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História A Escolha - Lírios Brancos


Escrita por: LeonaCristina

Capítulo 2 - Lírios Brancos


Fanfic / Fanfiction A Escolha - Lírios Brancos

- Carrega em 200, afasta...

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 - O pulso voltou, pressão está subindo, vamos colocar ela na maca e levá-la logo.

Louise conseguiu abrir um pouco dos seus olhos, ainda caída no asfalto e apesar do choque ela sabia o que estava acontecendo ao seu redor. Enquanto a equipe de resgate a preparava para levar ao hospital, Lola procurava algo, na sua cabeça se perguntava onde estaria Lucas, estava um barulho muito grande o corpo de bombeiros tentava retirar o motorista e Lucas das ferragens, o motor das serras elétricas incomodava os tímpanos e as faíscas iluminavam a noite, nessa altura todos do Hospital Madre Tereza já sabiam da notícia, alguns tinham informações cortadas, outros só especulavam o que realmente aconteceu. Aglomerados de funcionários começaram a se formar, os corredores se tornaram ponto de encontro para fofocas e cochichos, Dr Ricardo estava saindo da sala de cirurgia, acabará de operar e ao ver toda movimentação que não era normal procurou-se se informar em um grupo de enfermeiras.

- O que temos para essa noite? Porque toda essa agitação?

- O Senhor não está sabendo Doutor? Respondeu uma enfermeira que estava com a língua coçando para dar a noticia

-Estava em cirurgia o que aconteceu?

-A ambulância que estava levando o menino da pediatria e a Lola sofreu um acidente, ainda não sabemos exatamente o que houve mas estão trazendo eles para cá.

-Acidente? Sem entender Dr Ricardo a passos apressados foi atrás de Dr Eduardo o chefe da emergência e também seu melhor confidente.

-Eduardo o que aconteceu com Louise? Dr Eduardo estava ao telefone

-Calma Dr Ricardo venha aqui. Puxando ele pelo braço o levou até sua sala. Acabei de falar com um socorrista, o acidente foi feio, Louise esta em estado grave e daqui a pouco a ambulância deve chegar.

Dr Ricardo empalideceu

Louise já tinha ouvido falar muito dos pacientes em passar um filme na cabeça durante um trauma, mas Lola nunca tinha parado para refletir sobre o assunto até o momento, enquanto a ambulância percorria seu trajeto cenas foram aparecendo na sua cabeça e logo tomaram movimentos corridos, o filme da vida de Loiuse estava passando.

                                                        

20 de julho de 1995

O dia amanhecera muito úmido, havia caído uma chuva muita forte durante toda a noite e os acessos para o interior da cidade haviam sido bloqueados pelas autoridades, o rio que envolve São Paulo transbordou fazendo submergir pontes e estradas, ainda eram cinco da manhã, mas Laura já estava de pé, apressada não percebeu que havia uma enorme poça d’agua na sala devido a uma goteira vinda de uma fresta no telhado e seus pés incentivados por um equilíbrio deslumbrante deslizaram por todo cômodo até o inicio da escada.

_ De hoje não passa, André terá que concertar esse telhado com urgência- resmungou entre os dentes. Com passos pesados subiu até o segundo andar e com uma voz mansa acordou Louise que com apenas cinco anos aprendeu a ignorar os chamados de sua mãe pressionando o travesseiro nos ouvidos.

-Vamos filha, seu pai ficou preso no trailer e você virá comigo, levanta Lola, senão você será culpada por ter uma mãe desempregada e eu nunca mais poderei comprar chocolates.

Não há criança como Louise que resista a uma chantagem materna e em segundos a menina estava de pé. Já havia se passado trinta e cinco minutos e com o tempo para sair de casa se esgotando Louise interrompeu o banho da mãe para se queixar que estava com fome, sem perder a paciência e tentando vestir a roupa mesmo molhada Laura foi até a cozinha pegou uns biscoitos e a deu.

-Você tomará um café mais reforçado quando chegarmos lá, agora vá pegar suas  coisas que precisamos ir, com essa chuva e as ruas bloqueadas vou ter que dar uma enorme volta fora da cidade e hoje não posso chegar atrasada no serviço, espero que se comporte como combinamos ok?

Laura tinha 24 anos quando descobriu que estava grávida,   vinda de uma família simples de agricultores, saiu do pequeno sítio onde residia com seus pais, seu irmão e sua irmã para ir em busca de seus objetivos. Seu talento na culinária já acusava que seu futuro como chef  e proprietária de um restaurante estava próximo, bastava alguns passos que foram interrompidos quando através de uma ultrassom a médica anunciou que uma menina estava chegando.

André trabalhava na lanchonete do pai e era frequentada semanalmente por Laura e seus amigos da faculdade, naquela noite uma terrível sinusite havia deixando a única garçonete do local impossibilitada de ir ao trabalho, então o filho se mostrando preocupado com os negócios do pai se revezava entre a cozinha e servir as mesas. O jukebox já havia tocado dois álbuns completos dos Beatles e quando pela terceira vez Don’t let me down se repetia Laura se levantou e com apenas duas moedas fez os clientes daquela noite se envolverem em um country  de raíz do qual a fazia lembrar de suas origens.

Para comemorar mais um fim de semestre uma rodada de cerveja foi servida junto com batatas fritas ao molho de alho, da pequena janela de vidro da qual dava visibilidade para as mesas, André encostado na beira do forno industrial observava Laura, sua pele morena rosada era iluminada pelas luzes de neon vindas da placa da lanchonete, ora vermelha, ora amarela o que destacava mais ainda as ondulações dos seus cabelos castanhos.

-André meu filho, se ficar mais um minuto encostado ai quem vai assar será você, ande logo e sirva a mesa dos estudantes.

Já se passava das vinte e três da noite, as altas gargalhadas e as vozes cantando desafinadas  denunciavam que o índice de álcool no sangue estava alto e era hora de parar, a sensação no momento era boa, mas a preocupação com a dor de cabeça do dia seguinte fez com que a conta fosse fechada, mas antes de todos irem embora uma ultima música foi pedida e a Laura fora convida para uma dança por André que foi aceita apenas por um sorriso seguido de uma piscada realizada por seus extensos sílios.  Mesmo Laura tendo as pernas bambas a dança foi produtiva e bem de perto André percebeu que os olhos daquela morena carregavam uma cor mel nunca vista em outro lugar  e antes que ele pudesse elaborar um elogio não superficial a musica terminara, aqueles seis minutos foram suficientes para eles se conhecerem e para André descobrir que ela fazia gastronomia, estava solteira, que o irmão mais velho tinha muitos ciúmes dela e que sim, ela aceitara a carona que ele ofereceu, após um mês de encontros e desencontros ele a pediu em namoro e com três meses de relacionamento estavam certos que se amavam e se amariam pro resto de suas vidas.

Quando a notícia da gravidez foi anunciada Laura tomou a decisão de trancar a faculdade de gastronomia para se dedicar em tempo integral ao trabalho de mãe, a casa onde a família ia residir era uma casa bem simples.  Dois meses após o nascimento de Louise o pai de André faleceu devido a um infarto fulminante, e as responsabilidades do comércio agora eram totalmente do filho, ao passar dos meses os rendimentos estavam caindo e o lucro já não era suficiente para pagar as dividas e as despesas. Em meio a crise financeira surgiu o primeiro desentendimento entre o casal e uma possível separação foi cogitada, mas  sinceramente não foi suficiente para essa tragédia acontecer,  assim Louise cresceu sabendo que o amor pode superar tudo.

Laura trabalhava como cozinheira da Família Schultz, na mansão residia a Senhora Schultz a esposa, uma mulher de 30 anos criada em meio a pessoas de alto poder aquisitivo tinha uma elegância sem igual, uma pessoa acolhedora, gentil e doce, totalmente diferente do seu marido o Senhor Schultz, homem de face fechada,  arrogante e totalmente ambicioso, apenas vivia para crescer sua empresa de telecomunicações e expandir seus negócios. O filho, o pequeno Bruno Henrique Schultz era uma criança alegre, não ligava muito para o jeito do pai, afinal com 8 anos de idade correr, brincar, pular são as únicas coisas que o interessavam. Sua vida era solitária, filho único, quase não recebia visitas de seus amigos e seu relacionamento com sua babá não era de muita conversa, falavam apenas o necessário, um menino com estatura um pouco maior para sua idade, cabelos loiros, olhos verdes e uma mancha roxa de nascença no seu braço direito, já se sentia o homem da casa e queria resolver todos os problemas mesmo não conseguindo ainda resolver alguns cálculos matemáticos simples na escola.

Sem condições de ir as aulas  Bruno ficou em casa justo no dia 20 de julho, ultimo dia antes das férias  no qual haveria uma festa para comemorar mais um semestre vencido, ele estava convicto que se empanturraria com todos os doces e guloseimas que sua mãe não permitia entrar no seu cardápio, mas essa expectativa se afundou logo que o termômetro marcou 38.9  de febre e o médico da família indicou repouso absoluto e alguns antibióticos para a infecção da garganta.

 Apesar de toda chuva a noite, o dia amanhecera belo, o sol tinha uma intensidade em seu brilho que se prestada atenção seus raios continham todas as cores da vida. Da Janela do seu quarto, que ficava no segundo andar, ele observava o jardim e os Lírios brancos que formavam um enorme tapete estavam desabrochados, logo sua atenção se voltou para o carro que Laura que estava chegando e apressado correu para a porta afim de interroga-la sobre o esconderijo das paçocas que ela tinha feito no dia anterior, entretanto sua babá quieta porém atenta apenas com um gesto foi capaz de faze-lo deitar e assim permaneceu com a cara fechada.

Quando Louise viu a casa dos Schultz ela realmente acreditou que a mãe trabalhava em um verdadeiro castelo, boquiaberta ela imaginava sua casa cabendo dentro da garagem da  família, realmente estava encantada com a mansão, seus sonhos foram interrompidos pelo puxão no seu braço, Laura estava apressada tinha em mente terminar de embalar as paçocas para Bruno levar sem saber que não seria mais necessário.

- Lola, hoje você vai passar o dia aqui na cozinha com a mamãe, fica sentadinha quieta em qualquer cantinho aqui e se precisar de alguma coisa me fale, vou procurar a Senhora Schultz e já volto não sai daqui.

Louise se sentou no chão perto da porta de um armário que aberto a cabia inteira e sobrava espaço, escutou alguns passos corridos descendo as escadas e se encolheu, arregalou os olhos ao ver uma sombra se aproximando tinha medo que alguém a descobrisse ali, o que não seria problema, o pequeno Bruno conseguira desviar de sua babá e desceu para a cozinha, queria beliscar alguma coisa, quando viu Lola sentada retraída no chão ele ficou apenas a olhando.

-Oi, eu sou o Bruno- Muito comunicativo já tinha interesse em fazer amizade. Hoje estou em casa, estou doente, e você quem é? Ele chegou mais perto e ajoelhou em frente a Lola.

-Meu nome é Louise sou filha da Laura- assustada ela respondeu.

-Eu tenho um cachorro você quer conhecer ele?

-Com a voz baixinha Lola Respondeu.

-Tenho medo de cachorro.

-Ah ele não é bravo.

-Minha mãe disse para eu não sair daqui.

-Nós vamos até o jardim é pertinho e voltamos logo, vem! Bruno se levantou e estendeu seu braço

Louise por alguns segundos só olhou indecisa até que aceitou o convite, segurou a mão de Bruno e como um susto já tinham desaparecido da cozinha, assim que avistou o cachorro Lola entrou em pânico, era um São Bernado e ele vinha correndo deixando rastros de baba pelo ar, Bruno percebeu o medo da sua nova amiga e a abraçou, com era mais alto conseguiu a segurar no colo tentando acalmá-la.

-Eu já disse ele não morde.

Lola gritava desesperada. Vendo a aflição da menina Bruno ordenou que o cão se afastasse e carregou Louise até o jardim de Lírios.

-Pronto ele já foi embora- disse rindo. Você é muito medrosa.

Lola ofegante observava os lírios, Bruno já com as forças renovadas e com vontade de correr logo entrou entre as flores que ainda continham muitos pingos de água, a doce Louise seguiu o garoto e assim se iniciou uma inocente brincadeira de percorrer os labirintos que os Lírios formavam,seus cachos negros agarravam entre as folhas e durante esse momento Bruno esqueceu de sua doença e Lola as ordens da mãe, existia apenas duas crianças e Lírios, muitos Lírios brancos, que balançavam ao som da brisa leve daquela manhã, um perfeito retrato de um momento que se repetiu alguns anos depois revelando que naquele local e naquele dia teve inicio uma grande história.



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