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História A Escritora Solitária e O Amante de Animais - O Amante de Animais


Escrita por: HiroNekochan18

Capítulo 5 - O Amante de Animais


Fanfic / Fanfiction A Escritora Solitária e O Amante de Animais - O Amante de Animais

Ravena começou sua manhã dentro da banheira de água quente. Banhara-se com seu sabonete líquido favorito com fragrância de lavanda com canela e agora relaxava na banheira por um tempo indeterminado até que se sentisse em total paz. Sua cabeça estava apoiada na borda da banheira e ela encarava o teto do banheiro, onde a luz fraca daquela manhã iluminava suavemente.

Morgana estava deitadinha no chão do banheiro olhando para a sua dona dentro da banheira. A gatinha gorducha e peluda estava ronronando neste momento e sua longa cauda peluda que mais parecia um grande espanador negro pulava de quando em quando sobre o chão. Ravena olhou para sua gata e sua gata olhou para Ravena. Ambas trocaram um olhar enigmático e profundo, a garota feito uma feiticeira misteriosa, a gata como a mais arcana Esfinge. Nenhuma delas dizia uma palavra sequer.

Ravena desviou o olhar e voltou os olhos violetas para a pia de seu banheiro, onde um espelho grande ficava acima com duas luminárias elegantes em cada lado. Por um momento, por um milissegundo, Ravena imaginou alguém ali escovando os dentes enquanto ela tomava banho.

Mas quem?

Pensamentos assim surgiam de quando em quando e ela sempre os espantava para os confins mais recônditos de sua mente, onde doces sonhos antigos foram trancados num calabouço para nunca mais saírem e fazer Ravena se machucar por causa dos seus sentimentos. Este era o plano: reprimir a emoção o quanto pudesse para não sofrer.

Ela suspirou e fechou seus olhos violetas. Após o banho, Ravena se vestiu desde já com a roupa que iria sair de casa. O vestuário de hoje fora uma blusa de manga comprida toda preta e colada com uma estampa de triskelion no peito, uma calça de couro preta, botas azuis e um casacão elegante e preto até a altura das coxas.

Após escovar seus cabelos violetas, Ravena foi para a cozinha, onde rapidamente deu comida para Morgana e foi ver o que iria comer de café da manhã. Fez um outro cappuccino de chocolate que acompanhou duas fatias de pão de abóbora com geléia de framboesa, alguns biscoitos de gengibre e o resto da torta de maçã com mel da geladeira. Ravena comeu tudo com certa pressa, afinal ela estava louca para chegar à livraria e comprar o seu próximo livro precioso.

Perto de Ravena, Morgana devorava sua ração cremosa e gostosa de salmão selvagem do Pacífico na tigelinha no chão. Ravena a olhou e não deixou de sorrir docemente para sua gata. Gostava de ouvir o som fofo que ela fazia ao comer como uma gatinha bem fofinha.

Quando terminou de comer, Ravena pegou sua bolsa tiracolo no quarto com as mesmas coisas dentro à exceção de um livro para ler. Por fim, Ravena despediu-se de Morgana, dizendo-lhe para cuidar do apartamento antes de sair porta afora.

Saindo nas ruas, Ravena logo sentiu um vento forte e incrivelmente frio soprando, fazendo seus cabelos esvoaçarem e as milhões de folhas secas saíram rolando pela fachada de seu prédio. Percebendo que as temperaturas estavam mais baixas essa manhã, ela abriu sua bolsa tiracolo e pegou sua longa capa encapuzada azul. Colocou a veste por cima dos ombros, prendendo o fecho de pedra negra brilhante no peito e logo colocando o capuz azul sobre a cabeça. A capa azul se fechou toda em volta de seu corpo e rapidamente ela saiu andando atrás da livraria mais próxima.

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Jump City era conhecida por suas livrarias elegantes, quase sempre com cafés e estoques maravilhosos que tinham de tudo um pouco desde os clássicos mais antigos até os mais recentes best-sellers, seja de literatura nacional, ou estrangeira – e Ravena tinha muitas livrarias que eram quase idolatradas por ela.

Hoje ela optou por procurar seu livro na livraria que ficava mais perto de casa. Era uma pequena livraria charmosa que ficava na esquina. Suas vitrines eram lotadas de livros sensuais e sedutores para qualquer traça de livros e, apesar do seu interior ser meio apertadinho como um ninho aconchegante feito de livros perfumados, o lugar tinha muitas opções de leitura.

Quando chegou lá, Ravena logo atraiu olhares da freguesia e dos atendentes porque havia uma porção de exemplares dos seus seis últimos romances em um grande mostruário, onde havia uma placa enorme com uma foto sua – que ela nem lembra quando foi tirada – com um balão de fala anunciando uma promoção de pague dois e leve três. Só de ver isso, Ravena não deixou de se sentir meio constrangida. Ainda era um fato muito louco e inacreditável suas histórias terem dado tão certo assim e logo percebeu que os fregueses nos caixas que estavam comprando justamente livros seus começaram a sorrir e a comentar entre si.

Pra não ser antipática, ou antissocial, Ravena deu um ligeiro sorriso e acenou com a mão brevemente, o que foi suficiente para um grupo de garotas dar um gritinho bem agudo e alto. Feito isso, ela se embrenhou na floresta fechada de estantes de livros da livraria. Como já conhecia aquele lugar de cabo a rabo, não foi difícil achar a seção de terror que ficava perto de literatura estrangeira e biografias. Ravena foi procurando com os dedos pelos volumes grossos, buscando o título A Cor que Caiu do Espaço de H. P. Lovecraft. Nessas, ela reviu vários outros títulos que já havia devorado outros dias e alguns novos que lhe chamaram a atenção.

Não demorou muito e ela logo achou o que tanto queria. Agarrou o livro como se fosse a sua vida por um fio e levou direto ao caixa. Ravena gostava de livrarias, entretanto no exato segundo em que encontrava seu livro, não havia mais motivos para continuar no estabelecimento a menos que houvesse um café, o que não era o caso desta em que estava.

Chegando no caixa, Ravena pagou seu livro com muito prazer – e com um dos seus vários cartões de crédito que basicamente existiam somente para comprar livros – e assistiu com prazer a atendente sorridente e meio ansiosa com um suspeito cabelo pintado de violeta colocar seu livro cuidadosamente dentro da sacola da livraria.

Ao sair da livraria, Ravena sentia que havia completado uma grande missão. Já estava planejando ir voando para casa para devorar pelo menos os dez primeiros capítulos de seu novo livro quando o impossível aconteceu.

Um cachorro chow chow enorme e peludo surgiu do nada correndo feito louco com a língua pra fora da boca e a guia de sua coleira se arrastando pelo chão. Só deu tempo de Ravena se virar um pouquinho e ver o que a atropelou.

No momento seguinte, sua sacola com o livro saiu voando, junto com sua capa azul e até a sua bolsa tiracolo. Ravena foi jogada com tudo no chão frio da calçada, seus pertences espalhados ao seu redor enquanto aquele cachorro maluco não parava de lhe lamber o rosto todo.

-Ah, seu louco! Seu cachorro louco!-rosnava Ravena toda enojada com a baba do cachorro em seu rosto.-Sai de cima de mim!

Mas o cachorro nem obedecia e continuou lambendo Ravena até todo o seu rosto ganhar uma boa camada de baba canina. Isso só aumentou ainda mais o seu ódio avassalador.

-Sai de cima de mim, ou te coloco num canil!-berrou Ravena furiosamente.

E então, o impossível aconteceu novamente quando surge uma voz masculina meio travessa chamando o cachorro:

-Caramelo! Caramelo! Volta já aqui! Deixa a pobre garota em paz!

Como magia, o cachorro obedeceu e saiu de cima de Ravena num instante.

Totalmente livre, mas muito furiosa, Ravena se sentou no chão com a cara toda babada e foi ver quem foi o infeliz que deixou o cachorro fugir.

Era um garoto. Um garoto totalmente verde. Olhos verdes, pele verde, cabelos verdes curtos e arrepiados. Ele era da altura de Ravena, senão um pouco mais alto. Tinha orelhas pontudas como um elfo e uma presa de aspecto canídeo saía por entre seus lábios. Estava vestido com um casaco de moletom verde escuro com estampa de pata de tigre verde clara no peito um pouco colado no corpo, além de calças pretas bem grossas, um cinto prateado e botas masculinas bem verdejantes como se ele fosse um duende verde que caiu de algum arco-íris.

E logo Ravena percebeu por que aquele garoto deixou aquele cachorro babão fugir, afinal ele estava levando mais sete cachorros na coleira, cujas guias estavam se enroscando em sua cintura porque os cachorros de várias raças diferentes não paravam quietos.

Mesmo com tanto cachorro ao seu redor, o garoto verde conseguiu trazer o cachorro chow chow de volta para perto e, de algum jeito, conseguiu ajudar Ravena à se levantar do chão.

-Desculpe! Desculpe de verdade!-falava ele todo desesperado.-É que eu sou cuidador de cães nos fins de semana e hoje os donos deram todos os cachorros do mundo.

-Deveria ter mais controle sobre eles!-Ravena esbravejou no ato.-Olha só a minha cara! Parece uma máscara facial de baba de cachorro!

O garoto verde ficou parado e olhou para o rosto de Ravena que reluzia de baba de cachorro e isso foi o suficiente para ele começar a rir loucamente feito um idiota. Ravena ficou com cara de tacho assistindo aquele imbecil rir da cara dela como se fosse a piada do século.

-Máscara facial! Ela disse máscara facial!-ria o garoto verde até chorar e olhou para os oito cachorros.-Ouviram isso, gente? Ela disse que tem uma máscara facial de baba de cachorro!

Ravena ficou tão louca de ódio que não conseguiu se controlar e simplesmente lascou um tapa na cara do garoto verde, que por pouco não foi direto para o chão.

-Ei! Sua louca! Isso doeu!-rosnou ele, massageando a bochecha avermelhada.

-É pra doer mesmo!-rebateu Ravena com os olhos flamejantes.

-E o que foi que eu fiz?!

-Ficou rindo da minha cara em vez de amarrar essa matilha num poste e me ajudar com minhas coisas jogadas ao vento, seu grande patife!

-Ei! Esse grande patife tem nome!-disparou o garoto verde.-Mutano! E você que se vire com suas coisas, sua louca da mão de 1000 quilos!

-Que história é essa de mão de 1000 quilos?!-Ravena colocou as mãos na cintura.

-Por quê não se dá um tapa na própria cara?!-provocou Mutano.-Assim você vai sentir os 1000 quilos! Vem, gente. Vamos embora daqui antes que essa louca quebre a minha mandíbula com essa mão de 1000 quilos!

Pois bem, Mutano saiu andando todo esnobe e zombeteiro com um monte de cachorros barulhentos enroscando as guias das coleiras em sua cintura e deixou Ravena lá plantada na frente da livraria com todas as suas coisas jogadas no chão.

Nessas, Ravena fechou o semblante com tanto ódio que decretou dali em diante que abomina a cor verde. Por fim, pegou suas coisas do chão e nem se importou de vestir sua capa azul de novo, pois seu corpo todo ardia tanto de ódio que o vento frio do outono não era nada.

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Os degraus da escadaria do prédio de Ravena só faltavam rachar tamanho o peso dos seus passos cheios de ódio. Decididamente, ela nunca sentiu tanto ódio assim na sua vida. O que aquele tal de Mutano estava pensando? Quem era ele para tratá-la daquela maneira? Ela era uma escritora culta de grande renome no mundo da literatura. Todos a respeitavam, todos a admiravam. Jamais houveram críticas negativas aos seus romances, pois eram obras-primas. Ninguém nunca a destratou dessa maneira.

Ravena estava fumegando de raiva que só faltava uma enorme veia vermelha pulsar em sua testa. A vontade era de mandar Mutano e seus oito cachorros escandalosos para a quinta dimensão. Ah, se ela pudesse fazer magia de verdade como as crianças de sua antiga escola acreditavam piamente que era capaz de tal coisa. Já era oficial: Ravena odiava a cor verde e, sobretudo, Mutano.

Quando chegou ao seu andar, ela deu de cara com Estelar e Estrela Negra em sua porta. Elas se viraram na hora ao verem a garota de cabelos violetas chegando com tanto ódio que só faltava quatro olhos vermelhos surgirem em seu rosto.

-Pela madrugada!-exclamou Estrela Negra apavorada.-Parece que ela vai explodir!

-Segura isso aqui!-Estelar empurrou para a irmã uma enorme cesta de piquenique.-Ravena, minha amiga, o que aconteceu?!

Estelar logo veio acalmar Ravena, mas a garota fumegante de ódio quase mordeu a amiga, que pulou de susto.

-Está decidido hoje!-falou Ravena com ódio na voz.-De agora em diante, odeio tudo que é verde!

Inocentemente, Estelar tocou a bochecha esquerda perto dos lindos olhos verdes como esmeraldas brilhantes e por um momento pareceu que ia chorar por isso.

-Ai, ai...-suspirou Estrela Negra.-É hoje.



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