História A Escolhida - Capítulo 15: "O Reencontro - Parte 02"

Malia P.O.V.

A Fera dos Pesadelos era do jeito que Stella havia descrito. Garras gigantescas, bem peluda e com uma cara deformada bem estranha, sem esquecer da boca, que deixava baba escorrer pelo rosto e a falta de uma orelha. Aquela coisa não era só feia, era bizarra. Quem tinha criado um treco horroroso daquele?

Stella suava frio, seu livro brilhava em cima de uma pilha de livros jogados pelo quarto, como se quisesse nos alertar do perigo, é amiguinho... já sabíamos que estávamos fritas.

- O meu cheiro... – disse Stella – Graças a invasão de vocês, eu esqueci de esconder o meu cheiro.

- E agora nós vamos morrer? – perguntei.

- Não, preciso que distraiam a Fera enquanto eu tento esconder meu cheiro com algum feitiço... ah a Fera odeia fogo e tentem não se aproximar muito dela, seus reflexos são excelentes.

- Fogo? Como vamos fazer fogo? – perguntou Hayden, minha cabeça começou a pensar em um plano que talvez funcionaria.

- Você tem fósforo e algum tipo de tecido que nos ajude a fazer uma espécie de bandeira? – perguntei a Stella, que assentiu devagar, enquanto ela pegava Hectus e procurava um feitiço.

- Você não vai colocar fogo na casa do meu tio, né Malia?

- Claro que não.

Stella me encarou e olhou para a Fera que estava se aproximando, aquela coisa parecia não ter pressa alguma e aquilo estava me deixando com os nervos à flor da pele. Stella deixou Hectus em sua cama, mas o livro levitou no ar e foi atrás de Stella.

- Esse livro me dá medo – disse Hayden e eu concordei.

Stella voltou com toalhas de mesa amarradas em pedaços de madeira grossos, ela entregou uma “bandeira” para mim e outra para Hayden, Hectus jogou a caixa de fósforo para mim. Aquele livro é bem esperto.

- Esse negócio de madeira são pés de uma cadeira? – perguntou Hayden.

- Olha, a gente não precisa de quatro cadeiras na cozinha. Somos apenas eu e o meu tio. Ele não vai nem notar...

A Fera rugiu do lado de fora da casa, ouvi suas garras rasparem o chão do lado de fora. Stella colocou as mãos entre os cabelos.

- Vão logo! Esse é o aviso! Ela vai derrubar tudo se vocês não forem agora!

Não esperei ela dizer aquilo novamente, Hayden e eu saímos da casa, peguei um fósforo e coloquei fogo na bandeira improvisada, Hayden fez o mesmo. A Fera rosnou e nós duas também, mostrando nossas presas e garras. A Fera fez um sinal para que nos aproximássemos e eu corri em sua direção.

Erica P.O.V.

Nera estava encarando a parede do depósito e nós esperávamos alguma reação de nossa Alfa, mas ela estava naquela posição já faziam horas. Toda vez que ela ficava daquele jeito, tínhamos que fazer o menos de barulho possível e não a atrapalhar, pois ela estava pensando em algum plano.

Eu estava brincando com minha pulseira, quando de repente, a mão de Nera segurou o meu pulso, o que me assustou, deixei minhas presas amostra, o que ela não gostou muito, voltei ao normal, ela sorriu e acariciou o meu rosto, enquanto ainda segurava minha mão.

- Erica, doce Erica – enquanto ela falava com a maior calma do universo, sentia minha pele queimar ao seu toque em meu pulso, fiz uma careta para disfarçar a dor que eu estava sentindo – Eu já disse que odeio essa sua pulseira?

- Não...

- Pois então, lhe digo agora... Eu odeio essa pulseira e esse barulhinho que ela faz.

Mordi o lábio, sua mão apertava meu pulso e o queimava cada vez mais, meus olhos estavam encharcados com tanta dor. Ela ainda estava sorrindo.

- Mas... esse barulho irritante... me deu uma ideia muito boa...

Ela se aproximou de seu altar de magia negra, onde havia um espelho e várias velas, soltando meu pulso que tinha ficado marcado com queimaduras em formato de sua mão. Nera abriu a mão em direção ao espelho e a imagem de Lydia apareceu, ela estava toda sorridente, conversando com o meu Stiles... o meu Stiles e o metido do Scott... aquele trio me fazia sentir tanta raiva... mas eu não sabia qual era a razão de toda aquela raiva.

Nera girou a mão em círculos três vezes, com ela ainda apontada para Lydia, uma magia de tonalidade azul escura saiu de sua mão e atravessou o espelho, chegando em Lydia, que se arrepiou e diminuiu o sorriso em seu rosto.

“Você está bem?” perguntou Stiles, todo preocupado com a ruiva.

“Sim... só foi um arrepio” ela respondeu e voltou a sorrir.

- A semente foi plantada, temos agora que esperar os poderes de Lydia regá-la. Kim... me acompanha até a floresta? – perguntou Nera a Kim, que se levantou rapidamente do sofá empoeirado e se juntou a Nera.

- Claro, Alfa – disse a banshee.

- Aiden, você também venha conosco... Está na hora de nossos amigos sentirem o meu verdadeiro poder... começando pela floresta...

Eu não entendi o que ela quis dizer com aquilo, mas vindo de Nera, não significava coisa boa... Afinal, Scott e seu grupinho estavam tentando descobrir uma maneira de destruir a Fera e Nera não podia deixar aquilo acontecer... Nera precisa da Fera.

Mas... por que ela precisa da Fera?

Stella P.O.V.

Malia e Hayden estavam lá fora, cercando a Fera com as bandeiras improvisadas, deixando a criatura cada vez mais irritada, tentando acertar as duas com as garras, mas o fogo a confundia, a fazendo errar os ataques e deixando as meninas vivas por mais alguns minutos.

- Hectus... rápido... preciso disfarçar meu cheiro – eu disse e meu livro mágico abriu em uma página com feitiço que eu precisava. Estalei os dedos, balancei os ombros e girei minha cabeça para os lados. Aquilo ia doer.

Estiquei as mãos para o meu livro, que estava flutuando na minha frente, meu cabelo levitou e um vento entrava pelas janelas e via em minha direção, senti meus olhos queimarem, junto com meus braços, resisti a dor... Comecei a falar em latim.

- Tire isso de mim e coloque o novo no lugar. Tire isso de mim e coloque o novo no lugar. Tire isso de mim e coloque o novo no lugar – eu disse e então o vento ficou mais forte, me derrubando no chão. Hectus se fechou e caiu do meu lado. Cheirei minha blusa, eu estava cheirando a peixe. Que nojo.

Fiz uma careta e olhei para Hectus, que voltou a brilhar, ele abriu em uma página com um feitiço escrito em letras garrafais.

- Círculo de fogo...? – perguntei a ele, e então uma ideia surgiu... – Hectus, eu te amo.

Decorei o feitiço e guardei Hectus em minha pulseira. Eu precisava que a Fera ficasse de costas para mim. Fui em direção aos fundos e saí da casa do meu tio. Corri entre as casas, pulando cercas e correndo de cachorros bravos até chegar no final do quarteirão, atravessei a rua e quase fui atropelada por um carro, mas consegui subir no capo do carro antes que me acertasse.

O motorista do carro freou e buzinou para mim. Eu dei um sorriso frouxo, com vergonha e saí de cima de seu carro e continuei a correr dentro das casas... enfrentando mais cercas e cachorros.

Quando cheguei em uma casa que dava na direção das costas da Fera dos Pesadelos, parei minha corrida e pulei a cerca da casa. Respirei fundo e olhei para os céus, pedindo socorro.

- Quem estiver me vendo ai em cima... Me ajude, por favor.

Me agachei, apoiando minha mão esquerda no chão, olhei para Fera e disse o feitiço sussurrando.

- Círculo de Fogo eu te convoco. Apareça e seja minha salvação.

Então, em volta da Fera, um círculo foi marcado, Malia e Hayden se afastaram assustadas, em volta da Fera o fogo surgiu no asfalto, a cercando. Malia jogou a bandeira no fogo e Hayden também. Ambas vieram em minha direção. Me levantei, me sentia um pouco tonta. Tropecei em meus próprios pés e Malia me segurou.

- Calma... você está bem? – ela perguntou.

- Sim, só um pouco tonta. Agora, vamos sair daqui logo, não sei por quanto tempo esse círculo de fogo vai aguentar.

Malia e Hayden concordaram e saímos correndo em direção a casa de Deaton, enquanto a Fera esperneava de dor e raiva, chamando meu nome.

“STELLA” a Fera berrou e isso fez com que eu corresse ainda mais rápido.

...

Chegando na casa de Deaton vimos que ele estava regando as flores no jardim. Hayden, Malia e eu passamos correndo por ele, sem dizer uma palavra, quando fomos entrar na casa dele, batemos em algum tipo de campo de força, que nos jogou para trás. Caímos de costas no chão.

- O que é que está acontecendo? – perguntou Deaton.

- Você finalmente protegeu a casa – disse Malia.

- É, depois do sequestro de Verônica eu tive que fazer isso.

- Legal... agora será que a gente pode entrar? Antes que viremos sanduíche de Fera dos Pesadelos?

Deaton arregalou os olhos e sem dizer mais nada, ele foi até a porta e quebrou o campo de força mexendo em um tipo de pó que estava na entrada da casa. Eu precisava daquilo urgentemente. Malia e Hayden entraram dentro da casa correndo e eu as segui. Deaton colocou o pó de volta e a barreira de força voltou novamente. Suspiramos aliviadas, enquanto Deaton nos olhava, ele parecia estar confuso.

- Vocês podem me explicar agora? – ele perguntou, cruzando os braços. Hayden começou a falar:

- A Fera dos Pesadelos encontrou Stella. Fizemos bandeiras flamejantes enquanto Stella escondia o cheiro dela. Stella cercou a Fera com fogo, pois a criatura horrorosa tem medo de fogo e nós corremos para cá.

- Caramba. Vocês estão bem?

- Por incrível que pareça, sim – disse Malia, invadindo a geladeira de Deaton e pegando a garrafa de suco e tomando-a inteira com alguns goles.

Ouvimos alguém descer as escadas, era Verônica, que estava usando uma bengala para descer as escadas. Ela disse:

- Eu conheço essas vozes...

- Sim, Ve. Malia, Hayden e Stella estão aqui, elas acabaram de chegar – disse Deaton.

- Stella, por que sua respiração está tão pesada? – ela perguntou para mim e eu arqueei a sobrancelha. Como ela sabia que eu estava assim?

- Ah... eu acabei de ver a Fera dos Pesadelos, eu me sinto mal quando isso acontece.

- Mas vocês não estão feridas, estão?

- Não, a dona bruxa usou o fogo a nosso favor – disse Malia, que estava comendo uma coxa de frango de uns dois dias atrás provavelmente.

Me sentei no chão, eu estava perdida. A Fera sabia onde eu estava. Agora, ninguém estava seguro. Todos estavam em perigo por minha causa... até o meu tio... Espera... meu tio Chris! Eu não lhe avisei sobre o que tinha acontecido. Tirei meu celular do bolso, nem sei como ele ainda estava lá depois de tanta correria.

A tela não estava mais quebrada, eu tinha consertado com magia. Disquei o celular do meu tio que atendeu no primeiro toque.

- O que aconteceu com a minha cadeira? – foi a primeira coisa que ele disse.

- A sua cadeira? Não sei, mas por acaso... A Fera dos Pesadelos está por aí?

- Não... por que?

- Ela veio fazer uma visita hoje.

- E você está bem? Está machucada? Onde você está?

- Eu estou bem, Malia e Hayden estavam comigo na hora que tudo isso aconteceu. Eu estou na casa de Deaton...

- Tudo bem, se quiser pode passar a noite aí, claro, se Deaton deixar. Mas se quiser voltar para casa, me ligue que eu vou te buscar.

- Sim, tio. Obrigada.

- Eu amo você, minha menina – ele disse com muita sinceridade e aquilo me fez sorrir depois de muito tempo sem conseguir.

- Eu também, tio.

E eu desliguei a ligação. Olhei para Deaton, que parecia estar preocupado comigo.

- Posso passar a noite aqui? – perguntei e ele apenas assentiu. Ele me ajudou a levantar e me abraçou. Eu estava tremendo muito e eu suava frio.

- Eu sei que é difícil, Stella.

- Você não faz ideia...

...

Lydia P.O.V.

Eu estava escovando meus dentes, quando recebi uma mensagem de Malia.

“Hayden, Stella e eu fomos atacadas pela Fera dos Pesadelos. Estamos bem. Estamos na casa de Deaton com a Verônica”

Li aquela mensagem sem acreditar, a Fera havia achado Stella, agora nosso tempo havia ficado menor, precisávamos achar a Destinada o mais rápido possível, antes que fosse tarde. Eu não podia deixar Stella morrer, como eu deixei isso acontecer com a Allison. Eu simplesmente não podia. Stella era apenas uma menina, como Allison e que lutava por uma vida normal, assim como todos nós.

Stella era tão jovem e já tinha perdido pessoas que ela amava, seus pais, seus amigos e por incrível que pareça, Aiden. Mas eu tenho certeza de uma coisa, ela não vai me perder. Eu não vou deixar isso acontecer.

Respondi Malia, dizendo para elas me ligarem caso algo acontecesse ou se precisarem da minha ajuda com alguma coisa.

Arrumei minhas coisas e fui me deitar para dormir, já eram 21:47 e eu precisava acordar cedo no dia seguinte, mas antes que eu pudesse encostar a cabeça em meu travesseiro, tudo a minha volta estava sendo tomado por uma energia negra. Tudo estava sendo levado para aquela energia e tudo estava se tornando preto. Me levantei devagar e minha cama despareceu assim que fiz isso, olhei para os lados, não havia nada.

“Mãe...” a chamei, mas apenas minha voz ecoou no vazio.

Uma porta apareceu na minha frente. Não era a porta do meu quarto, eu nunca tinha visto aquela porta antes. Mesmo assim, me aproximei e a abri, a mesma energia negra que havia tomado meu quarto me puxou para atravessar a porta e me soltou.

Eu estava no meio da floresta, usando apenas meu pijama e eu estava descalça. Eu me virei a procura de algo, mas eu via apenas árvores. Andei um pouco, esperando encontrar alguma coisa, foi então que ouvi lobos uivarem. Os lobos corriam em minha direção. Eles estavam famintos.

Corri o mais rápido que pude até chegar em uma casa abandonada no meio da floresta, os lobos ainda me seguiam. Subi as escadas da varanda e fechei a porta atrás de mim, a trancando.

Os lobos não rosnavam mais, eles haviam sumido. Olhei com mais atenção para a casa, não parecia ser a casa do Derek, eu não me lembrava dela. Como aquela casa surgiu?

“Lydia... suba...” disse uma voz me chamando.

Com o meu corpo todo arrepiado, eu subi as escadas, vagarosamente, ouvindo cada barulho dos degraus com muita atenção. Cada degrau que eu subia o barulho ficava mais estridente e prolongado, como se fossem gritos de pessoas.

Depois das escadas havia um longo corredor de onde a voz estava vindo. Continuei a andar em direção a voz, como se estivesse em um transe. A voz estava ficando cada vez mais alta, entrei em um quarto vazio e porta do quarto se fechou atrás de mim.

“Eu estou atrás de você, Lydia”

Me virei devagar e vi uma criatura de pelos pretos e asas negras, toda encolhida em um canto do quarto. Uma de suas asas estava com uma ferida e sangrava.

“Lydia, me ajude”

Cada vez que eu me aproximava, o chão gritava ainda mais, os lobos voltaram a uivar, conseguia ouvir eles arranhando a porta e quebrando as janelas, tentando entrar na casa. Fui até a criatura e lhe estendi a mão, ela correspondeu se segurando firme em mim. A levei até a janela.

“Se apoie no telhado. Depois nós pulamos. Rápido. Os lobos estão vindo” eu disse.

A criatura saiu e me chamou, mas antes que eu pudesse fazer algo, os lobos já estavam em cima de mim e eu gritei com toda a minha força.

De repente, eu estava de volta ao meu quarto, ainda sentada em minha cama. Olhei para o relógio... 21:47, o tempo não havia andado. Como aquilo era possível?

Peguei meu celular e liguei para o primeiro número que veio em minha mente. Stiles atendeu depois de várias tentativas.

- oi... – a voz dele estava baixa.

- Stiles, você estava dormindo?

- Não, eu só estava tirando uma soneca... – do outro lado da linha escuto uma pilha de coisas caírem no chão, o que fez um barulho estrondoso – É, agora eu acordei.

- Stiles, vá buscar Stella! Nós vamos a floresta!

- Ah... agora?

- É, eu sei onde a Destinada está.