente zangado com Ícaro por aquele incidente mais cedo.

- Ah, aleluia. Pensei que nunca fosse chegar! - Ícaro quase gritou, andando lado a lado com Alessio enquanto a música mudava. Ele estendeu um papel que estava segurando e Alessio o pegou - Faça o que faz de melhor e leia isso. Vou estar longe de todas essas pessoas.

- Vai lá, depressivo! - Alessio quase gritou enquanto Ícaro se afastava.

Apesar de não ter se virado para Alessio, Ícaro estava incrivelmente irritado com aquilo. Não podia acreditar que seu melhor amigo havia dito aquilo para ele, ao invés de guardar sua raiva para si mesmo. Foi em direção a mesa com bebidas e pegou mais um pouco daquela bebida azul desconhecida, partindo para os fundos do banheiro logo em seguida.

Seu palpite estava correto, não havia ninguém lá. Ícaro respirou fundo uma, duas, dez vezes e repetiu mentalmente as palavras "eu não me importo com nada disso" até sentir que estava de volta ao seu normal. Lamentou por não ter nenhuma de suas pílulas com ele. Um remédio qualquer seria bem vindo no momento.

Saiu dos fundos do banheiro e ficou ao lado da escadaria de entrada da casa. Era mais barulhento e com mais pessoas, mas também era mais perto da mesa com bebidas e caixas de pizza, então ele decidiu ficar por lá mesmo.

Viu um grupo de garotas conversando em uma rodinha e então reconheceu o cabelo médio preso em um rabo de cavalo. Sam havia decidido ir. Os dois se entreolharam e ela acenou para ele discretamente. Ícaro correspondeu o gesto com um sorriso e sem saber o motivo, continuou sorrindo durante um bom tempo.

Sam murmurou alguma coisa com Luna e as outras garotas e então se aproximou mais de Ícaro.

- Oi de novo - Sam falou, se sentando no menor degrau da escadaria.

Ela estava usando uma camiseta com a estampa Deus salve a rainha, o que era irônico já que Sam não acreditava na possibilidade de existir um Deus e não morava na Inglaterra. Usava uma calça justa e tênis que pareciam que nunca foram lavados, mas do mesmo jeito, ela parecia muito elegante aos olhos de Ícaro.

- Se divertindo com o clube dos cinco? - Ícaro disse, apontando para as outras garotas. Luna o olhou como se olhasse para algo muito nojento e em seguida desviou o olhar.

- Imensamente - Sam respondeu e então riu - Por que não se junta a nós?

- Não acho que seja uma boa ideia - Ícaro disse - A Princesa do grupo está me olhando como se quisesse me enterrar em uma lixeira.

Sam soltou uma risada histérica, o que fez Ícaro rir também.

- Você já se resolveu com o Alessio? - Sam perguntou

- Mais ou menos. Ele meio que gritou que eu era um depressivo e acho que várias pessoas ouviram. - Ícaro respondeu, dando um gole em sua bebida - Mas fora isso, tá tudo joia.

Sam observou enquanto Ícaro levava o copo a seus lábios. Parecia super interessada no que quer que fosse aquele líquido.

- O que você está bebendo? - Ela perguntou

- Eu... Não sei, não! - Ícaro quase gritou por causa da música que ficava cada vez mais alta - Eu consegui...

Antes que pudesse completar sua frase, Luna apareceu na frente dos dois com seu cabelo curto e ruivo. Ela puxou Sam pela mão e então disse:

- Ah, vamos beber logo, sua inútil! - E riu.

Em seguida, soltou um olhar frio para Ícaro e deu as costas como se ela fosse boa demais para se juntar com alguém como ele. Sam olhou para trás e fez uma cara de confusa. Ícaro apenas levantou seu copo, como quem diz "Saúde!" antes de beber algo, e as duas foram em direção a mesa de bebidas e desapareceram depois disso.

Ícaro voltou ao que estava fazendo, ou seja, absolutamente nada.

Viu Alessio não muito longe dele. Ele cumprimentava as pessoas de forma enérgica e animada, sorrindo e rindo, bem extrovertido como ele sempre era. De repente, a música ficou mais baixa e Alessio subiu em uma cadeira. Ícaro se aproximou. Era a hora de ler o discurso em que ele havia trabalhado duro por dias e dias.

- Aí, pessoal! Gente cala a boca, gente, peraí, CALEM A BOCA VOCÊS AÍ! - Berrou Alessio, o que só fez o pessoal rir. Pelo tom de sua voz, parecia que ele já tinha tomado uma garrafa inteira de vodca - Ok, pessoal, como vocês sabem, esse cara bonito e gostosão aqui tá concorrendo a presidência do grêmio estudantil!

Algumas garotas gritaram em comemoração, como se quisessem dizer que ele era mesmo tão bonito e gostosão quanto estava dizendo.

- Então o meu amigo deprimente Ícaro... Cadê ele? - Alessio fingiu que procurava Ícaro pela multidão, mesmo que ele estivesse do seu lado - AH! Ele está aqui! - E todos riram - Esse cara super legalzinho me mandou ler esse discurso, ok, calma aí.

Alessio tirou o papel do bolso, desamassou ele e então, com toda a maestria de uma pessoa bêbada e jovem, começou a lê-lo.

- CAROS ESTUDANTES DO COLÉGIO GRACETOWN! - Gritou Alessio - VENHO POR MEIO DESTE, COMUNICAR-LOS COM MUITO ES... ES... Caralho, que merda você escreveu aqui, Ícaro?

E todos riram mais uma vez. Ícaro apenas queria que aquilo tudo acabasse logo.

E então Alessio fez o que Ícaro temia, segurou o discurso com as duas mãos e o rasgou em pedacinhos como se fosse confete. Ícaro não acreditava no que estava vendo, todo o seu trabalho, que ele levara semanas para conseguir deixar perfeito havia sido jogado fora por ninguém menos do que seu melhor amigo.

- É o seguinte, pessoal: - Disse Alessio, jogando os pedaços restantes de papel para cima como se fossem mesmo confete - Votem em mim para festas mais decentes como essa, entenderam?!

E a multidão vibrou. Aquela eleição seria fácil para Alessio.

Ícaro saiu de lá correndo, passou na mesa de bebidas esbarrando nas pessoas, nem percebeu quando bateu no ombro de Luna, fazendo-a derramar toda a bebida de seu copo sobre sua roupa.

- Que merda você tá fazendo?! - Luna gritou, empurrando Ícaro com sua mão livre.

Ícaro estava cansado de tudo aquilo. Estava tão cansado que queria ir para o espaço, ou melhor: Queria jogar tudo e todos para o espaço. Queria gritar ali mesmo o quanto ele odiava Luna por tê-lo deixado e por ter mentido por nove meses, e o quanto queria que ela morresse em um terrível acidente de carro, e que esperava que ela tivesse clamídia ou AIDS ou qualquer outra doença sexualmente transmissível, mas tudo que Ícaro disse foi:

- Vai se foder, sua vagabunda. - E saiu de lá, não sem antes pegar uma garrafa cheia de John Walker.

Correu em direção ao banheiro masculino e ao entrar lá dentro, trancou a porta. Bebeu metade da garrafa em um gole só e sentiu o uísque descer queimando em sua garganta. Aquilo doeu um pouco, mas aquela era a única dor que ele gostava no momento. Respirou fundo e pensou: As coisas poderiam dar mais errado? Seu melhor amigo o chamava de depressivo, o discurso no qual ele trabalhou tanto fora rasgado em pedacinhos, sua ex-namorada estava na festa fazendo todas as lembranças ruins voltarem e ele estava tendo pensamentos estranhos sobre a namorada de seu melhor amigo. Então a resposta é sim, as coisas sempre podem ficar piores quando você acha que está todo ferrado.

Ícaro murmurou as palavras "eu não me importo com nada", mas a calma que ele esperava não apareceu. Ao que tudo indicava, Ícaro se importava sim, mas ele não queria se importar com toda aquela baboseira. Continuou falando isso mais e mais alto até perceber que não estava sozinho.

Uma das cabines do banheiro se abriu e de lá saiu um garoto moreno, alto e magro de cabelos castanhos e cacheados. Ele usava uma camiseta cinza que era larga demais para seu tamanho, mesmo sendo um cara gigante. Também estava usando calcas largas, como se fosse cair a qualquer momento. Ele se aproximou de Ícaro e então disse:

- Então você não se importa com nada?

Ícaro fez que sim com a cabeça. Estava um pouco assustado com aquela aparição, mas tentou não entrar em pânico.

- Estou tentando não me importar com nada. - Ícaro respondeu.

O garoto se apoiou na parede ao lado de Ícaro, e os dois começaram a conversar. Aparentemente o garoto não era nada ameaçador, muito pelo contrário, parecia a pessoa mais amigável que Ícaro podia conhecer naquela festa.

- É, eu sei cara. Essas pessoas são idiotas. - Disse o garoto - A propósito, eu me chamo Trevor.

- Oi, Trevor. - Ícaro disse - Eu sou Ícaro.

- Ah. Como naquela história da Grécia antiga?

- Exatamente.

Ícaro e Trevor continuaram conversando sobre coisas triviais por um bom tempo. Aparentemente os dois gostavam das mesmas bandas de musica alternativa e também gostavam de comer no mesmo restaurante mexicano, e isso os deixou mais próximos. Mas depois de um tempo, Trevor retirou um vidro de seu bolso, onde estavam milhões de pílulas vermelhas.

- Quer comprar algumas? - Trevor perguntou. Aparentemente Ícaro fizera amizade com um traficante. Bacana.

Ícaro adorava tomar pílulas sem saber para o que elas serviam. Ele fazia isso o tempo todo quando estava triste, e agora ele estava triste e com raiva, e talvez seja por esse motivo que ele comprou três pílulas vermelhas e tomou duas junto com o uísque.

Logo após agradecer Trevor por aqueles maravilhosos remédios mágicos, Ícaro destrancou a porta do banheiro e deu de cara com Sam, que estava saindo do banheiro feminino.

Talvez seu sorriso idiota o tenha entregado, ou talvez tenha sido o fato de sua gravata estar toda esquisita, mas assim que Sam o viu daquele jeito, tudo que ela perguntou foi:

- Você está drogado?

Ícaro fez que sim com a cabeça.

- São pílulas?

Ícaro fez que sim com a cabeça.

- Pode me dar?

Ícaro fez que sim com a cabeça e logo em seguida entregou a última pílula e a garrafa de uísque para Sam. Ela engoliu a pequena cápsula vermelha e depois tomou um gole de uísque.

- Que porra é essa que eu acabei de tomar? - Sam perguntou enquanto começava a rir.

- Divirta-se. - Disse Ícaro, entre risinhos.

- - -

Talvez o efeito das pílulas tenha sido tão eficaz que até mudou parte da personalidade dos dois. Quando se deu conta, Ícaro estava no meio da multidão, dançando algum tipo de música eletrônica com Sam em sua frente, também dançando. A música mudou. Os dois riam mais do que alguma pessoa normal deveria rir, mas simplesmente não conseguiam evitar nada daquilo. E talvez o efeito daquela droga tenha se intensificado por causa da bebida alcóolica que os dois tomaram, mas do mesmo jeito, Ícaro e Sam nunca se divertiram tanto em uma festa, dançando ao som de Radioactive.

Ícaro estava tão animado que começava a agir como se ele estivesse tocando a bateria da música, Sam apenas o acompanhava, rindo de uma maneira nervosa por estar longe de suas amigas. Mal podia imaginar o quão brava Luna devia estar, mas nada disso importava agora.

Ícaro conseguia enxergar milhões de rostos conhecidos em toda aquela multidão. Seu novo amigo Trevor, o gigante de cabelos cacheados também parecia estar se divertindo muito enquanto segurava duas garotas pela cintura. Aparentemente a madrugada dele seria incrível, com um threesome. Assim que Trevor viu que Ícaro estava se divertindo loucamente, ele acenou com uma das mãos. Ícaro retribuiu o gesto. Alessio também parecia animado, mas de um jeito diferente já que ele havia apenas bebido e não abusado do efeito de entorpecentes como Ícaro e Sam haviam feito. Ele dançava alegremente com seus amigos e cuidadosamente rejeitava todas as garotas que tentavam se esfregar nele.

E enquanto os dois (Ícaro e Sam) pareciam se divertir alegremente, um braço apareceu no meio da multidão e então puxou Sam pela gola de sua camisa. Era Luna, mais uma vez.

- Aí está você! - Ela disse e então fitou Ícaro, que estava com seu terno todo esquisito e amassado - E aí está o capitão fracasso. Vamos embora logo!

Sam estava se virando para ir juntamente a Luna quando Ícaro a segurou pelo pulso.

- POR QUE VOCÊ NÃO VOLTA PRO SEU PAÍS LATINO, SENHORITA LUNA? - Gritou Ícaro, chamando a atenção de várias pessoas que estavam ao seu redor.

Luna soltou a gola de Sam e Ícaro fez o mesmo, soltando seu pulso. Desesperada, ela saiu correndo para um lugar em que os dois não puderam enxergar. Talvez tenha sido apenas o efeito da droga que falou por ela naquele momento, mas assim que ela saiu, deixando Luna e Ícaro um de frente para o outro, era como se eles soltassem faíscas pelos olhos.

- O que você tem a ver com isso, seu inútil? - Luna rebateu pronta para ir embora quando um cara não muito maior que Ícaro apareceu. Ele tinha cabelo comprido e estava vestido como se tivesse ido para a cracolândia.

- Esse cara está de incomodando, Lú? - O garoto perguntou, encarando Ícaro.

Imediatamente Ícaro o reconhecera. Era Martinez, o veterano do terceiro ano que já havia reprovado duas vezes. Não podia acreditar no que estava vendo.

- Ah, Lú, não é mesmo? - Disse Ícaro - Então você tá com esse cara agora!

Luna e Martinez se entreolharam de uma maneira esquisita.

- Isso não é da sua conta, Ícaro. - Disse Luna. As pessoas ao redor disseram um "uuuh!" curto e depois se voltaram para ver qual seria a reação de Ícaro.

- Ah, calma aí! - Disse Ícaro, desfazendo o nó em sua gravata - Martinez! Meu amigo me diz, como é beijar uma garota que já usou a boca pra chupar o meu pau?

A multidão inteira soltou uma risada, o que fez Luna e Martinez ficar quietos e sem graça. Ícaro percebeu que estava ganhando a discussão e então cometeu o erro mais estúpido de todos: Decidiu continuar os insultos.

- Ah sim! - Ícaro continuou - A vagina dela ainda tem dentes? Por que se tiver...

Antes de terminar sua sentença, Ícaro levou um soco direto em seu rosto, o que fez com que ele cambaleasse para trás com a força do impacto. Colocou as duas mãos sobre o rosto e sentiu o sangue escorrer de seu nariz e pingar na palma das mãos.

- Vamos Lú. Não liga pra esse imbecil. - Disse Martinez, colocando seu braço ao redor dos ombros de Luna.

Os dois saíram de lá e a multidão se dissolveu, e em pouco tempo restou apenas Ícaro e seu nariz sangrando.

Ele pegou sua gravata do chão e logo percebeu a sombra de Alessio logo do seu lado. Era bem difícil não perceber quando um cara enorme aparecia do seu lado.

- Que porra você tava fazendo? - Indagou Alessio, parecendo irritado.

- O que eu tava fazendo? Não tem como você saber o que eu tava fazendo! - Ícaro disse, quase gritando - Você estava ocupado demais ali na sua torrezinha de marfim, com seus amigos falsos, promovendo a si mesmo para essa merda de campanha escolar inútil! Você quer tanto ganhar, Alessio? VOCÊ quer ganhar, ou os seus pais querem que você ganhe?

Alessio se sentiu ofendido e então agarrou Ícaro pela gola e levantou o punho, prestes a socá-lo no rosto. Mas Ícaro não tinha medo daquilo. Ele sabia que era apenas fingimento já que Alessio não sabia como se dava um soco.

- Nunca mais fale isso, seu idiota! - Alessio falou, empurrando Ícaro.

Ícaro apertou a gravata em suas mãos. Já estava cansado de tudo aquilo.

- Você pelo menos sabe onde a sua namorada está? - Ícaro perguntou. Alessio desviou o olhar, como se não quisesse responder aquela pergunta - Não. É claro que você não sabe. Você nunca sabe.

Distanciou-se de Alessio e entrou na casa, indo em direção ao sofisticado banheiro que ficava em cima das escadas.

- - -

A casa dos Swanson era enorme. Tanto que se você andasse por mais de dois minutos por lá, certamente ficar mais perdido do que um cego em tiroteio. Mas mesmo assim, mesmo sendo uma casa gigante com seis banheiros - Dois no andar de baixo, dois no andar de cima e dois do lado de fora da casa - O único banheiro que possuía um kit de primeiros socorros era o banheiro do quarto dos pais de Chuck, o anfitrião da festa.

Ícaro saiu do banheiro com duas partes de um algodão enfiadas em cada narina, para estancar o sangramento que ele estava tendo. Era obrigado a respirar pela boca, o que era extremamente desagradável para ele e para qualquer pessoa que ficasse por perto.

O quarto dos pais de Chuck era enorme e muito sofisticado. Havia uma penteadeira muito elegante de um lado, um guarda-roupa branco com um espelho de corpo inteiro na porta e uma cama com dossel, com um abajur do lado esquerdo. E havia uma porta que dava para uma sacada.

Ícaro abriu as portas e logo em seguida deu de cara com Sam, sentada no chão da sacada com o rosto enfiado no meio dos joelhos. Por um segundo parecia que ela estava chorando, mas na verdade ela só estava dormindo. Drogas tinham um efeito diferente em cada pessoa, aparentemente. Tudo o que Ícaro sentia era fome, mas Sam estava sonolenta.

- Hum... Olá. - Ícaro falou, acordando Sam.

Ela esfregou os olhos nas mãos e então levantou a cabeça, e com um olhar meio turvo perguntou:

- Quem está aí?

Ícaro achou aquilo muito estranho, mas presumiu que ela só estivesse cansada. Se sentou na frente de Sam, fazendo com que seus joelhos se tocassem.

- Sou eu, Ícaro. - Ele falou - Sabe, daquela história da Grécia antiga...

- Eu sei quem você é, Ícaro. - Sam falou, abrindo mais os olhos - Não precisa me contar da origem do seu nome mais uma vez.

Ícaro sorriu, deduzindo que Sam não conseguia ver aquilo já que estava com muito sono. Os dois continuaram quietos por um tempo, até Sam perguntar de forma manhosa:

- Que horas são?

Ícaro retirou o celular do bolso. Eram duas e cinco da manhã.

- Duas e cinco da manhã. - Ele falou, se levantando e se apoiando na borda da sacada.

- Onde está o Alessio? - Sam indagou, ficando de pé também. Mas como estava cansada demais, teve que se apoiar na sacada.

Sam olhou para baixo. Todas aquelas pessoas que ainda estavam na festa e não pareciam querer ir embora tão cedo. Ícaro não respondeu a sua pergunta. Ela tentou procurar por Alessio, mas desistiu já que estava com muito sono.

- As coisas são pequenas demais aqui de cima. - Sam falou o que era óbvio.

Abaixo deles estava o castelo inflável. As pessoas ainda estavam pulando dentro dele e provavelmente as garotas continuavam a mostrar suas calcinhas.

- Sabe de uma coisa, Ícaro... - Sam falou, chamando a atenção de Ícaro - Tudo o que eu queria nesse momento era pular daqui e cair em cima daquele castelo pula-pula gigante.

Ícaro riu. Por um segundo pensou que Sam ainda estava sob efeito da droga, mas depois de observar aquele pula-pula por mais um tempo, ele também teve essa vontade esquisita.

- Você vai morrer se fizer isso. - Ícaro disse.

- Exatamente. - Sam falou - Eu dei... Quarenta dólares pra Luna me matar, mas duvido que ela consiga.

Ele a encarou. Não queria que sua melhor - e provavelmente única, no momento - Amiga morresse. Não agora. Ainda existia uma infinidade de coisas que Ícaro havia planejado em sua cabeça, coisas que incluíam Sam e os outros, mas ele não conseguiria realizar isso se ela morresse. Após o Grande Término, Sam era a única pessoa para a qual ele podia contar tudo sem ser julgado, e isso era ótimo para ele. Ícaro estava feliz de ter uma amiga e queria impedi-la de morrer antes de... Antes...

- Não pode morrer antes de dar o seu primeiro beijo. - Ícaro falou se aproximando do rosto de Sam.

- Todos nós sabemos que isso não vai acontecer... - Ela falou de maneira que soava com se estivesse conformada em morrer sozinha - Nós sabemos que eu irei ficar sozinha para sempre.

- Eu não vou permitir isso - Ícaro disse, agarrando o pulso de Sam -... Eu posso fazer isso. Posso te dar um beijo, e então depois você fica livre pra morrer.

Sam arregalou os olhos. Agora sim ela havia acordado completamente.

-... Você está me segurando. - Ela falou, fazendo com que Ícaro a soltasse -... Tudo bem, eu acho. Mas isso seria estranho.

- Mas é apenas uma ajuda, certo?

- Sim, eu acho. - Disse Sam, se distanciando da sacada - Vamos fazer isso logo para que eu possa morrer.

- Mas antes... - Ícaro falou, se aproximando - Vamos para a casa.

Então os dois apenas caminharam até suas casas, e dormiram tranquilamente até o outro dia. 



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