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História A Estranha História de Anne Campbell - Festa


Escrita por: AlyssonSouza

Notas do Autor


Espero que gostem!

Capítulo 2 - Festa


Ela nem acreditava que foi convencida a ir aquela festa, mesmo após ter passado toda a tarde chorando sem parar. Isabele insistiu tanto que Anne acabou cedendo ao capricho da amiga. Olhava seu reflexo no espelho: olhos um pouco vermelhos, os cabelos castanhos e longos caindo na frente dos ombros e a roupa simples que usava. Estava pronta para ir, era uma festa de final de semana numa casa qualquer da vizinhança, não exigia roupas específicas para este tipo de ocasião, uma calça jeans, uma camiseta branca e um tênis preto já estavam bons demais. A mãe estava no hospital, onde trabalhava de enfermeira, como todas as noites. Trancou a porta do apartamento e quando se virou quase o coração sai pela boca.

Lá estava à figura estranha da senhora Madison com seu gato preto mais sinistro ainda no colo. Aquela velha não tinha mais nada para fazer? O medo passou, Anne encarou a velha — que não sorria e nem falava nada — e passou direto por ela. O perfume doce de Anne tomou conta do corredor velho de paredes descascadas, a velhinha inalou o aroma lentamente, não do perfume, mas de Anne. A senhora Madison não era o que aparentava ser. Aquela velhinha guardava dentro das roupas com cheiro de mofo algo sombrio, sobrenatural.

Antes de dobrar a esquina, com sua bicicleta azul de cestinha, já se era possível ouvir a música nas alturas, risadas, gritos conversas. A rua era silenciosa demais para tudo aquilo. No gramado tinham pessoas caídas e algumas mergulhadas no próprio vômito, tão bêbadas que não conseguiam se levantar. Garotas fazendo topless enquanto vários garotos jogavam bebidas em seus corpos e lambiam tudo sem deixa uma gota escapar. Que merda eu vim fazer aqui? Perguntou-se Anne. A casa estava um bagunça, demais para uma festa que começou uma hora atrás.

— AMIGA! — o som quase estouraram os tímpanos de Anne.

Isabele estava com seu famoso vestido vermelho de bolinhas brancas, estilo pinup, mas o hálito mostrava que aquele visual não iria durar para sempre. Ela estava com Gary, um gatinho do colégio dedreads loiros, e olhos azul-marinho. Era com ele que Isabele conseguia toda a maconha que fumava escondida do pai quando ele viajava. Gary acenou para Anne com um copo na mão. Usava uma camiseta de Bob Marley, de quem dizia ser fã. Ela acenou sem jeito para ele.

O abraço de Isabele foi repentino e esmagador. Gary que estava atrás de Isabele deu uma piscadela para Anne que se afastou imediatamente da amiga pelo que acabara de ver. Ela tinha de sair dali o mais rápido possível. Era meio chato a situação de o cara com quem sua amiga está ficando, dar em cima de você também. Anne queria acreditar que aquilo tinha sido só um engano, um tique nervoso dele ou só uma impressão errada.

— Vou pegar alguma coisa para beber e depois eu...

Antes que Anne terminasse de falar Isabele já estava se agarrando com Gary em cima do sofá da sala derramando toda a bebida do copo no carpete. Aquilo estava uma loucura. Anne correu pelos corredores cheios de gente e foi até a cozinha, pegou um copo e encheu de ponche.

Já não era esperado que aquela festa fosse tão boa assim, esse ano o convite tinha sido para a maior parte do colégio. Nos anos anteriores os convidado eram selecionados com mais cuidado, mas como este ano era o último de Adrew e ele tinha uma namorada nova, juntou os amigos dele e dela em uma casa só. Transformou-se num enorme emaranhado de corpos suados dançando, caindo e nus se esfregando um nos outros. Parecia um dos apartamentos no andar de Anne que acontecia orgia todas as noites. Bebeu um gole e tossiu, aquilo estava álcool puro. Olhou para o lado e viu Gary lhe encarando entre os grandesdreads, Isabele não estava por perto e ele se aproximava cada vez mais. A música estava alta, o chão tremia com as vibrações das enormes caixas de som na sala de estar que não se podia enxergar nada. Uma gigantesca fumaça tomava conta do lugar, pessoas fumavam maconha de canto a canto. A verdadeira disputa de quem fumava mais. Uma garota chapada estava com a cara afundada na caixa de som que estrondava com a música no último volume. Quatro pessoas jogadas ao chão estavam usando umnarguilé, rindo sem parar um dos outros.

Anne atravessou a multidão com dificuldade olhando para trás e acabou se chocando com algo rígido e derramou toda a bebida na roupa. Era Brand sem camisa na sua frente, seu rosto a um centímetro do peitoral dele.

— Desculpe, eu não... — Brand já começava a se desculpar sem jeito.

— Não tem problema Brand, eu que não estava prestando atenção!

Ele reconheceu a voz e a puxou para fora daquela fumaceira. Abraçou-a fortemente já na frente da casa. O ar estava mais arejado e agradável. Os ossos dela amoleceram, se sentia leve, o coração palpitava estranhamente com aquele corpo esguio, despido e quente colado nela.

Anne se afastou pouco a pouco do corpo de Brand. Começou a ouvir gritos de cumprimentos e quando olhou, viu que era Kevin, com uma loira. Então era ela quem se entregou por completa a ele, e fez algo que Anne não quis fazer. Kevin olhou para ela e os olhares se encontraram por um curto momento, Anne só teve tempo para pensar em uma coisa: beijar o cara mais próximo e mostrar que não ligava para o término repentino de seu namoro com Kevin. Numa fração de segundos os braços de Anne já estavam em volta do pescoço de Brand e ele com as mãos firmemente na cintura dela. Os lábios rígidos e nervosos dela nos lábios apaixonados e envolventes dele. Finalmente, pensou Brand. Os dois se afastaram e Anne viu a feição de espanto de Kevin. Brand acompanhou o olhar dela. O sorriso da feição dele sumiu aos poucos.

— Já devia imaginar que era bom demais para ser verdade! ­— Brand irrompeu atrás de Anne sumindo na multidão.

— Espere Brand!

Anne correu atrás dele, o corredor apertado dificultava as coisas. Ela ouvia insultos e reclamações, mas não ligava, só queria encontrar Brand e pedir desculpas.

Antes que ela chegasse à cozinha alguém a puxou pelo braço para o banheiro do corredor. A porta bateu fortemente. Estava tudo escuro, mãos passavam por todo seu corpo, a luz se ascendeu e Anne viu que era Gary. Antes que ela pudesse gritar para pedir ajuda ele tapou sua boca com a mão. Ele colou seu corpo no de Anne espremendo-a na parede. Tirou a mão da boca dela e a pegou com facilidade colocando-a sobre a pia do banheiro, ficando entre as pernas de Anne. Os lábios de Gary caminhavam pela feição dela sofregamente.

Tudo fugiu-lhe a mente, qualquer reação que podia tomar. Ele enfiou a mão por debaixo da blusa de Anne e língua de Gary explorava sua boca. O hálito de whisky fazia o estômago dela revirar. As mãos dele apertavam os seios dela o mais forte que conseguia. Um nó se formou na garganta de Anne. Por sorte — ou não — um casal teve a ideia de entrar naquele banheiro e a porta se abriu num estrondo. Gary parou de beijar Anne e o inesperado aconteceu. Isabele estava atrás do casal que saia a procura de outro lugar para transar.

Os copos nas mãos de­ Isabele caíram no chão. Suas mãos ficaram mortificadas no ar. Os copos caíram e o líquido molhou todo o seu tênis lilás. Os olhos pintados com uma maquiagem forte começavam a formar uma fina película de água. As lágrimas escorriam levando toda a maquiagem embora.

Anne ficou paralisada. Tudo parou, só enxergava a sua amiga no meio do corredor, parada e horrorizada com a cena que via. Ela empurrou Gary e foi ao encontro de Isabele que corria sem parar empurrando violentamente as pessoas do caminho. Já estavam na frente da casa quando Isabele parou no meio da rua e virou-se. O rosto manchado de maquiagem, os olhos vermelhos e as sobrancelhas juntas. Um olhar de raiva que fulminava Anne que a observava da calçada.

— Desculpe Isabele, eu não queria...

— Sacanear sua melhor amiga quando não estava por perto? — a voz trêmula de Isabele saia com dificuldade e rouca, como se fumasse um maço de cigarros por dia — Não seja hipócrita Anne. Eu já desconfiava que você não fosse tão boazinha assim. A garota lindinha e boazinha, de bem com todos na escola.

— Eu não queria...

— Poupe-me de suas desculpas inúteis, me deixe em paz, nunca mais quero lhe ver novamente. Desista desse papel de boazinha, sua máscara já caiu querida. Você foi desmascarada, acorde pra vida!

Anne entendia que Isabele estava com raiva com o que tinha acabado de presenciar, mas não se sentia bem com as ofensas e mentiras que eram ditas aos berros pela amiga. Agora Anne também estava com raiva e queria calar a boca de Isabele que não parava de falar o quanto ela era hipócrita.

Mas tudo foi silenciado instantaneamente. Num rajão negro, sem faróis ou buzina o carro atingiu Isabele em cheio. O baque surdo do som de seu corpo caindo ao chão fez Anne gritar. O motorista parou, desviou o caminho e seguiu pela longa rua de árvores. Isabele desacordada ainda respirava.

O som de uma sirene ficava cada vez mais perto. Agora o bicho iria pegar! Gritos assustados tomavam conta do local, pessoas correndo e fugindo pelo fundo da casa. Anne ficou sem reação de início, demorou um pouco para a ficha cair. Uma viatura dobrava a esquina. Não era ambulância, era a polícia. Ela não queria deixar Isabele lá, mas a casa estava cheia de menores de idade, drogas e bebidas alcoólicas.

A opção de pegar a bicicleta já estava fora de cogitação. Correu para os fundos da casa que já estava praticamente vazia. Pessoas pulavam o muro do fundo da casa. Anne correu, apoiou as mãos no muro e deu impulso. Subiu com dificuldade. Caiu sentada no chão do outro lado. As pernas estavam bambas de tanto medo. Mal conseguia correr, tropeçava nos seus próprios pés. O suor começava a escorrer na sua nuca. O cabelo dançava ao vento frio da madrugada. Por sorte o barulho da sirene começou a ficar cada vez mais abafada e quando se deu conta já estava subindo as escadas de seu prédio.

Um gritou saiu de sua boca e ecoou pelo corredor. Um garoto loiro, de roupas pretas estava sentado ao lado da porta do apartamento quinhentos e cinco. A figura a encarava com um olhar sério e instigador. Desde quando alguém morava naquele apartamento? Não foi necessariamente o garoto que a assustou, mas sim a porta do apartamento quinhentos e cindo aberta, da mesma forma que acontecia em seus pesadelos. Ela caminhou meio zonza e exausta. Atravessou o corredor sem tirar os olhos do garoto que a encarava sem dizer nada. Os olhos azuis e escuros pareciam invadir sua mente. Anne enfim abriu a porta e a trancou atrás de si. Do nada apagou no chão da entrada e dormiu ali mesmo.


Notas Finais


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