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História A Few Miles From The Sun - Catradora - Capítulo 1


Escrita por: naluoliveira

Notas do Autor


Rélouuuu
Mais Catradora sim pq melhor shipp
Primeiramente eu preciso agradecer a @InSanyU (o insta dela é sany_uchiha, ela é uma deusa) por fazer esse desenho MARAVILINDO PERFEITO da capa
Segundamente, alguns capítulos terão uma música, recomendo que ouçam a música e leiam junto :3
No caso deste primeiro capítulo, é The Sun, do Maroon 5. Vou deixar a tradução nas notas finais.
PLAYLIST DA FANFIC: https://open.spotify.com/playlist/6mjmhMJueFuaVhECzGVE5c?si=c8ad0ec913824c39
Acho que é isso, boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo 1


 Adora

Eu nem acreditava que tinha conseguido. Quer dizer, eu não faço conservatório de baixo à toa, mas eu não esperava que receberia uma resposta tão rápida. Exatamente 23 minutos depois que eu saí da sala de ensaio, recebi uma notificação no celular.

Bowlzinho
Bem-vinda a banda Prime, Adora! Eu n tô nem um pouco surpreso, mas...
VAMO TOCAR JUNTO CASSETA 

A alegria que senti me fez gritar um YES e fazer uma dancinha estranha no meio da calçada, quase batendo num senhor com meu baixo, que carregava nas costas. Mas ele nem pareceu notar, e eu estava eufórica demais para pedir desculpa.

Eu estava na banda!

Opa, espera. Será que eu fui escolhida por ser a melhorzinha entre os três que tinham feito o teste? Será que o Bow convenceu a guitarrista esquentadinha a me aceitar, só porque eu sou sua amiga? Ela não pareceu gostar de mim.

Quase passei a esquina que tinha que virar, enquanto esses pensamentos maldosos passavam pela minha cabeça.

Eu não precisava pegar transporte para ir para a Escola de Música, que era apenas algumas quadras de distância da minha casa.

Bom, se eu tinha sido aceita na banda, Catra gostou de mim. Certo?

Por que eu me preocupava tanto com a aprovação dela?

Antes do teste para ser baixista da Prime, eu tinha aula de teoria musical com ela, no primeiro semestre, porém não conversávamos. Foi assim que ela conheceu o Bow, mas não fizeram amizade logo de cara. Só depois ela o procurou e perguntou se ele queria formar uma banda. Ele nem precisou pensar, aceitou na hora.

Nas aulas, Catra não parecia muito feliz também. Assumi que ela apenas não tinha muito amor à vida mesmo, o problema não era comigo.

Chegando em casa, percebi que minha mãe, Mara, estava preparando o jantar.

– Oi, mãe! Cheguei.

Ela se virou para mim, sorrindo meio exageradamente e veio na minha direção.

– Oi filha! – disse, me dando um beijo na bochecha – E aí?! – perguntou, com um olhar significativo.

– Bom... – respondi, querendo fazer um mistério.

Ela olhou para mim com os olhos brilhando, enquanto peguei o celular para mostrar a mensagem de Bow. Leu rapidamente a mensagem e me abraçou um tanto apertado demais.

– Eu sabia! Sabia que você iria entrar na banda do Bow!

– Na verdade – interrompi – tá mais pra “Banda da menina de cara amarrada que não gosta de ninguém além de si mesma”, mas é, o Bow participou da decisão. – mamãe ergueu uma sobrancelha – só espero que eu tenha sido escolhida pelo talento musical e não pela amizade.

Ela me deu um tapinha de leve no braço.

– Deixa de ser boba, menina! Você toca bem demais!

– Mães não podem opinar – me virei antes que tomasse outro tapa – vou tomar um banho. Ah, que hora a mãe Hope chega?

– Provavelmente depois das dez. Jantaremos só nós duas hoje.

Minha mãe Hope trabalhava no hospital, médica respeitada desde antes de ser transferida. Por vezes, chegava em casa de madrugada. Estávamos acostumadas. Já mamãe Mara era contadora, o que fazia com que seus horários fossem mais “normais”.

Depois de tomar meu banho, vi uma notificação no celular:

Bowlzinho te adicionou ao grupo “A melhor banda da EAME”

Não pude deixar de rir quando vi o nome do grupo. EAME é como chamamos nosso conservatório, “Escola de Arte e Música Eternia”.

Logo em seguida, uma mensagem foi enviada no grupo. A foto de Catra apareceu, seus olhos heterocromáticos olhando diretamente para mim.

[Número desconhecido]
Hey, Adora! Bem vinda à banda mais modesta do mundo,
como pode ver pelo nome do grupo

Oi Catra! Valeu c: ctz que quem veio com o nome do grupo foi o Bow...

[Número desconhecido]
Oi, baixista! Espero que os dois anormais não tenham te assustado

Bowlzinho
Ah, ninguém que faz música é normal,Tara! Ela tá acostumada.
E sim, fui eu que criei o grupo, tão fácil de perceber?

Ainda rindo de Bow, adicionei as outras duas aos meus contatos. Ele me explicara que Huntara, a baterista, era mais velha, trinta e poucos anos e veterana de banda, trabalhava durante o dia na cozinha de um restaurante, e vivia em uma casa afastada, que era onde a banda ensaiava aos finais de semana, pela conveniência de não ter vizinhos que reclamariam do barulho. A única que não cantava era ela, eu e Bow faríamos backing vocal. Não era minha prioridade, mas eles insistiram que também precisavam de uma voz feminina no backing, assim daria para explorar arranjos vocais. Eu gosto muito de cantar, mas não gosto de aparecer. Bom, não iria reclamar, eu ainda ficaria perto da bateria, dando todo o destaque para Catra.

Aquela noite, jantei com minha mãe, conversei, contei todas as minhas preocupações para ela, que sempre me ouvia e me confortava.

Fui dormir com o coração em paz. Apesar da ansiedade e insegurança, estava feliz. Minha sexta feira tinha sido muito boa.

[...]

Durante a semana que se seguiu, os ensaios aconteceram aos finais de tarde, numa salinha livre da EAME. A Escola disponibilizava salas para que os alunos tivessem um lugar para treinar. Huntara só participava aos finais de semana, na sua folga, então ensaiamos apenas eu, Catra e Bow. Glimmer assistiu a todos os ensaios.

Ela e Bow eram meus amigos desde o ensino médio, quando me mudei para Chelsea. Eu não conhecia ninguém, tinha vindo do interior e a princípio, todos riam do meu sotaque. Menos Bow e Glimmer. Eles me acolheram e se tornaram os melhores amigos que eu poderia ter. Eu até dei um empurrãozinho para ajudá-los a perceberem que são almas gêmeas, e desde então, eles não se separaram. Glimmer com certeza estaria cansada depois de voltar de Harvard(sim, Glimmer é a segunda pessoa mais nerd que já conheci), mas jamais deixaria de assistir um ensaio nosso.

O ensaio de quarta foi um pouco mais intenso do que o do dia anterior. A exigência de Catra chegava a ser exaustiva, porém, eu a entendia. Na verdade, até concordava com ela.

Por vezes, me pegava encarando-a, enquanto anotava algo em sua cifra, ou explicava alguns arranjos vocais a Bow. E por vezes ela percebia, e eu desviava rapidamente o olhar. “Estou sendo ridícula”, pensava.

Mas também, como eu podia não olhar para ela? Usava um jeans rasgado bordô e uma regata cavada branca, com um top preto por baixo. Vestida como sempre, mas algo me fazia prestar atenção nela. Desde quando tínhamos aula juntas, eu a observava. Até contei para Bow e Glimmer sobre minha queda por ela, mas como nunca tive coragem de interagir com Catra, o assunto morreu. O assunto apenas, porque a queda havia triplicado e virado as Cataratas do Niágara.

Eu não falava muito durante os ensaios. Até Glimmer participava ativamente, dizendo se algo tinha ficado legal ou não. Eu apenas concordava com tudo, tocando como eles mandavam. Não gosto muito de improvisar, gosto de tudo planejado. E eu havia acabado de chegar, não iria agir como se mandasse em tudo.

Nós ensaiávamos com todos os instrumentos plugados e microfone, de frente uns para os outros. Glimmer se sentava ao lado de Bow. Esta não era a formação que faríamos em uma apresentação, claro. Catra ficaria à frente, Bow e eu mais ao centro e Huntara ao fundo. Mas nos ensaios na escola, era melhor estarmos nos vendo, se caso precisássemos, para combinar arranjos, como seria o andamento, tudo isso.

Enquanto passávamos uma música, fiquei olhando para Catra e como ela ficava em transe enquanto cantava e tocava sua guitarra, claramente se divertindo. Ela olhou para mim, e eu não desviei o olhar dessa vez. Ela sorriu de lado enquanto cantava, o que quase me fez errar um acorde.

“Meu Deus, espero que eu não tenha dado na cara”.

Catra pareceu não notar, continuando em seu transe. Olhei para Bow e ele parecia concentrado no teclado. Porém, quando olhei para Glimmer, ela me lançou um olhar malicioso.

“Não é possível”, pensei.

– Querem parar um pouco? – Catra perguntou, depois de uns quarenta e cinco minutos de ensaio.

– Acho bom – Bow respondeu.

Eu apenas assenti com um “uhum”.

– Beleza, já volto – Catra falou e saiu da sala.

Graças aos céus, Glimmer esperou ela se afastar para surtar.

– EU SABIA! SABIA QUE VOCÊ NÃO TINHA ESQUECIDO DELA!

– Pelo amor da deusa, se ela ouvir eu te mato!

Tive esperanças de que Bow não iria surtar, porém o que ele me disse foi muito pior.

– Adora, você não sabe disfarçar nada. Ela não precisa ouvir a Glimmer, acho que ela já sacou tudo.

Escondi o rosto nas mãos, enquanto o senti queimar. Eu só queria manter aquilo em segredo até meu cérebro entender que Catra provavelmente só convivia comigo por pura obrigação.

Quando Catra voltou, o ensaio seguiu de forma mais leve. Depois de mais meia hora mais ou menos, decidimos encerrar.

– Adora – Catra começou – você não faz ideia de como um baixo faz diferença. E claro, a baixista ajuda pra caralho também.

Senti meu rosto arder de novo.

– Obrigada – respondi com um sorriso tímido. Provavelmente eu já estava roxa. Não estava acostumada com elogios tão diretos assim, muito menos acompanhados de palavrões – bom, já vou indo. A mãe Hope vai jantar em casa hoje, não posso me atrasar.

– Quer carona? – perguntou Glimmer – eu vou levar o Bow e depois vou pra casa. Posso te deixar lá se quiser.

– Não obrigada, quero andar um pouco.

Eu não era tão formal assim em situações normais, mas a presença de Catra não fazia com que eu me comportasse normalmente.

– Você mora perto, Adora? A gente pode ir juntas – Catra disse, o que fez soar um sinal de perigo em minha cabeça.

– Sim, alguns quarteirões a leste.

– Vamo lá então.

– Tchau, meninas! – O tom que Glimmer usou só piorou a minha situação. Eu quis entrar dentro do meu baixo e ficar escondida lá até amanhecer.

A verdade era que Catra estava me tratando muito bem, eu não sabia por que me convenci de que ela não gostava de mim.

Nós seguimos pelo caminho em um silêncio constrangedor, como sempre acontecia com gente que não se conhecia bem. Fui eu que quebrei o gelo, por mais incrível que possa parecer.

– Você fez teoria musical semestre passado né?

Catra se surpreendeu com a minha pergunta, como se estivesse distraída.

– Ah... Aham. Eu lembro de você na aula.

Sorri.

– Também lembro de você. Eu lembro que no intervalo você sempre se encontrava com alguém.

– Sim, Double Trouble. Esse não é o nome delu, mas elu me mataria se eu contasse a alguém.

– Lembro de alguns meninos zoarem elu. E lembro que elu encarava tudo no deboche, e eu amava.

Catra riu. Sua voz rouca ficava ainda mais provocante rindo. Como era possível?

– É! – disse, e começou a rir –  Uma vez elu deu um puta chute no saco de um engomadinho na escola, e levou suspensão. Mas disse que valeu cada segundo.

Eu ri também, conseguindo facilmente imaginar a cena.

– Vocês já se conheciam então?

– Sim, estudávamos na mesma escola, eu, elu e...

Por algum motivo, Catra parou de falar.

– E?

– Ah, esquece. Não importa. Enfim, Double faz artes cênicas na EAME, então estar com elu é sempre um drama.

Resolvi reprimir a curiosidade sobre o que ela iria falar antes.

Conversamos um pouco mais até chegar em casa. Sinceramente, eu não queria acabar a conversa, mas precisava.

– Bom, chegamos. É aqui que eu fico.

Catra encarou minha casa por alguns segundos.

– Caraca, não sabia que você era riquinha.

Eu ri, provavelmente corando de novo.

– Ah, não nego que minha casa é maior do que eu acho necessário.

– Qualquer dia eu venho aqui tomar um chá, devo vestir um traje de gala ou algo assim?

Espera. Calma lá, parceiro. Ela tinha acabado de se convidar para ir na minha casa, e ainda debochando? Como eu queria ter um por cento da cara de pau dessa garota.

Não pude deixar de dar risada.

– Não, só precisa trazer ostras, caviar e uma fruta exótica de alguma parte remota do planeta.

Não entendi como fui capaz de formular uma resposta assim tão rápido. Rimos por alguns segundos. Então, aconteceu aquele momento em que o riso acaba e só resta um clima estranho, em que as pessoas ficam se encarando.  

– Tenho que entrar, Catra. Valeu pela companhia.

– De nada, princesa.

Eu não sei como não caí ali na frente dela no momento que ela se dirigiu a mim daquele jeito.

– Então tchau, gatinha – rebati, espantada com a minha própria audácia. Ela riu, mas não foi uma risada como antes. Foi uma coisa mais... tímida? Antes de se virar, ela acenou. Entrei em casa com um sorriso bobo. Acho que ela gostava de mim.

[...]

Na sexta à noite, iríamos ensaiar com Huntara. Seria mais curto que o usual, mais para ela conhecer a nova baixista e tentar fazer um barulhinho.

Glimmer me pegou em casa, Bow já estava no banco do passageiro e Catra, no banco traseiro. Eu quase gritei “Socorro!” para as minhas mães e pedi o carro emprestado, mas respirei fundo.

“Adora por favor, haja como adulta”.

Entrei no carro com um tímido “oi gente”.

– Hey, Adora – ouvi a voz rouca de Catra dizer. Respondi com um sorriso. Ela tinha sua guitarra no colo.

O percurso seguiu com algumas conversas casuais sobre a banda, o curso de Glimmer e Huntara.

Chegamos a uma propriedade pequena, porém aconchegante, numa zona afastada. Havia uma moto grande a qual eu não saberia dizer o modelo na frente da casa, e na frente dela, uma mulher musculosa e alta, com o cabelo platinado preso em um rabo de cavalo. Sem dúvida alguma, sua presença era marcante. Depois de pegarmos nossos instrumentos no porta-malas do carro, fomos em sua direção.

– Oi, pirralhos! – ela cumprimentou – bem vinda, Adora! Espero que esteja acostumada com o cheiro de mato.

Todos rimos com o comentário de Huntara. Ela me cumprimentou com um aperto de mão firme. A bateria dela já estava montada na garagem. Percebi duas caixas de som montadas em lugares estratégicos. Não eram exatamente um equipamento que se encontraria em uma casa, eram grandes.

Levamos um tempo para afinar os instrumentos e aquecer a voz.

– Bom – Bow disse, depois que todos estavam prontos. Glimmer, como sempre, sentou ao seu lado  – Acho que podemos começar com The Sun, o que acham?

Eu estava particularmente nervosa para esta música, porque em um trecho, eu teria que alcançar uma nota deveras alta para minha voz e morria de medo de desafinar.

– Beleza – Huntara disse.

– Bora – Catra concordou também.

Eu apenas balancei a cabeça e rezei.

– Lembrando – Catra começou – que na ponte, o Bow dobra pra baixo e Adora pra cima. – ela se referia ao arranjo vocal, o motivo do meu desespero. Assenti de novo, tentando não demonstrar nervosismo.

O arranjo da nossa versão era bem parecido com o arranjo do Maroon 5. Huntara começou com a bateria, dois compassos. Eu e os outros dois entramos em seguida, sincronizados. Catra fazia alguns floreios com a guitarra, e eles se encaixavam perfeitamente. Ela fazia tudo parecer muito simples.

Não consegui tirar os olhos dela enquanto cantava.

After school
Walking home
Fresh dirt under my fingernails
And I can smell hot asphalt
Cars screech to a halt to let me pass
And I cannot remember
What life was like through photographs
And trying to recreate images life gives us from our past

O transe dela parecia contagiar todo mundo, até nossa fã número 1 e espectadora. Catra não ficava parada, dançava ao ritmo da música, dobrando os joelhos de um jeito que podia parecer estranho, mas fazia sentido. Ela colocava expressão na voz, assim como em seu rosto. Parecia não controlar seu corpo, realmente como se estivesse hipnotizada.

And sometimes it's a sad song
But I cannot forget
Refuse to regret
So glad I met you and

Catra olhou para mim ao cantar “so glad I met you”, sorrindo de lado, como no primeiro ensaio, mas eu não me deixei abalar dessa vez. Meu cérebro inseguro e iludido não pôde deixar de pensar que tinha sido por alguma razão. Que ela gostou de me conhecer.

Take my breath away
Make every day
Worth all of the pain that I have gone through
And Mama I've been cryin'
'Cause things ain't how they used to be
She said, "The battle's almost won
And we're only several miles from the sun"  

O jeito como Catra e Bow alternavam entre si para tocar os trechos instrumentais era surreal. A sintonia deles na música era palpável, e eu creio que estava fazendo um trabalho bom com o baixo também. Tentava acompanhar os dois, da melhor maneira que podia. 

A segunda parte da música passou, assim como o refrão se seguiu. Estávamos mais perto do trecho que eu estava morrendo de medo de fazer. O baixo não era o problema. Era a voz. Tentei me acalmar. Eu, Catra e Bow entramos juntos na ponte da música, fazendo como combinado. Nossas vozes se misturaram, fazendo com que o arranjo vocal ficasse perto da perfeição.

The rhythm of her conversation
The perfection of her creation
The sex she slipped into my coffee 

Catra olhou e sorriu para mim de novo. “Se eu desafinar por causa dessa garota, eu juro que saio da banda e finjo que a última semana não aconteceu”.

The way she felt when she first saw me

Ao chegar neste trecho, que era o que eu mais temia, nossa vocalista apenas fechou os olhos, ouvindo atenciosamente a maravilhosa mistura de vozes que ocorria.

Hate to love and love to hate her
Like a broken record player

Estava chegando. O tão temido “on and on”.  

Back and forth and here and gone
And on and on and on and on  

– AÍ ADORA, ASSIM QUE SE FAZ PORRA! – Catra não entrou certinho do refrão só para me elogiar. Eu consegui alcançar aquela nota maldita sem desafinar. Glimmer também bateu palmas, sabia que eu estava com medo daquele trecho em particular.

O solo do final da música se seguiu com mais tranquilidade agora que a tormenta havia passado. Catra se aproximou de mim enquanto solava tranquila na guitarra, tentando fazer eu me soltar. Eu sorri e tentei fazer uns floreios também. Catra balançava a cabeça para cima e para baixo, e sua expressão era de quem estava aproveitando muito o som.

Quando a música acabou, foi como se tivéssemos despertado.

Huntara quebrou o eco remanescente de nossos instrumentos.

– Acertaram em escolher a loirinha, hein! Arrasou menina, e ainda canta ridiculamente bem.

– Verdade, Dorinha – Bow continuou – incrível, ficou perfeito.

Catra sorriu, sem precisar falar, depois de parar de cantar para me elogiar.

Eu senti meus ombros encolherem.

– Valeu, gente, mas não é pra tanto.

Fui respondida com protestos.

De repente, um barulho estridente assustou a todos. O celular de alguém tocava. Catra correu até sua mochila e atendeu.

– Alô? Sim sou eu.

Ela arregalou os olhos e começou a dar uns pulinhos e olhar para nós, tentando fazer com que fizéssemos leitura labial, sem sucesso.

– Ok – sua voz pareceu mais aguda, ela claramente não conseguia conter a agitação – beleza, no próximo sábado? Ok. Estaremos lá.

Ela desligou e ficou em silêncio, de costas para o resto de nós. Depois virou-se, já gritando.

– ERA O ORGANIZADOR DE EVENTOS DO BRIGHT MOON! ELE QUER QUE A GENTE TOQUE SÁBADO LÁ! E A GENTE VAI RECEBER PRA ISSO! CEIS TÃO ENTENDENDO?

Bright Moon era um barzinho que ficava no caminho entre Chelsea e Boston. Bastante gente ia lá. Eu me senti extasiada, surpresa e principalmente, com medo. Eu iria me apresentar, assim, do nada, com duas semanas de banda? Era informação demais para processar. Claro, os outros três já eram uma banda antes de mim, porém só tinham feito apresentações no conservatório mesmo. Eu sempre observava suas apresentações, e de repente eu estava lá, fazendo parte de tudo aquilo.

Todos comemoraram, exceto eu, que fiquei paralisada até Catra passar o braço pelos meu ombros.

– Eu sabia que não precisava pedir aprovação de vocês – Catra continuou – ok, a gente precisa ensaiar como se nossa vida dependesse disso.

[...]

E ensaiamos. Catra montou alguns horários malucos, e até Huntara tirou uma folga extra para ensaiar pelo menos uma vez conosco antes do dia fatídico chegar. Glimmer não assistira a todos os ensaios, pois os horários não batiam, ela tinha aula para assistir e trabalhos para fazer.

Catra levou a frase “como se nossa vida dependesse disso” a sério demais. Ela ficou exigente naquela semana, a ponto de me deixar assustada. Mas, bem, eu não tirava a razão dela.

Conforme os dias foram passando, eu ficava cada vez mais agitada e ansiosa. No ensaio de quinta, Catra estava espirrando.

– Awn, seu espirro é muito fofinho – Bow disse, em certo momento, fazendo com que ela quase voasse em seu pescoço.

Estávamos preocupados com o resfriado da nossa vocalista, mas ela dissera que não seria problema.

Praticamente não dormi a noite toda na véspera. Quando ouvi meu celular tocar, meus olhos se recusaram a abrir. A ligação persistiu até cair. ”Ótimo, posso dormir um pouco mais”. Só que logo em seguida, meu telefone tocou de novo.

Derrotada, levantei da cama e fui até onde ele estava carregando. Na tela, lia-se “Bowlzinho”

– Alô?

Ouvi um Bow preocupado do outro lado da linha.

– Adora... A Catra acordou sem voz.


Notas Finais


Espero que esteja tudo ok. Qualquer erro, me avisem porfa c:
Tradução de The Sun, como prometido:
Depois da escola
Andando pra casa
Terra fresca embaixo de minhas unhas
E eu posso sentir o cheiro do asfalto quente
Carros freiam bruscamente para me deixar passar
E eu não consigo lembrar
Como a vida era através de fotografias
Tentando recriar imagens que a vida nos dá do nosso passado
E às vezes esta é uma música triste
Mas eu não posso esquecer
Recuso a me arrepender
Tão feliz de ter te conhecido
Me deixa sem fôlego
Faz todo dia
Valer toda a dor que eu tenho
Atravessado
E, mamãe, eu tenho chorado
Porque as coisas não são como costumavam ser
Ela disse que a batalha está quase vencida
E que estamos à apenas algumas milhas do Sol
O ritmo de sua conversa
A perfeição de sua criação
O sexo que ela pôs no meu café
A maneira como ela se sentiu da primeira vez que me viu
Odeio amá-la e amo odiá-la
Como um toca-discos quebrado
Para trás e para frente, indo e voltando
E de novo, e de novo


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