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História A Escolhida - Capítulo Seis


Escrita por: MaduCristelli

Notas do Autor


Oi, meus amores! Como vocês estão?
Bom, capítulo na data certinha pra vocês hehehe
Esse capítulo não é um dos meus favoritos, mas ele é importante porque é daqui que começa os desafios de Anne.
Espero que vocês gostem.
SEJAM BEM-VINDAS leitoras novas.

Capítulo 6 - Capítulo Seis


Fanfic / Fanfiction A Escolhida - Capítulo Seis

Point Of Views Annelise Rose Deutch

Eu corria feito uma louca. Corria a ponto de tropeçar em meus próprios pés e perder o equilíbrio, mas nada que me levasse ao chão.

Papai não deve ter explicado ao idiota do Bieber qual é a função daquele líquido horrível que tomo depois dessas seções, porque, caso tivesse mencionado, ele não me deixaria sozinha. Não mesmo. Aquele guardião cumpre a risca a ordem de me vigiar de perto. Insuportável!

Enquanto corria, meus pensamentos buscavam lembranças de onde era a casa de Margot e eu sabia muito bem como chegar ao pequeno e aconchegante espaço. Ainda me lembro do cheiro de torta de morango que se espalhava pela floresta, ainda me lembro do sabor, da consistência, de tudo.

A minha infância foi resumida em fugir para lá quando eu não estava a fim de participar de nenhuma aula ou quando algum evento real acontecia na academia ou quando eu ficava irritada, aprontava e de castigo me colocavam. A mais velha me acobertava por um certo período e me levava de volta para a academia antes do anoitecer. Ainda lembro das palavras carregadas de amor de ambas as bruxas:

— Nossa pequena e travessa Anne. — E eu sorria como se aquelas palavras fossem as mais lindas do mundo. — Vamos levá-la antes que esse lugar se torne perigoso demais para você. — Era Morgana, a mais madura e séria das bruxas.

— Ou que a vossa majestade decida nos decapitar por acobertar demais nossa futura rainha. — Margot brincou, aquela seria para mim uma espécie de irmã mais velha.

As vezes minha mãe nos esperava na entrada da floresta e apenas sorria para as bruxas em agradecimento. Ela me alinhava em seus braços e me levava de volta para o meu quarto, me dava uma pequena bronca e depois me alimentava. No outro dia acontecia a mesma coisa.

Deixei minhas pernas bambearem quando a lembrança me atingiu em cheio, diminuindo minha corrida como consequência, mas antes que eu pudesse me deliciar com as lembranças frescas em minha memória, precisei me preocupar em sair da floresta antes do anoitecer.

As defesas de cada canto são ativadas quando escurece, defesas mágicas e físicas, defesas que ninguém, nunca, passou ileso. Vários alunos já foram feridos por quebrarem a regra de não ir para a floresta ao anoitecer e uma outra  parcela bem pequena foi morta, tolos demais por tentarem dar uma escapadinha da rotina ao anoitecer. Em controvérsia, eu ainda tinha quatro horas pela frente e eu não pretendia demorar.

As árvores passavam rapidamente pelo meu campo de visão, mas não tão rápido quanto eu gostaria -estava sem minhas habilidades extras-. Pelo mapa mental em minha cabeça eu estava na direção certa e não tardaria a chegar. Mas quando minha mente gritou que eu havia chegado, quando eu parei e não encontrei a casa tão conhecida por mim, meu coração saltitou, meu corpo todo tremeu.

— MARGOT! — Meu grito ecoou pela floresta. — MARGOT! — Gritei mais uma vez. Meus olhos marejaram.

Culpa, medo, angustia. Um amontoado de sentimentos ruins tomaram conta de mim.

— Por favor! — Eu sussurrei e como uma pessoa completamente desnorteada, sem pensar nas consequências, voltei a correr sem rumo.

Era arriscado sair a procura de alguém em uma floresta imensa e perigosa, na qual eu poderia não saber mais o caminho de volta? Sim, com certeza. Me preocupei com os riscos que correria caso todo esse local se tornasse um campo minado? Não. Eu sou uma burra que não consegue pensar nas consequências a longo prazo? Droga, sim.

Toda a floresta, cada árvore, terra, grama e flor tentariam me ferir ou me matar. Cada canto dessa floresta tentaria me impedir de caminhar. Todo esse lugar, repleto de magia, tentaria comer pedacinho por pedacinho do meu corpo. Eu me desesperei, não fazia ideia do que havia acontecido aqui para tudo que eu conhecia ter mudado, mas, mesmo diante de todo esse desconhecimento eu continuava a correr.

Eu parei depois de algumas horas procurando, eu não conseguia ouvir mais do que o necessário, nem poderia ser útil para sentir o cheiro delas, de nenhuma das irmãs, era um dos efeitos do maldito remédio. O líquido que eu tomara regenerou as minhas forças como se eu fosse uma mera humana, mas não devolvera minha audição, velocidade e olfato. Eu só precisava dormir para que eu pudesse ser eu de novo.

Eu tinha em mente que eu precisava voltar, que eu tinha talvez uma hora para estar segura, uma hora para retornar e receber mais um castigo de meus pais, mas quando o cansaço e a onda de sentimentos ruins me atingiu com força, eu percebi que além de perdida eu logo seria lembrada como a princesa que morreu nas mãos da floresta. Cômico!

Parada no meio de duas árvores eu sentir tudo ao meu redor mudar e meu coração acelerar com o peso da mudança: Margot tinha morrido e a culpa era inteiramente minha e Morgana estava indo para o mesmo caminho da irmã. Minha culpa, só minha.

Sou uma assassina, assassina de bruxas. Vomitei todo o meu almoço e vomitei mais um pouco e mais, até não ter mais nada em meu estômago.

O sol estava se pondo e o desespero começou a tomar conta do meu corpo, eu não sabia o que me aguardava por aqui, quais eram os feitiços, as armadilhas, onde estavam ou como elas me afetariam. Eu não sabia nem se sobreviveria. Respirei fundo e tentei me concentrar, era o mínimo que eu podia fazer agora. Sentei-me de baixo da árvore a direita, ao lado do meu vômito, e abracei meus joelhos, com os olhos atentos a qualquer movimento. Eu não tinha nada a meu favor.

Fora dos portões da academia eu sabia do que estava fugindo, eu sabia como lidar com os guardiões que meus pais me mandava, era só não enfrentá-los, porque em uma luta corporal eu perderia com certeza, mas aqui, aqui dentro eu não faço ideia do quão ferrada eu estava, nem mesmo o que enfrentaria.

Deixando, por fim, de lado toda a hipocrisia de ser morta por uma floresta eu me levantei de onde estava e passei as mãos em minha calça para tirar quaisquer resquício de sujeira, mesmo que não fosse aparecer. A floresta estava totalmente escura, iluminada apenas pelos feixes de luzes da lua que passava por entre as folhas, até mesmo para enxergar os obstáculos no chão eu tinha que apertar os olhos. Comecei a fazer o mesmo caminho que eu fizera anteriormente, ou ao menos estava tentando, já que eu era como uma mortal nesse momento. Sem sentidos aguçados, e completamente inútil e vulnerável.

Sem muito tempo, eu comecei a correr, mas a magia da floresta estava começando a fazer efeito, me tornando ainda mais lenta, me tornando mais fraca. Minha visão começou a ficar turva, o chão começou a girar e uma árvore surgiu no meu caminho, forçando-me a desviar, e no momento que eu desviei, torci meu pé e acabei caindo em um buraco. Gritei. Margot apareceu enquanto eu caía.

— Olá, minha pequena princesa! — Ainda era a mulher que eu conhecia, a voz idêntica, mas ela estava um pouco mais jovem, mais bonita. — A queda vai ser rápida, querida. Não se preocupe! — Eu a olhei desesperada, quando ela disse de repente. — Eu prometo! — Um sorriso frio cintilou seus lábios.

Eu não a respondi, a espera pela queda me deixou muda e o medo que corria em minhas veias deixou vazio qualquer pedido que poderia fazer para a mulher. Mas o chão nunca chegava e eu continuava caindo e caindo.

— Eu sinto muito! — Falei por fim, aceitando o meu desfecho. A voz embargando e meus olhos marejados. — Me perdoa, Margot! — Supliquei.

— Você me matou, Rose, e vai matar Morgana também. Não está satisfeita? — Ela disse, a voz soando de forma amarga. Eu neguei, não conseguia entendê-la. — Não existe perdão para tamanha traição.

— Eu não queria machucar você. Eu juro! — Solucei. — Me perdoa!

— Calada! — Ela gritou.

Dor irradiou o meu corpo quando suas unhas se chocaram com o meu braço. Eu gritei. Gritei de novo quando o meu rosto raspou em um galho, fazendo um corte profundo em minha bochecha, senti o sangue escorrendo e coloquei a mão sobre a ferida aberta.

— Não vai curar, querida. — Sua voz soou fria. Me encolhi quando o timbre dela me atingiu com força. — Eu cuidei de tudo para que você saia daqui machucada, Rose, bem machucada, morta se tudo der certo.

— Margot. — Sussurrei derrotada.

Eu ainda estava caindo, mas eu não me sentia tão desesperada quanto estava no começo. O chão nunca chegava, talvez era um reconforto.

As palavras cruéis da mulher, que eu considerava uma mãe, atravessavam o meu peito como uma faca envenenada.

— Tanto poder. — Sussurrou. Eu a olhei. — Você não faz ideia do que é capaz, querida. —  Não a entendia, não conseguia se quer entender o que a bruxa falava.

Mas algo estranho, algo se acendeu em mim quando ela começou a sussurrar em outra língua.

—  Estou te ascendendo, querida. — Disse e me encarou. — É capaz de tanto e nem faz ideia do que há dentro de você. — Ela dizia mais para si do que para mim.

— Por favor! — Sussurrei. Uma última tentativa.

— Rose, você me matou. — Ela se levantou sobre o nada. Raiva acendeu seu rosto. Fúria e ódio e desprezo estampou sua feição.

Eu me encolhia e encolhia, como uma garotinha medrosa. Chorava e pedia para ela me perdoar. Talvez isso a irritou, talvez eu devesse ter ficado quieta, porque suas ações seguintes me torturaram.

— E agora eu vou te levar comigo. — Ela veio pra cima com tudo e para me proteger eu me encolhi.

Fechei meus olhos, tapei meus ouvidos, encostei minha testa em meus joelhos à espera da dor da morte. Não chegou. Eu não estava mais caindo, entretanto. Eu estava deitada no chão gélido da floresta e ouvia patas de cavalos vindo em minha direção, vento arrepiava os pelos do meu corpo. Logo, dois pés humanos apareceram e mãos me agarraram, me puxando para cima. Bieber, eu reconheceria aqueles olhos em quaisquer circunstâncias.

— Ela tentou me matar. — Eu sussurrei para ele, como um segredo dolorido.

— Shh. — Ele pediu e então eu comecei a escutar algumas vozes.

— Ela está bem? — Não escutei a resposta de Bieber.

Deitei minha cabeça em seu ombro e ele me ajeitou em seu colo, me colocou no cavalo e quase me desesperei quando não o senti mais perto, mas logo subiu também. Justin Bieber agarrou a minha cintura com força para eu não cair e logo começamos a cavalgar de volta a academia. Eu fechei os meus olhos quando inspirei o cheiro do louro e o vento se chocava contra o meu rosto em um sopro leve. De repente me apavorei e o guardião teve que me segurar mais forte para eu não pular do cavalo.

— Annelise! — Seu tom de voz duro me fez encolher.

— Para! — Eu sussurrei, as palavras saíam atropeladas e ele grunhiu quando cravei a unha em seu braço.

— Pare com isso você! — O cavalo parou de andar e eu apertei meus olhos com força e quando os abri ainda era o mesmo cenário.

— Você, você é real? — Eu sussurrei, virando meu pescoço para olhá-lo melhor. Ele ficou tenso.

— Quer que eu te dê alguns socos? — Sussurrou e eu suspirei aliviada.

A caminhada de volta não foi longa, mas também não foi tão rápida quanto eu gostaria.

— Você está sangrando. — Ele disse quando chegamos no campo da Academia.

Eu coloquei minha mão no rosto.

— Eu pensei. — Parei de falar quando engoli em seco.

Justin me ajudou a descer do cavalo e não se afastou, nem mesmo quando um dos guardas chegou perto.

— Por que ela não se cura? — Ele perguntou.

Meus olhos se fixaram em Bieber e ele levou a mão até o meu rosto para tocar na ferida, talvez tão perplexo quanto eu. Me encolhi em defesa e me afastei negando com a cabeça. Era só o efeito do remédio, mas este não devia desacelerar meu processo de cura, pelo menos eu nunca tentara me machucar para enquanto estava naquele estado.

— Rose! — Escutei a voz de minha mãe. — Querida. — Mas ela parou quando me viu. —Você não está se curando. — Sussurrou. — Ai.

O que ela queria dizer com isso?

— O que está acontecendo com ela? — Era Bieber.

Eu não escutei a resposta dela, não escutei a voz de mais ninguém. Eu entrei em transe. Meu corpo de repente ferveu, criou vida própria e ardia, ardia como o inferno. Eu sentia as minhas células queimando rapidamente, calor fervilhava o meu corpo e minha voz foi silenciada, irrompendo um grito angustiado. Eu não sei como aconteceu, mas fui arremessada pelo ar, por uma força invisível e fora da minha realidade. Eu estava prestes a colidir com uma parede que segurava a estrutura de um dos salões de treinamento, estava prestes a ser quebrada por ela. Eu não estava me curando. Eu morreria, afinal? Eu queria gritar. A queda seria feia, muito, muito feia, mas eu fui parada no ar, quando mãos seguraram minhas pernas e me puxaram para baixo, e meu corpo finalmente esfriou, minha ferida ardeu e eu, finalmente, gritei.

— Te peguei, princesa! — Foi a última coisa que eu ouvi antes de apagar.


Notas Finais


Ajudem a tia aqui e me falem o que estão achando!!!!


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