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História A Escritora Solitária e O Amante de Animais - Palavras Libidinosas de Um Par de Pervertidos


Escrita por: HiroNekochan18

Capítulo 65 - Palavras Libidinosas de Um Par de Pervertidos


9h da manhã.

Ravena estava querendo se acorrentar à própria cama.

Ela havia acordado poucos minutos antes desse horário e logo se lembrou da mensagem que Mutano lhe enviara ontem à noite. Por quê ela deveria abrir a sua porta às 9h da manhã em ponto? Havia uma surpresa interessante? Eram mais livros? Outro gatinho de pelúcia? Ou era Mutano cheio de amor pra dar? Secretamente, Ravena estava torcendo pela terceira opção.

Sua resistência na cama durou apenas míseros dez minutos. Quando a curiosidade atingiu um nível astronômico, a escritora solitária finalmente se levantou de sua cama e foi ver o que o amante de animais deixara em sua porta. Andou por seu apartamento em passos rápidos e ansiosos até alcançar a porta da frente. Antes de qualquer coisa, ela espiou o corredor do seu andar pelo olho mágico, mas não havia ninguém por lá. Pois bem, ela destrancou a porta e a abriu.

Ao olhar para baixo, Ravena encontrou uma pequena caixa de presente no chão. A caixa era verde e tinha laços de fita violeta por cima dela. Ravena tentou segurar um sorriso bobo e feliz quando se abaixou e pegou a caixinha de presente nas mãos. Erguendo-se, voltou para o seu apartamento e bateu a porta.

Chegando na sala de estar, Ravena se sentou no sofá e colocou a caixinha de presente sobre a mesa de centro. Ela ficou encarando aquela coisa por mais três minutos, perguntando-se se deveria abrir, ou não, mas mais uma vez sua curiosidade perdeu completamente as dimensões e ficou monstruosa e colossal. Sem resistir mais, Ravena abriu a tampa da caixinha com suas mãos curiosas e olhou dentro.

Havia plástico-bolha dentro da caixinha e ele parecia estar envolvendo alguma coisa grande. Ravena pegou cuidadosamente com suas mãos e um primeiro olhar sobre aquele objeto grande, cilíndrico e levemente pesado com uma asa ao lado fez ela perceber que era uma caneca.

Tomada pelo êxtase e pela felicidade de uma nova caneca na sua vida, Ravena arrancou todo o plástico-bolha e lá estava: uma caneca assustadoramente gigante que media 13 cm de profundidade e 11,5 cm de diâmetro. Mas o que encantou Ravena de verdade foi a decoração da caneca – uma ilustração em torno dela que era estantes cheias de livros lindos e coloridos em suas prateleiras e ainda tinha uma frase que combinava muito com a escritora solitária, que dizia o seguinte “PENSE GRANDE, OU seja pequeno” com letras brancas bem chamativas que começavam enormes e terminavam pequenas.

Ravena ficou extasiada com aquela caneca linda, gigante e brilhante por alguns longos momentos até perceber que as maravilhas ainda não haviam se acabado. Foi quando ela percebeu que a caneca estava cheia com nada menos que uma porção de bombons. Bombons que estavam envoltos em papéis de embrulho verdes e violetas, e amarrados com fitas vermelhas. Isso a fez perceber logo de cara que esses bombons não foram comprados em loja alguma, já que os embrulhos não tinham nada escrito e nem desenhado.

E a tentação foi maior do que o próprio Universo. Ravena colocou a caneca grande sobre seu colo e pegou o primeiro bombom violeta. Ela desamarrou os laços de fita vermelha e logo desembrulhou o bombom. Ele estava envolto em papel-chumbo rosado que ela logo removeu só para se deparar com um lindo bombom de chocolate branco em formato de coração que curiosamente possuía o nome de casal “GarRae” escrito nele com chocolate meio amargo.

O bombom era cheiroso demais, estava seduzindo Ravena para uma mordida gulosa. E o melhor de tudo: era um bombom caseiro e provavelmente vegano feito com as mãos tão mágicas e habilidosas de Mutano. Sem se aguentar mais, Ravena deu uma bela mordida no bombom vegano de chocolate branco e uma grande doçura delirante explodiu em sua boca e não demorou para que ela sentisse o sabor fantástico do recheio do bombom que era nada menos que marshmallow vegano de mirtilo.

-Hmmmm!!!-Ravena gemeu de prazer e devorou o resto do bombom.-Que delícia!

Lambeu seus dedos e foi logo atrás de outro bombom. Dessa vez, ela pegou um bombom verde. Desamarrou os laços de fita e removeu o papel de embrulho verde com o papel-chumbo rosa. Agora, ela tinha em seus dedos um bombom de chocolate meio amargo que também tinha escrito “GarRae” por cima com chocolate branco. Ravena o mordeu e logo sentiu o recheio de torta de abóbora com todas as especiarias inclusas.

-Ai, Deusa-Mãe!-Ravena lambeu os lábios lambuzados de chocolate.-Isso é gostoso demais!

Ela foi atacando os outros bombons e seus outros recheios se revelaram ainda melhores: geléia de framboesa, creme de avelã com pedaços de nozes e manteiga de amendoim integral com amêndoas torradas. Todos os bombons eram terrivelmente gostosos e maravilhosos, e Ravena acabou comendo tudo de uma vez até esvaziar a caneca e haver uma porção de papéis de embrulho espalhados pelo sofá e pelo chão.

Ravena até ficou meio ofegante depois de comer tantos chocolates gostosos. E olhou para o interior branco completamente vazio de sua nova caneca e fez uma carinha de criança fofa e chorosa de quem queria mais chocolatinhos gostosinhos. Então, ela imaginou que talvez houvessem mais bombons dentro da caixinha de presente. Agarrou-a na mesa de centro e olhou dentro.

Dentro, não haviam mais bombons. Em vez disso, um envelope misterioso. A garota de cabelos violetas ficou encarando aquele envelope suspeito por uns dez segundos até agarrá-lo. Deixou a caixinha na mesa de centro novamente e abriu o envelope. O que ela tirou de dentro dele era nada menos que uma nova fotografia.

Esta nova fotografia mostrava Ravena e Mutano juntos naquele piquenique de café da manhã vegano no parque no qual Mutano se vestiu de cavalheiro europeu pra fazer graça pra Ravena. Os dois estavam deitados sobre a toalha de piquenique com suas cabeças sobre as almofadas e eles olhavam um para o outro com seus olhos brilhantes e seus sorrisos felizes bem quando a foto foi tirada.

Até um cego poderia ver que aquela fotografia mostrava o amor nos seus olhos e nos seus sorrisos. Estava claro como cristal que os dois estavam mais do que apaixonados um pelo outro. Todo mundo conseguia ver isso perfeitamente e só eles que não viam isso... ou estavam fingindo que não viam. Uma vez mais, Ravena notou como ela estava feliz na foto ao lado de Mutano, cujo sorriso era amoroso e apaixonado. Uma doce fotografia que revelou o amor dos dois da forma mais pura e verdadeira.

Nesse momento, a escritora solitária sentiu seu coração dar uma cambalhota feito um acrobata. Ver o amante de animais sorrindo daquela forma era suficiente para mexer com todas as células do seu corpo e sua alma também.

Ela virou a fotografia na mão e viu que ele havia escrito alguma coisa atrás:

Eu havia jurado à

mim mesmo que nunca

mais faria bombons, pois

meus esforços românticos não

haviam sido reconhecidos e

ainda por cima foram esnobados.

Mas você despertou em mim

esse desejo de fazer bombons

de novo. Eu sinto que nosso

amor é doce como chocolate e

eu sei que você também sente

isso... e sinceramente não

existe nada mais doce do que

você, Rae. Você é o doce mais

docinho que existe no Universo

e eu só fico mais apaixonado

toda vez que provo da sua

doçura mágica...

Eu te amo, gatinha

angorá.

P.S.: Se não me der a chave

do seu coraçãozinho, eu

pulo a janela!

E Ravena riu.

Simplesmente riu. Mutano foi capaz de fazer seu coração sorrir de novo como em tantas outras vezes. Ele nem precisou estar perto dela para conseguir essa façanha, pois lá estava Ravena rindo das palavras doces, fofas e cheias de amor que ele escreveu para ela atrás de uma fotografia tão linda.

Ela voltou à olhar para os dois na fotografia e sorriu apaixonadamente. Em algum momento, a idéia sobre Mutano ter passado por algo semelhante à ela quando ele mencionou sobre a esnobação de seus bombons passou pela cabeça dela, mas Ravena estava feliz demais com esse presente tão lindo e perfeito.

Por sua vez, ela se levantou do sofá e foi andando em direção à cozinha. Lá chegando, ela deixou sua caneca sobre a mesa e se dirigiu até a geladeira. Era na porta da geladeira que havia a primeira foto que Mutano enviou, mostrando ele e ela juntos no dia do lançamento do livro, presa por um ímã de abóbora sorridente. A seguinte, Ravena colocou a nova fotografia na porta da geladeira e a prendeu com um ímã de rosa vermelha.

Afastando-se alguns passos, Ravena contemplou as duas lindas fotografias do casal em sua geladeira e não deixou de sorrir. Logo mais, ela olhou para a sua linda caneca enorme na mesa.

De repente, ela se sentiu muito inspirada essa manhã. Seus planos foram o seguinte: fazer masala chai com leite da aveia que ainda tinha na sua cozinha, estrear a caneca nova e terminar de pintar o quadro de Azarath.

:

Mutano estava acordado desde às 7h da manhã e um misto enlouquecedor de ansiedade e animação tomava conta dele desde que realizara uma missão especial a poucos quarteirões do seu prédio. Logo que ele levantou, Mutano rapidamente tomou um banho, se vestiu e nem comeu o café da manhã, pois logo saiu batido pelas ruas em direção ao apartamento de Ravena – e tudo o que ele levava em mãos era aquela linda caixinha de presente que continha a caneca nova dela cheia de bombons veganos deliciosos e um envelope com mais uma foto dos dois juntinhos.

Na realidade, Mutano estava imprimindo todas as fotos que ele tinha com Ravena e até de Ravena sozinha em seu celular, fazendo delas fotografias como se tivessem saído de máquinas fotográficas mais antigas. E Mutano decidiu que cada uma das fotografias que tinham os dois juntos seria enviada junto com cada um dos presentes que ele daria à sua amada. O amante de animais havia chegado ao apartamento da escritora solitária às 7h20 da manhã quando percebeu que chegara cedo demais para entregar o presente que ela só pegaria em sua porta às 9h em ponto como ele disse nas mensagens.

Então, o maluco simplesmente ficou ali olhando para aquela janela. A janela, onde ele viu uma linda dama da noite com seus cabelos violetas tão chamativos e exuberantes quanto seus olhos de ametistas cintilantes e profundos, e sua pele tão pálida quanto à Lua cheia de outono. Mutano ficou lá namorando aquela janela, parte dele torcia para Ravena aparecer ali e ele dar um alô ao passo que outra parte dele estava morrendo de medo de ser pego em flagrante, afinal não é todo o dia que se tem um verdinho biruta encarando a janela de alguém durante duas longas horas.

E quando já completavam quase duas horas, Mutano adentrou o prédio de Ravena, passando pela portaria, onde o porteiro estava fissurado em seus jogos fantásticos do celular, e foi subindo as escadas até o andar de Ravena. Lá, Mutano aproximou-se da porta dela e deixou a caixinha de presente. Havia sentido uma vontade imensa de tocar a campainha para vê-la de novo... mas resistiu.

Foi-se embora e agora estava ele sentado no sofá de sua sala levantando um haltere de aço que era revezado de uma mão para a outra para malhar bem os músculos dos braços e do peito tão verdejantes quanto mares de capim sem fim. Às 10h da manhã, Mutano estava tão nervoso à espera de que Ravena se manifestasse sobre seu presente. Tinha medo de que ela tivesse se recusado à abrir a porta e os pobres bombons deliciosos acabassem derretendo e estragando, mesmo dentro do papel-chumbo. Decididamente, ele não seria capaz de ficar de pé de novo se mais uma garota fizesse tão pouco caso com seus bombons preciosos... exatamente: outra garota. Mas talvez as águas não tivessem rolado tanto assim ainda...

Seu nervosismo era tamanho que Mutano não parava de malhar seus braços até que veias dilatadas surgissem pelos antebraços, bíceps e até um pouco dos peitorais musculosos, já que ele começou a sentir um calor zaralhado e se despiu do seu pijama quentinho e confortável até ficar só de cueca boxer no sofá. E todo esse nervosismo desesperado fez o verdinho passar por todos os canais da TV em alta velocidade até parar num canal da Alemanha no qual passava um programa sobre cultivo de jardins em casas de bairros residenciais.

Na real, Mutano não entendia quase nada do que era falado no programa, mas ele até que conseguiu captar algumas palavras, já que em suas andanças com Ravena ela lhe ensinou algumas coisinhas de alemão e das outras línguas das quais ela era fluente. Ele estava fazendo de tudo para tentar ficar calmo, mas a verdade é que ele queria ser uma mosquinha para invadir o apartamento de Ravena e ver o que ela fez com seu presente.

Cerca de meia hora, malhando os braços, Mutano largou o haltere pesado no chão, fazendo um estrondo alto e foi logo pegar o livro novo de Ravena sobre a mesa de centro. Ele havia começado a ler A Feiticeira de Avalon há algum tempo e mais uma vez a leitura era fantástica, imersiva, profunda e imensuravelmente maravilhosa, entretanto não estava sendo suficiente para acalmar seu coração ansioso.

As palavras não entraram em sua cabeça. Mutano estava agitado, a TV estava lhe deixando louco com aqueles alemães falando em alemão. Até seus animais que estavam pela sala de estar perceberam muito bem a agitação do seu amado dono.

Foi quando o celular de Mutano apitou com uma notificação nova. Ele pulou de susto no sofá, deixou o livro sobre uma almofada e agarrou seu celular verde sobre a mesa de centro. Desbloqueou a tela e descobriu que a notificação era do Instagram e, acima de tudo, de uma conta que ele seguia chamada RavenaRothOfficial. Todo animado, intrigado, curioso e até meio desesperado, Mutano clicou sobre a notificação – e, de repente, tudo ficou claro...

Uma foto. Apenas uma única foto que mostrava uma mesa numa cozinha, onde estava nada menos que a enorme caneca que Mutano deu de presente para Ravena e a caneca estava cheia com alguma bebida deliciosa até a boca. Logo abaixo da foto, uma pequena descrição:

Estreando esta caneca

surreal e exuberante com

um delicioso masala chai

vegano com leite de aveia

feito em casa

Decididamente, Mutano ficou azul, ficou roxo, vermelho, branco, rosa e de várias outras cores infindáveis antes de ficar verde de novo, pois ele não se aguentou de tanta emoção. E o verdinho biruta simplesmente começou a rir de tanta felicidade.

Tudo bem que a foto não trazia grandes detalhes claros e explícitos, mas o importante é que Ravena recebeu a caneca nova em seus braços e já a estreou e Mutano até fazia uma certa idéia do que ela deve ter feito com os bombons veganos. Ele riu feito um bobo e logo curtiu a publicação de Ravena antes de escrever um pequeno comentário:

Às ordens, Lady Roth!

E ele enviou uma porção de coraçõezinhos verdes e violetas. Voltou à olhar para a foto da caneca cheia de masala chai com leite de aveia. Sorriu.

-Então, quer dizer...-sussurrou Mutano, sorrindo.-Que a minha gatinha angorá já aprendeu à fazer leite de aveia sozinha... avanços.

Ele ficou admirando a fotografia na tela de seu celular por mais alguns instantes. O amante de animais tinha certeza de que a escritora solitária ia se apaixonar pela caneca nova, afinal ela é daquelas pessoas que amam canecas novas, lindas e atraentes para saborear bebidas quentes e confortáveis como chás, cappuccinos e chocolates quentes durante dias frios e chuvosos. De repente, o desejo de presentear Ravena com mais canecas maravilhosas despertou dentro de Mutano, entretanto ele sabia que canecas não eram tudo.

Ele dará seu jeitinho todo original...

Finalmente, a paz, a felicidade e o alívio anestesiam seu corpo nervoso e agitado. Mutano relaxa no sofá, mergulhando todo nele e logo não resistiu em entrar na conta de Ravena só para ver ela. Ela não andou fazendo tantas publicações desde que os dois brigaram e se separaram. As publicações mais recentes eram dos dois sempre juntos e felizes como era pra ser...

E deve ser, sentiu Mutano nas profundezas oceânicas de seu coração. Ele se pegou preso à uma fotografia que mostrava os dois juntos no sofá dela. Ravena estava com Morgana no colo e segurava uma caneca de chá como de praxe – e Mutano segurava o celular para tirar a foto enquanto abraçava Ravena e a beijava na bochecha bem perto de seus lábios, fazendo-a rir e sorrir de um jeito tão lindo e doce.

O garoto verde sorriu feito um bobo apaixonado para a garota de cabelos violetas na tela de seu celular.

O encanto foi quebrado subitamente por uma chamada de vídeo de Cyborg. Imediatamente, Mutano rosnou por ter seu momento interrompido e foi logo atendendo a chamada pra ficar em paz logo. Logo mais, sua tela se preencheu com Cyborg e Robin juntos em seu grande sofá vermelho devorando uma tigela cheia de pipoca com manteiga.

-O que vocês querem?-exigiu saber Mutano.

-Olha, Mutano, eu vou falar a real.-disse Cyborg serenamente.-Você quer que eu fale a real?

-Vamos falar a real.-respondeu Mutano, arqueando a sobrancelha.

-A Ravena tem medo do amor.-Cyborg falou a real.

-O quê?-ecoou Mutano, piscando os olhos verdes em perplexidade.

-Cyborg, seu retardado!-Robin rosnou, dando uma cotovelada no amigo cibernético.-Não foi isso que debatemos quando vimos a publicação da Ravena.

-Ah, sim, claro.-Cyborg assentiu e voltou-se para Mutano.-O que quero dizer é que ela tem medo do seu amor, verdinho. Ou seja, ela está te cozinhando em fogo brando, mesmo depois dos grandíssimos “finalmentes” e, honestamente, isso não faz o menor sentido. Então, Robin e eu chegamos à conclusão que a maluca pela qual você é perdidamente apaixonado está com medo de amar você, ou num modo geral, ela está com medo de amar.

-Você acha que ela tem medo de amar, Cyb?-quis saber Mutano, todo curioso.

-Mutano, isso é tão certo quanto um kamikaze dirigindo um carro porque sabemos muito bem o que ele vai fazer com o carro.-está dizendo Cyborg com a boca cheia de pipoca.-Você sabe como é. Garotas sensíveis como a Ravena, quando se machucam profundamente no coração, elas ficam com medo de amar de novo. Eu não sei se Ravena é romântica, mesmo tendo escrito aqueles livros fantásticos, mas sabemos muito bem que ela é terrivelmente sensível. Um passo em falso e é um efeito dominó.

-Exatamente, Mutano.-confirmou Robin após engolir uma porção de pipoca.-O planeta Terra consegue ver que a Ravena está com medo de se machucar de novo, seja lá o que tenha machucado ela no passado, mas ainda assim ela te ama loucamente. Caso o contrário, ela não teria estreado a caneca nova de presente e eu aposto que ela deve ter se lambuzado com aqueles bombons.

-É... já imaginou, Mutano?-Cyborg abriu um sorriso malicioso.-A sua Rae ali toda deitadinha na cama e coberta de chocolate cremoso e gostoso nos pontos mais interessantes do seu corpo todo...

Mutano começou a ruborizar e por um momento ele olhou para o seu colo como se alguma coisa misteriosa estivesse acontecendo naquela região.

-E já imaginou?-Cyborg prosseguiu com a safadeza.-Você usando sua boca faminta pra provar do chocolate cremoso em cada pedacinho do corpo dela... aquele corpo todo quente e cheio de fogo... aqueles olhos de ametista brilhando de desejo, desejando você...

Mutano mordeu o lábio e começou a sentir calor. Nessas, Robin olhou para Cyborg de forma questionadora.

-E então, você fica por cima dela, suas mãos agarram aquelas coxas carnudas e quentes com força...-Cyborg não parou um segundo.-Seus rostos estão bem próximos para um beijo guloso e quente cheio de amor e luxúria... e aí você se posiciona bem e começa a enfiar devagar o seu...

-CHEGA!-Mutano gritou com seu rosto mais vermelho que um tomate gigantesco.

-Cyborg, para de palhaçada!-estrilou Robin, dando um soco no braço dele.-Quer deixar o garoto louco?!

-Eu só estava testando o fogo dele, Robin, seu idiota!-rebateu Cyborg.-Eu aposto que mesmo depois de ter se deflorado com a Ravena, esse verdinho louco deve estar mais fogoso do que nunca! Olha só a cara dele! Parece que o pau dele vai bater na testa dele!

Mutano engoliu em seco, olhou para baixo e rapidamente pegou uma almofada do sofá e cobriu sua virilha monstruosamente suspeita.

-Bom, se o Mutano deve estar mais fogoso do que nunca, então a Ravena deve estar quase explodindo de fogo.-comentou Robin curiosamente.-Interessante isso. Você tinha dito que depois da sua primeira vez, o seu fogo se acalmou bastante, mas continuou presente. Agora o caso desses dois deve ser mais grave.

-E o que você queria, Robin?-Cyborg começou a rir.-Quando Mutano está naqueles dias, ele pesquisa pelas coisas pornográficas mais malucas que se tem na Internet e sai enfiando feito louco em tudo o que é macio e quente. Não lembra daquela vez em que ele fez isso três vezes ao dia, de manhã, de tarde e de noite durante três dias seguidos?

-Ahhh, sim...-respondeu Robin, lembrando-se como se fosse epifania.-Ele ficou incomunicável por três dias e quando a gente foi procurar ele no seu apartamento tinha umas manchas suspeitas no sofá, no beliche, no tapete, nas paredes, no teto...

-E eu nem falo da Ravena!-disse Cyborg com um ar dramático.-Pobre criatura... passou a adolescência inteira sem nunca ter beijado ninguém até onde nós sabemos, ela ficou acumulando um monte de emoções, hormônios, desejos e fantasias dentro de si e ficou tentando aliviar tudo isso com chás e livros. E aí chega esse cavalo, porque esse verdinho é um cavalo, e pega a garota de jeito e faz ela se esquecer até do próprio nome. Não me admira que agora a Ravena esteja correndo tanto assim de você, Mutano, porque, decididamente, além de você ser uma fera enlouquecida, você ainda teve o descaramento de ser muito mais dotado do que eu e ainda...

-CALEM AS BOCAS DE GAMELA!!!-gritou Mutano todo choroso e morrendo de vergonha da cabeça aos pés.-E parem de falar que a Rae e eu somos fogosos! Nós não somos fogosos!

-Ah, mas eu duvido!-disparou Cyborg e voltou à sorrir maliciosamente.-Aposto que o seu beliche pegou fogo. Imagine só. Dois virgens com seus vinte e tantos anos que estavam quase explodindo de amor e luxúria. Eu te conheço muito bem, Garfield Logan. Eu sei muito bem que você está escondendo debaixo dessa almofada o maior pa...

-ADEUS!-Mutano berrou e bateu o dedo na tela do celular, encerrando a chamada de vídeo.

Ele largou o celular no sofá e olhou para si mesmo. A coisa foi tão feita que o pobre coitado estava começando a suar. O verdinho olhou para o celular novamente. Pegou-o e apertou um botão na lateral para ver o descanso de tela que era Ravena sorrindo com uma taça de vinho na mão.

-Rae...-sussurrou ele timidamente.-Não pense mal de mim... eu não te usei pra isso... eu fiz... essas coisas gostosas com você... por amor... somente por amor, então... vamos fingir que isso não aconteceu e vamos ser apenas românticos, tudo bem? Só chocolatinho doce, nada de pimenta ardida...

Ravena continuava olhando para ele e sorrindo no descanso de tela do celular. Mutano olhou para a almofada sobre seu colo e ficou terrivelmente ruborizado.

-Hmm, droga...-murmurou.-Aqui vamos nós...

:

Finalmente, o primeiro quadro à óleo feito por Ravena depois de muitos anos sem pegar num pincel estava concluído. Azarath fora retratada da exata forma como a escritora solitária desenhou quando era criança e também como imaginava em sua mente criativa. Na grande tela coberta por pinceladas de cores quase completamente quentes, o reino místico e extradimensional se apresentava com todo o seu esplendor dourado com suas torres altas erguendo-se em volta das edificações que, por sua vez, cercavam o grandioso e poderoso Templo de Azarath sobre uma rocha colossal e flutuante em meio aos eternos céus de nascer do Sol dourado que refletia lindamente contra o ouro do qual todo o reino era construído.

E era no canto inferior esquerdo, onde se encontrava a assinatura da grande artista: Rae, escrita com tinta à óleo violeta e um pequeno coraçãozinho violeta ao lado... parece que esta era sua nova assinatura em vez de Ravena Roth.

Por alguns longos momentos, ela admirou sua obra-prima presa no cavalete apenas terminando de secar o reflexo de luz em Azarath e sua assinatura. Era seu primeiro quadro à óleo depois de muito tempo e Ravena tinha de admitir que arrasara legal nas pinceladas. De pé de frente para o cavalete, ela sorveu de mais alguns goles de masala chai vegano com leite de aveia caseiro de sua grande caneca ilustrada com estantes de livros. Estava apaixonada pela pintura e pela caneca, mas sabia que estava ainda mais apaixonada por aquele que provocou tudo isso.

Um certo verdinho de orelhas de elfo e presas sensuais na boca provocante que esteve nos bastidores querendo ver um quadro à óleo de Azarath e que deu à sua amada esta nova e maravilhosa caneca gigante cheia dos bombons mais gostosos da existência. Nessas, Ravena começou a pensar em voltar à pintar. Primeiro, ela fez um quadro de Mutano com pastel seco, agora fez um quadro de Azarath com tinta à óleo.

Estava na hora de avançar um pouco mais. Para seu próximo quadro, ela queria usar os pigmentos naturais misturados ao óleo de linhaça para fazer suas próprias tintas à seu gosto, pois todo o artista que pinta quadros sabe que essa é a forma mais vívida, intensa e profunda de se fazer uma pintura gloriosa. Arella Roth tinha boas opiniões sobre isso.

Entretanto, o que pintar?, perguntou-se Ravena. Paisagem? Natureza morta? Expressionismo abstrato? Alguma coisa maneirista e surrealista? Ou quem sabe sua gatinha Morgana? Ravena olhou para trás e viu Morgana deitadinha no tapete de barriguinha pra cima olhando para sua dona de um jeito fofo e inocente.

-Gostaria de ser minha modelo, Morgana?-indagou Ravena sorrindo.-Mas tem que ficar totalmente petrificada que nem os modelos dos artistas europeus antigos.

Em resposta, Morgana bocejou preguiçosamente e saiu rolando pelo tapete até se esconder debaixo da mesa de centro.

-Tá certo.-Ravena riu levemente.

A seguinte, ela se dirigiu para a cozinha em busca de mais masala chai. Lá chegando, ela encheu sua caneca gigantesca com mais chá e completou o restante com leite de aveia. Estava indo para a sala novamente quando parou na porta da geladeira para olhar as duas fotografias presas com ímãs.

Ravena e Mutano não poderiam estar mais felizes naquelas duas fotografias. Ravena encarou eles dois por alguns instantes ao passo que começou a pensar em um quadro pintado com tinta feita com pigmentos naturais e óleo de linhaça... e se? E se? E... se...?

Ela se virou de costas para a porta da geladeira e voltou marchando com certa raiva para a sala de estar. Sentou-se no sofá, colocando os pés sobre a mesa de centro tão logo pegou seu controle remoto para ligar a TV e assistir algo bom que distraísse sua mente. Porém, seu celular a interrompeu com uma chamada de vídeo de ninguém menos que Estrela Negra.

-Hmmm...-Ravena resmungou, ranzinza.-Estou com ranço desse toque...

Largou o controle remoto entre as almofadas e agarrou  celular. Clicou para atender a chamada e sua tela se preencheu com Estelar e Estrela Negra juntas na mesa da cozinha saboreando um prato gigante cheio de nachos com queijo e chili.

-Parece que alguém acordou de bom humor hoje...-falou Estrela Negra num sorriso provocante.

-Acordei sim.-respondeu Ravena rispidamente.-Mas provavelmente meu humor pode mudar radicalmente dependendo do motivo dessa chamada de vídeo.

-Raveninhaaa! Pensa que não vimos?-falou Estelar num sorriso todo romântico e inspirado.-Nós vimos sim a publicação que você fez da sua nova caneca.

-A caneca?-indagou Ravena, fazendo-se de inocente.-Ah, chegou hoje de manhã pelo correio. O frete foi grátis e eu ainda consegui um desconto.

-Larga a mão de ser mentirosa, sua falsa!-esbravejou Estrela Negra quase cuspindo nachos na tela do celular.-O Vic me ligou e me contou tudinho! E ele disse que ele e o Robin seguiram o Mutano pra cima e pra baixo pelo shopping e viram ele comprar um monte de coisas numa loja de confeitaria e depois essa caneca! E mais: o Vic também me contou até os mínimos detalhes que o Mutano fez bombons veganos só pra você! Sua cretina! Como se atreve recusar um gato maravilhoso desses que faz chocolates em casa pra você comer tudinho, sua gulosa?!

Ravena ruborizou violentamente e nem soube o que dizer.

-Irmã, sossega aí!-estrilou Estelar e voltou-se para Ravena com um sorriso doce.-Oh, minha miguchinha, eu acho que você está sendo injusta com o Mutano. Veja só como ele é apaixonado por você. Ele está te dando um monte de presentinhos fofos todos os dias. Não é como esses garotos idiotas que acham que podem resolver seus problemas com as garotas com flores, chocolates e joias caras.

-Se bem que ele evoluiu na parte dos chocolates.-comentou Estrela Negra coma boca cheia de nachos.-Afinal, qual seria o garoto tão apaixonado assim que faria bombons em casa? Bombons veganos, minha gente! Se bombons normais já requerem um trabalho árduo, uma porção de ingredientes e utensílios de confeitaria, imagine bombons veganos! E ele fez um monte pelo que o Vic me contou. E tudo pra te fazer feliz, Ravena, sua imbecil!

-Para de me chamar de imbecil!-rosnou Ravena raivosamente.-Eu não sou imbecil! Eu sei muito bem o que estou fazendo!

-Ah, sabe, claro, você sempre sabe.-Estrela Negra riu toda debochada.-Você só está jogando no lixo a sua única oportunidade na vida de ser feliz com um amor verdadeiro.

-Isso só existe em contos de fadas.-disparou Ravena amargamente.

-Ravena.-Estelar chamou-a seriamente.-Você não nasceu pra viver sozinha. Sabemos bem que você acha que essa é a melhor forma de você viver em paz, mas entenda que paz não é tudo na vida. Às vezes, você precisa de loucura, uma agitação alegre e cheia de energia. Você precisa de emoção, precisa sentir o prazer da vida injetado nas suas veias. Você precisa descobrir que amar alguém tão perfeito como o Mutano vai ser a coisa mais maravilhosa da sua vida!

-Eu posso viver tudo isso lendo um bom livro.-Ravena virou o rosto de forma esnobe.

Silêncio. As duas irmãs na tela do celular da escritora solitária se entreolharam, a mais velha abre um sorriso malicioso e a mais nova começa a negar com a cabeça no maior desespero.

-Raeee...-Estrela Negra a chamou, toda provocante.

Isso foi o suficiente para ela olhar para a amiga com raiva brutal.

-Como anda seu corpinho?-quis saber Estrela Negra.

-Perfeitamente bem.-ecoou Ravena de forma seca e direta.-Nem um quilo a mais, ou a menos. Saúde perfeita. Por quê?

-Bom, é que como a minha irmãzinha é virgem até hoje, eu não posso ter esses papos com ela.-está dizendo Estrela Negra com seu sorriso pervertido e descarado.-Mas já que você passou por aquela coisa toda, eu posso ter esse papo com você. É que nós três aqui sabemos como eu sou uma gata no cio que não para quieta um segundo. Disseram pra mim uma vez que depois da primeira vez a minha fornalha desvairada iria se acalmar um pouco, mas acabou que essa fornalha virou um vulcão e toda vez que vê um negão glorioso ele entra em erupção.

Ravena começou a ficar terrivelmente vermelha. Ao mesmo tempo, Estelar virou o rosto todo vermelho e pasmo sem saber pra onde olhar.

-Eu gostaria de saber de você, Ravena.-prosseguiu Estrela Negra com sua conversa safada.-Depois que o Mutano... te inaugurou... você está mais fogosa, ou conseguiu sossegar esse fogo todo?

Levou cinco segundos para Ravena conseguir responder:

-Komand’r...-ecoou ela pausadamente.-Eu... nunca fui... fogosa...

-Ravena, eu vou falar a real.-respondeu Estrela Negra, rindo maliciosamente.-Você tem esse seu jeitinho de garotinha quietinha e introspectiva que aparenta ser uma paz só, mas são essas garotas que se deve tomar mais cuidado porque você, Ravena Roth, é uma fera louca, fogosa e desenfreada! É como se você tivesse um caso raro de TDI que é acionado pelo tempo. Durante o dia você é essa Ravena toda silenciosa e reclusa que às vezes briga com todo mundo do nada, mas durante a noite você fica toda sensual, gulosa e provocante e louca pra fazer gostoso com o seu Garfield Logan.

-Irmã!-Estelar gritou com o rosto mais vermelho do que pimenta.-Para de ser tão pervertida!

-E-e-e-e-e-e-e-e-e-eu...-Ravena gaguejou debilmente, seu rosto quase queimando num rubor intenso.-É claro que eu não sou nada disso! É que era a minha primeira vez e eu perdi a cabeça, eu fiquei fora de mim e eu só queria mais e mais a cada segundo! E o Gar fez tudo de um jeito tão...

-Gostoso?-sugeriu Estrela Negra e lambeu os lábios num sorriso de gata assanhada.

Por um momento, Ravena olhou para baixo e sentiu que alguma coisa acontecia entre suas coxas um tanto... quentes.

-Vamos lá, Ravena...-Estrela Negra sussurrou eroticamente.-Imagine comigo... o seu maravilhoso Garfield Logan chegando em seu apartamento em um dia quente de verão e ele está sem camisa por causa do calor... ele está um pouco suado e isso faz com que a luz do Sol seja refletida em seus músculos fortes e verdejantes... ele pede um copo de água bem gelada e você dá com muito prazer só pra assistir ele bebendo... e deixando a água geladinha escapar daquela boca delirante e sair molhando seu corpo todo...

Ao lado de Estrela Negra, Estelar estava com seus olhos verdes feito dois discos voadores e seu rosto só faltava pegar fogo. Por outro lado, Ravena estava imaginando tudo com uma definição e nitidez tão altas que ela meteu uma almofada bem grande entre suas coxas e as fechou com força enquanto tentava segurar um suspiro delirante no fundo da sua garganta – e, de repente, parece que as temperaturas subiram na sala de estar.

-E aí o Gar todo molhadinho e geladinho percebe que você ficou toda mexida com a cena que ele fez...-Estrela Negra estava botando lenha na fogueira com seu sorriso cretino.-Ele chega bem pertinho de você, você sente o cheiro doce e quente do seu suor girando sua cabeça toda... e sem mais nem menos ele ataca a sua boca com aquela boca verdejante gostosa e gelada, e te agarra no ato, colando seu corpinho atiçado contra aquele corpo musculoso, suado e molhado de água gelada que está ardendo deliciosamente, necessitando de todo o seu amor pra fazer bem gostoso como amantes apaixonados no seu ninho de amor e...

-KOMAND’R!!!-Ravena berrou, do nada em pânico total.-ME DEIXA EM PAZ! SAFADA!

E antes que suas amigas pudessem falar qualquer coisa, ela bate o dedo na tela do celular quase atravessando o aparelho para encerrar a chamada de vídeo. A seguinte, Ravena arremessou seu celular na poltrona ali perto e ficou toda ofegante, mordendo o lábio com intensidade e sentindo um leve suor em sua pele cinzenta.

Ravena olhou para baixo e sentiu que grandes turbulências estavam acontecendo entre suas coxas carnudas e quentes.

-Malditos...-sussurrou ela, ofegante.-Todos malditos! EU ODEIO VOCÊS!!!

E depois dessa, Morgana saiu de baixo da mesa de centro pra procurar um lugar mais sossegado para sua soneca.



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