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História A Escritora Solitária e O Amante de Animais - Gar e Rae


Escrita por: HiroNekochan18

Capítulo 69 - Gar e Rae


Fanfic / Fanfiction A Escritora Solitária e O Amante de Animais - Gar e Rae

Neste momento doce e especial, só existiam Ravena e Mutano confortavelmente aconchegados nos braços um do outro no sofá da sala de estar. Eles já estavam ali há pouco mais de uma hora e mesmo assim o dia parecia se arrastar para fazer durar somente para eles. Durante esse tempo em que estiveram juntos, os dois choraram, se abraçaram, se beijaram e sorriram de amor e felicidade, pois sentiam agora que estava tudo bem entre eles.

Morgana estava deitadinha na poltrona negra perto deles e era a única testemunha à observar e contemplar silenciosamente a reconciliação da escritora solitária e do amante de animais. Como ela estava em seu aconchego caseiro há tempos, vestia somente uma blusa branca de manga curta um tanto curta e colada, e uma calcinha roxa – e ele, pra desfrutar de todo o conforto, retirou botas e meias dos pés, jaqueta de frio e camisa, ficando apenas com a calça grossa e verde escura em seu corpo verdejante.

Mutano estava deitado no sofá com a cabeça no braço fofo e macio do móvel com Ravena deitada sobre ele e toda agarrada nele enquanto seus braços verdes e musculosos a envolviam carinhosamente num doce e caloroso abraço de amor e suas mãos acariciavam seus cabelos violetas e suas costas vagarosamente.

Para eles, não havia nada melhor do que isso: estar nos braços um do outro em um sofá macio em uma tranquila tarde de outono sem ninguém pra perturbá-los, desfrutando de um silêncio doce e amoroso que não necessitava de palavras... entretanto, haviam palavras que não foram ditas ainda, histórias antigas que não foram contadas e estavam engasgadas em gargantas hesitantes apenas esperando para serem reveladas das poeiras e teias de aranha que as escondem na escuridão.

Por longos momentos, Ravena saboreou o som do coração de Mutano batendo bem pertinho de seu ouvido enquanto sua bochecha direita estava deliciosamente pressionada contra o peito musculoso dele. Ela podia sentir seu cheiro de perfume inebriante e já estava sentindo falta disso. O mesmo valia para ele também.

Em algum momento, Mutano olhou para Ravena e percebeu que ela parecia bem feliz e confortável em seus braços. Ele, então, reuniu coragem para começar certos assuntos sérios.

-Rae?-Mutano a chamou suavemente.

-Hmm?-respondeu ela, apertando levemente seu bíceps definido com a mão.

-Você... não tem nada pra contar pra mim, não?-indagou ele curiosamente.

-Talvez...-Ravena desviou o olhar, parecendo presunçosa.

-Rae.-Mutano a olhou.-Chega de mistérios. Eu já te decifrei, agora você não pode mais me devorar, Esfinge de Gizé.

-Bom...-Ravena suspirou levemente.-Então, acho que devo abrir os portões para a maravilhosa Tébas do meu passado horroroso...

Ela mexeu um pouco a cabeça e o olhou em seus olhos verdes.

-Sabe, meu primeiro romance? Quando a Mariposa Liga?-disse com um olhar meio melancólico.

-Sei.-ele sorriu um pouco.-Me deixou louco lendo ele todinho.

-Pois é. Ele quase foi roubado de mim e publicado por outra pessoa.-respondeu Ravena.

-O QUÊ?!-Mutano gritou e imediatamente se levantou.

Ele aconchegou Ravena sentada em seu colo e segurou o rosto dela com sua mão.

-Quem foi o verme rastejante que fez isso com você?!-exigiu saber Mutano.

-Como eu te disse naquela vez quando você correu atrás de mim no parque... um lindo feiticeiro que me seduziu e depois se revelou um verdadeiro dragão maligno.-Ravena fez um muxoxo zombeteiro.-Mas você é muito mais lindo do que ele.

-Sério?-Mutano sorriu meio bobo, mas depois se controlou.-Mas... como foi que tudo isso aconteceu?

-Então... eu tinha 16 anos quando finalmente arranjei coragem de publicar meu primeiro romance.-Ravena começou sua história antiga.-Eu tinha tantas histórias escritas, mas acabei optando por Quando A Mariposa Liga que já estava completo em um manuscrito grosso e impresso. O problema é que minha mãe, mesmo tendo tantos contatos e conhecendo tanta gente, tragicamente teve o azar de não ter nenhum amigo que trabalhasse em editoras de livros, ou no mínimo pudesse me ajudar nesse processo. Um belo dia, eu estava me lamentando num café com a Estelar e a Estrela Negra por já ter me ferrado antes mesmo de começar e aí... ele apareceu vindo das sombras dos pesadelos... Malchior de Nol... seu primeiro nome, um pseudônimo para Rorek.

-O feiticeiro de meia tigela que era uma lagartixa grudada na parede?-perguntou Mutano com um olhar curioso.

-Para.-Ravena riu um pouco, fazendo Mutano sorrir e beijá-la na bochecha.-Mas enfim... ele disse que era escritor romancista e já tinha uma longa carreira nisso, ele tinha doze romances já publicados pela Harper-Collins. O infeliz era inglês com ascendência escocesa e isso foi uma das várias coisas nele que me deixou encantada. Daí começou assim: ele vinha me visitar todos os dias no chalé da minha mãe, apesar de ela misteriosamente ter ficado com um pé atrás com ele. Malchior era inteligente, culto, sabia falar fluentemente alguns idiomas incomuns, era adepto de muitas culturas ao redor do mundo, estava sempre lendo e estudando, tinha diplomas admiráveis das melhores universidades e até possuía um certo encanto por magia e misticismo.

-Então...-Mutano ecoou pensativamente.-É como se ele fosse... sua versão masculina. Todos os aspectos iguais, mas só com sexos diferentes.

-É. Ele tinha seu jeito meio introspectivo, sombrio e misterioso.-Ravena assentiu levemente.-Isso também me atraiu nele, pois eu achava que só alguém tão bizarro como eu poderia me entender de verdade.

-E...-Mutano olhou para Ravena de um jeito triste muito fofo.-Ele foi seu primeiro amor?

Ravena o olhou, sorriu e não resistiu em beijá-lo na ponta do nariz, fazendo o verdinho fofo ruborizar levemente e sorrir acanhado.

-Não era bem amor. Estava mais para uma carência, uma dependência emocional.-explicou Ravena e começou a acariciar o rosto verde de Mutano com a mão.-Você é o meu primeiro e único amorzinho fofo, seu bobinho.

Imediatamente, Mutano beijou Ravena na boca, fazendo ela ruborizar e rir durante o beijo.

-Agora me conte mais.-pediu Mutano, abraçando Ravena carinhosamente.-Quero ser seu terapeuta.

-Tá bom.-Ravena riu um pouco.-Bom, enfim, depois de cinco meses andando pra cima e pra baixo com Malchior, visitando lugares históricos e florestas antigas, finalmente arranjei coragem para pedir ajuda à ele com meu primeiro romance. Eu sentia que podia confiar nele. Ele tinha a minha mesma visão de mundo, ele funcionava como eu. Chegava até à ser assustador e eu acreditava estar apaixonada de verdade, mas tudo não passava de um alívio extasiante por saber que eu não era a única estranha no mundo inteiro. Foi assim que acabei dando à ele o manuscrito do romance.

-Ah, Rae...-Mutano a beijou carinhosamente pelo rosto até o pescoço.-Tadinha da minha gatinha angorá...

-Ele leu os primeiros cinco capítulos e ficou totalmente apaixonado pela história.-prosseguiu Ravena e balançou a cabeça de forma amarga.-Eu fiquei em êxtase quando ele elogiou grandiosamente o meu talento. Simplesmente falou de mim como se eu já fosse a escritora que sou hoje. E eu acreditei em cada palavra...

-Mas e a sua mãe?-quis saber Mutano.-Ela não te alertou de nada?

-Ela tentou me alertar várias vezes, mas eu estava cega e surda.-Ravena passou a mão pelos cabelos violetas lentamente.-Lembro dela dizer que Malchior tinha olhos de lagarto, mas ela parou de me alertar com medo de estragar a minha felicidade... teria sido melhor ela ter estragado porque logo depois o desgraçado me disse que tinha contatos na Harper-Collins e pediu minha permissão para levar meu romance até lá. Eu deixei, mas meu erro foi não querer ter ido junto por ficar com medo de todas aquelas pessoas ao meu redor. Desse modo, ele foi embora com meu romance e eu fiquei com altas expectativas... como uma estúpida completa.

-Não fale assim, Rae.-Mutano segurou o rosto dela e beijou sua bochecha algumas vezes.-Você só era inocente...

-Inocente até demais.-Ravena mordiscou o lábio, seu semblante tornando-se sombrio por um momento.-Depois disso, alguns dias se passaram. Toda vez que eu ligava para Malchior pra saber se a editora aceitou meu romance, ele dizia que o manuscrito estava na fila porque estavam chegando novos escritores e o pessoal lá estava tendo de trabalhar dobrado. Eu nem sabia como essas coisas funcionavam e acabei acreditando. Depois que se passaram duas semanas, ele me ligou dizendo que meu romance foi aceito e que no dia seguinte eu seria chamada na editora para discutir sobre a edição dos textos, criação de capa e tudo o mais. E eu fiquei louca de felicidade e decidi cantar vitória bem cedo. Chamei minhas amigas pra tomar um chá numa casa de chá super luxuosa e cara de três andares que hoje não existe mais. Eu chamei minha mãe também, mas ela disse que chegaria atrasada porque tinha que resolver uns assuntos pendentes antes.

-Acho que eu já estou tendo uma idéia...-Mutano abriu um sorriso meio malévolo.

-Exatamente.-Ravena sorriu meio malévola também.-Enquanto eu estava me esbaldando com minhas amigas, desfrutando de chás variados e uma porção de bolinhos, sanduíches e outros doces, minha mãe foi até a casa de Malchior que ficava perto das florestas da cidade. Ela chegou lá, tocou campainha, mas ninguém atendeu. Só que Arella não ia desistir tão fácil, então ela deu a volta na casa e entrou pelos fundos, pois por sorte a porta estava aberta. Entrou na casa e logo percebeu que Malchior tinha acabado de entrar no chuveiro pra tomar banho. Nós já tínhamos visitado a casa dele algumas vezes, então minha mãe sabia perfeitamente o caminho até o escritório do cretino.

-E ela fez o que eu acho que ela fez?!-Mutano estava todo animadinho.

-Fez sim.-Ravena não deixou de rir.-A maluca chegou lá e a primeira coisa que ela viu foi o manuscrito do meu romance em cima da escrivaninha. Ao lado dele, estava o computador ligado e a impressora ligada cuspindo uma porção de folhas de papel cheias de palavras. Nessa hora, minha mãe chegou perfeito e viu a última folha sair e estava escrito nela bem grande o título “Quando Os Vaga-lumes Chamam”.

-Mas que desgraçado de marca maior!-Mutano esbravejou, furioso e chocado.-Isso é plágio! E da pior qualidade! Isso é sujeira!

-Foi o que minha mãe pensou imediatamente.-continuou Ravena.-Daí ela pegou toda aquela papelada e começou a ler tudo. Ela percebeu que os nomes dos personagens foram trocados e até suas formas físicas. O que também foi mudado era o cenário da história e a mariposa misteriosa que foi trocada por vaga-lumes, só que a essência da história continuava a mesma. Era basicamente a mesma coisa com alguns disfarces pra enganar. Pois bem, Arella Roth, mais furiosa do que uma leoa defendendo suas crias, enfiou meu manuscrito e o plágio de Malchior na sua bolsa antes de deletar permanentemente do computador dele a nova versão que escreveu do meu romance. Ela ainda procurou pelo escritório todo pra se certificar de que não tinha nenhuma cópia de nada e aí ela foi na cozinha, pegou uma jarra enorme de limonada na geladeira, voltou para o escritório e virou a limonada inteira sobre o computador, o teclado, impressora, CPU e até o mouse.

-Pelos ursos panda em extinção!!!-Mutano explodiu de rir no ato.-Ela fez isso mesmo?!

-Fez sim!-Ravena também riu.-Ela deixou o computador lá se estourando todo e foi embora pela porta da frente em grande estilo. Após isso, ela passou na editora e perguntou sobre uma escritora nova chamada Ravena Roth que tinha enviado para lá um romance chamado Quando A Mariposa Liga. Resultado: todo mundo ficou confuso e aí alguém se levantou lá trás e disse assim “Olha, madame, não apareceu ninguém aqui com esse nome e não tem nenhum romance com esse título aqui. Será que a senhora não está se confundindo com Malchior de Nol? Ele é um dos nossos escritores e disse que vai trazer amanhã o manuscrito do seu novo romance chamado Quando Os Vaga-lumes Chamam”. Foi aí que a minha mãe enlouqueceu de vez e apresentou pra todo o pessoal da editora as provas de plágio que ela tinha em sua bolsa. Todo mundo ficou em choque e o que reforçou ainda mais a veracidade do meu romance foram suas páginas já um pouco velhas e amareladas depois de uns três anos guardadas na gaveta ao passo que o romance falso de Malchior estava com todas as páginas intactas.

-E o que aconteceu depois?-perguntou Mutano com uma cara de quem parecia estar na pontinha do sofá por causa de um filme fantástico.

-Depois disso, eles pediram sinceras desculpas à minha mãe e afirmaram que Malchior iria sofrer sérias consequências por estar manchando a reputação da editora por fazer um plágio tão grave assim.-Ravena fez uma breve pausa e pareceu ficar entre a fúria e a tristeza por um momento.-Eu estava toda feliz com Estelar e Estrela Negra fantasiando minha carreira de escritora best-seller graças à Malchior quando minha mãe chegou na casa de chá, contou tudo para mim e apresentou as provas e... foi nessa hora que eu sofri um colapso nervoso e meu coração pareceu explodir dentro de mim. Minha cabeça começou a girar, eu passei mal demais. Eu fiquei fora de mim quando vi que a única pessoa no mundo que mais se assemelhava à mim só me usou e ainda quis roubar a maior obra da minha vida pra se promover. Foi traição suficiente pra que um gatilho fosse acionado dentro de mim e a insanidade roubasse toda a cena...

Mutano ficou quieto dessa vez e ficou com uma carinha preocupada, compassiva e triste para Ravena.

-Eu estava no terceiro andar da casa de chá...-Ravena abaixou a cabeça e nessa hora lágrimas começaram a surgir em seus olhos violetas.-Eu sai correndo em disparada até as grandes janelas com vista para a cidade, só que na minha cabeça não parecia que eu queria me matar... É como se eu quisesse ganhar asas e voar pra longe de tudo. Desaparecer para sempre! Esquecer que tudo existe... mas foi minha mãe e minhas amigas que me agarraram antes que isso acontecesse. Eu fiquei tão mal que tive reações psicossomáticas. Tive febre alta e acabei desmaiando...

Nesse momento, Mutano segurou o rosto de Ravena carinhosamente em sua mão e secou suas lágrimas com o polegar. Começou a beijá-la por seu rosto, trilhando seu maxilar, tocando seu pescoço com seus lábios e a abraçando mais forte e amoroso.

-Eu acordei no hospital algumas horas depois...-sussurrou Ravena com a voz trêmula e chorosa.-E chorei sem parar. Minha mãe esteve comigo durante todos os momentos... e minhas amigas também não me abandonaram... é claro que quando eu consegui me recuperar, eu fui até a casa de Malchior com minha mãe. Ele estava discutindo com alguém da editora no telefone porque seu contrato havia sido cancelado e que agora nenhuma livraria o estava aceitando depois do episódio sobre o plágio. O desgraçado ainda tentou me culpar pela sua ruína, mas se ele se mostrou um dragão maligno para mim... eu me mostrei para ele como as forças das trevas encarnadas em forma humana com uma fúria devastadora quando gritei com ele tudo o que estava preso na garganta. Eu cheguei à jogar coisas em cima dele e o cara era tão zero à esquerda que ficou tentando se defender com uma almofada do sofá quando eu bati nele com um abajur da sala... e minha mãe simplesmente assistiu tudo sentada na poltrona.

-Cara...-Mutano estava perplexo e começou a sorrir.-Rae... você é uma deusa irada e poderosa...

-Para, Gar...-Ravena sorriu, apesar das lágrimas nos olhos.-Por causa disso, eu quis desistir do sonho de ser escritora e queimar tudo o que eu já tinha escrito, mas minha mãe não permitiu isso. Eu estava isolada em meu quarto, escondida sob as cobertas pensando em como sumir de vez quando minha mãe apareceu toda elegante na porta dizendo para eu tomar banho e me vestir bem porque iríamos para a editora para discutir sobre todo o processo de edição do meu romance... a maluca da minha mãe realizou o meu sonho e a partir daí eu comecei essa carreira e aqui estou eu...

-Grande Rae...-Mutano sorriu apaixonadamente.

Ele segurou o rosto dela molhado de lágrima e a beijou na boca bem lenta e carinhosamente. Sem resistir, Ravena abraçou Mutano pelo pescoço e se aconchegou toda nele. Seu beijo durou alguns poucos minutos e os dois se olharam logo em seguida.

-E você nunca mais viu esse infeliz?-quis saber Mutano.

-Não...-Ravena negou com a cabeça.-Voltou para a Escócia de onde nunca deveria ter saído... graças à minha mãe, a história sobre o plágio se espalhou pelo mundo, já que ele era um escritor muito famoso e de grande renome. Ele perdeu seus leitores e nunca mais conseguiu publicar um livro sequer... e no dia do lançamento do meu primeiro romance estavam todos os leitores dele que foram para o meu lado... pelo menos, os que tinham na cidade...

-Então, foi isso...-murmurou Mutano enquanto acariciava o rosto de Ravena bem levemente.-Foi isso que te deixou assim... com medo de todo mundo...

-Eu sabia que podia confiar em você, Gar...-respondeu Ravena e virou o rosto.-Mas quando fizemos amor pela primeira vez, isso desencadeou essas lembranças horríveis e de algum jeito meio irracional eu acreditei que você só quis me usar do mesmo jeito que aquele monstro sem tamanho me usou...

-Rae.-Mutano segurou o rosto dela e a fez o olhar em seus olhos verdes.-Você é a minha gatinha angorá. Você é a pessoa mais importante pra mim em toda a existência. Eu juro à você que em nenhum momento eu quis te usar, ou fazer qualquer coisa com você que fosse de natureza duvidosa, ou malévola. Tudo o que eu fiz com você foi por amor e eu posso prometer à você agora mesmo que nenhum dia se passará sem que você se sinta amada, se sinta especial e importante em todos os sentidos porque você é a joia rara e preciosa que eu achei no meio dos carvões. Eu te amo, Rae.

E Ravena abraçou Mutano novamente, enterrando seu rosto em seu pescoço verde. O amante de animais abraçou a escritora solitária, beijando seu ombro, acariciando suas costas e sentindo as lágrimas dela que caíam e rolavam por seu pescoço e peito.

-Eu te amo, Gar...-sussurrou Ravena entre choros doces e apaixonados.-Eu te amo demais... eu te amo tanto que chega à doer...

-Hmmm, minha gatinha angorá...-Mutano sorriu amorosamente.-Se serve de consolo... você não foi a única que sofreu assim...

Lentamente, Ravena parou de chorar e ficou quieta. Ela levantou sua cabeça e olhou para Mutano curiosamente.

-O quê...?-ecoou ela.-O que aconteceu com você...?

-Tara Markov foi o que aconteceu comigo...-suspirou Mutano com pesar.-Ou, como eu tinha apelidado carinhosamente... Terra.

-Terra...-repetiu Ravena, o olhar desconfiado.-Sinto cheiro de lama suja...

-Pois é.-Mutano riu um pouco.-Eu a conheci quando ainda morava com o Robin e o Cyb. Eu estava fazendo trilha pelas florestas de Jump City. Era um dia tranquilo de verão e não estava fazendo muito calor naquela tarde. Eu estava tirando fotos dos animais e da paisagem quando ouvi um grito feminino bem perto de mim. Eu corri atrás e cheguei num rio. Tinha uma garota loira de olhos azuis que devia estar nadando no rio por causa dos cabelos molhados. Ela tinha acabado de se vestir e ia calçar as botas quando foi picada por um escorpião escondido na bota direita. Imediatamente, eu corri até ela e a socorri. Consegui capturar o escorpião num pote de vidro e levei ele junto com a garota loira pra minha lambreta e fomos voando direto para o hospital antes que fosse tarde demais.

-Ahhh...-Ravena assentiu devagar.-Já entendi o seu problema com loiras de olhos azuis...

-É. Cabelos loiros e olhos azuis tem sua beleza dependendo da pessoa, mas Tara, bom... eu não sei o que vi nela pra ser sincero.-Mutano começou a rir.

-Por quê?-Ravena abriu um sorriso meio divertido.

-Ah, Rae, além dela não prestar e ter ferrado com meu coração, ela não era grandes coisas.-está dizendo Mutano.-Ela já tinha quase vinte anos, mas parecia que era pré-adolescente. Ela era mais reta e dura do que uma tábua. Quando o Sol projetava a sombra dela, parecia que suas pernas eram dois cabos de vassoura. Acho que se cortasse os cabelos dela, eu poderia confundi-la com um garoto porque ela quase não tinha seios. É como se fosse essas modelos anoréxicas, eu quase perguntei se ela não sofria de anorexia, ou pelo menos bulimia. E os olhos azuis... não eram safiras, parecia um azul falso fora do tom e ela já era loira e insistia em pintar os cabelos de loiro, ou seja, a cor já estava ficando nauseante.

-Ah, então...-Ravena sorriu meio boba e ruborizada.-Eu sou... muito mais gostosa, não sou?

-Oh, Rae, você é uma delícia.-Mutano provocou num sorriso sapeca.-Você tem as pernas mais lindas do mundo e um par de coxas que dá vontade de alisar o dia inteiro. E nem se Tara Markov se enchesse de silicone ela ia conseguir chegar aos pés desses travesseiros fofos e lindos que você tem aí. E também você tem bunda, uma bela bundona que dá vontade de lascar um tapa bem grande. Agora aquela outra, se o cara dar um tapa na bunda dela vai ficar com a mão cheia de farpas.

E Ravena explodiu de rir. Mutano começou a rir também e os dois ficaram rindo sem parar por uns dois minutos.

-Ai, Gar! Você é impossível!-falou Ravena aos risos ao secar algumas lágrimas.-Que mudança radical. Passou de um manequim anoréxico...

-Pra uma deusa maravilhosa e perfeita.-Mutano sorriu provocante e beijou Ravena na boca rapidamente.

-Mas me diz?-Ravena sorriu menos, parecendo temerosa.-Ela... foi seu primeiro amor?

-Adivinha?-Mutano riu.-Carência, assim como você e o lagartão. Você é o meu primeiro amorzinho fofo, Rae. Primeiro e único.

Ravena mordeu o lábio toda tentada e imediatamente tascou o maior beijo na boca de Mutano, que ficou todo arrepiado e vermelhinho. A garota de cabelos violetas desgrudou seus lábios da boca do garoto verde que ficou todo boboca e com os olhinhos verdes brilhando.

-Rae, não faz assim...-disse ele timidamente.-Senão eu fico todo coisado aqui...

-Coisado?-Ravena arqueou a sobrancelha, um sorriso presunçoso no rosto.

-Ah, deixa, esquece.-Mutano sorriu acanhado.-Mas enfim, voltando à maravilhosa história... depois que a Tara se recuperou bem no hospital, eu estava lá fora esperando por ela feito um bocó. Daí ela chegou e me chamou pra sair. Ela queria agradecer toda a minha ajuda e lá fui eu todo encantado como se estivesse vendo uma miragem no deserto. Então, eu descobri várias coisas sobre Tara que se aproximavam bastante de mim. Ela disse que tinha um grande fascínio sobre geologia e estudava isso desde criança. Tinha o sonho de crescer e se tornar geóloga como esses que estudam o solo, as rochas, vulcões e terremotos. Eu fiquei fascinado com isso porque eu também gostava dessas coisas, daí começou uma amizade que depois de dois meses se tornou romance... pelo menos, era o que eu achava porque... era meio unilateral.

-Você...-Ravena tinha uma expressão preocupada e compassiva no rosto.-Estava amando por dois?

-Eu confundi minha dependência emocional com amor.-explicou Mutano, um olhar amargo no seu rosto verde.-O problema é que Tara nunca dava sinais de que estávamos namorando de verdade. Ela não deixava claro e também não parecia namoro, se eu tinha coragem de dizer que gostava muito dela e nunca houve sequer um beijo de verdade. Foi então que eu decidi tentar agradar ela e foi aí que as coisas começaram a dar errado. A única coisa que nos tornava iguais era o fato de gostarmos do solo da Terra, pois Tara simplesmente não tinha a capacidade de entender porque eu preferia comer salada de toufu em vez de comer um hamburgão de carne de porco com bacon que era o favorito dela.

-Maldita...-sussurrou Ravena com um olhar chocado e revoltado.

Mutano começou a rir depois dessa e Ravena sorriu de volta.

-Eu sabia que ela consumia carne e todos os derivados de animais.-contou Mutano enquanto Ravena acariciava uma de suas orelhas pontudas com a mão.-Eu tentava respeitar as escolhas dela, só que ela estava tentando impor a carne pra cima de mim e isso não ia dar certo. Foi quando eu tentei fazer ela entender várias vezes que os animais sofrem todos os dias nas mãos dos humanos e merecem ser amados e valorizados em vez de ser caçados, mortos e comidos. Ela achava tudo estranho e dizia que parecia coisa de hippie esotérico...

-Mas essa cretina não consegue respeitar as escolhas de um vegano?!-rosnou Ravena raivosamente.-Como é que essa monstra desalmada se atreve à impor a carne à você?! O mundo está cheio de gente asquerosa matando e comendo animais que ninguém nunca imaginou que seriam comidos, um dia, e tudo o que ela faz é sentar e comer um hambúrguer de um porquinho fofo que foi abatido sem compaixão!

-A cretina simplesmente não conseguia entender.-Mutano negou com a cabeça de forma revoltada.-Quando essas divergências surgiram, não deu mais pra sairmos pra comer em algum lugar. Ao passo que ela torcia o nariz para minha comida verde saudável, eu quase vomitava quando a via comendo aquelas carnes malpassadas cobertas de queijo e gordura animal até não poder mais. Então, eu decidi acabar com essas divergências sobre nossas alimentações e decidi fazer bombons veganos para ela.

Ravena parou e olhou para Mutano com perplexidade e compaixão.

-Gar...-sussurrou ela e tocou em seu rosto com as duas mãos.-Você fez isso? Logo pra essa cretina fria e sem coração?

-Pior que eu fiz...-Mutano sorriu meio sem graça.-Tive o maior trabalho comprando chocolate vegano sem leite 100% cacau e mais um monte de ingredientes e utensílios de confeitaria... fiz uma porção de bombons, embalei tudo lindamente e coloquei numa caixa de madeira pintada. Eu cheguei na casa dela e ofereci os bombons. Tara ficou toda maravilhada e foi logo abrindo o primeiro bombom, mas acho que ela percebeu o cheiro mais forte do cacau e olhou para mim e perguntou “esse é de chocolate meio amargo?”. E aí eu acabei falando que era vegano...

-E ela?-questionou Ravena, o olhar bem revoltado.

-Largou o bombom de volta na caixa, disse que não queria mais e foi comer um hambúrguer de porco bem na minha frente...-Mutano fez uma careta engraçada de raiva e nojo.-Depois disso, lembro que ainda cometi a burrice ainda maior de montar uma cesta de café da manhã vegano pra descobrir no outro dia que estava tudo no lixo... e aí eu fiquei afastado dela por um tempo. Foi praticamente duas, três semanas. Quando eu decidi voltar atrás dela na tentativa de salvar uma coisa que nunca existiu, ela estava com um cara que parecia ter idade pra ser pai dela... um maluco com cara de psicopata doido chamado Slade. Eles estavam numa lanchonete comendo nada menos que hambúrgueres de carne de porco e Tara estava felicíssima ao lado dele. Os dois estavam conversando sem parar, os dois se chamando de amor aqui e ali, e... pelo pouco que eu entendi da conversa, eu pude perceber que eles já estavam juntos antes mesmo de eu conhecer ela e ela só estava brincando comigo porque tinha brigado com o namorado...

Ravena estava furiosa e revoltada. Dava para perceber isso em seu olhar de assassina, mas apesar disso ela também sentia tristeza e compaixão por Mutano. Ela se aproximou dele e beijou seu rosto verde bem doce e carinhosamente várias e várias vezes. Ele sorriu um pouco e a abraçou bem apertado.

-Dali em diante, eu me afastei e nunca mais a vi.-contou Mutano, suspirando levemente.-Eu percebi que nunca daria certo, eu vi que não era amor de verdade... mas eu sabia que o amor que eu procurava estava em algum lugar do mundo e que ele também estava me procurando...

Os dois se olharam e sorriram apaixonadamente.

-Olha, Gar... não surta, não, mas...-Ravena riu um pouco.-Acho que estou começando a virar vegana... de verdade...

-Sério?!-Mutano se iluminou num sorriso enorme e animadinho.

-Não é só porque eu te amo...-explicou Ravena, ruborizando levemente.-Mas... eu aprendi à ver o sofrimento dos animais e como eles necessitam de amor, então... se você puder me ajudar... eu terei o maior prazer de largar para sempre a carne, o leite, ovos e tudo mais e ser vegana com você.

Mutano mordeu o lábio e por um momento pareceu que ia chorar.

-Me dá um minuto.-disse ele, apertando a boca com a mão.

-Gar, para de palhaçada!-Ravena começou a rir.

-De boas, de boas.-respondeu Mutano todo fofo e emocionado.-A gente faz umas compras no supermercado vegano e eu vou te ensinar um monte de receitas e todas as manhas da culinária vegana. Daí seremos um casalzinho de veganos fofos!

-Hmmm, você fica tão fofinho animadinho assim...-Ravena riu e beijou Mutano várias vezes em seu rosto e não resistiu em apertar sua bochecha com os dedos.

Ele riu e a beijou também sem parar em seu rosto e logo depois em sua boca. Os dois se beijaram apaixonadamente por alguns longos minutos, os dois se abraçando carinhosamente sem parar e, às vezes, eles riam e sorriam felizes e apaixonados entre os seus beijos de amor doce e quente.

-Hmm. Espera aí.-Mutano separou o beijo e procurou algo no bolso de sua calça.

-O quê?-Ravena o olhou curiosa.

E aí ele tirou de seu bolso uma linda presilha com adornos de coração violeta e coração verde.

-Você esqueceu isso no meu apartamento quando saiu zaralhada me xingando de tudo quanto é nome.-disse Mutano num sorriso divertido.-E eu guardei até você voltar pra mim...

Ravena ruborizou docemente e Mutano levou a presilha até os cabelos violetas dela e a colocou ali presa numa das madeixas lisas e sedosas.

-Gar...-Ravena o olhou e novas lágrimas começaram a surgir de novo.-Me perdoa...

-Shhh...-Mutano sorriu, calando os lábios dela com seu dedo.-Está tudo bem, Rae... o que importa agora é que estamos juntinhos e nos amamos mais do que nunca.

Ele acariciou o rosto dela logo em seguida e ela sorriu feliz e apaixonada. Não conseguiam mais parar de se olhar... até que Mutano viu o quadro de Azarath pendurado na parede da sala de estar de Ravena.

Ravena logo percebeu que ele olhou para algo atrás dela e não parou de olhar mais. Ela se virou e percebeu que Mutano estava totalmente hipnotizado pelo quadro à óleo de Azarath em toda a sua beleza imensurável e mística.

-Ai, meu coraçãozinho...-sussurrou Mutano com um olhar perplexo e maravilhado.

-Para, Gar!-Ravena riu.-É só uma pintura.

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Eram 16h da tarde agora e tudo estava o mais maravilhoso possível.

Por essas horas, Ravena e Mutano estavam se virando bem em saciar a sua fome de amor, porém, é claro, não demorou pra que sentissem fome de comida. A cozinha de Ravena ainda tinha alguns ingredientes veganos das outras vezes que Mutano cozinhou para ela, mas ainda assim não eram suficientes para outras receitas que o amante de animais planejava fazer para a escritora solitária, então uma vez mais ele ligou para Robin e pediu para que ele passasse com Cyborg em seu apartamento e pegasse algumas coisinhas da sua própria cozinha.

E parece que as notícias voaram mais do que uma Águia de Haast, pois os amigos de Mutano logo estavam querendo saber como foram as coisas, mas o verdinho quis fazer segredo e logo encerrou a chamada.

E enquanto os ingredientes não chegavam, Ravena e Mutano se esconderam no quarto dela pra desfrutar um do outro mais e mais. Estavam lá na cama dela escondidos até as cinturas pelas cobertas quentinhas. Nessas alturas, a calça de Mutano estava largada no chão e ele ficou apenas de cueca boxer enquanto se agarrava com Ravena sem parar.

-Ohhh, bruxinha bonitinha, eu gosto tanto de você...-cantava Mutano enquanto beijava todo o pescoço de Ravena.-Eu te dou um mingauzinho e depois um sorvetinho!

-Só se for vegano.-Ravena riu em diversão enquanto suas mãos apertavam carinhosamente os músculos definidos das costas de Mutano.

-Ah, claro, com muito prazer.-Mutano sorriu para ela e a beijou na ponta do nariz.-Eu posso te fazer um mingauzinho com leite de amêndoas e um sorvetinho com leite condensado de amendoim, cacau em pó, açúcar e talvez quem sabe uns pedaços de chocolate vegano junto.

-Eu não vou engordar, vou?-Ravena indagou, sorrindo divertidamente.

-Ah, Rae, não se preocupa com isso.-Mutano falou carinhosamente num sorriso amoroso.-Se você ficar meio rechonchudinha, tudo bem, vai ter mais de você pra agarrar e apertar bem gostosinho.

-Pervertido!-Ravena começou a rir.

-Eu pervertido?-Mutano provocou, sorrindo.-E você que chupou meus mamilos, sua gulosa! Nem em filme pornô eu já tinha visto isso!

-Ah, é que...-Ravena ruborizou e sorriu meio safada.-Eu queria saber se eles... tinham gosto de pistache...

E Mutano explodiu de rir. Ravena riu também e os dois se abraçaram bem apertadinho. O garoto verde envolveu a cintura da escritora solitária com seus braços musculosos, fazendo com que a barriga lisa e magra dela colasse em seu abdômen musculoso e os seios gigantes e carnudos dela fossem esmagados contra seu peito musculoso. Era uma sensação física da qual os dois estavam sentindo saudades. Era o calor corporal de seus corpos juntos um no outro.

O verdinho bobo e sorridente saiu beijando o pescoço da sua amada bruxinha, sentindo ela se arrepiar e rir com cada beijo doce e amoroso dos seus lábios verdes tão quentes e macios.

-Já falei que eu te amo, Rae?-ronronou Mutano no ouvido dela.

-Já...-Ravena sorriu divertidamente.-E eu também te amo todinho, Gar...

-Hmmm, lindinha...-Mutano riu e mordiscou o lóbulo da orelha dela.

Em resposta, ela mordiscou a ponta da orelha pontuda dele, e o garoto verde gemeu e se arrepiou todo.

-O que foi isso?-Ravena questionou, rindo.

-Eu sou sensível nas orelhas...-Mutano ruborizou levemente de um jeito fofo.

E então, Ravena o olhou com certa ferocidade e lambeu os lábios lentamente.

-Gar...?-sussurrou ela deliciosamente.-Será que... falta muito para os seus amigos chegarem com os ingredientes?

-Acho que não.-Mutano sorriu inocentemente.-Está com fome, não é?

-É...-Ravena mordiscou o lábio de forma suspeita.-Eu estou faminta...

Sem saber por que, Mutano ficou um pouco mais vermelho com a cara que Ravena fez para ele.

Mas subitamente a campainha toca e os dois malucos pulam de susto na cama.

-Fica aí deitadinha, Rae.-falou Mutano, sorrindo e beijando ela na boca.-Deixa que eu atendo eles.

Imediatamente, ele se levantou da cama e saiu andando pelo quarto quando Ravena se sentou e falou:

-Gar, espera.

-O quê?-ele se virou e a olhou.

Ravena emudeceu ao olhar para o corpo verde e musculoso de Mutano que estava só numa cueca boxer vermelha que, honestamente, parecia ser de um número menor porque não estava dando conta de esconder tudo aquilo ali dentro.

-Rae?-Mutano a chamou curiosamente.

Ravena o olhou e começou a ficar bem vermelhinha de um jeito fofo.

-Ah, nada...-disse ela timidamente.

-Gatinha linda.-Mutano riu e saiu pela porta do quarto.

Ele passou pelo corredor, chegou à sala de estar e foi até a porta. Destrancou-a e abriu-a tão logo deu de cara com Robin e Cyborg segurando algumas grandes sacolas biodegradáveis cheias de ingredientes para cozinhar.

-Mutano...-Robin parecia chocado.-Você veio atender a porta assim?

-Por quê que...-Mutano olhou para baixo e logo percebeu como estava vestido.

-CADÊ ELE?!-Estrela Negra surge do nada aos berros junto com Estelar.-Mutano! Eu quero saber tudinho e não me esconda... CASSILDA!!!

Mutano ficou todo vermelho quando os olhos das duas garotas foram decolando direto para sua cueca vermelha que estava se esforçando para esconder todo o comprimento gigante que ele tinha ali. Estrela Negra pareceu que ia desmaiar e Estelar ficou tão vermelha quanto a própria cueca polêmica. Já Robin e Cyborg estavam quase tendo um ataque pra tapar os olhos das garotas.

-EU NÃO ACREDITO!!!-Estrela Negra berrou feito louca.-NÃO É UM ALAZÃO! É UMA ANACONDA! É UMA TITANOBOA!

-Dick! Vamos embora!-Estelar começou a choramingar e a puxar Robin pela roupa.-Eu estou com medo!

-Mutano! Toma as suas coisas!-Cyborg empurrou as sacolas cheias para o verdinho.

-Fica com tudo!-falou Robin fazendo a mesma coisa que Cyborg.-Meninas! Vamos embora agora!

E o pobre Mutano ficou tentando segurar tantas sacolas lotadas de coisas que estavam quase despencando no chão. E ao mesmo tempo, Cyborg estava tentando puxar Estrela Negra que se agarrava na porta e Estelar estava começando a chorar em cima de Robin.

-É UMA TITANOBOA! É UMA TITANOBOA TURBINADA!-Estrela Negra berrava pelo corredor enquanto Cyborg a arrastava para as escadas.-NEM JENNIFER LOPEZ ENFRENTOU UMA COISA TÃO IMENSA ASSIM! RAVENA! RAVENA! VOCÊ É UM POÇO SEM FUNDO! UM POÇO SEM FUNDOOO!

-Tchau, gente!-gritou Mutano antes de bater a porta com tudo e finalmente colocar todas as sacolas cheias no chão.

Nessas, Ravena aparece na sala de estar e olha para Mutano.

-O que foi isso?-indagou ela.

-Rae. Seja honesta comigo.-pediu Mutano levemente ruborizado.-Isso aqui é tão grande assim?

Ela olhou para a cueca vermelha, onde um volume gigante parecia quase estar quase saltando pra fora e, por um momento, ela teve de respirar fundo pra se controlar.

-Não...-respondeu ela serenamente.-Nem em um milhão de anos. Quantos centímetros você tem?

-Érm...-Mutano ficou mais ruborizado e coçou a nuca, desviando o olhar.-43 cm...

-O QUÊ?!-Ravena berrou, pasma e arregalada.-Você enfiou o estandarte da Joana d’Arc em mim?!

-Eu enfiei o...-Mutano deixou no ar por um momento antes de começar a rir feito louco.

E Ravena parou com seu choque e começou a rir também. Os dois ficaram rindo feito loucos na sala de estar enquanto Morgana estava sentada perto do sofá olhando para eles como se fossem dois loucos de verdade.

:

Dessa vez, Mutano tinha uma doce e levemente atrapalhada ajudante na cozinha. Ravena estava aprendendo à cozinhar. Às vezes, acertava e ganhava um beijo bem gostoso e apaixonado na boca, mas quando errava, bem... ela ganhava outro beijo na boca por causa da carinha fofa e vermelhinha de vergonha. Para o menu daquela tarde, Mutano preparou berinjelas recheadas com legumes em cubos e proteína de soja assadas ao forno com cobertura de cheddar vegano de castanha de caju que acompanhavam yakimeshi vegano de cogumelos shiitake com abobrinha, pimentão vermelho e cebola roxa, além de deliciosos salgados de hambúrguer vegano de feijão preto e grão de bico ao forno, um suculento rocambole vegano de chocolate recheado com creme de avelã e coberto com chantilly de leite de aveia e calda de caramelo caseira – e não podia faltar um delicioso masala chai com leite de amendoim.

O processo de cozinhar tudo levou quase duas horas, já que Ravena não era tão rápida quanto Mutano e morria de medo daquelas facas enormes e afiadas, mas ele foi paciente, gentil e amoroso ao ensinar ela como cortar os legumes em cubinhos de tamanhos iguais sem machucar os dedinhos, fritar o arroz integral japonês sem queimar, ou preparar uma massa que atinja o ponto ideal sem ficar dura e seca de tanta farinha, ou um completo mingau com ingredientes molhados em excesso.

No final, estavam os dois sentadinhos à mesa da cozinha terminando de saborear tudo o que cozinharam juntos. Neste momento, Ravena estava devorando um dos salgados de hambúrguer vegano que estava uma delícia. Enquanto isso, Mutano tinha acabado de colocar ração felina num pratinho para Morgana no chão quando se levantou e olhou para sua bruxinha num sorriso feliz e apaixonado.

-Hmmmm... que delícia!-falou Ravena com a boca cheia.-Hambúrguer vegano de feijão preto com grão de bico. Essa foi a melhor combinação e o curry ainda deu um toque especial.

-Eu estou pensando em acrescentar abóbora kabocha assada na próxima vez.-comentou Mutano e foi se sentar na cadeira ao lado de Ravena.-Assar uns pedaços dela no forno com azeite e tomilho sob papel laminado.

-Faz isso sim.-Ravena sorriu toda gulosa.-Porque eu vou comer tudinho.

-Hmmm, Rae, você anda muito gulosinha.-Mutano riu em diversão.-Coloca essas pernas lindas no meu colo.

Ravena sorriu em diversão e colocou suas pernas sobre o colo de Mutano. Ele sorriu todo bobo e travesso antes de sair alisando aquelas coxas carnudas e panturrilhas grossas. Quando suas unhas roçavam a pele cinzenta de Ravena, ela se arrepiava toda e ria.

-Olha só que pernas poderosas!-exclamou Mutano num sorriso brincalhão.-Devem conseguir correr mais do que o Forrest Gump!

-Para, Gar.-Ravena riu em diversão.-Você é que tem pernas poderosas. Dá até vontade de morder...

Mutano a olhou e começou a rir.

-Oh, Rae?-disse ele, sorrindo.-Você virou alguma leoa maluca e está querendo me devorar?

-É que como eu decidi abrir meu coração de vez, então...-Ravena sorriu meio biruta.-Vai sair um monte de loucuras em cima de você.

-Ah, não faz mal.-Mutano riu.-Eu gosto de uma bruxinha biruta. Quanto mais biruta melhor.

-E eu gosto dos garotinhos viris que ainda conseguem ser fofos.-Ravena deixou escapar rapidamente.

Mutano parou, olhou para ela e ficou todo vermelho.

-Rae, você não vai me amarrar na cama e fazer a festa comigo, vai?-indagou ele curiosamente.

-Depende, Gar...-Ravena riu.-Se você me provocar muito, eu vou pular em cima de você.

-Eu? Eu estou tranquilo aqui.-Mutano riu também.-É você que está me provocando. Essa calcinha parece ser feita de um único pedaço de linha roxa e eu percebi muito bem que você não está usando sutiã debaixo dessa blusinha apertadinha.

Ravena estava tomando chá quando cuspiu de volta na caneca e começou a rir. E Mutano também riu.

-Eu estou no meu lar, eu estou nos meus direitos!-respondeu ela, rindo.-E você que está com essa cueca boxer que parece uma sunga de criança?

-Ah, é que eu uso essas cuecas de um número maior.-Mutano sorriu meio bobo.-Mas acho que eu peguei errado na seção de roupa íntima.

Ravena continuou rindo e Mutano também.

-Anda logo.-disse ele, apontando para o seu colo.-Senta aqui. Eu quero você no meu colinho.

 E toda alegrinha Ravena levantou-se da cadeira e foi se sentar no colo de Mutano. Ele a abraçou e saiu beijando seu pescoço todo, chegando bem perto da sua pele pálida exposta pelo grande decote de sua blusa branca justinha.

-Hmmmm, você é tão cheirosinha, Rae...-elogiou Mutano enquanto cheirava a pele dela perto de seus seios.-Parece que tomou banho de arco-íris com bolinhos...

-E você e os seus perfumes só faltam me deixar bêbada.-Ravena brincou, sorrindo enquanto acariciava os cabelos verdes dele.-É um mais gostoso do que o outro.

-Eu sei que você gosta.-Mutano sorriu e beijou Ravena no maxilar.

Os dois ficaram se olhando por alguns momentos em silêncio... até o momento em que Mutano percebeu que Ravena parecia louca pra descobrir alguma coisa.

-Está querendo saber o que, gatinha curiosa?-perguntou o amante de animais, sorrindo.

-Ah, nada...-a escritora solitária ruborizou levemente.

-Nem vem, sua gatinha curiosa.-ele riu.-Eu te conheço muito bem. Você está querendo saber alguma coisa. Me conta, ou eu vou morder você todinha.

Ravena o olhou e mordiscou o lábio levemente.

-Se eu contar...-falou ela timidamente.-Você me morde assim mesmo?

-Oh, neném, está tão carente assim de mordidinhas de amor?-ronronou Mutano e começou a mordiscar carinhosamente o pescoço de Ravena.

Ela riu e se arrepiou toda ao sentir as presas dele mordendo carinhosamente seu pescoço todo.

-É que eu queria ver uma foto dessa Tara Markov...-respondeu ela, rindo com as mordidinhas.-Só pra eu me sentir superior à ela porque sou gostosa.

E Mutano riu:

-Sua biruta.-provocou ele, sorrindo.-Bom, eu deletei todas as fotos dela do meu celular há tempos, mas dá pra achar na Internet, já que o Lamaçal virou uma geóloga importante na comunidade científica.

-Lamaçal...-Ravena riu baixinho.

O garoto verde pegou seu celular na mesa perto do celular da garota de cabelos violetas e desbloqueou sua tela tão logo acessou a Internet. Ele fez uma rápida busca na Internet, achou uma foto no Google Imagens e logo mostrou para sua amada.

Ravena parou e ficou pasma. Ela agarrou o celular da mão de Mutano pra olhar mais de perto. A foto era de uma garota que tinha uma altura semelhante à eles dois. Era loira com cabelos longos até as costas e sem franja, de olhos azuis claros, uma pele branca meio pálida e, honestamente, um corpo que parecia só pele e osso, e ela ainda estava só de biquíni amarelo numa praia caribenha.

-Rae...?-Mutano estava quase rindo.-Está tudo bem aí?

-Gar?-Ravena não conseguia tirar os olhos violetas da foto.-Isso é um garoto que mudou de sexo? Ele passou a tesoura no negócio dele, deixou os cabelos crescerem, mas esqueceu de colocar seios no peito, é isso?

Foi a gota d’água. Mutano explodiu de rir e Ravena também riu.

-Gar, que negócio é esse? Isso não é garota, nem mulher!-falava Ravena toda risonha e debochada.-Isso é um manequim! Um manequim anoréxico de sexo indefinido! Olha só essa cara pálida de limão azedo. E esses olhos azuis? É um azul tão fora do tom que parece lente de contato. E esse cabelo nem parece mais loiro, parece amarelo de verdade!

-Eu não sei onde eu estava com a cabeça quando fui atrás disso aí.-respondeu Mutano, rindo.-A pessoa quando fica carente demais perde todo o critério e gruda no primeiro bagulho da fila.

-E isso é um belo bagulhete.-zombou Ravena e começou a dar zoom na foto com seus dedos.-Olha só essa bunda. Parece que bateram na porta com força total! Gar, eu tenho muito mais bunda do que ela! Como é que você se atreve?!

-Enquanto o Lamaçal tem um centímetro de carne cobrindo seus ossos lá embaixo...-Mutano olhou para Ravena de forma provocante.-Você já tem tanta bunda que eu agarro e a minha mão se enche de carne fofa.

-Cala a boca!-Ravena riu.-Minha bunda não é tão grande assim.

-Mas saca as pernas dela.-falou Mutano num sorriso zombeteiro.-Não parecem dois cabos de vassoura contra o Sol?

-Dois cabos de vassoura?-questionou Ravena com o mesmo sorriso.-Essa garota inteira é uma vassoura com uma peruca loira bem barata no lugar das cerdas.

-Ai, Rae, você me mata de rir!-e ele não parou mais de rir.-Agora eu quero ver a lagartixa grudada na parede.

-Quer ver o dragão Rorek?-Ravena indagou ao colocar o celular de Mutano na mesa e pegar o seu.-Tudo bem, mas você vai se assustar.

Ela fez uma rápida pesquisa no Google, pegou uma imagem e mostrou no celular para ele. E foi a vez de Mutano se chocar e agarrar o celular na hora. A foto era de um marmanjo que já devia ter uns trinta anos dono de longos e selvagens cabelos platinados com uma pele incrivelmente pálida, olhos azuis com uma singela maquiagem negra e, decididamente, mais parecia uma assombração sentado em uma poltrona todo de preto ao lado de uma estante cheia de livros.

-Rae, está de sacanagem!-Mutano começou a rir.-Eu sou um zilhão, um gazilhão de vezes mais gatão e gostosão do que esse fantasma de cemitério! Olha isso! Esse cara sofre de Delírio de Cotard? Ou ele foi ressuscitado mil anos depois e não conseguiu se regenerar completamente?

E Ravena explodiu de rir no mesmo instante – e Mutano não parou com a palhaçada.

-Não é possível uma coisa dessas. Isso parece um bruxo, cuja beleza, se é que ele teve algum dia, foi totalmente sugada pela magia negra!-falava Mutano todo debochado e risonho.-E olha só os olhos dele! Parecem de lagarto de verdade! Só falta as pupilas se contraírem que nem réptil! Olha, Rae, falando sério, se eu estivesse andando sozinho na rua de madrugada e isso aqui aparecesse numa esquina eu corria mais do que um guepardo atrás de uma gazela na savana!

-Eu acho que eu estava louca! Eu devo ter perdido toda a noção do ridículo!-dizia Ravena quase sem ar de tanto rir.-Até minhas amigas ficaram perguntando pra mim, se ele sofria de câncer e aquilo tudo era uma peruca!

-E meus amigos que estavam perguntando pra mim, se aquela esquelética sofria de anorexia, ou era doente terminal?-Mutano debochou, sorrindo.

Ravena riu mais e abraçou o pescoço de Mutano, escondendo seu rosto risonho ali. Ele sorriu, deixou o celular dela na mesa e a abraçou todinha antes de sair beijando seu pescoço todo.

-Passamos por trancos e barrancos, Rae...-sussurrou Mutano carinhosamente enquanto brincava de mordiscar o pescoço de Ravena.-Mas agora estamos juntinhos e é isso o que importa.

Momentos depois, Ravena parou de rir e olhou para Mutano. Segurou em sua mão pálida o lindo rosto verdejante dele que sorria amorosamente e ela também não resistiu em sorrir com tanto amor desabrochando em seu coração.

-Eu acho que agora eu vou ser feliz de verdade, não é?-murmurou ela tão docemente.

-Ah, sim...-ele respondeu num murmúrio meigo e terno.-Nós dois vamos ser felizes de verdade porque você me faz feliz demais e eu vou te fazer muito, muito feliz também.

Os dois tocaram suas testas carinhosamente e seus narizes se roçaram bem docemente. Seus olhos amorosos quase se fechando enquanto ainda se contemplavam.

-Eu te amo, Gar...

-Eu te amo, Rae...

E num instante depois, os dois se perderam em um zilhão de beijos de amor.


Notas Finais


Sobre os antigos relacionamentos de Ravena e Mutano que os machucaram eu decidi fazer o mais semelhante ao que aconteceu em Jovens Titãs como Malchior usar e descartar Ravena para sua libertação do livro e Terra se bandear para o lado do Slade e largar o Mutano como se nada fosse. Agora no caso de Ravena, acho que talvez vocês tenham achado a reação dela muito exagerada ao ponto de querer se atirar pela janela, mas calma, calma, não criamos pânico 😉😉😉 existe uma razão séria para ela ter feito isso e que será revelada no epílogo desta história...
Boas Lonjuras... 💜💚💜💚💜💚

~Rockeiro Sem-Noção.


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