História A Família do noivo - Capítulo Único

Quando Jimin tomou a decisão de deixar sua família no interior para estudar em uma das melhores universidades de capital, o pequeno Park jamais se imaginou estar trabalhando, quem dirá noivo do herdeiro de uma das maiores — e melhores —, redes de confeitaria de toda Coréia.

Se passou por dificuldades? Muitas. Se já pensou em desistir de tudo e voltar para a casa dos pais? Sem sombra de dúvidas. Mas, a emoção de ver o sorriso de cada cliente ao provar de seus doces e o esforço de seu trabalho começando a lhe render frutos, valia a pena passar por todas as dificuldades que enfrentou durante os 3 anos em que estava na capital.

Mas, apesar de todas as dificuldades e percalços que enfrentou, Jimin poderia se considerar o cara mais sortudo de todo o universo por ter Jung Hoseok como namorado, noivo e futuro marido. O ruivo de expressão séria e pose de durão era, na verdade, umas das pessoas mais carinhosas, alegres e românticas que ele já conhecera. E apenas o simples pensamento sobre o Jung já lhe trazia um sorriso bobo na cara, e um suspiro digno de Hollywood lhe escapava pelos lábios cheios. Encarou a bela aliança dourada, cravejada com pequenos diamantes adornando o dedo anelar de sua mão direita, e riu baixinho ao se lembrar da pequena discussão que haviam tido quando Hoseok lhe presenteou com a joia — um tanto exagerada em sua opinião — e no quanto o mais velho havia pago.

— Um beijo pelos seus pensamento — Ouviu a voz rouca de Hoseok soar atrás de si e braços fortes e quentes envolverem sua cintura de maneira firme.

— Estava aproveitando o nosso dia de folga da confeitaria para descansar um pouco, e acabei me lembrando do dia em que me pediu em casamento — Disse se virando para o ruivo e abraçando o corpo forte e incrivelmente definido dele, inalando o perfume suave e levemente amadeirado que se desprendia do mesmo.

— E como esquecer? Você brigou comigo por quase um mês por achar as alianças caras e extravagantes demais — Hoseok resmungou com um bico nos lábios fininhos, sentindo Jimin lhe acertar um soquinho fraco no peito.

— Eu ainda as acho caras demais, sabe que não gosto de ficar esbanjando o seu dinheiro, não sabe? — Perguntou levantando o rosto para encarar o mais velho, enquanto roubava um selinho do ruivo.

— Eu não me importo em gastar toda minha fortuna se for para te ver feliz, meu amor — Hoseok deixou um beijo no pescoço branquinho e cheiroso de seu saeng, enquanto andava vagarosamente até a cama de casal que havia no quarto.

— Você é um bobo, sabia disso? — Retrucou fechando os olhos ao sentir o mais velho lhe deitar na cama e cobri-lo com o seu corpo, enquanto distribuía beijos por toda extensão de seu torso e as mãos exploravam as curvas sinuosas de seu loirinho.

— Um bobo apaixonado, isso sim — Murmurou desabotoando a camisa clarinha — que por sinal era sua —, e mordendo de leve um de seus mamilos, arrancando um gemido manhoso do mais novo. — Agora que tal nós ensaiarmos a nossa lua de mel, hum? — Perguntou sugestivo, enquanto desabotoava a camisa do mais novo e adentrava a cueca clarinha de Jimin, massageando o membro que começava a dar indícios de excitação.

— A-acho que não seria uma má ideia...hum...Hobi… Tão gostoso — Gemeu sofrido ao sentir os dedos ágeis e habilidosos apertarem suavemente seu pênis.

— Hoje será eu quem vai lhe dar prazer baby… — Murmurou descendo vagarosamente até o membro rosado, lambendo o pré-gozo que já escorria de sua fenda. — Meu docinho sempre tão apressado, merece uma pun… — Fora interrompido pelo som estridente de um celular soar pelo recinto. Era o de Park.

— H-hobi, eu preciso atender, pode ser importante — Murmurou com a voz rouca ao sentir o ruivo sugar suas bolas

— Se fosse algo realmente importante, não estariam ligando às nove da noite — Hoseok murmurou enquanto terminava de tirar as calças do loiro, ao perceber que o aparelho havia parado de tocar — Vamos mochi, relaxe e… — Novamente foi interrompido pela música contagiante de Gee soar novamente pelo quarto. — Aish…— Bufou indignado ao ver seu pequeno se esticar até o criado mudo e atender o telefone.

— Então quer dizer que o meu filho irá se casar e eu sou o último a saber? É isso mesmo produção? — A voz de Baekhyun soou alta o suficiente para Hoseok parar o que estava fazendo e encarar o noivo que afastava o celular de sua orelha.

— Eu estou bem também appa, obrigado por perguntar — Jimin retrucou ao ouvir as vozes de seus irmãos e Chanyeol se silenciarem após uma bronca de Byun — Eu ia contar a todos vocês essa semana, mas tivemos alguns problemas na confeitaria e... acabei me esquecendo — soltou uma risadinha sem graça ao ouvir um bufar de seu pai na linha. — Me desculpe appa, prometo que isso não irá se repetir — Tentou se redimir, imaginando seu appa revirando os olhos em descrença — Aliás, como soube? — Perguntou interessado.

— As notícias correm meu filho, podemos morar em um fim de mundo, mas ainda temos meios de comunicação muito eficientes, caso não se lembre — Baekhyun retrucou de maneira irônica. — Filho desnaturado, carregamos essas criaturas durante nove meses, para depois de crescidos, deixarem um aparelho de televisão dar a notícia do próprio casamento, um absurdo! E você cala a boca Channie, não venha defendê-lo agora porque você é igualzinho, tudo farinha do mesmo saco! — Resmungou alterado, acertando um tapa estalado no braço do marido, que fora ouvido por Jimin e Hoseok, que ouviam a ligação por viva - voz. — Mas enfim, o motivo da minha ligação não foi a de ler um sermão por telefone, e sim fazer um convite. Na verdade, uma intimação. — Soltou de maneira firme e séria, deixando os ouvintes da outra linha um tanto apreensivos.

— E o que seria, appa-Byun? — Jimin perguntou curioso, já fazendo ideia do que era.

— Eu e seu pai conversamos, e queremos que venham passar alguns dias aqui em casa — Soltou de uma vez, esperando a resposta do filho, que olhou para Hoseok em um pedido mudo para irem, recebendo um aceno do ruivo em afirmação. — E não aceitamos não como resposta — Ditou sem dar brechas para negarem o convite.

— Nós iremos, senhor Park, amanhã ao final da tarde estaremos chegando — Hoseok respondeu antes de Jimin sequer abrir a boca. “Quanta ousadia desses dois” pensou cruzando os braços.

— Então espero por vocês amanhã à tarde, até amanhã genro! —Baekhyun respondeu dócil enquanto uma verdadeira algazarra se formava do outro lado da linha — E até amanhã, filho ingrato — Resmungou finalizando a ligação, sem deixar chances para o filho retrucar.

— Ele me chamou de ingrato, é isso mesmo?! — Jimin perguntou de forma retórica, encarando o celular incrédulo, enquanto Hoseok ria escandaloso e abraçava o noivo emburrado.

— Não fique assim meu anjo, você sabe que o Sr. Byun pode ser um pouco dramático quando quer, não é? — Perguntou afagando os fios platinados com carinho, rindo baixinho ao se lembrar das poucas vezes em que já ouvira pai e filho “brigando”. — Mas garanto que essa irritação toda irá pelos ares assim que tiver o caçula embaixo das suas asas novamente — Continuou, deixando um beijo na testa de Park. — Agora que tal nós retomarmos de onde paramos, hum? — Perguntou lhe acariciando a cintura enquanto apertava de leve a barriga macia, ouvindo o mais novo resmungar irritado.

— Nem vem que não tem, temos muito o que fazer antes de tirarmos essas férias na casa dos meus pais — Retrucou se desvencilhando dos braços do noivo e se levantando da cama, se arrependendo logo em seguida ao sentir uma leve tontura lhe atingir.

— Está tudo bem, Minie? — Hoseok perguntou preocupado ao notar Jimin se apoiar na cabeceira da cama, enquanto fechava os olhos e respirava vagarosamente.

— Está sim Hobi, eu só fiquei um pouco tonto ao me levantar rápido demais da cama, não é nada demais — O loirinho respondeu encarando o ruivo, que ainda lhe olhava desconfiado. — Agora saia daí e me ajude a arrumar as malas — Disse já se sentindo melhor do mal estar momentâneo e estapeando a nádega do mais velho, que gargalhou em resposta.

— Aish…tá legal, você venceu. Mas antes… — Puxou o outro para um beijo apaixonado, que foi prontamente correspondido pelo Park — Pronto, agora sim podemos ir — Disse jocoso.

[...]

Baekhyun tentava ler pela quinta vez o mesmo parágrafo de seu livro, já que seu digníssimo marido não estava colaborando para tal, pois o maior se mexia — ou melhor, revirava — na cama a cada segundo.

— Será que dá pra você parar?! — O mais velho exclamou esmurrando o marido, que resmungou dolorido e se virou de barriga para cima enquanto encarava o teto bufando, irritado. — O que tá acontecendo, posso saber? — Perguntou retirando os óculos de leitura e fechando o livro após marcar a página e os deixando em cima do criado mudo. — Conta pra mim o que está se passando nessa cabecinha — Disse se deitando ao lado do marido, repousando a cabeça no peitoral forte do mais novo.

— Eu ainda não consigo acreditar que o meu filhote, o meu bebê vai se casar com um almofadinha da cidade grande, que por sinal eu nem ao menos conheço — Disparou indignado, enquanto abraçava a cintura do castanho com um braço e tapava os olhos com o outro.

— Tenho certeza que o nosso mochi fez uma excelente escolha meu amor, Hoseok-ssi mostrou ser um homem honrado e responsável, que saberá amar e respeitar o nosso filho como nenhum outro foi capaz de fazer — Disse de maneira calma, enquanto fazia desenhos imaginários na camiseta branca do marido — E quando fui visitá-los em Seul você não quis vir comigo, então agora não reclame — Deixou um soquinho fraco na costela do mesmo, arrancando um resmungo dolorido de Channie.

— Você sabe que eu odeio ir pra capital, são pessoas demais, barulho demais, poluição demais, tudo isso faz mal para um homem do campo como eu — Retrucou com obviedade transbordando em cada palavra proferida — E além do mais, eu quero conhecê-lo de perto, no meu território, sob a minha constante vigília — Disse fechando as mão em punhos, ganhando um revirar de olhos do esposo.

— Tudo bem “Homem do Campo”, vamos dormir porque temos que acordar cedo amanhã — Baekhyun retrucou, se virando de costas para o maior e desligando o abajur.

— Hum… eu estava com outros planos pra nós essa noite noite… — Chanyeol murmurou baixinho no ouvido de Byun, enquanto enlaçava a cintura delgada com firmeza, arrancando um gemido manhoso do mesmo — O que você acha, hein?

— Você não presta Park Chanyeol…

[...]

— Hobi meu amor, eu juro que se você colocar mais uma mala nesse carro, a bagagem vai chegar primeiro que nós — Jimin resmungou em frente ao porta malas do carro, olhando horrorizado para as quatro malas do noivo, contra apenas uma de sua parte, sendo humildemente espremida pelas outras. — Amor, são apenas vinte dias e não vinte anos — Riu, enquanto colocava mais um salgadinho de polvo na boca. Eram horríveis, mas o loirinho havia acordado com uma súbita vontade de devorar um pacote inteiro deles, então, por que não?

— Eu sei disso anjo, mas temos que estar preparados para os mais diversos tipos de imprevistos — Hoseok respondeu enquanto descia devagar os poucos degraus que havia na entrada da grande casa em que moravam, trazendo consigo duas bolsas de viagem cheias, e uma necessaire do Kumamon que havia ganhado de Yoongi no último Natal — E se estiver frio? E se chover? E se...espera, você tá comendo meus salgadinhos de polvo? Você odeia salgadinhos de polvo — Murmurou estranhando o marido ao vê-lo comer aquilo com tanta vontade.

— Ahn...isso? Sei lá, me deu vontade — Respondeu simples, terminando de comer e se aproximando do ruivo, deixando um selinho de leve, enquanto sutilmente usurpava as malas da mão do noivo e se afastava do mesmo — Acho que já temos malas suficientes para um vida inteira dentro daquele carro, não queremos mais, não é? Vou no banheiro escovar os dentes e já desço para sairmos — Disse sumindo porta a dentro, deixando um Hoseok emburrado para trás.

[...]

— Ah, como é bom estar de volta — Jimin exclamou fechando os olhos ao sentir a brisa fresca bater em seu rosto de forma suave — Senti tanta falta daqui, e pelo visto nada mudou nesse meio tempo — Disse enquanto via as mesmas casinhas humildes e antigas que ladeavam a estrada em que passavam

A paisagem composta por grande parte pelas plantações de arroz e outros grãos e vegetais começavam a se mesclar com a pequena população na vila em que morava, dando a quem quisesse ver uma paisagem bonita e extremamente bucólica do pequeno distrito.

— Não sabia que Jeonju tivesse um território tão grande, realmente é um lugar bonito de se morar — Hoseok dizia admirado enquanto seguia as instruções do GPS — Estamos quase chegando.

Jimin suspirou satisfeito ao ver que estavam próximos da fazenda de seus pais, se arrumando no banco do passageiro, enquanto ajeitava as roupas. Estava ansioso para rever sua família, afinal passara tempo demais longe daqueles que amava.

Assim que o carro parou, tratou de soltar o cinto de segurança e abrir a porta do veículo, sendo recebido por um par de braços quentes e aconchegantes. Era seu appa Baek.

— Como eu senti saudades desse abraço, meu filho — Baekhyun murmurava contra os cabelos tingidos do filho, enquanto ouvia o mais novo fungar em seu pescoço.

— Eu também senti sua falta appa, muito mesmo — Jimin dizia enquanto deixava algumas lágrimas rolarem pelo rosto gordinho.

— Como assim o meu filho chega em casa e nem cumprimenta o restante da família? — Uma voz surgiu atrás de Baek, chamando a atenção do mais novo para Chanyeol, que se aproximava com os braços estendidos acolhendo o filho em um abraço caloroso.

Hoseok, que assistia a cena com um sorriso no rosto, sentiu ser observado por dois pares de olhos afiados que lhe encaravam de maneira analítica.

— Então é você é o tal Hoseok que tanto falam — Jongin disse enquanto observava de cima abaixo o ruivo que começava a se assustar com a encarada do outro.

— Deixe de ser inconveniente Nini, você está começando a assustar o Hobi — O Park ralhou com o irmão, deixando um tapa estalado na nuca do mesmo que resmungou dolorido. — Amor, estes são Jongin e Jongdae. Pessoal, esse é Jung Hoseok, meu noivo — apresentou com um sorriso de orelha a orelha enquanto abraçava o ruivo.

— Muito prazer, espero que me recebam bem — Reverenciou cordial, sendo prontamente retribuído pelos mais velhos.

— Seja bem vindo à família, Hoseok -ssi, espero que você goste da hospedagem e se sinta à vontade — Disse Jongdae solícito, enquanto Jongin apenas bufava ao ver o casal trocar um selinho e sair em direção à cozinha. — E você pode desamarrar essa tromba, Hoseok-ssi me parece um bom rapaz para o nosso Mochi. — Disse de maneira calma, de fato havia gostado do Jung.

— Pra mim esse almofadinha da cidade grande só vai provar que é ‘bão’ o suficiente pro nosso irmãozinho depois que mostrar pra ‘nóis’ que sabe lidar com a vida aqui no campo — Jongin resmungou rabugento, ganhando um revirar de olhos de Jongdae. — E vamos começar amanhã ‘memo’.

— Puff...só não judia do coitado ok? Senão ele nunca mais vai querer voltar aqui — O mais velho resmungou enquanto trocava a página de um livro qualquer que havia ali.

— Talvez essa seja a intenção… — Sussurrou maquiavélico, enquanto um sorriso maroto brincava nos lábios fartos.

— O que você disse?

— Ãhn? Nada não maninho, nada não…

[...]

O relógio marcava exatas 4:30 da manhã quando Hoseok despertou com batidas fortes e ritmadas na porta do quarto no qual dormia com Jimin.

— Acorda moço, que já ‘tamo’ em cima da hora de ordenhar a mimosa — A voz grave e imponente de Chanyeol soou através da madeira. — Já te deixei dormir tempo demais, veste uma roupa e nos encontre lá na cozinha, vê se não demora — Finalizou ao escutar um resmungo como resposta.

— Acho melhor você não deixar o papai esperar demais porque se bem o conheço é provável de ele vir te buscar a laço — Jimin disse entre um bocejo e outro, enquanto via o noivo colocar o travesseiro na cabeça em um sinal claro de desagrado.

— Mas porque vocês acordam tão cedo por aqui, hein? Não são nem seis da manhã e ele já está agindo como se já se passasse das 14:00 — Hobi resmungou enquanto se enrolava mais nos edredons macios e extremamente convidativos — E quem é mimosa? Eu não conheço ninguém com esse nome — Ditou ao tirar o rosto do travesseiro e encarar loirinho que ria das sandices do noivo.

— Amor, aqui na fazenda nós acordamos cedo para poder dar conta das tarefas que temos aqui, antes que o sol fique forte demais — Disse de maneira suave, enquanto acariciava os cabelos rubros do mais velho — Agora levanta, antes que o appa venha te buscar pelas orelhas, prometo que se obedecê-lo direitinho, mais tarde te faço uma massagem do jeitinho que você gosta, hum? — Falou massageando os ombros largos do Jung, ouvindo um grunhido satisfeito escapar pelos lábios bonitos.

— O que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando, hein? — Retrucou derrotado, enquanto deixava um beijo nos lábios macios. Tinha que admitir que aquele loirinho genioso o tinha na palma de sua mão, e faria o possível e o impossível para lhe ver feliz.

[...]

Após o café da manhã reforçado — preparado caprichosamente por Baekhyun —, Hoseok foi guiado até os fundos da pequena casa, se deparando com uma vasta área de plantio e pequenas áreas destinadas à criação de pequenos animais que haviam ali. O sol ainda não havia dado as caras, no entanto o ruivo podia ter uma ideia do quão bonito ficaria ali quando finalmente amanhecesse.

— Vamos começar com a ordenha das ‘vaca’ e depois vamos para o estábulo para cuidar dos cavalos — Chanyeol disse se aproximando do Jung junto de seus dois filhos mais velhos e lhe estendendo um chapéu de palha, fazendo o ruivo se perguntar se teria que colocar aquilo ou não. — Bota isso na cabeça, ou então o sol vai fritar seus miolos antes do meio-dia — Retrucou observando o genro lhe obedecer prontamente. — Agora vamos porque o dever nos chama.

— T-tem certeza que sou quem precisa fazer isso? — Hoseok gaguejou enquanto encarava as tetas cheias e rosadas da grande vaca preta e branca que estava  sua frente — Eu nunca fiz ìsso na minha vida — Continuou temeroso ao ouvir o bovino mugir, enquanto mascava um chumaço de capim fresco.

— Pra tudo tem uma primeira vez garoto, e além do mais a mimosa é um primor de vaquinha não dá ‘trabaio’ nenhum — Chanyeol respondeu casual, observando o genro cutucar uma das tetas do bichinho como se fosse algo de outro mundo. “Puff...essa gente da cidade são tudo estranho…” pensou segurando o riso. — Olha, é só você segurar a teta e apertar com cuidado, e puxar devagar… — Instruiu enquanto demonstrava para o Jung, que olhava tudo de maneira abismada, seu sogro realmente levava jeito. — O segredo é você não ficar nervoso, pois isso é transmitido pro bichinho — Dizia enquanto repetia o processo para encher o galão de alumínio — Pronto, agora que eu já te mostrei é a sua vez — Retrucou, abrindo espaço para que o ruivo se sentasse no banquinho. — Lembre-se do que eu disse, vá com calma e cuidado.

“Calma e cuidado”, Hoseok pensou respirando fundo com os olhos fechados, tentando aparentar a calma que ele não tinha no momento. Afinal, não seria tão difícil, seria?

[...]

— Quando vai contar pra ele? — A voz mansa de Baekhyun invadiu a pequena cozinha em que estavam, despertando o loirinho que cortava algumas cenouras para o almoço de forma distraída.

— Hum? Contar o que? — Perguntou tentando se lembrar de algo que teria esquecido, ganhando um revirar de olhos do pai. — Não me lembro de ter que contar nada ao Hobi por esses dias — Retrucou mastigando uma rodela de cenoura após polvilhar um pouco do açúcar que havia na pia.

— Ai minha deusa, pelo visto o tempo em que ficou na cidade te deixou mais lerdo do que de costume — Baekhyun bateu na própria testa enquanto se sentava na cadeira e puxava outra para o filho, o chamando em um gesto mudo para que o mesmo se sentasse de frente pra si. — Filho, você não tem notado nenhuma diferença física ou emocional em você nos últimos dias? — Perguntou segurando as mãos branquinhas e macias do filho.

Jimin encarou o pai de com uma expressão confusa, que rapidamente se tornou surpresa ao se lembrar de alguns fatos que fugiram do seu cotidiano. Os enjoos, as vertigens que tinha ao acordar ou quando se movimentava de maneira brusca, o sono e a fome constantemente presentes, o ganho de peso considerável que teve naquele último mês, não se devia apenas às constantes escapadinhas que fazia durante a madrugada… aqueles sintomas estavam tão claros para si, que Jimin quis se jogar de uma ponte por ter sido tão desatento aos sinais claros que seu corpo dava ao longo dos dias.

— Agora tudo faz sentido — Disse colocando as mãos na boca assustado, enquanto ganhava um abraço emocionado de seu appa.

— Ah meu filho, eu estou tão feliz por vocês — Baekhyun dizia com a voz embargada afagando os cabelos macios do filho — Mal posso esperar pra ver o rosto do meu netinho, imagina um garotinho com as orelhinhas do seu pai, ou então uma menininha parecida com você e o Hobi? — Dizia afagando o ventre ainda lisinho do Park. — Temos que começar a preparar o enxoval e o chá de bebê, porque o meu neto não vai ficar como veio ao mundo depois que nascer, não é? Ai o Heechul vai morrer de inveja quando eu falar pra ele que eu descobri primeiro que nós vamos ser avós, ah eu vou fazer questão de esfregar naquela cara cheia de botox essa notícia  — Tagarelava sem pausa, arrancando um sorriso cansado de Jimin que já imaginava a disputa que teria entre seu appa e seu sogro.

— É bebê, pelo visto você ainda nem nasceu e já está causando confusão na família — Murmurou acariciando a  própria barriga, voltando a cortar os legumes.

[...]

— Eu. Não. Aguento. Mais. AI! — Hoseok choramingou enquanto via o noivo retirar mais uma sanguessuga de suas costas — Definitivamente seus irmãos não vão com a minha car...AI! — Murmurou convicto, ouvindo a risada baixinha do Park em suas costas — Não ria Jimin, sabe o que eles fizeram comigo hoje? — Perguntou se virando parcialmente para encarar o mais novo — Eles me fizeram correr atrás de galinhas que se pareciam mais com carrinhos de Fórmula 1 do que realmente galinhas, me fizeram limpar o chiqueiro dos porcos com uma pazinha de cachorro, e o pior de todas as tarefas… — Disse de maneira sombria, assustando o loirinho que achava graça do relato de seu futuro marido — Mimosa… Aquela...aquela vaca demoníaca de olhos esbugalhados e bafo de capim seco — Retrucou com desdém enquanto estalava os próprios olhos para descrever o animal — Você acredita que na terceira tentativa de tirar o leite daquele bicho, ela deu um coice no meu baldinho? — Disse alterado levantando os braços em pura indignação — E detalhe: Ele estava CHEIO, CHEIO! Dá pra acreditar? E como se não bastasse, seus irmãos me levaram pra caçar rãs em um pântano cheio de lodo e lesmas sugadoras de sangue, AI! — Exclamou ao sentir uma fisgada atrás da orelha.

— Pronto, essa foi a última — Jimin disse enquanto acariciava a área machucada, e se levantava pra jogar fora o potinho com os parasitas, voltando a se sentar ao lado do ruivo e começando uma massagem nos ombros tensos do rapaz — Não fica assim Hobi, meus irmãos podem ser um pouco infantis na maior parte do tempo, mas eu sei que eles gostam de você, até porque se não fosse o caso eles não teriam te levado ao nosso pântano — Explicou pressionando em um ponto dolorido no mesmo, arrancando um gemido do Jung — Vai por mim, nenhum dos meus ex namorados chegaram a visitar este lugar, sinta-se honrado — Retrucou se lembrando do lugar onde passou momentos de pura descontração junto dos irmãos mais velhos, enquanto caçavam as famigeradas rãs. — Agora que estamos sozinhos, e você não está cheirando a estrume de vaca, podíamos continuar aquele assunto que deixamos pendente antes de virmos pra cá, não acha? — Sussurrou para o ruivo, mordendo o lóbulo de sua orelha devagar, ouvindo um gemido manhoso do mais velho.

— J-Jimin para com isso, seus pais estão no quarto ao lado, não podemos fazer essas coisas embaixo do nariz deles, é errado — Murmurou baixinho, enquanto se virava para o Park e o deitava na cama, plantando beijos no pescoço macio — O seu pai me mata se me ver fazendo essas coisas com o filhinho dele, eu não sei o que ele é capaz e fazer...

“ Ah mas não sabe mesmo…”

— Você ouviu isso? — Hoseok perguntou ao ouvir uma voz grave soar perto de si.

— Ahn? Não amor, não ouvi nada, às vezes é algum sapo coaxando lá fora, agora vem cá meu tigrão, vem — Puxou o outro para um beijo selvagem, fazendo o ruivo se esquecer da tal voz e começar a tirar a calça do pijama de Jimin rapidamente.

“ Se você continuar a fazer o que eu  estou pensando que está fazendo, pode ir dizendo adeus à esse amendoinzinho que você chama de pinto ”  E novamente a mesma voz soou pela parede atrás da cama. Se aquilo fosse realmente o barulho de um sapo, ele se parecia muito com a voz de seu sogro.

— A-amor, acho melhor a gente dormir, já está tarde, olha como tá escuro lá fora? — Disse nervoso, enquanto tentava se afastar do loirinho, soltando um bocejo forçado — Vamos dormir meu amor, por favor — Implorou se deitando ao lado do Park, ajeitando as cobertas em cima dos dois e se virando para o lado oposto do noivo, que lhe olhou sem entender nada.

— Eu hein? Que bicho mordeu ele? Acho que aquelas sanguessugas não fizeram bem pra ele — Disse bufando derrotado enquanto apagava as luzes e se deitava com um bico nos lábios, adormecendo logo em seguida.

“ Isso mesmo bom garoto, tenha uma boa noite...genro”, a voz soou novamente para o desespero do ruivo que fazia o Nome do Pai em sinal de medo.

[...]

— Até quando você vai ficar aí, hein? — Baekhyun disse sonolento, observando o marido com um copo de vidro encostado na parede, sussurrando em um pequeno orifício que havia ali. A situação seria cômica se não fosse tão patética. — Pare de aterrorizar o garoto, ele é nosso genro e futuro marido do nosso filho, não tem motivos pra tratá-los como se fossem dois adolescentes. — Resmungou, se deitando de lado ao ver o mais novo sair de perto da parede e se deitar ao seu lado.

— Eu te disse que ficaria de olho nesse franguinho, não disse? — Perguntou retórico — Pois então, minha casa, minhas regras — Disse teimoso, se deitando ao lado do Byun, lhe deixando um selinho nos lábios fininhos e se virando para o lado oposto.

— Como consegue ser tão teimoso? Espero que nosso neto não herde isso dele — Murmurou baixinho, enquanto abraçava o marido de forma carinhosa.

[...]

Os dias passaram mais rápido do que Jimin esperava, e para sua tristeza estavam curtindo a última noite na casa dos pais. Encarou a pequena caixa com estampas de ursinhos e ajeitou o grande laço vermelho que envolvia a mesma e sorriu satisfeito com o resultado. Há pouco mais de uma semana, após seu appa lhe levantar a suspeita de estar grávido, o Park havia ido ao único hospital do vilarejo para fazer o exame de sangue, onde foi confirmada a gestação de oito semanas completas. Acariciou o ventre ainda pouco aparente e guardou a caixa na gaveta do criado mudo. Seguiu em direção à cozinha, onde já conseguia ouvir as vozes de seu appa Byun e seu sogro que havia chegado junto do marido naquela manhã para participarem do jantar com a família Park família.

— Você acha mesmo que rapazes do EXO são melhores que o BTS? Você só pode tá de brincadeira comigo — Heechul dizia inconformado com o que Baekhyun havia lhe dito minutos antes.

— Eu não acho, eu tenho certeza — Baek retrucou enquanto arrumava a vasilha com Kimchi na mesa espaçosa. — Você já ouviu a voz daquele garoto, aquele que tem as orelhas iguais a do meu Channie? Aquele pedaço de mal caminho nasceu pra cantar — Disse com os olhos brilhando — Ah, se eu tivesse 20 anos e não fosse casado… — Murmurou sonhador, enquanto abraçava o pano de prato.

— Até parece que um garoto daquela idade se interessaria por um velho decrépito como você — Heechul deu de ombros de maneira displicente.

— Velho decrépito é a senhora sua avó, seu projeto de Barbie mal sucedida — Retrucou tentando avançar no moreno, sendo rapidamente impedido por Jimin que o segurou pelos braços.

— Que tal nós chamarmos os outros para jantarmos, hum? — Disse ainda contendo o pai que tentava avançar em seu sogro.

[...]

A mesa farta e a conversa animada preenchiam a sala de jantar, e Jimin achou que era o momento perfeito de revelar a novidade à família. Levantou-se discretamente, aproveitando que Hoseok travava uma disputa de queda de braço com o Jongin, e se dirigiu ao quarto, retornando ao cômodo rapidamente segurando a caixa de maneira ansiosa, e se sentando novamente em seu lugar. Respirou fundo pegando uma colher e a batendo na borda do copo de cristal disposto à sua frente, chamando a atenção de todos na mesa. Havia chegado a hora.

— Pessoal, um pouquinho da atenção de todos vocês por favor — Murmurou baixo, chamando a atenção de todos na mesa — Primeiramente eu gostaria de agradecer a todos que estão presentes aqui hoje, depois de tanto tempo a família finalmente está reunida e para mim já é motivo suficiente para estar feliz — Disse enquanto encarava o rosto de cada integrante sentados à mesa, buscando rapidamente a mão de seu noivo, a segurando de maneira firme — E é por isso que eu tenho algo para contar a todos, mas antes… — Respirou fundo, pegando a caixa em seu colo e deixando em cima da mesa em frente ao noivo, que lhe encarou em dúvida — É pra você amor, abra — Disse lhe encarando com expectativa.

Hoseok, que até o momento apenas observava Jimin discursar, se assustou ao ver a caixa enfeitada na sua frente. Encarou a caixa por alguns instantes, tentando se lembrar de alguma data importante para o casal, mas nada vinha à sua mente. Chacoalhou a cabeça e decidiu fazer o que Jimin havia lhe dito.

Desfez o laço vermelho vagarosamente, abrindo a caixa logo em seguida, e o que encontrou lhe deixou sem palavras por um momento. Pegou o pequeno par de sapatinhos brancos e os dois testes, nos quais constavam o resultado positivo em ambos.

— N-não me diga que você está…ai meu Deus  — Gaguejou encarando o noivo, que acenou em concordância.

— Sim meu amor, nós vamos ser papais — Disse com a voz embargada abraçando o mais velho, emocionado. E a partir de então foi uma verdadeira algazarra, já que logo o casal se viu rodeado pelos familiares que os abraçaram e os felicitaram pela chegada de mais um membro na família Park / Jung. Só uma pessoa ainda não havia mexido um músculo sequer após a surpresa. E esse alguém era Park Chanyeol.

O moreno ainda estava tentando digerir aquela enxurrada de informações em um espaço de tempo tão curto.

— Appa, está tudo bem? O senhor está pálido, sente-se bem? Não ficou feliz com a notícia? — Jimin perguntou temeroso da possível resposta do patriarca.

— O meu bebê, está grávido? — Perguntou de maneira vaga, com os olhos desfocados, preocupando os demais que estavam presentes — Eu vou ser, avô? Ah meu Deus… — Murmurou com a voz fraca, mas focando-se no filho que lhe encarava com os olhos marejados — I-isso é maravilhoso meu anjo, venha cá me dar um abraço — Disse  puxando o filho pra um abraço caloroso, fazendo todos respirarem aliviados ao notarem que o Park havia aceitado bem a novidade. — Estou muito orgulhoso de você meu filho, eu te amo — Murmurou contra os cabelos claros do outro, limpando rapidamente as lágrimas discretas que escorriam pelo rosto jovial, logo mudando a expressão ao encontrar o olhar de certo ruivo que observava a cena sorridente. — E de você também Hoseok, meus parabéns — Disse se soltando do filho e se dirigindo para perto do genro, de maneira sorrateira demais na visão de Hoseok.

— Obrigado sogro, eu prometo fazer o seu filho e neto as pessoas mais felizes de todo o mundo — Disse de maneira firme, enquanto apertava a mão direita do sogro, sentindo-o esmagar-lhe os dedos entre os seus, lhe fazendo engolir o grito de dor perante o ato.

— Assim espero Hoseok-ssi, assim espero. Agora dê um abraço no seu sogro pra selarmos de vez essa promessa — Disse com um sorriso quase psicótico, deixando o Jung levemente desesperado, que se aproximou vagarosamente lhe dando um abraço desajeitado. — Se você ousar ou ao menos pensar em magoar o meu garotinho, eu juro que te procuro até no inferno se for preciso e arranco isso que ‘ocê’ tem entre as pernas, estamos entendidos? — Sussurrou rente ao ouvido do mais novo, que sentiu seu precioso orifício trancar de tal forma que o próprio poderia afirmar com total certeza que nem um alfinete passaria por ele.

— Claro, sim senhor — Murmurou com a voz trêmula, respirando fundo ao se ver livre dos braços de Chanyeol

— Ótimo, agora que tal servimos a sobremesa, toda essa história de paternidade me deixou com fome de novo — Chanyeol disse como se nada tivesse acontecido minutos antes, deixando um Hoseok boquiaberto para trás.

— Bem-vindo à família Park, Hoseok-ssi — Jongin disse apertando o ombro do outro de maneira firme, enquanto se dirigia à mesa onde a conversa rolava solta novamente.

É... Pelo visto a sua jornada pela família Park estava apenas começando…