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História A Escritora Solitária e O Amante de Animais - Os Vigilantes


Escrita por: HiroNekochan18

Capítulo 28 - Os Vigilantes


O meio-expediente de Mutano na loja de animais passou tão rápido que ele nem percebeu, afinal ele estava fazendo tudo no modo automático enquanto sua mente estava muito, muito longe. É claro, pensava em seus amados animais e o que eles estariam fazendo agora. Sua vizinha de porta tinha a chave de seu apartamento e sempre dava uma olhada em seus animais quando fosse preciso, então não tinha de se preocupar exageradamente.

Porém, além de seus animais, Mutano também pensava em Ravena e no que ela estaria fazendo agora. Parecia um passatempo divertido. Ficou imaginando coisas mil. Ravena estaria escrevendo seu romance? Ela estaria escondida sob as cobertas quentinhas lendo seus livros? Estaria ela preparando seus chás deliciosos? Ou quem sabe estaria meditando profundamente até que sua projeção astral deixasse seu corpo físico e partisse numa jornada mística para além de todo o Universo?

De fato, Mutano viajava na maionese, mas gostava de imaginar essas coisas sobre Ravena. Pois bem, quando terminou o serviço na loja de animais, ele já havia decidido encontrar com ela o mais rápido possível. Estava ele saindo pelas portas de entrada da loja de animais já com sua roupa de frio e o capacete da lambreta na mão quando um carro super moderno e futurista em cores de branco e azul estacionou na rua bem na sua frente. O vidro da janela abaixou e lá estavam Robin no carona e Cyborg ao volante.

-Mutano! Há quanto tempo!-Robin sorriu bobamente.-Por quê não vem comer uma pizza com a gente.

-Desculpe, não posso.-respondeu Mutano rapidamente.-Eu tenho que fazer umas coisas.

-Temos uma denúncia de maus-tratos à animais em nosso prédio.-Cyborg falou do nada e Robin o olhou todo chocado com a mentira.

O efeito foi imediato. As orelhas pontudas de Mutano se levantaram e ele se virou para seus amigos com a maior cara de assassino furioso.

-Quem é o condenado à ser assado vivo no touro de bronze?-ecoou ele com uma voz séria e assustadora.

-Bom.-Cyborg sorriu, vitorioso.-Nos siga com sua lambreta até a pizzaria e eu lhe direi tudo.

***

E por fim lá estavam eles sentados no terraço da pizzaria favorita quando Mutano soube que tudo não passou de uma falácia de Cyborg:

-Como se atreve à brincar com uma coisa grave como essa?!-vociferou Mutano, pulando de sua cadeira.-Eu vou te assar vivo no touro de bronze!

-Vem cá, seu louco?-respondeu Cyborg, confuso.-Que história é essa de touro de bronze?

-Ah, foi uma forma bem cruel de tortura realizada na Grécia Antiga muitos séculos atrás.-está dizendo Mutano com um sorriso todo bobo.-Se tratava de uma estátua de touro gigante feita de bronze que era oca por dentro. Tinha uma porta na lateral, onde eles jogavam o condenado dentro e acendiam uma fogueira debaixo do touro. Daí o bronze aquecia terrivelmente e o cara era assado vivo lá dentro até a morte.

Robin e Cyborg piscaram os olhos perplexos.

-Onde você aprendeu isso...?-quis saber Robin.

-A Rae me contou no dia em que estávamos passeando pelo parque.-disse Mutano todo sorridente.-Ela parece uma professora de história, mas sem ser essas professoras de história chatas que dão sono e...

-EU SABIA!-gritou Cyborg pulando da sua cadeira.-Você e a sua Rae estão saindo bem por de baixo dos nossos narizes!

Por sua vez, Mutano empalideceu ao deixar escapar essa história sem querer.

-Então, parece que as amigas da Ravena estavam certas sobre o que nos disseram nas mensagens...-ecoou Robin com um sorriso divertido.

-O quê?-Mutano parecia desesperado.

-Bom, verdinho.-riu Cyborg.-Enquanto você e a sua Rae fazem sabe-se lá o quê por aí, Robin e eu, e mais as amigas da sua Rae temos notado os comportamentos misteriosos de vocês dois. Nós já percebemos o seu comportamento de quem parece que viu a gata mais linda do mundo. Por outro lado, Estelar e Estrela Negra disseram coisas semelhantes da sua Rae. Disseram elas que a sua Rae anda mais... educada... bom, menos ríspida, talvez mais doce, mais suave, entende?

-É. De fato.-concordou Robin.-Elas disseram que a sua Rae parece mais viva do que antes.

-Sério...?-Mutano se segurou para não sorrir.

-Seríssimo.-Cyborg sentou-se à mesa.-Além disso, nós e as amigas delas percebemos que vocês meio que fizeram as pazes, afinal não estariam seguindo um ao outro no Instagram. E digo mais: de onde saiu aquela idéia da cesta de café da manhã vegano?

-Que cesta de café da manhã vegano...?-Mutano fez-se de desentendido.

-Mutano.-Robin riu um pouco.-Vamos lá. Sabemos muito bem que foi você. Você sempre disse que queria dar um presente assim para a garota perfeita. Você até tentou uma certa vez... mesmo que tenha falhado...

-Não...-Mutano pareceu entristecer por um momento.-Vamos falar disso...

-E isso só se confirmou ainda mais quando a sua Rae postou aqueles hambúrgueres veganos também.-prosseguiu Cyborg.-Tudo isso só comprova que vocês devem ter feito as pazes de alguma forma na noite em que largamos vocês sozinhos na pizzaria. É claro, não sabemos o que aconteceu, mas podemos deduzir que talvez você levou a sua Rae para casa na sua lambreta com ela agarradinha em você e...

-Querem calar essas bocas de gamela?!-rosnou Mutano raivosamente.-Vocês não tem nada a ver com isso! E mesmo que eu estivesse saindo com a Rae, o que não estou, eu jamais...

-Ora, Garfield Logan!-bufou Cyborg irritado.-Você já deixou escapar que estava com a Ravena no parque! As amigas dela já pegaram provas suficientes e nós também! Parece que até a mãe da garota, a Arella Roth, foi quem descobriu que vocês estavam seguindo um ao outro no Instagram. Não adianta mais esconder, seu tapado.

Mutano ficou boquiaberto e começou a ficar bem vermelho.

-Mutano, relaxa.-Robin falou delicadamente.-Ninguém aqui está querendo impedir que vocês fiquem juntinhos. Na verdade, estamos muito felizes que vocês estejam se entendendo. É que... nós somos seus amigos desde os tempos de escola e, assim como as amigas da Ravena, queremos apoiar vocês dois e queremos que vocês confiem em nós para contar tudo o que tem sentido, afinal você bem que merece uma boa garota.

Estava claro que seus amigos estavam do lado dele, mas alguma coisa em Mutano dizia que era para ele manter sob as sombras tudo o que acontecia entre ele e Ravena. Talvez fosse um desejo de querer saborear o relacionamento doce e divertido que estavam construindo lentamente depois de tantas brigas e palavras duras antes que qualquer coisa entre os dois se oficializasse, ou se tornasse do conhecimento de todos, mesmo porque ele estava gostando demais de desvendar Ravena a cada dia. Queria saber tudo sobre ela e, sobretudo, queria agradá-la e fazê-la feliz.

-Não...-Mutano voltou à falar.-Não está acontecendo nada entre mim e a Ravena.

-Tem certeza?-questionou Robin curiosamente.-Por quê a Estelar me enviou uma mensagem enorme dizendo que a Ravena havia comprado uma porção de...

-Cala a boca, Robin!-Cyborg gritou, do nada.

Robin o olhou e se calou na hora.

-O quê?-Mutano olhou para seus amigos sem entender nada.-O que ela comprou?

-Caramba, estou com uma fome!-exclamou Cyborg e pegou um dos cardápios de pizzas na mesa.-Acho que vou pedir uma pizza de camarões. Estou com vontade de frutos do mar.

-Hmm, boa pedida.-sorriu Robin e pegou outro cardápio.-Acho que vou querer de camarão também.

Mutano encarou seus amigos com um olhar todo desconfiado. Afinal, o que Ravena havia comprado?

:

Depois de largar suas amigas no shopping, Ravena foi direto pra casa. Estava se sentindo um tanto agitada, nervosa. Perguntava-se como suas amigas se atreveram à vigiar a sua vida dessa forma. Logo ela que sempre fora tão cautelosa e gostava de ser misteriosa. Como pôde deixar tantos segredos assim escaparem?

Mas o que era segredo, de fato? Ela e Mutano haviam feito as pazes depois de muito brigarem em público pra todo mundo assistir, eles estavam construindo um relacionamento de amizade bem lentamente. Não era nada de mais. Mas Ravena sentia algo bizarro. Ela não queria que os outros soubessem disso tão rapidamente. Queria passar mais um tempo à sós com Mutano para conhecê-lo mais e mais, afinal ele não era tão ignorante e retardado assim. Desejava ficar mais perto dele, entrar naquela sua cabeça maluca e continuar sendo o mis espontânea possível ao fazer piadas que o faziam rir.

Agora em sua sala de estar estavam todas as sacolas de compras cheias com suas novas roupas, acessórios e calçados dos mais coloridos e que não possuíam seda, lã, couro, ou cashmere – e qualquer outro produto de origem animal em sua composição. Ravena não sabia ao certo por que fez isso, mas só sabia dizer que teve vontade, assim como Forrest Gump começou a correr de um lado a outro pelo país dizendo que apenas teve vontade de fazer tal coisa.

Sentada em seu grande sofá preto, Ravena olhou para todas aquelas sacolas de compras. O que ela começaria a usar primeiro? Talvez o casacão branco com botões pretos? A touca de crochê de algodão vermelha? Ou quem sabe aquela calça marrom chocolate que parecia ser bem grossa e quentinha para sair no frio das ruas? E o que ela faria com suas antigas roupas que lotavam seu armário?

Por alguns minutos, Ravena imaginou doar tudo para caridade, ou apenas metade delas, afinal não comprou tantas roupas assim ao ponto de precisar fazer um fong xuei no seu armário... talvez. Ela olhou para o lado e viu que Morgana havia entrado dentro de uma das sacolas de compras e estava sentadinha lá dentro olhando para a sua dona com aquela carinha inocente e fofa de gatinhos lindos que se sentam num lugar engraçado e fofo que os deixam irresistíveis.

Ravena sorriu:

-Fofinha...

-Meow...-respondeu Morgana e começou a cheirar as bordas da sacola reluzente.

A seguinte, seu celular vibrou em seu bolso. Ravena o pegou e logo se animou ao ver que eram mensagens de Mutano:

Saí do trabalho

há um tempinho.

Estava indo te procurar,

mas meus amigos idiotas

me arrastaram para

a pizzaria. Vou ver

se saio daqui logo...

está afim de comidinha

vegana deliciosa?

Ravena sorriu em diversão e respondeu no mesmo instante:

Qual a boa de hoje?

A mensagem de Mutano veio rápida:

O que acha de um

belo rocambole de

lentilha e quinoa

recheado com purê

vegano de batatas com

couve-flor, couve manteiga

picada, cenoura ralada e

pimentão vermelho em

cubos, tudo banhado num

irresistível molho de tomate

e assado no forno?

Ravena ficou encantada com a descrição do próximo prato que degustaria. Em resposta, ela enviou vários emoji de carinhas lambendo os beiços. Mutano enviou corações verdes e ela enviou corações violetas.

Deixou o celular de lado e ficou pensando em tudo o que as suas amigas lhe disseram. Ravena decidiu naquele instante: antes que qualquer coisa acontecesse, se é que iria acontecer, ela tinha de buscar conselhos de uma grande sábia nas florestas... sua mãe, Arella.

:

-Ah, sim... sim...-dizia Arella com o celular no ouvido enquanto preparava um mingau de aveia vegano com cacau em pó e leite de amendoim numa leiteira grande em seu fogão.-E ela comprou uma porção de roupas coloridas mesmo?

-Todas coloridas!-respondeu Estelar no outro lado da linha.-Está mais do que na cara, Arella! Eles estão se encontrando escondidos! E isso está surtindo efeitos em Ravena. Ela está mais educada, menos ríspida do que antes. É como se tivesse sido adoçada com mel, sabe?

-Entendo perfeitamente.-Arella riu em diversão.-Ravena herdou o temperamento ríspido de Trigon. Ela pode ser bem dura, às vezes, mas quando é adoçada com mel, ela vira um docinho. Parece uma gata manhosa ronronando.

-Ai, eu queria tanto que ela ficasse assim!-Estelar riu divertidamente.-Ela ia ficar tão fofa!

-É. Acho que sim.-Arella riu também.-Eu espero que essa história com o Mutano... ou devo dizer... Gar dure bastante e dê bem certo. Eu não quero que minha filha acabe sozinha, toda amargurada e desconfiada dos outros por causa de um amor que não deu certo. Há tantos amores que não dão certo, mas algum deles tem que dar certo.

-Oh, Arella! Sempre tão sábia!-exclamou Estelar, toda admirada.

-Ah, pare com isso.-Arella sorriu.-Eu só vivi bem minha vida.

-Mãe?-a voz de Ravena veio da entrada do chalé.

Arella olhou para trás rapidamente.

-Ela chegou.-sussurrou para Estelar.-Vou desligar e depois de conto o que aconteceu.

Encerrando a chamada, Arella escondeu o celular dentro da gaveta de talheres e continuou mexendo a colher de bambu dentro da sua leiteira de mingau de aveia vegano que começava a engrossar.

-Estou aqui na cozinha, filha!-falou ela bem alto.

Logo mais, ela ouviu os passos de Ravena chegando pela sala de estar. Ela apareceu segurando a mochila de transporte azul com Morgana dentro. Ravena se abaixou no chão e abriu a mochila para que sua gatinha saltasse para fora e fosse andando direto para o sofá da sala.

-Mãe...-Ravena a olhou meio sem jeito.-Eu queria falar com você sobre uma coisa...

-Sobre o quê, minha menina?-indagou Arella enquanto desligava o fogo e colocava a leiteira com o mingau pronto na bancada.-Sobre as novas roupas coloridas que você comprou hoje?

-A Estelar já foi correndo contar isso pra você, não é?-questionou Ravena, fechando o semblante.

-Não...-ecoou Arella e pegou uma caneca de chá quente que estava na mesa.-Eu... sonhei com isso.

-Hmm, sei.-assentiu Ravena sarcasticamente.-Você sonhou que Estelar te contava isso.

-Bom, sim, quer dizer, não, exatamente...-Arella riu em diversão.-Ah, mas se não é isso, o que quer me dizer, então?

-É que...-Ravena desviou o olhar e começou a ruborizar.-Vai parecer idiotice... ou loucura... ou as duas coisas juntas.

-Oh, filha, nada do que você diz para mim é loucura, ou idiotice...-sorriu Arella e começou a beber do seu chá quente.

Ravena olhou para sua mãe, bateu o pé no chão e reuniu coragem pra dizer:

-Mãe. Eu estou gostando de alguém!

E o choque foi tão grande que Arella cospe o chá.



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