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História A Escolhida - Imagine Jack Frost - Sentimentos


Escrita por: V_DarkBloom

Notas do Autor


Oii, xuxus! Voltei rápido para o maior milagre desse século hehe. E querendo fazer um capítulo grandão pq hoje eu tô que tô :3
Enfim, espero que gostem e boa leitura ❤️

Capítulo 4 - Sentimentos


Fanfic / Fanfiction A Escolhida - Imagine Jack Frost - Sentimentos

Esquecê-lo? Como se isso fosse algo fácil de se fazer. 

Esquecer que um ser mitológico conversara comigo e provavelmente já acompanhava minhas ações e emoções desde eu nem sequer conhecê-lo não era lá algo que poderia se considerar natural, na verdade, era impossível até de se tentar fazer por boa vontade. Passei os dias seguintes com a cabeça exclusivamente focada em Jack Frost, imersa em perguntas sobre sua existência e em possibilidades relacionadas à sua ligação comigo, seu interesse sobre mim. Quer dizer, eu não era dotada de talentos ou roubava atenções por onde passava para ser tão especial assim.

Ora eu me pegava lembrando daquele momento, que me abalara de um jeito tão extremo, que passei o resto daquele dia no piloto automático e não lembro de nada que fiz antes de acordar na manhã seguinte, achando tudo aquilo apenas um sonho vívido. Mas logo me dei conta de que era vívido demais para pertencer aos meus sonhos. Minha imaginação não era tão poderosa para conseguir projetar com tanta perfeição os olhos frios de Jack, que continuavam com o mesmo aspecto até após suas mudanças drásticas de expressão, mesmo com a revelação daquele sorriso fofo, que meus sonhos também não seriam capazes de criar.

Já se passara uma semana após sua partida, e eu ainda não conseguira esquecê-lo. Agora, eu me encontrava sentada no banco de madeira da praça central, rodeada por fios de pisca-piscas e faixas brancas de cetim, ajudando nos preparativos do Festival  Beneficente Anual de Inverno junto ao resto dos alunos do meu colégio.

Era, vamos dizer, uma atividade extra curricular, uma categoria para a divisão de pontos do primeiro semestre. Os alunos se dividiam em grupos e ajudavam os organizadores com o que precisassem para o festival acontecer, além de também contribuírem na doação de agasalhos e alimentos para o abrigo de animais e auxílio aos moradores de rua.

Tentando há mais de uma hora desenrolar um emaranhado de fios e lâmpadasinhas extremamente irritantes, eu já perdia o resto de paciência que me restava e estava por um fio de jogar a responsabilidade à Mia, que tranquilamente cortava e enlaçava as faixas de cetim ao meu lado, cantarolando uma música sem muita letra que a loja de conveniência na calçada à frente não parava de tocar.

— Aish. Não sei como esses fios conseguiram ficar tão enrolados assim, se só existem duas pontas soltas. — Digo, já com os pisca-piscas jogados na grama congelada, próximos aos meus pés. — Essas lâmpadas já devem estar queimadas de tanto tempo que passam naquele depósito abafado da prefeitura. — Aponto para as mesmas, porém com os olhos inconformados mirados nos da garota do outro extremo do banco, que me olhava como se eu fosse uma louca enfurecida acabado de sair de um manicômio.

— Tá. Mas esses fios não vão se desembaraçar sozinhos, como seus pontos não virão flutuando e cairão na sua média. — Aponta para os benditos fios, logo voltando sua atenção para aquela faixa ridícula.

Respiro fundo e fecho os olhos, criando coragem para continuar e ao mesmo tempo pensando no que faria agora. Olho ao redor, vendo o quanto que o resto do pessoal estava animado com as decorações e as atrações.

Vendo um monte de caixas de som ao lado da velha igreja no centro da praça, haveria algum tipo de apresentação no coreto durante o festival, o que era novidade a julgar pelos anos anteriores. O céu estava um tanto ensolarado para um dia de inverno. As nuvens eram poucas e os raios de sol dentre elas conseguiam iluminar as folhas alaranjadas que ainda caíam das árvores e nos aquecer o suficiente. Nada comparado àquela manhã fria que deu cenário ao meu súbito encontro com Jack, que provavelmente influenciou aquele clima.

Já desistindo de vez de desbravar aquela jornada sem fim em busca de cinco metros de pisca-piscas retos e perfeitinhos, ando em direção à igreja, enquanto avistava minha professora de gramática, Lilian, com um grande laço branco cintilante em mãos, correndo seus olhos ansiosos sobre a multidão ocupadíssima ao nosso redor.

Ela era uma das minhas professoras preferidas, embora o resto dos alunos que tomavam sua aula não a davam o mesmo título nem de longe. Era evidente que ela não era lá uma professorinha de ensino médio que dá pontos de graça ou apenas escreve no quadro, passa uma atividade para casa e vai embora. A mesma percebe minha aproximação e reage com um sorriso amarelo, parecendo que tinha acabado de avistar seu príncipe encantado num cavalo branco trotante.

— Anabeth! Eu tô precisando de um socorro aqui. — Ergue o grande laço. — Poderia me fazer o favor de amarrar isso no sino? 

Olho para o gigantesco sino de cobre no alto da torre da igreja, cujo o som era odiado pela maioria dos moradores ao ser tocado todas as manhãs de domingo, anunciando o início da missa. Será que aquele laço serviria para amenizar nossa vontade de jogá-lo torre abaixo?

— Eu tava mesmo procurando algo pra fazer. — Dou um riso trêmulo, transparecendo o meu nervosismo de ter que me pendurar no alto daquela coisa enferrujada. 

— Venha, eu te ajudo. — Gesticula, assim empurrando a porta.

Eu não chamaria apoio moral de ajuda naquele tipo de situação. Enquanto eu me rastejava em cima do grande sino, só com uma mão livre para segurar a corda de aço que o erguia, era apenas auxiliada pelas palavras ecoantes e desconcentrantes da professora lá embaixo, sã e salva.

Finalmente cheguei a uma posição que me possibilitava amarrar aquele bendito laço sem cair dali de cima que nem um saco de batatas. Aliviada por ter concluído a tarefa sem morrer tentando, me preparo para pular de volta ao piso de madeira rodeando o sino um metro abaixo. Eu já deveria ganhar meus pontos só por ter posto meu corpo esbelto em risco.

Porém, enquanto meus pés já se preparavam para dar um impulso, uma rajada de ventos fortes invadiu a torre, se alastrando pelas paredes como uma corrente serpeante, atingindo o sino em cheio.  Abalada com o vai e vem daquela coisa e colada à corda presa no teto, me mantive na mesma posição até que tivesse certeza de que mais nenhuma peça pregada pela natureza iria tentar me matar. Com minha atenção dividida entre os gritos desesperados da Srta. Lilian no piso abaixo e as badaladas ensurdecedoras contra a enorme peça de cobre sob mim, quase tive coragem para me jogar ali mesmo e morrer em paz. 

Após algum tempo, finalmente desço daquele inferno barulhento e sou recebida por abraços aflitos da mulher preocupada, agradecendo aos céus por aparentemente seus gritos não tiverem sido potentes o suficiente para alguém ter me visto naquela situação vergonhosa.

(...)

Tudo estava pronto. Alguém tinha se dado ao trabalho de terminar a minha tarefa angustiante com os pisca-piscas, que certamente tinham sido deixados mais bagunçados do que estavam antes de serem agarrados por mim. As faixas esbranquiçadas revestiam cordas acima de nossas cabeças e se entrelaçavam com os pisca-piscas, que também cercavam os troncos e os galhos das árvores.  

Também foram colocadas lamparinas de luz azul em alguns pontos da praça, para auxiliar os pisca-piscas na iluminação quando anoitecesse. O coreto já tinha sido ocupado por caixas de som e haviam alguns músicos tocando flautins e violinos, provavelmente vindos de uma cidade próxima para tentarem ganhar algum dinheiro e apresentarem seus trabalhos.

Além disso, haviam alguns flocos de neve recortados em papéis brancos e pendurados no teto do coreto, e em alguns galhos acima dos bancos. No chão, não tinha muito a se fazer além de apenas ser enfeitado com bonecos feitos com a neve que ali fora deixada.

(...)

Finalmente chegando em casa, já com céu arroxeado com o pôr do sol de fim de tarde, deixo minha bicicleta na garagem e entro.

Já recebida por minha mãe cantarolando a mesma música irritante repetida diversas vezes por Mia e todas as lojas de conveniência da cidade, entro na cozinha e a vejo jogando confeitos de açúcar em cima de um bolo extremamente rosa.

— Cheguei. — Digo exausta, com a coluna curvada 180° e os ombros quase batendo no chão. 

Se vira para mim, com o rosto mais feliz que o normal. Estranho.

— Como foi lá na praça? — Anda até mim e ajeita meu casaco de lã branco. 

— Foi tranquilo, tirando o fato de eu quase ter virado purê por causa de um sino. — Digo sarcasticamente, jogando minha mochila cheia de restos de fita branca no sofá.

— É mesmo uma pena. — Diz rápido, ainda ajeitando minhas roupas de forma disfarçada, me surpreendendo do quanto que ela não tinha prestado atenção na história de como quase morri. — Por que não sobe pra descansar um pouquinho antes da festa? — Abre um sorriso assustador, fazendo-me cogitar a hipótese de estar vivendo uma versão sem botões de Coraline.

— Eu não tô muito afim de ir, não, viu. — Digo, fugindo das mãos atenciosas da mulher e indo em direção à geladeira, em busca de hidratar meu corpo que não via água há séculos.

— Você vai sim. — Diz, fechando a porta da geladeira e me assustando de vez com seu olhar raivoso.

(...) 

Depois eu vim descobrir que o comportamento suspeito e anormal de minha mãe era nada mais, nada menos que ansiedade de ver minha reação perante a um vestido branco, posto pela mesma em minha cama. Agora eu estava sendo praticamente obrigada a ir vestida com o mesmo para uma festa que eu nem mesmo queria chegar perto, com a consciência pesada para não parecer uma filha ingrata.

O vestido era lindo. Tinha um caimento perfeito em relação ao meu corpo e as alças finas e o decote davam destaque a minha clavícula. Só não sabia como que eu não iria virar um bloquinho de gelo humano com aquele frio que fazia ultimamente.

Após acordar uma hora depois daquela surpresa, tomo coragem para começar a me arrumar perante ao cansaço que ainda me consumia. Tentando procurar algum calçado que combinasse com o vestido extremamente impróprio para a ocasião e clima, e também que não permitisse meus pés de passarem a noite inteira molhados com a neve, por fim opto por um tênis também branco.

Meu cabelo quase nunca era solto e não era agora que eu o tiraria desse hábito, então apenas o amarro em um rabo de cavalo rapidamente. Passo um perfume e um rímel rápido, só pra não dizerem que eu acabei de sair de uma cova, apanho um casaco preto de algodão e, enfim, decido sair e me aventurar em Minnesota a noite.

Minha mãe tinha decidido ir de última hora comigo, o que me condenou a ser analisada e admirada com meu novo vestidinho pela pessoa que o presenteou toda a nossa viagem de táxi até a praça. As ruas estavam completamente desertas e escuras, tendo como únicos ocupantes vivos gatos vasculhando lixos em becos e corujas piando em algum terreno baldio.

Logo entramos na rua principal, já avistando o espetáculo de luzes azuladas por entre os galhos e ouvindo uma linda música vinda do coreto,  que também era apreciada por todos que ocupavam os bancos próximos dali.

(...)

Acabei encontrando Mia sentada perto da fonte de água ao lado da  igreja, mexendo no celular e sendo acompanhada de sua tia, Susana, que cuidava da mesma desde que seus pais morreram num acidente aéreo, há três anos. Minha mãe acabou por tomar o lugar de Mia e ser deixada aos cuidados de Susana, cujo o simples fato de não ter uma boneca no criado-mudo ao lado de sua cama a tornava muito mais madura que ela. 

Eu e Mia passamos o resto das horas comendo e bebendo uma bebida esverdeada e minimamente alcoolizada, enquanto fazíamos certas bobagens como dançar valsa juntas ao som do violino um pouco distante.

O frio inacreditavelmente não me incomodava tanto quanto antes, talvez por eu estar um pouco agitada e meu cabelo estar cobrindo boa parte de meus ombros e costas, já que Mia não aguentou vê-lo preso mais uma vez. Meu casaco já não se encontrava mais em meu corpo, agora jogado ao lado de uma mãe entusiasmada com algumas crianças dançando e brincando a sua frente.

Agora me encontrava sentada em um banco mais afastado, praticamente no final da praça, enquanto Mia se mantinha em pé e fazia imitações extremamente engraçadas, no intuito de me fazer adivinhar seja lá qual tipo de garça engasgada fosse aquilo.

— É um polvo! — Aponto meu dedo para a mesma, decidida da veracidade de minha afirmação. 

Ela dá um sorriso satisfeito e beberica o resto de líquido verde de seu corpo descartável, enquanto o meu já apodrecia meio cheio ao meu lado no banco há horas.

— Esse negócio é viciante. — Diz apontando para seu copo, ao perceber que o mesmo ficara vazio pela quinta vez consecutiva. — Vou pegar mais. Já vai pensando em como vai pagar sua prenda quando perder. — Vai se afastando de mim, até que some ao virar uma fileira de árvores e arbustos mais à frente.

Rio de seu narcisismo e confiança, assim olhando para meu copo e o jogando sem dó na cesta de lixo ao lado do banco. Respiro fundo, pensando que eu poderia estar dormindo tranquilamente na minha cama quentinha àquela hora, ao invés de me entupindo de substâncias verdes e lembrando do episódio traumático de mais cedo, quando vez ou outra meus olhos paravam sobre a enorme igreja adiante.

— Por que essa cara, garota do beco? 

Meu peito é quase rasgado pelo meu coração disparado. Olho para o lado, vendo Jack Frost com os braços e a cabeça encostados sobre o cajado deitado em cima das costas do banco. Incrível como ele tinha o dom de me surpreender em qualquer circunstância. 

Meus olhos precisaram de alguns momentos para tentarem assimilar o susto recém tomado e a imagem tão próxima que viam, enquanto sua feição continuava serena e concentrada em meu rosto. Por fim, sou surpreendida novamente quando o garoto abre um sorriso satisfeito e ergue suas costas, assim pulando o banco e sentando no mesmo de uma forma tão ágil, que duraria apenas uma piscada de olhos.

Ele olha para meus olhos confusos e pasmos novamente, parecendo ficar envergonhado com aquele contato visual tão atento, que levou a mão que não segurava o cajado congelado à nuca.

— Acho que não tô acostumado com isso. — Dá um riso arrastado, enquanto desviava seus olhos para o chão e sacudia seus fios de cabelo longos e platinados.

Sorrio perante à sua reação, ainda analisando cada detalhe que revestia seu corpo. Olhando mais de perto, toda sua pele parecia exalar vapores frios, que  congelavam praticamente tudo que tocavam, até suas vestes.

Voltando meus olhos atentos para seu rosto, desvio-os assim que eles se encontram com o dele, sentindo uma corrente de vergonha me chicotear por ser tão enxerida.

— Eu tava lembrando de uma coisa que aconteceu mais cedo. — Volto a olhar para a bendita igreja, que certamente tornou aquela praça um lugar que eu raramente iria vir durante o resto de minha vida. Entretanto, percebo algo que tira toda a minha atenção dela e a direciona ao mesmo, que ainda me olhava atentamente, parecendo concentrado em tudo que eu dissesse. — Você está aqui do meu lado, mas eu não sinto tanto frio quanto senti naquele dia, no beco.

Percebo suas sobrancelhas franzirem levemente, transparecendo que o dei algo para se pensar e tentar me explicar. Após alguns segundos, com o mesmo dividindo suas atenções entre meus olhos e meu colo, que estava completamente exposto, não demorou muito para que começasse a falar.

— Deve depender do que eu estiver sentindo. Por exemplo, naquele dia eu estava ansioso para... — Para, cerrando um pouco seus olhos mirados ao banco a nossa frente e cravando seu maxilar.

— Para...? — Digo, temendo que ele fugisse novamente sem me dar ao menos uma explicação concreta.

Volta seus olhos a mim, percebendo o quanto que queria que continuasse. 

— Ansioso para te testar. Você sabe, ninguém mais me vê além de você. — Abro um pouco a boca, exclamando um "Oh" e erguendo as sobrancelhas. — É. 

Sorri novamente, fazendo-me perceber o quanto que a aquele fato o deixava feliz, e volta a olhar para frente, outra vez batendo seus dedos polegares no cajado.

— E o que sente agora? 

— Com quem você tá falando, Anabeth? — Ouço a voz de Mia, percebendo seu corpo parando perante ao meu e incluindo mais um mini-infarto para a lista de hoje.



Notas Finais


Tururu é isso! Espero que tenha ficado grandão e do agrado de vocês! Obrigada por todo o apoio que vocês me dão af. Isso me incentiva muito!
Comentem o que acharam, e até mais ❤️


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