1. Spirit Fanfics >
  2. A Escritora Solitária e O Amante de Animais >
  3. Um Jantar com a Rainha

História A Escritora Solitária e O Amante de Animais - Um Jantar com a Rainha


Escrita por: HiroNekochan18

Capítulo 38 - Um Jantar com a Rainha


Fanfic / Fanfiction A Escritora Solitária e O Amante de Animais - Um Jantar com a Rainha

Quando o dia se tornava noite e o frio aumentava pelos ares de Jump City, Mutano terminava o expediente na loja de animais e também de uma longa semana. Subiu na sua amada lambreta e saiu zunindo pelas ruas ornadas por folhas secas que voavam com sua rápida passagem. Ele não tinha nenhum plano para essa noite de sexta. Pelo que ele descobriu, Robin e Cyborg iam se encontrar com Estelar e Estrela Negra para assistir um filme no cinema. Mutano não deixou de estranhar esse encontro suspeito entre aqueles quatro, mas preferiu não pensar muito nisso.

Afinal, no que Mutano mais pensava? Ela tinha uma pele da cor da Lua cheia mais brilhante, olhos e cabelos da cor do ametista mais lindo e tinha um lindo sorriso discreto e doce de gata angorá.

Quem mais poderia ser...? Mutano começou a arquitetar planos na mente. Passaria em casa para alimentar os seus animais, comer alguma coisa e depois tomaria um belo banho, se vestiria bem e iria correndo atrás de Ravena só para ficar bem pertinho dela. O amante de animais perguntava-se por que esse doce sentimento que sentia quando ficava ao lado da escritora solitária era mais grudento do que chiclete nos cabelos.

Porém, quando ele se aproximava de seu prédio, ele não deixou de avistar uma garota de cabelos violetas parada bem ali na calçada como se estivesse lhe esperando. O garoto verde logo ficou curioso, mas sorriu imensamente. Parou sua lambreta no meio-fio da rua e olhou para ela, que se aproximou.

-Mas que honra ter a Lady Roth paradinha em frente ao meu prédio.-disse Mutano ao tirar o capacete da sua cabeça.-Estava me esperando?

-Eu falei que você poderia conhecer a minha mãe no Samhain.-está dizendo Ravena, parecendo inesperadamente tímida.-Mas achei que seria besteira esperar até dia 31 de outubro quando ainda tem um mês de espera pela frente, então...

-Eu vou conhecer a rainha?!-Mutano falou alto demais com um olhar chocado.

-Que rainha?-Ravena franziu a testa confusa.

-Ah, quer dizer...-Mutano ruborizou e coçou a nuca.-A... sua mãe?

Ravena sorriu em diversão e Mutano também sorriu daquele seu jeito bobo.

:

Mutano fez tudo o que planejara quando chegasse em casa sem contar com a pequena mudança de planos ao encontrar Ravena em frente ao seu prédio e um belo convite irrecusável.

Pois bem, depois dos animais bem tratados e alimentados, um rápido lanchinho devorado, um banho tomado e belas roupas vestidas, Mutano pegou sua lambreta novamente e foi direto para o endereço de Arella enquanto Ravena sentada na garupa atrás dele lhe guiava pelas estradas nas florestas de Jump City. A viagem foi rápida, afinal a lambreta de Mutano só faltava virar foguete e as estradas estavam maravilhosamente livres sem nem ao menos a presença de algum policial irritante por causa do limite de velocidade.

De fato, o amante de animais estava um pouco ansioso e animado demais para conhecer a mística matriarca que deu luz à escritora solitária que tanto dominava seus pensamentos durante todos os dias desde que a conheceu.

Por final, a viagem estava completa. Logo Mutano subia com sua lambreta pelas campinas verdejantes em uma velocidade menor, assim que avistou o belo chalé de pedras que parecia decorado de pombas brancas pelos telhados, lareira, varanda e sabe-se lá onde mais. O garoto verde estacionou sua lambreta próximo ao chalé e desligou o motor. Ele e a garota de cabelos violetas tiraram seus capacetes das cabeças e desceram da lambreta.

-Ela não vai estar segurando um cetro nem nada parecido, vai?-indagou Mutano enquanto caminhava com Ravena até a varanda do chalé.

-Gar?-Ravena começou a rir.-De onde você tirou essa idéia de que minha mãe é uma rainha?

-Ora, porque você é a prin...-Mutano calou-se e ruborizou violentamente.-Ah, deixa. Esquece.

Ravena não deixou de ruborizar levemente e preferiu não comentar mais sobre isso. Então, os dois subiram os degraus da varanda, pisando no chão de madeira. A luz na lanterna japonesa brilhava do lado de fora juntamente da Lua cheia que brilhava com um lindo halo azul em volta dela. A escritora solitária tocou a campainha e esperou ao lado do amante de animais.

Subitamente, uma silhueta misteriosa surge na pequena janela de vitral colorido da porta da frente. A porta se abre e lá está Arella em mais um dos seus belos e longos vestidos brancos junto de um cinturão celta roxo em volta da cintura.

Por sua vez, Arella olhou para sua filha e o amiguinho dela e começou a sorrir de um jeito meio presunçoso.

-Ora, mas vejam...-disse Arella, sorrindo.-Vocês dois aqui. Que prazer conhecê-lo, Garfield Logan! Não faz idéia de todas as coisas mais maravilhosas e amorosas que ouço sobre você todos os dias.

Ravena começou a ruborizar num misto de vergonha e raiva. Por outro lado, Mutano estava com o rosto vermelho e os olhos arregalados. É como se ele tivesse conhecido a filha da deusa e agora estava conhecendo a própria deusa em pessoa em seus longos cabelos violetas que mais pareciam aurora encantada, os olhos de ametistas que brilhavam como grandes galáxias desabrochando nas cósmicas trevas, o rosto repleto da mais imensurável beleza feérica e seus trajes de luz que ondulavam aos ventos entre nuvens e chuva de pétalas de flores... decidiamente, Mutano estava começando a delirar.

Todo mundo ficou parado ali na porta e Mutano não parava de encarar Arella como se fosse o maior e mais belo mistério a ser desvendado. Por outro lado, Ravena fechou o semblante e deu uma bela cotovelada em Mutano, que pulou de susto na hora.

-Ah! Sim!-disse ele apressadamente.-Bom di... tar... noite, senho... senhora... Majestade.

E de um jeito bem idiota, Mutano fez uma desajeitada reverência e ainda puxou a bainha de sua blusa como se fosse uma elegante dama fazendo reverência para alguém e levantando delicadamente seu vestido longo e enorme.

-O que foi isso?-sussurrou Ravena para Mutano.

-Eu não faço idéia...-sussurrou Mutano para Ravena.

E Arella começou a rir. Mutano pulou de susto e Ravena teve de virar o rosto para começar a rir. Aquele verdinho conseguia ser palhaço até quando não estava tentando.

-Venham. Entrem!-falou Arella aos risos.-Eu estava terminando de fazer umas comidinhas deliciosas. Receitas suas, Garfield. Eu espero que você goste.

-Sério?-Mutano começou a sorrir bobamente.-Receitas minhas?

Todo animadinho, o amante de animais seguiu a mulher de branco pelo chalé dela junto da escritora solitária que assistia tudo com um sorriso divertido no rosto. Logo chegaram à cozinha e lá estava um banquete vegano delicioso servido sobre a grande mesa.

Ravena foi a primeira à ficar besta com a quantidade de comida vegana que Arella fez só para esta ocasião especial. Já Mutano chegou à salivar de fome com os ricos pratos suculentos que seus olhos verdes devoraram. Para esta noite, Arella preparara karee raisu vegano com grão de bico cheio com o verde saboroso das salsinha e cebolinha, almôndegas de abobrinha com quinoa em molho de tomate acompanhadas de purê vegano de batata com couve-flor, berinjelas recheadas com legumes e proteína de soja assadas ao forno com cobertura de cheddar vegano, torta vegana de alho-poró com pimentão vermelho, sopa cremosa de cebolas, hambúrgueres de brócolis acompanhados de salada de alface, tomate, pepino e pimentão, e ainda havia masala chai quentinho com leite de amendoim para fechar com chave de ouro.

Arella se aproximou da mesa da cozinha de um jeito estranho como se estivesse quase saltitando de felicidade e puxou duas cadeiras que estavam perto da cabeceira, onde ela se sentaria.

-Vocês dois vão sentar aqui.-disse Arella, sorrindo toda presunçosa.-Um do ladinho do outro.

Ravena ruborizou e Mutano sorriu.

-Permita-me, Lady Roth.-falou Mutano com seu sorriso bobo e simplesmente guiou sua amiguinha até a cadeira.

Mutano teve todo o cavalheirismo de puxar as cadeiras para Ravena e Arella sentarem-se e logo depois ele sentou-se entre as duas. Arella estava com um sorriso estranho como se quisesse que alguma coisa interessante acontecesse porque ela não parava de olhar para Ravena e lançar olhares presunçosos da filha para Mutano como se fosse uma ordem expressa que dizia “anda logo! Pula em cima dele!”.

Já Mutano nem parecia notar nada disso. A comida vegana já havia lhe seduzido completamente.

-Está tudo com uma cara ótima, Majestade!-exclamou Mutano sem perceber como chamou Arella.

-Ah, Garfield, eu não poderia deixar de cozinhar bem para esta ocasião especial.-riu Arella.-É a primeira vez que minha filhinha traz um garoto ao lar, se bem que essa desnaturada ingrata me largou nesse chalé e foi morar sozinha com sua gata num apartamento a quilômetros de distância da mamãe.

Ravena parou de olhar para os suspeitos guardanapos violetas e verdes que estavam dobrados em forma de coração sobre os pratos e olhou para sua mãe na hora.

-Sinceramente, Garfield.-prosseguiu Arella.-Por mim, Ravena continuava morando comigo. Mas pelo menos ela sempre me visita e acho bom ela trazer você junto sempre que puder, afinal eu quero acompanhar todo o desenvolvimento.

Mutano parou e olhou para Arella de forma inocente.

-Desenvolvimento do quê?-questionou ele.

-Ah, Garfield! Você é hilário!-e Arella começou a rir.

E Mutano começou a rir, mesmo sem saber por que estava rindo. Ravena escondeu o rosto vermelho em sua mão. Sua mãe estava lançando indiretas sobre namoro e Mutano nem se tocava.

-Bom, enfim!-Arella parou de rir e sorriu calorosamente.-Vamos comer!

:

Mais uma vez, Arella se mostrou uma cozinheira de mão cheia ao cozinhar pratos veganos tão saborosos que fizeram Garfield tinir de sabor a cada mordida. Nessas, a conversa dava voltas e voltas na mesa e Ravena já estava passando bastante vergonha com tudo o que Arella falava da filha sem o consentimento da garota. Ao menos, sua mãe e Mutano se conheceram bastante e já criaram uma boa amizade. Isto era o mais importante.

-Eu tinha acabado de chegar das compras quando o telefone começou a tocar sem parar.-contava Arella mais uma das histórias hilariantes da infância de Ravena.-Eu atendi e era a diretora da escola de Ravena. Ela disse assim “Senhora Roth, é sua filha de novo”. Daí eu perguntei “O que é dessa vez?”. E a diretora respondeu “Ah, a mesma coisa de sempre. Parece que alguns garotos resolveram esconder o livro de Ravena no banheiro masculino. E acredite, se quiser. Sua filha invadiu o banheiro masculino, procurou seu livro até achá-lo e agora tem quatro garotos na enfermaria com os narizes sangrando sem parar e morrendo de dor entre as pernas”.

E Mutano começou a rir escandalosamente. Arella começou a rir também. Ravena ficou toda vermelha e desviou o olhar raivoso enquanto enchia sua boca com comida.

-Então, eu larguei tudo em casa e fui correndo atrás de Ravena na escola.-prosseguiu Arella com seus relatos.-Quando cheguei lá, encontrei quatro mães enlouquecidas querendo me atacar enquanto Ravena estava lá sentadinha no corredor lendo seu livro como se nada tivesse acontecido. Aquele dia foi decretado como o Dia do Circo Pegando Fogo. Eu tive de defender minha filha feito uma leoa daquelas quatro mães furiosas ao mesmo tempo em que a diretora tentava evitar uma briga feia e os quatro garotos brincavam de desenhar com o sangue de seus narizes nas paredes da enfermaria. Parecia um filme de terror.

E Mutano só riu ainda mais. Ravena ficou tão quente e vermelha que só faltou sua cabeça fumegar.

-Mãe!-Ravena rosnou raivosamente.-Você disse que não ia contar isso pra mais ninguém!

-Ravena, filha, além dessa história ser uma das mais engraçadas.-está dizendo Arella, rindo.-O Garfield aqui deve ter plena consciência de que tipo de leoa maluca e poderosa vai estar carregando para o seu ninho de amor na lua de mel.

-Como é que é?!-Ravena arregalou os olhos violetas.

-Bem bolado! Bem bolado!-falava Mutano aos risos e ainda secou uma lágrima.-Ela deu uma surra nos garotos e ainda ficou sentadinha lendo livrinho!

-É que eu já tinha descontado toda a minha raiva!-Ravena tentou se explicar, ruborizando de tanta vergonha.-Eu já estava calma para ler meu livro!

-Decididamente, Ravena tinha seus problemas, mas as pessoas que a perturbavam eram mais problemáticas.-disse Arella, saboreando do seu chá quente por um momento.-Ela já passou por muitos terapeutas para controlar toda essa raiva, mas acabou sendo eu sua melhor terapeuta. Muita coisa engraçada acontecia quando ela era mais ardida que pimenta. Garotos chatos com narizes sangrando, garotinhas patricinhas que perderam um belo tufo de seus cabelos. Nem os adultos mais insuportáveis escapavam.

-O quê?-Mutano sorriu divertidamente.-Até os adultos entravam na roda?!

-Claro que sim.-assentiu Arella.-Basta um bicho morder Ravena pra sentir o sabor poderoso de uma pimenta psicopata. Por exemplo, uma tia do lado paterno de Ravena. Todo mundo da família de Trigon era excepcionalmente insuportável e essa tia era tão insuportável que não largava do pé da minha filha. Coisas chatas e retrógradas como aprender regras de etiqueta de um jeito autoritário e irritante, falar como se fosse uma adulta antes da hora, usar vestidos em vez de calças e fazer maria-chiquinhas.

Mutano parou e olhou para Ravena. Ela o olhou.

-O quê?-indagou ela.

-Ah, sei lá.-Mutano sorriu bobamente.-De repente, imaginei você de vestidinho amarelo bem berrante com lacinhos de fita amarela nas maria-chiquinhas.

-Aquela cretina disfarçada de boa moça quase fez isso...-sussurrou Ravena com um olhar sinistro.

-É. Quase.-Arella riu um pouco.-Porque aquela palhaça comprou vestidos iguais para ela e minha filha usarem no dia do seu aniversário. Mas Ravena foi mais inteligente e cruel. A garota simplesmente rasgou todo o vestido que ganhou de presente com uma fúria desenfreada e ainda recheou o vestido da tia dela com pó de mico. Antes mesmo da mulher poder soprar as velinhas do bolo, ela já estava toda vermelha e inchada de tanto se coçar como se tivesse tomado banho numa infusão de erva venenosa.

-Eu podia ter feito muito melhor, se você deixasse!-Ravena estrilou, irritada.

-Minha filha amada, eu podia detestar totalmente a hipócrita da sua tia.-respondeu Arella serenamente.-Mas eu não estava disposta à ser enforcada por aquela família de serpentes venenosas, se eu deixasse você fazer um chá de erva venenosa para aquela mulher asquerosa dizendo que é um novo chá inglês.

-Rae...-Mutano ecoou com um olhar perplexo.-Você ia matar a sua tia com urticária por dentro do corpo?

Ravena ficou calada por um momento e começou a ficar incrivelmente vermelha.

-Não é verdade, Gar!-falou ela toda chorosa.-Eu não ia matar aquela cretina! Eu era só uma garotinha. Eu tinha mais raiva do que noção das coisas! Eu não sou uma pessoa ruim desse jeito!

-Ah, Rae, é claro que você não é uma pessoa ruim.-Mutano sorriu docemente.-Porque se você fosse, eu não teria feito aquelas coisas que fiz com você.

-Que coisas?-Arella perguntou num sorriso curioso.

-Mãe.-Ravena ruborizou.-Para.

-Deixa que eu mesmo te mostro, Majestade.-disse Mutano e logo pegou seu celular verde em seu bolso.

Nessas, Ravena começou a ficar toda paranoica achando que Mutano havia feito alguma coisa com ela sem nem ao menos conseguir imaginar o que era, entretanto fosse o que fosse sua mãe não podia saber disso. Mas já era tarde demais porque Mutano acaba de dar o seu celular na mão de Arella.

-Ohhh, mas que gracinha!-Arella sorriu toda derretida.-Os dois juntinhos num piquenique!

-Mãe!-Ravena começou a se levantar da cadeira.-Me dá esse celular!

-Sossega, Rae.-Mutano riu e sentou Ravena de volta na cadeira.-Deixe a Vossa Majestade Real ver como um perfeito cavalheiro trata sua ilustre filha.

Ravena pareceu que ia chorar, explodir, ou o que quer que fosse antes de esconder o rosto vermelho nas mãos. Mutano riu e olhou para Arella que estava se deliciando com as fotos que Mutano havia tirado com Ravena no dia do piquenique de café da manhã vegano no qual o verdinho se vestiu de cavalheiro elegante com bengala chique, chapelão, linguajar antigo e tudo.

Nesse momento, Arella estava fascinada com as fotos que via no celular de Mutano. Todas as fotos mostravam a escritora solitária e o amante de animais juntos de um jeito totalmente inesperado e maravilhoso. Aquelas eram fotos de uma Ravena que Arella não conhecia, mas que sabia existir em algum lugar dentro dela.

Era uma Ravena viva, sorridente, feliz que não tinha medo de rir e de ser fotografada. Eram muitas fotos dela sorrindo tão lindamente, comendo comidas gostosas como uma criancinha gulosa devorando doces deliciosos e ela estava tão descontraída como se sua personalidade introspectiva tivesse deixado de existir. E tudo graças à Mutano que estava junto dela nas fotos. Ele aparecia brincando de dar comida na boca dela, que ria sem parar. Aparecia também sorrindo de um jeito doce e meigo para ela enquanto seus olhos verdes brilhavam mais do que esmeraldas.

Em algumas outras fotos, Ravena experimentava o chapelão de Mutano e brincava com sua bengala elegante como se fosse um cajado mágico de bruxa. Tinha até mesmo um GIF que Mutano fez de Ravena tentando agarrar as penas verdes artificiais do chapelão como se fosse uma gatinha brincando com alguma coisa que lhe chama muito a atenção. Porém, a melhor de todas as fotos ficou para o final.

A última foto mostrava Mutano com seu chapelão na cabeça abraçando Ravena pela cintura enquanto ela devorava um pão de abóbora com geléia de framboesa e os dois sorriram para a câmera do celular com uma felicidade tão doce feito mel. A foto mostrava o que era real. Ravena estava feliz. Feliz de verdade. E foi Mutano quem fez isso.

Delicadamente, Arella tocou a tela do celular de Mutano com seus dedos e deu um zoom no rosto lindo e sorridente de Ravena, onde a vida e felicidade mais plenas brilhavam intensamente.

Um pequeno sorriso emotivo havia se desenhado no rosto de Arella e seus olhos violetas cintilavam com possíveis lágrimas.

Enquanto isso, Ravena estava cobrindo o seu rosto vermelho com os guardanapos da mesa.

-Vossa Majestade deve saber bem disso, mas eu vou dizer mesmo assim.-falou Mutano num sorriso doce e carinhoso.-Sua filha é uma preciosidade rara. É a única garota em todo o mundo que me fez sorrir de verdade. Ela pode ser diferente de todo mundo, mas é isso que a torna especial. A maioria das garotas só pensa em emagrecer, se embelezar de acordo com os padrões cruéis da moda e namorar garotos lindos que não tem nem meio cérebro. Por outro lado, a Rae é uma garota única e original. Pra começar, ela não precisa emagrecer nem engordar. Está perfeita do jeito que está. Ela não precisa se embelezar tanto que ponha em risco sua saúde porque ela já é uma beleza natural. E eu sei muito bem que se, um dia, ela se apaixonar de verdade, com certeza não vai ser por um garoto lindo e sem cérebro. Como eu por exemplo.

Nessa hora, Ravena tirou os guardanapos do rosto, se virou para Mutano e abriu a boca para falar alguma coisa, mas ela se segurou. O que ela iria falar, afinal? Falaria que essa última parte não era verdade?

Arella olhou para Mutano e sorriu. Em seguida, devolveu o celular à ele.

-Garfield...-sussurrou Arella, suspirando e secando o que deviam ser lágrimas.-Eu agradeço de verdade por ter entrado na vida da minha filha. Eu sempre soube esse tempo todo que tudo de que ela precisava era de um garoto completamente oposto à ela que tivesse vida e luz dentro de si. Que fosse o seu Sol... pois a Lua não é ninguém sem o brilho do Sol.

-Mas eu acho que essa Lua pode se destacar ainda mais do que o Sol.-Mutano olhou para Ravena e sorriu com ternura.-É uma Lua sincera que não tem medo de dizer tudo o que pensa. Não tem medo de ser diferente de todos os outros. Ela pode ser ardida como pimenta de vez em quando, mas essa pimenta também é tão doce quanto chocolate.

Ravena queria cavar um buraco pra se esconder, mas na ausência de uma pá ela cobriu seu rosto de novo com guardanapos.

-Sabe, a mente dela parece à frente de seu tempo.-continuou Mutano.-Parece que vive em um mundo mais evoluído como se fosse o reino de seres inteligentes e extradimensionais da minha última HQ. Ela tem um cérebro lindo cheio de conhecimentos, cheio de ensinamentos. As mãos dela fazem magia ao escrever histórias, ou pintar um quadro. Ela é uma artista e uma feiticeira ao mesmo tempo que conseguiu me seduzir para dentro da sua mente fantástica, onde eu posso encontrar cada lado diferente da Rae como se fossem clones dela que se vestem com cores diferentes. Rosa para a Rae feliz... cinza para a Rae tristinha... verde para a Rae corajosa e... lilás para a Rae amorosa.

-Mãe!-Ravena interrompeu do nada ao tirar os guardanapos do rosto.-Vamos comer a sobremesa?

Arella, que estava quase desmoronando um milhões de lágrimas de felicidade e amor materno, olhou para sua filha com um sorriso derretido até que se tocou da frase dela.

-Oh, que lástima!-exclamou Arella.-Fiquei tão concentrada nas nessas receitas salgadas que esqueci completamente da receita de bolo vegano de creme de chocolate com morangos que tinha salvado no celular hoje cedo!

-Não se preocupe, Vossa Majestade!-Mutano levantou-se da sua cadeira na maior animação.-Passe-me a receita deste bolinho que eu mesmo faço.

-Ah, não, Garfield, você é visita.-respondeu Arella gentilmente.-Não posso deixar que simplesmente asse um bolo para nós.

-Não faz mal algum.-Mutano sorriu bobamente.-Eu amo cozinhar e será um prazer ser o confeiteiro real da rainha e da princesa.

Arella olhou para Ravena e começou a sorrir de um jeito amalucado. Ravena olhou para Mutano e ficou toda vermelha. Afinal, por quê cargas d’água aquele louco insistia que as duas eram da Realeza de sabe-se lá onde?

-Bom, já que é assim.-Arella riu e se levantou da sua cadeira.-Vou pegar o celular e procurar pela receita do bolo.

Arella deixou a cozinha e Mutano olhou para Ravena.

-Pronta pra comer bolinho totoso, Rae?-perguntou ele, sorrindo todo bobo e fofo.

E Ravena começou a sorrir só porque sua mãe não estava por perto.

:

Foi uma mão na roda Arella ter todos os ingredientes de que Mutano precisava para preparar o bolo vegano de creme de chocolate com morangos, já que já havia um tempo que a mãe de Ravena testava receitas veganas doces e salgadas. Então, o amante de animais reuniu na cozinha ingredientes como cacau em pó para a massa vegana e barra de chocolate sem leite 100% cacau para o creme de chocolate vegano que viria à ser o recheio e cobertura do bolo.

Ravena e Arella permaneceram sentadas à mesa da cozinha apenas assistindo à toda a confecção do bolo de chocolate. Mas honestamente Mutano não precisava mesmo de ajuda, ele fazia tudo rápido com uma grande habilidade como se cozinhasse desde o dia em que nasceu.

Nesse momento, Mutano preparava a massa do bolo. Uma coisa estranha é que Arella tinha uma batedeira maravilhosa, moderna e potente que estava totalmente esquecida sobre a bancada da cozinha, pois o garoto verde estava simplesmente batendo toda a massa do bolo com colher de pau dentro da tigela à moda antiga das pobres confeiteiras sofridas que nem sonhavam com a gloriosa invenção da batedeira de bolos.

Apesar desse esquecimento bizarro, Mutano batia a massa do bolo com uma força admirável. A colher de pau em suas mãos era sua própria batedeira movida pela força de seu braço incansável. Ele fazia tudo tão perfeitamente que em nenhum momento derrubou farinha de trigo integral, ou farinha de aveia no chão.

Enquanto isso, Ravena olhava para Mutano como se ele fosse uma obra de arte que ganhou vida e pulava do quadro à óleo, mesmo porque ele estava um verdadeiro gato com o avental de cozinha no corpo enquanto batia a massa bem rapidinho na sua enorme tigela. Nessas, Arella olhou para Ravena e abriu um sorriso divertido ao ver o olhar fascinado de sua filha. Ela, então, decidiu chegar um pouquinho perto da garota de cabelos violetas e sussurrar uma coisinha:

-Ele é fortão...

O sorriso de Ravena até caiu de seu rosto e ela começou a ficar vermelha.

-Aposto que ele consegue te carregar naqueles braços musculosos.-Arella continuou sussurrando.-Porque ele deve malhar bastante pra conseguir bater bolo assim. Já imaginou ele te agarrando com aqueles braç...

-Gar?-Ravena interrompeu sua mãe antes que não respondesse por si.-Por quê não usa a batedeira?

Mutano parou de bater a massa na tigela, olhou para Ravena com uma carinha inocente e depois olhou para a batedeira esquecida ali na bancada.

-Ah... eu esqueci...-ele sorriu bobamente.-Mas não faz mal. A massa já está pronta.

Então, Mutano mostrou a massa completamente misturada dentro da tigela e Ravena não sabia se ficava chocada, ou fascinada.

-Vamos colocar para assar.-e Mutano foi atrás da assadeira perto do fogão.

Arella começou a rir nessa hora.

-Filhinha, filhinha.-disse ela, rindo.-Que garota sortuda.

-Qual é a tua, cara?!-Ravena exigiu saber com o rosto vermelho como pimenta.

-O quê?-Mutano olhou para trás enquanto derramava a massa na assadeira untada.

-Deixa. Esquece.-respondeu Ravena, ruborizando ainda mais.

Arella ficou quieta por alguns instantes, mas depois começou a rir de novo. Ravena escondeu o rosto vermelho nas mãos. Enquanto isso, Mutano acaba de colocar a assadeira dentro do forno e ligá-lo.

-Perfeito.-Mutano sorriu, pegou a tigela e olhou para Ravena.-Ei, Rae? Quer lamber a tigela?

-Gar...-Ravena mordiscou o lábio com tanta vergonha.-Eu não sou mais uma...

-Ela quer sim, Gar!-Arella interveio, toda sorridente.-Só um minuto que eu vou pegar meu celular.

A matriarca pulou da sua cadeira e saiu correndo para a sala de estar. Lá chegando, ela buscou seu celular deixado sobre a mesa de centro. Rapidamente, desbloqueou a tela e acessou a câmera do aparelho pronta para tirar uma porção de fotos. Mas quando Arella se virou, seu coração começou a derreter de tanta fofura.

Lá na cozinha, Ravena e Mutano estavam sentadinhos à mesa um do ladinho do outro e os dois lambendo a massa de chocolate da tigela juntos.

Arella ficou contemplando aqueles dois saboreando a massa do bolo juntos que se esqueceu completamente de fazer uma bela sessão de fotos sem o consentimento deles.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...