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História A Escolha - A Jaqueta


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Oie bbs,

Feliz Natal a todos!
Eis que trouxe o meu presentinho. Capítulo novo, espero que gostem. A primeira temporada d'A Escolha já está entrando na reta final.

Agora vamos ao que interessa!

Capítulo 34 - A Jaqueta


— Ginny, meu bem, eu separei as suas coisas na lavanderia...

Mamãe me encarou. Ela parecia preocupada. Fios brancos já tomavam a lateral ruiva dos seus cabelos.

— Tem certeza que você quer ficar lá no Harry? – ela perguntou.

— É melhor, mamãe. – respondi. – Aí sobra espaço pra Fred, Jorge e o Gui dormirem confortavelmente aqui.

— Hum, é mesmo...

Me aproximei e abracei Molly Weasley pelos ombros.

— O que é que tá acontecendo, hein?

— Tudo. – mamãe suspirou – Seu irmão está nesse estado há mais de duas semanas e algo me diz que você também não está bem. Sempre andando pelos cantos, como se tivesse cansada. Até abatida, eu diria.

— Eu tô bem. – menti com um pouquinho de dor no coração – É que toda essa situação com o Ron tem me tirado o sono.

— O meu também. – ela passou a mão pelo meu rosto. – Mas eu sou mãe, Ginny. Eu sei que tem algo a mais aí. Eu sempre soube que não era uma boa ideia deixar vocês dois assim, afastados de mim.

— Vai ficar tudo bem.

— Tomara que sim, minha filha. Tomara...

Meu celular vibrou em cima da cama. Me estiquei para olhar do que se tratava. Era uma mensagem do Harry. Não desbloqueei a tela. Pela barra de notificações pude ver parte do conteúdo. Ele já estava vindo me buscar.

— Bom, vou pegar as minhas coisas agora. – falei. – O Harry já tá vindo.

— Ele não vai subir?

— Creio que não. O Harry deve tá cansado da noite no hospital, e provavelmente morrendo de sono.

— E de fome. – ela completou.

     Molly Weasley sendo Molly Weasley.

Sempre.

— Vou preparar alguma coisa pra vocês levarem. Não demoro.

— Tudo bem.

Sorri ao vê-la sair porta a fora do quarto, apressada. Lentamente me dirigi até a área de serviço. Uma pilha de roupas limpas e dobradas estava posta em cima da tábua de passar, junto a minha mochila. Arrumei as peças cuidadosamente, para não amassar. Quando todas já estavam guardadas, abri o armário e dei uma olhada em mais algumas coisas.

— Ah, minhas pantufas!

Por ser um prédio muito alto, na parte mais elevada da cidade, sempre fazia frio no apartamento do Harry. Meu namorado já estava ficando louco em me ver pegar todas as meias dele para usar durante a noite. Ou até mesmo durante o dia.

Dei mais algumas vasculhadas no armário, até que achei uma peça interessante. A jaqueta de couro marrom de Ron. A mesma que ele havia chegado à cidade e que ele adorava usar quase sempre que tinha que sair de casa com alguma sobreposição.

Eu que havia dado aquela jaqueta de presente ao meu irmão, um dia antes da sua ida definitiva para Londres. Quando Ron enfrentou seus piores medos na Inglaterra, e todas as injustiças que sofreu, tenho certeza que foi com ela que ele estava vestido. Não teria mal algum se eu quisesse leva-la comigo. Era um pedacinho dele que estaria me acompanhando nessa fase difícil da nossa jornada. Era um marco. Algo que dizia que tínhamos que seguir em frente e acreditar.

Peguei a peça do cabide. Um envelope amassado caiu de um dos bolsos.

De: (?)

Para: Severo Snape.

Mansão das Águas Cristalinas, 622. Bela Vista.

16 de Março de 2014.

 

Franzi a testa.

     O que uma carta para o Snape estava fazendo no bolso da jaqueta do Ron?

Fui desperta do meu pensamento quando Jorge apareceu à porta da lavanderia.

— Ginevrinha, querida, o seu amado Harry chegou. – ele disse, se olhando no espelho em cima da pia – Paciente como um guaxinim raivoso, como de costume.

— Tô indo... – respondi, num sussurro.

— O que é isso?! – ele apontou para o envelope.

— Só uma coisa interessante que eu achei por aqui... – eu disse.

Guardei a carta no bolso da mochila.

— E você não viu nada.

Jorge riu.

— Obviamente que não.

Pisquei para ele. Saímos da área de serviço.

— Que cheiro é esse? – indaguei, quando já estávamos no corredor. – Eu não acredito que você tá usando o meu perfume, Jorge!

— A enfermeira da ala do Roniquinho adora! – ele rebateu em defesa. – Disse que eu pareço um homem sensível e atencioso. Principalmente quando eu faço umas massagens faciais no Ron.

— Você não pode ficar apertando as bochechas dele!

— Ele parece gostar.

Jorge ergueu a postura, altivo.

— E devolva o meu perfume! – bradei.

— Não!

— Essa porra foi cara!

— Você falou que eu podia usar tudo que estava no quarto!

— Eu não acredito nisso! – reclamei, batendo no seu braço com a mão livre – Mamãe, olha o que o Jorge tá fazendo com as minhas coisas!

— O que é vocês dois?!

Ela nos gritou da cozinha. Seguimos até a garagem, envolvidos nessa mini-discussão. Admito que eu sentia muita falta disso. Jorge partiu para o hospital. Lá ele passaria a tarde e provavelmente seria substituído à noite pelo papai ou pela Mione. Harry e eu seguimos para o apartamento.

— Mamãe fez comida pra gente. – falei, assim que passamos pela porta – E pelo cheiro deve tá muito bom...

— Deve estar maravilhoso – Harry salientou – E eu tô com fome. – ele pôs a mão na barriga. – Mas tô com mais sono.

Eu sorri e passei a mão carinhosamente pelo rosto do meu namorado. A barba por fazer pinicou um pouco a minha mão, mas eu não me importei. Ultimamente ninguém estava com muito tempo para fazer nada.

— Vem, me dá essa mochila – pedi, com o braço estendido. – Vá tomar um banho e dormir um pouco. Eu te chamo na hora do jantar.

Harry não me entregou. Ele se virou na minha direção e me pegou pela cintura. Seus olhos verdes se encontraram com os meus.

— Eu já disse que te amo hoje?

— Não. Mas se quiser pode falar agora, e repetir quantas vezes quiser que eu não me importo.

— Eu te amo... – ele sussurrou no meu ouvido, enquanto distribuía beijinhos pelo meu pescoço. – Eu te amo...

Sua mão travou em minhas costas, enquanto ele me arrastava lentamente para o quarto.

— Harry... – o chamei entre risos, de olhos fechados.

— Eu te amo... – ele continuou. – E vem tomar banho comigo...?

Harry não precisou pedir duas vezes.

Acabei também pegando no sono depois eu saímos do banho. Acordei um pouco antes do jantar. Harry dormia como um bebê do meu lado. Levantei devagar, para não acorda-lo, e me dirigi até a cômoda. Sem fazer barulho, abri o bolso da mochila e peguei o envelope que eu havia encontrado mais cedo.

Saí do quarto. Lentamente, andei até a sacada e me apoiei na base de cerâmica da amurada. Abri o envelope. O selo ainda estava intacto, do mesmo jeito que provavelmente fora enviado, há um ano atrás.

Severo,

Preciso mais do que nunca da sua ajuda. Por favor, não se esqueça de nós. Não se esqueça de mim.

Você sabe onde me encontrar.

 

Não existia nenhuma identificação em nenhuma parte daquela carta, mas eu já tinha visto aquela letra antes. E duas vezes. Apesar de a folha estar amassada e um pouco amarelada, seria praticamente impossível que eu estivesse confundindo aquela caligrafia.

Aquela era a letra de Lílian Potter.

Minha mão tremia. A brisa noturna bagunçava o meu cabelo. E eu ali, sem saber o que fazer. Resolvi ligar para a única pessoa que eu sabia que poderia conseguir o que quisesse naquela cidade. E em algumas outras.

 

...

 

O número chamou algumas vezes.

— Alô, Hermione?

— Oi Gin.

A voz da minha amiga vinha ficando cada vez mais triste. O tempo passara como o vento. Havia mais de seis semanas que Ron estava no hospital, sem nenhuma melhora.

— Tá tudo bem? – perguntei, preocupada.

Hermione não respondeu. Não precisava. Um silêncio estranho se instaurou por alguns segundos.

— Aconteceu algo, Ginny? – ela indagou.

— Mione, será que você poderia me cobrir lá no hospital hoje? – fui direta – Gui não tá na cidade e gêmeos também viajaram a trabalho. Papai e mamãe estão lá sozinhos.

— Ah... – ela respirou fundo – Eu acho que posso sim.

— Muito obrigada.

— Tá tudo bem, amiga?

— Tá sim... – eu disse – Eu só preciso resolver umas coisas... pelo Harry.

— Ok, chegarei lá no início da noite.

Me despedi de Hermione e desliguei.

— Vamos? – Draco me perguntou, sério.

— Vamos. – respondi, assertiva.

— O que você disse ao Potter?

— Que eu ia passar a noite na casa da Angel. Ela pode confirmar o meu álibi, se necessário.

— Ótimo. – Draco balançou a cabeça – Melhor irmos então. Já tá quase no horário marcado.

Entramos na BMW luxuosa do loiro. Ele avançou pelo asfalto logo em seguida. Pegamos a principal, rumo ao extremo da cidade. Olhei no relógio. Pelas minhas contas, e pela velocidade que Draco estava tomando, chegaríamos ao tal do vilarejo em menos de duas horas.

A viagem transcorreu ao som da playlist tranquila da rádio. Passei boa parte do caminho apenas admirando a paisagem. Vendo como a estrada se insinuava por entre as árvores, e como o Jabuticaba escorria lá embaixo, a toda velocidade.

Pensei em como as nossas vidas tinham mudado desde quando começamos a enxergar o rio como parte da cidade. Tudo havia girado de ponta a cabeça, ainda que por motivos diferentes. Eu não sabia se eu conseguia ou não lidar com esse fato. Ron estava internado. Hermione, devastada. Draco enrolado até o pescoço nos problemas com a família. E eu? Eu estava cansada de tudo aquilo.

Ainda sim não me ousei em culpar aquela divindade da natureza. O Jabuticaba era lindo demais. Principalmente ali, no fim da tarde. O laranja do sol lambendo o seu leito, manchando a água escura como se a atravessasse até o fundo. Era uma imagem que eu gostava de guardar na minha mente.

Durante todo o caminho, vi que o loiro volta e meia me observava de rabo de olho. Já muito distante da origem, me manifestei.

— O que foi? – o encarei.

A noite já tomava conta lá fora.

— Nada. – Draco deu de ombros.

— Nada?

Ergui uma sobrancelha.

— Ok, eu tenho algumas perguntas... – ele assumiu, com um sorriso de canto.

Sorri de volta.

— Fale.

— Primeiro, porque você nunca consegue me explicar nada direito?

— Porque eu nunca sei nada direito. Eu ainda estou buscando as respostas, e você sabe disso.

— Hum... tá... – o loiro continuou – Segundo, onde foi mesmo você achou a tal carta?

— Na jaqueta do Ron.

— Mas porque o seu irmão tava com uma carta destinada ao Snape?

— Não sei. – fui verdadeira, outra vez.

— Isso é estranho. – Draco coçou o queixo. – É como se vocês vivessem se metendo em problemas aleatórios a todo o momento.

— Somos Weasleys.

Era autoexplicativo. Ele riu.

— Acho que chegamos. – o loiro disse, diminuindo a intensidade dos faróis e a velocidade do veículo.

— Certeza? – meu coração batia ansioso, dentro do peito.

— Pelo menos é o que diz o GPS.

Há quase um mês atrás eu havia ligado para Draco, assim que acabei de ler a carta destinada a Snape, e contei a ele tudo o que eu sabia sobre a história do Harry. Alguns dias depois ele me levou a um lugar onde deixamos os papeis para reconhecimento e desde então o loiro estivera me ajudando a descobrir qual era o tal endereço que fora comentado no texto.

Há exatos três dias atrás, recebemos retorno. Agora estávamos os dois ali. De frente ao endereço que ele havia conseguido.

O vilarejo parecia um lugar bem simples, apesar do aspecto bem higiênico. As casas eram de madeira e todas possuíam varanda. A altura não passava de um sobrado. Muitas luzes piscavam em várias portas e janelas, afinal de contas, faltava pouco tempo para o Natal.

Descemos do carro. Draco travou a minha mão na dele. Alguns olhares curiosos se esticaram na nossa direção.

— Não saia de junto de mim. – ele ordenou. – E não aceite nada que te oferecerem, caso eles abram a porta.

— Por quê?! – questionei, confusa.

— Não sabemos com quem estamos lidando.

     Era uma boa resposta.

— Obrigada. – agradeci. – Por estar me ajudando. – completei – Eu sei que você e o Harry nem se dão bem, mas mesmo assim você está aqui.

Draco sorriu, tímido. Aquilo era raro.

— Eu tinha que estar aqui.

Essa foi sua única resposta antes de me arrastar em direção a casa. Apertei a campainha assim que a alcancei. Demorou alguns segundos, mas alguém veio atender a porta.

— Boa noite...?

Uma mulher, menor que eu, se revelou no batente da entrada. As vestimentas rosadas pareciam ser quentes demais. Seus olhos esbugalhados estavam atentos e rolavam analisando de mim para Draco. Algo no seu cabelo, parte escondido pela touca, me incomodou logo de cara. Ou talvez fossem as feições de sapo.

— Boa noite. – a cumprimentei de volta, sem jeito – Estamos procurando, hum... – pigarreei – Dolores Umbridge. Ela se encontra?

— Pois não? – a mulher sorriu – Estão falando com ela.

É, era mesmo aquele o endereço.


Notas Finais


Então, meus amores. O que vocês acharam do capítulo?
Deixem aqui embaixo os lindos comentários de vocês.

Beijos e até breve!


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