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História A Escritora Solitária e O Amante de Animais - Mentes Sintonizadas


Escrita por: HiroNekochan18

Capítulo 19 - Mentes Sintonizadas


Fanfic / Fanfiction A Escritora Solitária e O Amante de Animais - Mentes Sintonizadas

O dia seguinte chegou com uma inesperada paz de espírito em Ravena. Ela não soube entender ao certo o que era, mas tinha a sensação de estar mais leve do que muito tempo atrás como se grandes bolas de chumbo tivessem se desprendido de suas mãos e pés. A escritora solitária levantou bem cedo e não sentia nem um pouco de preguiça pra continuar mais um tempo na cama. Sentia-se energizada, inspirada.

Ao abandonar sua cama, Ravena pegou algumas roupas e uma toalha de banho e foi direto para o banheiro enquanto Morgana ainda não havia acordado pra pedir comida com seus miadinhos fofos e doces. Lá no banheiro, ela encheu sua banheira com bastante água quente e mergulhou livremente desnuda. Tomou um longo banho na banheira até que passou mais alguns minutos relaxando na água quentinha.

Ravena mais parecia meditar na banheira, quase não pensava em muita coisa. Por um segundo de distração, ela olhou para o lado e viu seu celular esquecido desde o banho de ontem à noite sobre um banquinho de madeira redondo ao lado da banheira, onde ela costumava colocar algum livro, ou caneca de chá enquanto se banhava na banheira. Secando as mãos com uma toalha branca, Ravena pegou o celular e destravou sua tela.

Não havia lá muitas novidades à não ser notificações de vídeos do YouTube sobre resenhas e análises de livros antigos e novos. A garota de cabelos violetas acessou seu Instagram e clicou nas conversas que tinha com Estelar, Estrela Negra e sua mãe Arella. Ela nunca foi uma pessoa de dar bom dia para tudo o que se mexia e que não se mexia também. Na maioria das vezes, quando alguém lhe dava bom dia, ela sempre dizia “o que tem de bom nele?”, mas hoje Ravena teve a sensação de que seria um bom dia.

Só não sabia dizer por que.

Então, ela digitou um simples “bom dia” para suas duas amigas e para sua mãe, junto com uns poucos emoji de Sol nascendo nas montanhas e alguns coraçõezinhos violetas. Nada mais.

Arella foi a primeira à responder com um singelo “bom dia, filha” seguido de alguns coraçõezinhos coloridos e uma foto da manhã nas florestas outoniças pela janela de seu quarto.

Ravena sorriu e deixou seu celular no banquinho de madeira. Voltou à relaxar, fechando seus olhos violetas e se concentrando na sua respiração e na sua paz que surgiu subitamente nesta manhã... até seu celular gritar de tantos barulhos anunciando uma chamada de vídeo. Ela rosnou de raiva e pegou o celular. E quem mais poderia ser? Estelar.

Assim que a chamada de vídeo se iniciou, Ravena logo percebeu Estelar sentada à mesa de sua cozinha devorando um prato lotado de panquecas de abóbora com toneladas de xarope de bordo, Nutella, marshmallows, gotas de chocolate branco e chantilly. Estrela Negra estava logo atrás de camisola roxa preparando as panquecas na frigideira.

-Ravena?-falou Estelar com a boca cheia e o olhar preocupado.-Você está passando mal?

-Por quê?-indagou Ravena com um olhar inocente.

-Porque da última vez que eu me atrevi à dar um enorme e maravilhoso bom dia pra você pelas mensagens...-Estelar bebeu um pouco de leite morno.-Você mandou eu enfiar o meu bom dia no útero.

-Ah...-Ravena não deixou de ruborizar.-Estelar, quero pedir minhas sinceras desculpas por isso, eu acho que não fui educ...

Estelar cuspiu um monte de leite para o lado, quase acertando a bunda de sua irmã.

-Oh! Sua louca!-rosnou Estrela Negra, olhando para trás.-Você vai limpar tudo isso!

-Estrela Negra, esqueça isso!-falou Estelar toda desesperada e agitada.-Temos que chamar uma ambulância urgente! Eu acho que a Ravena fez alguma mistura tóxica e poderosa dos chás dela que a deixou muito louca e agora ela está com sérios problemas de personalidade!

-Do que você está falando, sua louca?-questionou Estrela Negra ao virar uma panqueca na frigideira.

-Ela deu bom dia!-Estelar já estava gritando.-E acabou de pedir sinceras desculpas!

Ravena rolou os olhos violetas, pensando seriamente em encerrar a chamada de vídeo e desligar seu celular o resto do dia.

-Não!-Estrela Negra simplesmente largou a espátula na frigideira.-Não creio! A rainha do gelo sempre orgulhosa e irredutível deu bom dia e pediu sinceras desculpas?!

-Anda logo, irmã!-ordenou Estelar.-Chama a ambulância, se veste e vamos correndo para o hospital! Talvez ainda dê pra salvar meio grama do cérebro da Ravena e...

-Parem de palhaçada!-esbravejou Ravena, calando as duas irmãs na chamada de vídeo.

-Ah, Ravena?-Estrela Negra puxou uma cadeira e se sentou ao lado da irmã.-Você se lembra de ter escorregado no banheiro e batido com a cabeça na pia, ou foi mais um caso de abdução alienígena no qual a pessoa vira outra sem mais nem menos.

-Vocês duas é que foram abduzidas!-rosnou Ravena, raivosa.-Até parecem que seus cérebros pegaram o primeiro ônibus espacial e foram morar os dois lá no mundo da Lua!

Estelar e Estrela Negra se entreolharam momentaneamente.

-Bom...-ecoou Estrela Negra, meio desconfiada.-Essa é a Ravena. Bruta e ríspida, mas tem algo de... diferente em você hoje.

-O quê?-Ravena tocou nas suas madeixas violetas.-Estou com ponta dupla?

-Ravena?-Estelar abriu um sorriso bem presunçoso.-O que aconteceu na noite passada quando você foi embora com o Mutano na lambreta dele?

-Fala da noite em que vocês duas, cretinas, me jogaram pra cima do Mutano antes de irem embora no carro dos amigos dele?-questionou Ravena.

-Há!-gritou Estrela Negra, pulando da cadeira e assustando sua irmã.-Eu sabia que tinha algo de diferente em você! Veja só! Ela falou o nome do Mutano sem vomitar, ou ter uma síncope! Eu sabia!

-Ora, ora, Ravena...-Estelar começou a rir bobamente.-Você é uma garotinha muito atrevida.

-O quê...?-Ravena começou a ruborizar violentamente.

-Diga, Ravena?-Estrela Negra voltou à se sentar à cadeira, o sorriso todo pervertido.-É muito grande?

-O que é muito grande?-Ravena estava quase mergulhando na banheira.

-Você sabe.-riu Estrela Negra.-Mutano pode ter músculos, mas ele também é magro. Um magro musculoso, mas é como dizem: quanto mais magro, maior o...

Estrela Negra nem pôde terminar sua perversão porque a panqueca na frigideira começou a pegar fogo com espátula e tudo.

-Ai, caramba!-gritou Estelar, quase caindo da cadeira.

-Cassilda!-berrou Estrela Negra, saltando da cadeira e correndo até o fogão.

O resto da chamada de vídeo se resumiu em duas garotas desesperadas gritando para a câmera do celular seguido por um apito alto e logo depois uma chuva que começou a cair dentro do apartamento delas graças à fumaça que encheu a cozinha.

Ravena encerrou a chamada de vídeo e largou o celular no banquinho de madeira ao lado.

-Loucas.-sussurrou.-O que é que tem de diferente em mim?

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A manhã de Mutano começara bem tranquila – ele se levantou, sentindo-se tão vivo e energizado como se tivesse ganhado uma dose extra de energia de vida correndo por suas veias e por todo o seu ser. Ele se levantou da sua cama num pulo, se espreguiçou e se alongou todo como um gato. Naquela hora da manhã, seus animais ainda estavam dormindo à exceção de seu papagaio africano que estava acordado desde já.

Como de praxe, Mutano seguiu para a cozinha com Gritalhão no seu ombro e foi lhe dar ração e algumas frutas deliciosas como seu café da manhã. Quando ele terminou essa pequena tarefa, o amante de animais foi direto para seu quarto pegar algumas roupas quentinhas e uma toalha de banho. Mandou-se para o banheiro, onde tomou um longo banho quente sob o chuveiro.

Nessas alturas, ele já podia ouvir seus animais começando a acordar pelo apartamento e fazendo seus barulhos e loucuras pelos cômodos em busca do seu dono e de comida gostosa. Mutano encerrou seu banho e escovou os dentes de frente para seu espelho com direito à escovação na língua e enxaguante bucal. Ele não sabia dizer ao certo, mas sentia que estava se banhando e se higienizando todo para ficar limpinho e perfumado para algo, ou para alguém hoje.

O garoto verde só saiu do banheiro quando já estava milimetricamente limpinho e perfumado. Vestiu-se com um pijama simples e quentinho, e foi para a cozinha enquanto todos os outros animais seus que já acordaram lhe seguiam alegremente loucos para um gostoso café da manhã.

Na cozinha, Mutano foi alimentar cada um de seus animais. O mesmo sistema de sempre: ração de peixe para os gatos, ração de carne para os cachorros, legumes e salada fresca para os coelhos, frutas para o porquinho e ração para répteis para a iguana. Já o papagaio tagarelava saciado com seu café da manhã.

Mutano estava guardando todos os sacos e potes de ração nos armários quando seu celular começou a tocar com uma chamada de vídeo no balcão da cozinha. Ele o pegou e viu que era Robin. Atendeu-o.

A tela de seu celular se encheu com Robin e Cyborg sentados à mesa de sua cozinha em seu apartamento. O mascarado saboreando torradas com manteiga de amendoim e o cibernético ao lado devorando tiras e mais tiras de bacon frito acompanhadas de ovos mexidos com queijo.

-E ai, Mutano?-indagou Robin, abrindo um sorriso presunçoso.-Como foi ontem à noite?

-Ah, eu jantei, dei comida aos meus animais, assistimos um filme legal juntos e depois fomos dormir.-respondeu Mutano inocentemente.-Por quê?

-Sua besta!-esbravejou Cyborg, quase cuspindo comida da boca.-Ele está falando sobre você e a gata angorá!

-Fala da Rae?-perguntou Mutano com um olhar inocente.

Robin e Cyborg simplesmente se engasgaram com a comida e começaram a tossir. Mutano começou a ruborizar ao perceber que o que acabara de dizer. Levou uns dois minutos até seus amigos beberem grandes goles de leite para conseguir se recuperar finalmente. Logo após isso, Robin e Cyborg começaram a sorrir daquele jeito idiota que sempre deixava Mutano todo vermelho.

-Quer dizer que a sua gata angorá agora se chama Rae?-questionou Robin, o sorriso de puro interesse.

-O que aconteceu com a mão de 1000 quilos?-quis saber Cyborg, rindo.-Ou com a boca que apedreja?

-Olha, sinceramente, eu não sei do que vocês estão falando.-desconversou Mutano, seu rosto verde se avermelhando mais e mais.-Tudo isso são águas passadas.

-Águas passadas?-Robin sorria tanto como se seu rosto fosse se partir ao meio.-Então, quer dizer que você e a Rae, a Rae e você...

-Ah, Robin, vai se lascar!-rosnou Mutano.-Eu não sou como você que fica correndo atrás de gigantas o dia todo! Pensa que eu não vi como você ficou babando pela amiga da Ravena? Aquela garota de olhos verdes e cabelos vermelhos que parecia mais alta do que um fisiculturista? Ela e a irmã dela. Duas gigantas e você ficou babando pela mais nova e inocente. Pensa que eu não sei o que você quer fazer?!

-Alto lá!-rebateu Robin, ruborizando instantaneamente.-A Estelar é uma garota super legal. Legal de verdade. E ela não é uma dessas falsas que tem beleza demais e cérebro de menos. A garota entende tudo de astronomia! É como se ela tivesse vindo do espaço!

-A irmã dela também é muito interessante.-Cyborg riu em diversão.-Tem personalidade forte, língua afiada e é sempre curta e grossa. Acho isso hilário nela!

-Vocês são uns pervertidos!-acusou Mutano, seu rosto na temperatura de um deserto arábico.

-Bom, mas a boa notícia é que agora as coisas estão se desenrolando bem.-está dizendo Robin.-Veja, agora Ravena foi carinhosamente apelidada de Rae.

-De fato.-assentiu Cyborg, sorrindo malicioso.-Diga, Mutano? Como é que foi a coisa toda?

Mutano emudeceu. Por um momento, ele se imaginou com Ravena em uma cena excitante que provavelmente seria incrivelmente impossível, levando em conta que a garota em questão era um alguém difícil em diferentes aspectos – mas logo preferiu ter mais respeito por ela e chutar essa idéia para os recônditos de sua mente.

-Quer saber?-falou Mutano, irritado.-Vão lamber sabão!

Ele nem deu tempo dos seus amigos falarem mais algum absurdo malicioso e logo encerrou a chamada de vídeo. Largou seu celular verde no balcão da cozinha e ficou olhando para a sala de estar, onde seus animais passeavam por lá após terem comido o café da manhã.

-Pervertidos...-sussurrou.-O que eles tem na cabeça?

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Como se suas mentes estivessem sintonizadas, Ravena e Mutano tiveram a idéia de tomar o café da manhã fora de casa. Não era algo muito do feitio deles. Os cafés da manhã dela eram sempre compras da padaria, ou restos de comida delivery do dia anterior. Já os cafés da manhã dele às vezes demoravam para ser confeccionados tamanho o nível quase astronômico de perfeccionismo para que alcançasse uma apresentação ideal e um sabor sublime com os mais finos ingredientes selecionados.

Então, como Ravena estava meio exausta de seus cafés da manhã sem graça e Mutano estava com a maior preguiça de sujar uma tonelada de louça pra fazer o seu, eles se vestiram bem para sair no frio das ruas e foram se dirigir justamente para um estabelecimento que era café com chás, bebidas doces quentes e tudo o mais, mas convenientemente com opções veganas em seu cardápio.

Mais parecia um ponto de encontro perfeito para os dois.

Nas ruas repletas de folhas secas, Ravena andava só com seus headphones pretos tocando música em seus ouvidos num volume agradável. Ela planejava comer sozinha na mesa mais afastada do café. Já o havia frequentado outras vezes, afinal a escritora solitária frequentava todos os cafés da cidade e já conhecia todos os seus cardápios de bebidas para aquecer a alma, além de ter criado suas próprias críticas construtivas de prós e contras de cada um dos estabelecimentos.

Pois bem, ela foi andando cada vez mais rápido à medida que seu estômago clamava por comida gostosa com uma ansiedade que só aumentava.

Já numa direção oposta das ruas, Mutano vinha andando todo tranquilo com as mãos nos bolsos de seu casaco de moletom enquanto contemplava as árvores nas ruas que, um dia, já foram da cor de sua pele. Ele planejava comer sozinho sem ninguém para incomodá-lo. O café ao qual ele se dirigia era um dos seus favoritos na cidade, pois gostava das opções veganas como o chocolate quente de leite de amendoim, o chá de bolhas com leite de coco, o bolo de chocolate vegano cheio de morangos e os sanduíches saudáveis de hambúrgueres veganos com salada e molhos deliciosos.

Desde já imaginando as delícias veganas que iria devorar, Mutano foi apressando seus passos até o seu destino.

Foi então que eles atravessaram a rua ao mesmo tempo e chegaram ao mesmo quarteirão ao mesmo tempo vindos de direções diferentes. Mutano ainda estava um pouco distraído com seus pensamentos até que avistou uma garota de vistosos e belos cabelos violetas vindo do outro lado. Ravena, que estava imersa em pensamentos, logo notou um garoto que tinha a pele toda verde como o último verão antes do outono chegar vindo na sua direção.

Eles se encontraram de frente para as portas francesas do café, onde havia uma lousa anunciando os pratos do dia e seus preços bem razoáveis. Quando pararam de frente um para o outro, Mutano não sabia como agir, imaginando que o bom humor e toda a doce gentileza de Ravena da noite passada já tenham se esvaído hoje – mas seu medo logo evaporou-se como lágrimas no forno quando ela tirou os headphones da cabeça e sorriu para ele de forma discreta, mas não menos bela.

-Oi, Gar...-falou Ravena, meio tímida.

-Oi...-Mutano começou a sorrir bobamente.-Rae...

-Também teve a mesma idéia que eu?-ela olhou para o café.

-Você também?-e ele começou a rir.-Cara, que hilário! Parecemos gêmeos!

-Não seja palhaço.-Ravena riu bem levemente.

-Bom, já que estamos aqui...-Mutano tinha um sorriso meio acanhado no rosto.-Quer sentar comigo?

Ravena pareceu hesitar por um momento. Seu cérebro dizia que era para ela tomar seu café da manhã sozinha bem no fundos do café longe de toda a freguesia. Por outro lado, seu coração lhe lascava um tapa na cara e ordenava-lhe aos berros para se sentar com Mutano e compartilhar dos prazeres gastronômicos juntos.

-Claro.-ela sorriu e assentiu.-Por quê não?

-Permita-me.-falou Mutano, já fazendo aquelas poses de cavalheiro elegante e abrindo as portas francesas para Ravena.

Ela riu e adentrou o café com ele logo atrás.



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