Se alguém contasse que ela se juntaria a um time de heróis de terras e planetas diferentes, ela provavelmente iria gargalhar até sua barriga doer, porque assim como seu primo ela não era fã de uma equipe, de um time, pelo menos não depois de tudo o que havia passado. Ela ainda tinha marcas em seu corpo, em sua mente, os anos obscuros poderiam facilmente a levar para uma outra direção, e por pouco não se deixou ir… Agora ela estava ali, ouvindo uma história inacreditável por um ser que se nomeava “Monitor”, era difícil de levar a sério e para ser sincera, ela achava que nada daquilo era real. A cada palavra de Oliver, ela tentava não se irritar, “por que ele?”, se perguntava quando o Arqueiro tomava a frente. O Universo estava prestes a se destruir e mesmo assim ela não conseguia perdoar o que havia sido sua desavença com Oliver Queen.
— Não é uma grande fã? - perguntou Alex ao ver Kate revirar os olhos com a fala de Oliver.
— Só não acredito em seu propósito - retrucou dando de ombros para a mulher ao seu lado. Kate continuou a ouvir a explicação, ela não precisava disso, só precisava de um direcionamento para agir.
— Por mais que eu não goste de admitir, Oliver é um bom homem. Se não fosse não estaria fazendo isso.
— Olha ao redor, ruivinha - Kate apontou para o tanto de desconhecido naquele lugar - Estamos trabalhando com pessoas como Pirata Psíquico, se você tivesse ideia do que ele pode fazer tenho certeza de que não iria querer olhar para ele agora - sussurrou e Alex imediatamente desviou seu olhar do homem que usava uma máscara aterrorizante e de brilho irritante - Isso não torna Oliver um bom homem.
Kate se aproximou do grupo quando ouviu a reclamação vindo de alguns heróis, Alex não pôde deixar de repetir as palavras de Kate, a ruiva procurou o Arqueiro e o viu lado a lado com Monitor.
Kara e Clark seguraram dois heróis que tentaram agredir Monitor, a história do homem não era a mais convincente e os outros estavam começando a duvidar do propósito daquela reunião e caos.
— Eu testei vocês, admito! - Monitor elevou a voz novamente ganhando a atenção de todos - Eu os coloquei uns contra os outros - Supergirl lembrava bem daquele episódio - Eu fiz isso porque eu precisava saber quem poderia lutar, quem poderia ter alguma chance nessa batalha - Kara trocou olhares com Oliver e o homem permaneceu sério - O que está em jogo agora é maior do que qualquer noção de bem e mal - ele viu a mistura de heróis e aqueles que detestavam tal palavra - O destino da vida em si repousa em suas mãos e - Monitor parou de falar e fechou os olhos, a dor em sua cabeça o atingiu de forma inesperada - Por favor, vocês devem… devem… - Oliver tocou no ombro do homem, mas Monitor continuou de olhos fechados.
— Eu acredito nele - disse Pirata Psíquico em sua capa vermelha e máscara brilhante, quase como ouro - O Pirata Psíquico reconhece a verdadeira loucura quando se está diante dela.
Oliver se pôs na frente de Monitor, o Arqueiro olhou para o Pirata Psíquico e o desafiou a usar seus poderes contra ele, o curioso vilão apenas deu um passo para trás.
— Em cinco eras cruciais o Monitor plantou certos dispositivos poderosos o bastante para conter a maré de antimatéria que vem dizimando as Terras. Cinco eras que coincidem com a existência de heróis como vocês. Vocês devem protegê-los de nossos inimigos, depois devem acioná-los quando dermos a ordem - Oliver olhou para o time que recrutou - Monitor está enfraquecendo, isso significa que nosso inimigo está ganhando ainda mais força. Então eu preciso que me digam, vocês estão comigo?! - gritou para que todos ouvissem.
— Nós vamos ajudar, e em breve saberemos se tudo isso é verdade - disse Clark da Terra 90 falando por todos.
— Monitor… - Oliver olhou para o homem fraco.
Ele concordou e em um piscar de olhos uma luz de tamanha energia obrigou os heróis a fechar os olhos, no segundo seguinte mais da metade havia sumido. O esconderijo que antes abrigava os maiores nomes de suas Terras, agora estava quase vazio e os únicos rostos presentes eram os que se conheciam.
— Para onde eles foram? - perguntou Sara ficando no centro do lugar - ALGUÉM PODE ME RESPONDER?! - gritou para o vácuo.
— Quer saber? Isso aqui é uma farsa - Kate olhou para os que restaram, seus semelhantes - Olhem ao redor, isso não é sobre todos nós. O céu não está caindo, não houve nenhum problema na Terra 1 - Sara não sabia como pensar - Oliver está nos levando para um assunto pessoal.
— Por mais que eu odeie defender Oliver, dessa vez ele está certo - Black Siren, ou Laurel Lance da Terra 2, se desencostou de uma das colunas e se aproximou de Kate e Sara - Nos últimos meses ele simplesmente sumiu, ele deixou sua filha e esposa para ir nessa missão secreta. Eu não o conheço bem o bastante, mas sei de uma coisa, ele jamais deixaria Felicity e Mia, ele foi obrigado a fazer isso - afirmou lembrando de toda história.
Laurel olhou para os únicos que haviam ficado ali. Kara, Alex, Lena, Brainy, Dreamer, J’onn, Clark, Lois, Diggle, Sara, Mick, Ray, Clark e Lois da Terra 90, Anissa, Jefferson, Mon-El, Imra, Winn, Superman de um outro Reino, Kate e
— Oliver?! - dessa vez Kara quem deu um passo à frente ao ver que o amigo havia voltado a aparecer entre eles - O que está havendo?! Por que não nos levou?
Oliver observou seu pequeno grupo, o que ele se sentia mais confiante sobre todos, ali era o melhor time que ele já havia conseguido montar.
— Os outros heróis protegerão as torres que escondem os dispositivos, enquanto isso - o homem suspirou sentindo o peso de toda aquela missão - Nós temos um inimigo maior - Oliver olhou unicamente para Kara, era quase como um pedido ou uma desculpa - Eu
Uma brecha de energia foi aberta no centro da sala, dali saiu o inesperado. Killer Frost e Cisco tentaram segurar a mulher, mas ela foi mais rápida, Iris não se importava com quem estava ali, com a plateia feita para sua cena, ela simplesmente empurrou Oliver e o homem deu passos para trás, ele parecia assustado, Oliver nunca tinha visto Iris daquela forma, aos prantos, com raiva, com medo.
— Iris! - Killer Frost segurou a mulher pela cintura, mas ela se soltou do aperto frouxo da aliada.
— Isso tudo é por sua culpa! - gritou e voltou a empurrar Oliver.
Ali no canto entre os heróis Lena observava a cena da jornalista, ela imaginava que havia alguma perda envolvida já que Iris estava claramente descontrolada.
Oliver olhou para Cisco como se pedisse ajuda, o jovem se pôs entre a amiga e Oliver, seu semblante tentava acalmar a jornalista.
— Ele desapareceu! Barry… Barry sumiu, Oliver! E isso tudo é por sua causa! - gritou ao final, a tristeza em forma de lágrimas, Cisco a segurou diante de todos como se já não houvesse ninguém ali, e a direcionou para outro lugar.
Oliver buscou por uma explicação em Killer Frost, a mulher olhou para os convidados e voltou para Oliver.
— Monitor nos fez uma visitinha - começou - Barry tomou o fardo para si, ele disse que era sua obrigação, que só ele poderia fazer isso - Killer Frost viu Cisco caminhar para um outro lugar com Iris ainda ao seu lado - Então ele fez o que sabe fazer de melhor, ele correu…
— Barry! - repreendeu o Arqueiro entredentes.
— Tentamos rastreá-lo, mas seus comunicadores estão inalcançáveis. Isso foi há dois dias, Iris está apavorada… - todos prestavam atenção na fala da mulher - Iris acabou de perder a filha, se ela perder Barry também eu não sei o que ela faria.
— Eu acho que posso ajudar - os olhos de todos se voltaram para a única estranha daquele grupo, Lena.
Kara viu a forma tímida como Lena se aproximou de Oliver e Killer Frost, a loira temeu o que ela poderia dizer quando se referiu ao “ajudar”.
— Pelo o que entendi a frequência das Terras estão cada vez mais próximas, o que significa que em breve as Terras entrarão em colapso se atingirem a mesma frequência - Kara franziu o cenho, ela se perguntou se havia perdido aquela parte da explicação. Lena olhou para sua audiência como se eles esperassem por algo revolucionário - Imagino que Barry seja um velocista - Oliver e Frost concordaram.
— Claro! - disparou Brainy seguindo a linha de raciocínio de Lena, a CEO arqueou uma sobrancelha ao ouvir a interrupção e Brainy deu um passo para trás desistindo de continuar.
— Imagino que vocês monitoram cada missão, consequentemente a frequência que Barry pode alcançar - dessa vez Lena viu uma nova pessoa concordar, Killer Frost havia dado lugar a Caitlin - Só precisamos monitorar as reais frequências de todas as Terras ainda existentes, se Barry estiver em alguma delas com certeza conseguiremos ver uma alteração incomum no funcionamento de outros universos, então é onde o encontraremos.
Kara sorriu orgulhosa, ela não se importava se todos notariam seu sorriso bobo em meio ao caos.
— Wow - escapou de Anissa ao ouvir a mulher dar uma solução imediata.
— Só uma pergunta - Mon-El disparou trazendo a atenção para si - Como conseguiremos uma máquina capaz de monitorar frequência das Terras?
— Monitor! - disse Winn, Brainy e Lena ao mesmo tempo como se fosse óbvio.
— Aposto que há um lugar bem melhor do que esse, e se todos os heróis estão dispostos a correr o risco para salvar o Universo, o mínimo que Monitor pode fazer é nos dar recursos para salvar esse lugar - disse em uma perfeita solução, Lena estava tão presa a Oliver que não notou o quão orgulhosa Kara parecia estar - O que me diz?
— Você é boa - afirmou surpreso com a solução - Eu os lev - novamente Oliver foi interrompido, porém agora por alguém silencioso - Nyssa? - o Arqueiro correu assustado até a mulher.
Eles não se importaram com o pequeno surto de Oliver, começaram a conversar entre si como se estivessem apenas esperando o momento certo.
Lena observou a mulher que estava com Oliver, as duas trocaram olhares e Lena imediatamente engoliu a seco.
— Eu sou Caitlin, Caitlin Snow - Lena quebrou contato visual com Nyssa quando Caitlin sorriu para a mulher.
— Lena Luthor - cumprimentou com um aperto de mão - Sua amiga vai ficar bem? - perguntou ainda lembrando de como Iris estava.
— Barry é o melhor amigo e marido de Iris, eles acabaram de perder a filha, então isso está sendo mais do que ela pode aguentar - informou. Lena sentiu um embrulho no estômago ao se colocar no lugar da mulher - Sua ideia foi incrível, talvez seja a única que realmente vai nos dar alguma chance.
— Bom, eu não tenho superpoderes, mas sei como ajudar usando a ciência - respondeu com um sorriso.
Lena pediu licença e seguiu em direção ao seu grupo, Alex levantou a mão para fazer hi-five depois daquela brilhante ideia, mas Lena não entrou na animação da Diretora, foi quando Brainy não deixou a ruiva na mão e fez hi-five com sua superior.
Lena seguiu para um canto isolado daquele lugar, Kara a observou e sua primeira intenção foi de ir até a mulher, mas ela sabia que Lena precisava de um momento sozinha, talvez fosse muito para ela aguentar.
…
— O que faz aqui, Nyssa?! - sussurrou o Arqueiro, ele tentava se controlar, mas ver a mulher ali o fazia imaginar o pior.
— Você precisa voltar, Oliver - Nyssa viu a típica reação do homem, como se segurasse toda sua frustração em uma só expressão - Você não acha que sua esposa está participando de tudo isso? Ela entra naquele sótão e busca maneiras de trazer você de volta, ela acha que você irá voltar, mas nós dois sabemos que isso não vai acontecer, não é?
Oliver não respondeu, tudo o que ele menos precisava era ter notícias de sua família, era doloroso demais deixá-las.
— Eu disse para Felicity ficar longe de tudo isso.
— Ela precisa de você, e não da sua esperança. Então volte, pelo menos para uma despedida definitiva, para dizer que não adianta ela tentar porque você nunca vai voltar - Nyssa observou os chamativos olhos do Arqueiro - Ela tem seus olhos.
Oliver sabia o que Nyssa estava fazendo e estava dando certo, ele segurou toda sua dor como fez nos últimos meses.
— É o fim Oliver, até mesmo você merece um adeus.
Oliver olhou para sua equipe reduzida, ele ainda teria algumas horas antes de sua próxima batalha.
Nyssa encontrou uma velha conhecida no meio daqueles heróis desconhecidos, ela encontrou Sara. A loira a olhava e mesmo estando tão próximas, elas pareciam impedidas de se encontrar novamente, então apenas um sorriso foi trocado, era o que bastava.
O Arqueiro olhou para a companheira e concordou, os dois saíram lado a lado sem se despedir dos outros. Era melhor assim.
…
TERRA 38 - NATIONAL CITY
A cidade estava silenciosa demais e isso era estranho, mesmo com poucos meses naquela cidade Andrea poderia afirmar que National City estava longe de ser um sossego, porém naquela noite algo havia mudado, e o silêncio a perturbava profundamente.
Da varanda da CatCo ela se deixava repousar, fechou os olhos ao sentir o vento tocar seu rosto, ela podia ouvir qualquer barulho se colocasse total concentração.
De repente Andrea abriu os olhos em alerta, a mulher imediatamente virou-se e sua mão segurou o objeto que parou exatamente na altura de seus olhos, um segundo a mais e seria tarde demais. Andrea segurava a flecha com força, com tanta força que conseguiu quebrá-la ao meio usando apenas uma mão. A CEO jogou o resto daquela arma no chão e ali em seu escritório não havia ninguém, as luzes de todo o andar foram apagadas propositalmente, já não havia mais nenhum jornalista, era tarde demais.
— Você está ficando lenta, Andrea - Granny Goodness. A senhora se aproximou e percebeu a fúria naquela expressão - A flecha poderia ter atravessado e parado em seu olho.
— Da próxima vez você pode usar um “olá” como cumprimento - retrucou ainda chateada.
A mulher gargalhou fraco e se juntou a Andrea na varanda, ela olhou a cidade, as luzes artificiais, ela havia se acostumado à elas.
— Onde Lena está? - ela havia perdido o sorriso e a cobrança veio como um alerta - Você me prometeu que ela se juntaria a nós, mas até agora o que vejo é sua falha.
— Eu não posso obrigá-la, preciso me fazer presente - explicou odiando aquela bronca - Ela acha que eu a salvei naquela coletiva, então acredito que podemos começar algo. Não é fácil ganhar a confiança de um Luthor.
— Eve foi excelente ao fazer isso com Lex - retrucou tentando derrubar Andrea ao mostrar suas falhas - Eu fiz você Andrea, a tornei em quem você é hoje, mas se você já não for aquilo que eu preciso que você seja, então eu não terei outra opção além de deixá-la ir - Andrea não podia acreditar no que estava ouvindo - Você foi minha primeira, seria uma lástima ter que sacrificar tudo aquilo que você se tornou.
— Eu nunca falho, e não será agora que irei começar a fazer isso - a resposta foi tão convincente que fez Granny sorrir.
— Supergirl não está entre nós, libere a primeira demanda. Vamos ver como essa cidade reage ao que temos a oferecer - ordenou e antes que pudesse sumir novamente, Andrea segurou o pulso da mulher, a pressão ali com certeza iria deixar marcas.
— Tente me acertar novamente pelas costas e eu juro que a próxima flecha que você e seus guardas verão será a que eu enfiarei em seus olhos - a ameaça veio com um soltar de mãos, Granny não sorriu, não dessa vez - Saia do meu escritório - ordenou como se estivesse no controle de tudo.
Granny obedeceu, olhou uma última vez para o petulante mulher e seguiu pela escuridão ainda naquele andar.
A mulher havia escolhido o pior dia para confrontar Andrea, a CEO não estava em seu melhor estado para receber broncas ou provocações, ela tinha algo mais importante para se preocupar, ou alguém.
…
TERRA 1 - STAR CITY
A luta ainda não havia começado, mas os conhecidos heróis já estavam derrotados, espalhados por aquele esconderijo onde Oliver havia os colocado eles se perguntavam quais papéis iriam desempenhar. Eles imaginavam que iriam lutar por suas vidas no momento em que se reunissem, mas a Terra 1 ainda estava intacta, nada parecia ter realmente mudado ali.
Parecia um cenário de batalha perdida, onde agora apenas estavam de luto pela perda.
— Alex Danvers - cumprimentou Alex estendendo sua mão para a mulher desconhecida, era a única na qual a Diretora ainda não sabia sobre.
— Anissa Pierce - respondeu com um sorriso e aperto de mão.
Alex sentou ao lado de Anissa naqueles pequenos degraus do centro do antigo esconderijo do Time Arrow.
— Então, qual o seu super poder? - Alex estava curiosa, ou na verdade só esperando encontrar alguém como ela, sem um super alguma coisa.
Anissa gargalhou fraco.
— Garota, se eu mostrar meu super poder você vai voar para longe - explicou olhando para a ruiva, Alex pareceu surpresa e Anissa sorriu com a expressão da mulher - Mas e você? De qual time pertence? Porque aparentemente todos aqui tem um grupinho.
— Super - apontou para Kara que conversava com Jefferson e J’onn em algum lugar daquele refúgio - Terra 38.
— Eu sou a única que realmente achou que só havia uma terra? - Anissa ainda estava tentando se acostumar com toda aquela história - Quando Oliver apareceu minha mãe ficou tentada a fazer exames neurológicos nele - explicou ao lembrar como o jovem invadiu o jantar de família - Até ele nos mostrar o que estava acontecendo no universo, então meu pai e eu embarcamos nessa loucura.
Alex pôde perceber que Anissa não estava feliz em está ali, a mulher parecia sempre distante com um pensamento em outro lugar.
— Por que vieram?
Anissa suspirou ao sentir a conhecida pontada em seu peito.
— Essa é uma luta por todos aqueles que amamos, se não houver um universo então não haverá alguém para quem voltar ou um lugar para retornar. Por mais que a vida de todos esteja em risco, aposto que cada um dessa sala está lutando por assuntos pessoais, por aqueles que amam. Então foi por isso que viemos, temos muito a perder.
Alex concordou, ela conseguia entender o que sua nova conhecida estava querendo dizer e Anissa estava certa, aquela não era uma luta pelo o Universo e sim por aqueles que faziam parte da família de cada herói.
Kate se aproximou das duas mulheres e sentou ao lado de Anissa, deixando a heroína de Freeland entre ela e Alex. Kate entregou duas garrafas de cerveja para as novas colegas e as três brindaram.
— Onde encontrou isso? - perguntou Alex logo tomando o primeiro gole acompanhando Anissa.
— No lixo - explicou dando de ombros.
Anissa e Alex cuspiram todo o líquido e olharam para Kate, a mulher deu de ombros e voltou a tomar a bebida.
— Relaxa, estavam lacradas, eu pedi a Elsa ali e ela deu uma esfriada - disse apontando para Caitlin que havia se tornado Killer Frost só para ajudar Kate - Está ótima - Kate voltou a beber já não se importando com alguma validade.
— Cerveja! - exclamou Sara. A loira tomou a bebida da mão de Alex e bebeu metade do líquido ali - Está ótima - disse matando sua sede, a Lenda se encaixou ao lado de Alex e suspirou - Alguém mais está achando que o fato de estarmos aqui sem fazer nada significa que algo muito pior está nos esperando? - Sara entregou a cerveja, mas Alex não aceitou.
— Vocês parecem ter experiência nesse tipo de encontro, então o quão difícil foi da última vez? - indagou Anissa esperando a resposta de alguém.
— Lutamos contra aliens - respondeu Sara.
— Versões nazistas de super heróis - explicou Alex lembrando de sua participação.
— Um louco tentando reescrever a história da pior forma possível - disse Kate por fim.
— Ok… - Anissa não esperava que os encontros fossem tão distante de tudo o que ela viu em Freeland - É só uma Crise com uma ameaça ao Universo, o pior que pode acontecer é morrermos.
— Ou vermos aqueles que amamos morrer - apontou Kate deixando tudo pior.
As três mulheres olharam para a residente de Gotham, Kate não estava ajudando nas expectativas.
— O quê? Alguém precisa ser realista aqui - defendeu-se não entendendo a expressão das novas amigas.
— Não podemos falhar - a seriedade se estabeleceu em Sara, o que era curioso - Eu já fui para diversos lugares, diversos tempos, passado, presente, futuro - Anissa franziu o cenho, Sara não viu a surpresa no rosto da médica e a curiosidade que ela tinha em saber sobre aquela última frase - Eu e minha equipe já mudamos a história mais vezes do que posso recordar, e eu tentei repetir isso… Tentamos ir para o futuro e impedir essa Crise, mas ela é inevitável. Então se falharmos no presente, não haverá uma outra chance.
O silêncio se tornou o novo membro daquele quarteto, as palavras de Sara pesaram mais do que elas imaginavam, eles tinha apenas uma chance de selar de uma vez por todas o futuro.
— Eu tenho que dizer que vocês são as piores pessoas para se está em um momento como esse - explicou Anissa olhando de Sara para Kate - Eu preciso de alguém que diga que tudo ficará bem, alguém otimista o bastante para me fazer acreditar - a reclamação fez as outras sorrirem.
— Eu conheço alguém assim - afirmou Alex.
— Por favor, quem? - perguntou esperando que a otimista do grupo se aproximasse.
Kate, Sara e Alex apontaram para a mesma pessoa.
Kara.
…
Nia estava entre os dois garotos, ela não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas era no mínimo estranho a forma como eles se encaravam. A sonhadora viu Winn semicerrar os olhos e Brainy repetir o ato como um espelho.
— Eu perdi alguma coisa? - perguntou Nia olhando de Winn para Brainy.
— Ele tomou meu lugar! - disseram ao mesmo tempo um apontando para o outro deixando Nia em um cruzamento de dedos.
— Isso é o que vocês costumam dizer ser uma piada? - perguntou Brainy ao ouvir Winn repetir suas palavras - Meu intelecto é além do que você jamais irá alcançar, e não falo isso como ofensa, então certamente você nunca poderia tomar meu lugar assim como ninguém seria capaz disso - explicou o garoto orgulhoso de si, seu peito inflado e queixo erguido. Nia franziu o cenho com aquela resposta e atitude.
— Pois saiba que nada no século 31 me surpreende - Nia abriu a boca em espanto ao ouvir que o garoto era do futuro - Imra, Mon-El e eu somos o time dos sonhos. Arrisco dizer que é a melhor versão da Legião de Heróis.
Nia viu o exato momento em que uma veia pulsou na testa de Brainy, ele estava estressado.
— Ok, já chega - a sonhadora se pôs completamente entre os dois impedindo que algo acontecesse, Brainy tentou pular para ver Winn por cima do ombro de Nia, mas a mulher o guardava como uma protetora - Estamos em uma situação muito pior aqui, vocês são dois gênios, então podem por favor usar essa qualidade para descobrir algo que possa ajudar a todos nós? - pediu olhando para Winn.
O jovem não sabia ao certo quem era aquela garota, mas certamente ela havia chamado sua atenção.
— Will? - pediu Nia.
— Winn - corrigiu e concordou - Ok, mas só porque estamos em crise e afinal, precisamos de alguém com o meu cérebro - explicou cruzando os braços - E porque eu gostei de você - ao falar isso Nia corou, mas não se deixou seguir com o pensamento - E para sua informação, eu sou o melhor amigo de Alex Danvers e isso nunca vai mudar!
Winn seguiu para sua turma do futuro, Nia virou-se para encontrar Brainy ainda seguindo Winn com o olhar, ele havia esquecido o quão irritante o garoto poderia ser.
— Ele nunca poderia tomar meu lugar - insistiu ainda irritado, Nia sorriu com aquela versão adorável do gênio.
— Claro que não, ninguém poderia fazer isso - disse apenas para acalmar o ego do garoto.
— Obrigado - agradeceu perdendo o breve estresse.
Nia gargalhou porque talvez aquele seria o único momento em que poderia fazer isso.
…
Ray olhava para o homem que mais parecia uma estátua, o único que já permanecia em seu uniforme, um diferente do que o de Superman, mas similar o bastante. Toda vez que o imponente homem o olhava, Ray desviava sua atenção não querendo ser pego. A Lenda queria saber o que havia naquele homem que o lembrava alguém, então não conseguia parar de observá-lo.
— O engomadinho de cera é a sua cara - a voz grossa de Mick assustou Ray, o homem viu Mick com um pedaço de sanduíche e se perguntou onde raios ele havia encontrado aquilo - Eu achei que você não tinha irmãos.
— Eu não tenho - retrucou confuso.
— Então sua mãe tem muito o que explicar - disse apontando para Superman do Reino do Amanhã - É você em uma versão mais interessante.
— O quê? - Ray sorriu desconsertado - O cara não tem nada a ver comigo - disse não vendo semelhança alguma entre ele e aquela versão de Superman.
Clark e Lois da Terra 90 passaram pelo calado Superman, ele ainda não havia dito uma palavra ou buscado conhecer os outros heróis, permanecia parado e mantendo seus pensamentos para si.
— Ele está vivo? - sussurrou Lois quando passaram pelo o homem - Ele só fica parado, encarando, minha aposta é que ele é uma bomba e que a qualquer momento vai explodir com todos nós, e eu vou olhar para você antes de morrer e dizer “eu te disse”. Não podemos confiar em uma versão de Oliver que não se parece com o nosso - Lois ainda insistia em sua desconfiança.
Clark olhou descrente para sua esposa, Lois era ótima em histórias e naquela ali ela sabia exatamente o que criar.
— Lois, acho que já temos o bastante para acreditar em Oliver - afirmou confiando na palavra do Arqueiro - O que me incomoda é estarmos aqui enquanto outras Terras precisam de nós.
Os dois pararam na centro onde Felicity costumava usar seus computadores para ajudar o Time Arrow, os dois se encostaram na mesa e observaram os heróis restantes.
— Exatamente - afirmou a sagaz jornalista - Eu não sei o poder dos outros, mas temos aqui quatro poderosos kryptonianos e Oliver está guardando vocês em um porão.
Clark suspirou, Lois conseguia mostrar seu ponto, era no mínimo estranho eles estarem ali. O homem de aço voltou a observar o time, ele encontrou Kara. Clark ainda não conseguia acreditar que havia encontrado outra versão de sua prima, poderia parecer estranho, mas era como se ele a conhecesse há um longo tempo, era como se aquela Kara realmente pudesse manter o mesmo sentimento em Clark, ou talvez o homem só sentia falta de sua prima.
Lois sabia que aquele peso ainda estava em seu marido, ela esteve com ele o tempo inteiro, esteve com ele no pior momento, na pior cena que poderia acontecer à ele. Depois da batalha contra um dos muitos inimigos, Clark não foi rápido o bastante, então não teve nenhuma outra opção a não ser segurar o corpo de sua prima em seus braços e gritar com tudo o que tinha, aquele trauma nunca deixaria o eterno garoto de Smallville.
Clark sorriu ao ver Kara.
— Ela não é nossa Kara - a voz calma de Lois trouxe Clark de volta para ela - Você não deve nada à ela, Clark.
— Do que está falando?
Lois conhecia aquele homem melhor do que ele imaginava.
— Algo me diz que em breve sentiremos o peso dessa batalha. Você em uma guerra com uma versão de sua prima? Eu sei que você não pensaria duas vezes em se sacrificar se isso significasse salvá-la - Clark não respondeu e foi o que Lois imaginou que iria acontecer - Eu só peço que lute ao lado de Kara, e não por ela. Ela tem seu próprio primo para fazer esse tipo de sacrifício - Lois não iria deixar Clark se sacrificar por um peso que ainda carregava - Eu sei que você ainda carrega essa dor, Smallville, mas você tem que entender que não foi sua culpa, nada do que aconteceu foi.
— Eu não deveria ter deixado ela se colocar na minha frente…
— É de Kara que estamos falando - Lois olhou para a garota no meio dos heróis, ela não sabia se aquela versão era algo parecido com a sua - Ela sempre se colocaria na frente do perigo para proteger aqueles que ela ama - Lois viu o exato momento em que Kara olhou para Lena, os olhares se cruzando de uma ponta a outra. A jornalista não sabia ao certo, mas isso a fez sorrir - Ela morreu fazendo isso. Kara não iria querer que você se sentisse culpado por uma decisão que ela tomou.
Clark olhou para sua esposa, ele tinha sorte de tê-la ao seu lado em todos os momentos, ele não saberia se seria capaz de seguir em frente se Lois não estivesse ao seu lado, ele não sabia no que poderia se tornar se algum dia perdesse àquela que o fazia se sentir humano.
…
Era esquisito para Mon-El, ele ainda conseguia lembrar de quando deixou National City de vez… Ele não imaginava que voltaria a encontrar Kara, ainda mais com tantas mudanças, não era apenas na aparência, aquela versão ao seu lado conversando amigavelmente com Imra era uma na qual ele não achava que um dia iria conhecer.
— O quê?! - os olhos de Kara se arregalaram - Dinossauros?! - era como olhar para uma criança animada com algo que nunca teve, Imra sorriu com a expressão da amiga.
— No século 31. Logo entendemos que algo estava muito errado - lembrou Imra - Foi quando Winn conseguiu decifrar o motivo, a energia de antimatéria estava aos poucos destruindo a história, o passado, então as realidades se misturaram causando um caos. Ainda não entendo como a Terra 1 e a 38 ainda não sofreram com a antimatéria - aquilo estava deixando Imra confusa e curiosa.
— Precisamos acabar com isso antes que chegue até nossas Terras - Kara se perguntou o que estava acontecendo em sua Terra - Espero que Oliver tenha um bom plano para essa guerra, porque precisamos trazer Barry de volta, não podemos fazer isso sem ele.
— Lena teve uma ótima ideia, há uma boa chance de conseguirmos trazê-lo de volta - respondeu Imra, Kara se perdeu por alguns segundos ao ouvir o nome de Lena - Me surpreendi ao vê-la aqui, isso significa que ela já sabe sobre você?
— Sim, e isso é algo que ainda estamos trabalhando - Imra notou o repentino tom triste de Kara, ela imaginou que a revelação não havia sido do jeito que a loira esperava - Mas isso não importa agora, temos problemas maiores.
Imra viu Winn chamar por ela, a garota do futuro olhou para a repórter com um pedido.
— Com licença - pediu e seguiu para o amigo.
Kara olhou para o velho conhecido, ele não havia mudado em nada, na verdade estava como havia o encontrado pela primeira vez, sem barba e sem a tensão no semblante.
— Você mudou - comentou sendo a primeira fala direcionada à Kara - Eu gostei do cabelo.
— Você está certo - Kara estava feliz por já não sentir nada em relação ao garoto, era algo que havia se livrado há um bom tempo - Eu mudei e você não imagina o quanto - Kara sorriu e descansou sua mão no ombro do conhecido - Eventualmente precisamos crescer, espero que tenha acontecido o mesmo com você.
Kara seguiu para onde seu primo estava, ela não queria manter uma conversa com Mon-El onde desse oportunidade para ele trazer seu passado de volta, ela esperava que não houvesse aquele tipo de drama porque já não iria aguentar. Mon-El observou Kara ir, ele sabia que ambos estavam em diferentes lugares e nada iria voltar a ser como antes.
…
Diggle mantinha sua pose conhecida, os braços cruzados, o olhar sério.
Ele viu Oliver sumir por meses, viu o amigo voltar diversas vezes entre a vida e a morte, Diggle realmente achou que em uma dessas voltas Oliver não iria aguentar, mas aquele homem era determinado o bastante para cumprir sua missão até o final, o fiel amigo se perguntava qual seria o custo de terminar aquela batalha, o que iria sobrar para Oliver.
Laurel permanecia preocupada, não por Oliver, mas por sua amiga que estava escondida no meio de lugar algum tentando salvar a vida do marido, mesmo ele mesmo já tendo desistido. Laurel o odiava por isso, odiava Oliver por ele ter abandonado Felicity e Mia, por ter abandonado a família que tanto precisava dele, ela o odiava por ter aquilo que ela nunca poderia ter e abrir mão disso.
— Para um time de heróis parecemos derrotados - comentou Cisco ficando ao lado dos colegas de Star City. Ele estava acompanhado de sua fiel amiga.
— Como Iris está? - Diggle saiu de sua batalha com os pensamentos para dar atenção aos amigos.
— Como você acha? - apesar de Caitlin está ali, Killer Frost tomou conta da resposta em uma voz mais confiante.
Laurel se assustou, mas não demonstrou isso.
— Monitor nos visitou em Central City - explicou Cisco - Descobrimos que Flash desaparecia na Crise, não tivemos tempo o bastante para decifrar como impedir isso - Cisco ainda sentia a chateação por não saber daquilo, do que os amigos esconderam sobre o futuro - Não estou dizendo que é culpa da Nora, mas isso afetou a linha do tempo, a Crise veio antes do que era para ser.
— Monitor fez Barry ir ao futuro, o fez viajar pelo o tempo então ele viu tudo. Viu cada destruição, morte, ele viu o fim - Caitlin sentiu sua pele arrepiar ao lembrar como seu amigo havia ficado - Eu nunca vi Barry daquela forma, ele não nos contou o que acontecia, mas podemos imaginar o pior cenário.
— Foi quando ele correu - a tristeza em Cisco fez Laurel perceber o quão grave era a situação dos moradores de Central City - Barry nunca sumiria sem se despedir de Iris, mas foi o que aconteceu… Ele simplesmente nos deixou. Isso é diferente, o que iremos enfrentar ou o que já estamos enfrentando é pior do que qualquer outro inimigo. Nós começamos com perdas, o que acha que vai restar ao final?
As palavras de Cisco fizeram Laurel engolir a seco, ela não era de se assustar com algo ou alguém, mas a declaração de Cisco a fez imaginar o que realmente restaria.
…
Kara sentou entre seu casal favorito, Lois descansou sua cabeça contra o braço da amiga e a garota de aço só queria poder tirar todo aquele sofrimento que o casal estava sentindo ao perder o filho.
— Você acha que Lena é capaz de encontrar Jon também? - perguntou Lois com uma ponta de esperança, Kara olhou para seu primo, mas Clark não sabia como responder - Eu sei que ele ainda está vivo por aí, vagando pelo espaço ou em outro planeta, eu sinto que ele ainda está aqui, eu só preciso saber onde.
— Uma coisa que aceitei é que Lena é capaz de fazer coisas extraordinárias - explicou não sabendo se era certo despejar suas esperanças sobre algo como aquele assunto - Se Jon estiver vivo iremos encontrá-lo, tenho certeza de que Lena não se importaria em ajudar.
Lois saiu de seu descanso e sorriu para a amiga, era disso que ela precisava, de sua esperança restaurada, ela sabia que seria pedir demais de Clark já que o homem também estava passando pelo mesmo trauma.
— Então, você e Lena… - Clark tentava não focar em sua dor maior, ele precisava ouvir sobre sua prima que tanto sentiu falta.
— Ela sabe - afirmou. Lois notou como a simples sentença foi dolorosa para Kara - Infelizmente eu não fui aquela que contou, então isso nos colocou em uma posição onde eu pareci uma traidora. Ela ainda está magoada, mas isso não a impediu de lutar ao meu lado - Kara conteve seu sorriso.
— Isso diz muito sobre o tipo de pessoa que ela é - comentou Lois sabendo que os Luthor tinha sua fama, mas não demorou muito para saber que Lena era diferente.
— Está sendo difícil, eu não paro de pensar que eu poderia ter evitado esse drama.
— Kara, você não tem culpa sobre seu próprio segredo - Clark entendia o lado de sua prima porque ele passou pelo mesmo processo - Você decide quando e para quem contar, é uma parte nossa que pode não ser aceita por todo mundo.
— Esse é o problema, Kal - Kara olhou para o primo - Lena não é todo mundo, e eu iria contar, eu queria contar… Eu deveria ter feito isso.
Lois mordeu sua língua porque sabia que provavelmente Kara não queria ouvir o que teria para falar, pelo menos não da forma como resumidamente imaginou, então tentou refazer seu pensamento.
— Minha situação foi parecida com a de Lena - dessa vez a atenção de Kara repousou na amiga - Quando eu descobri sobre Clark eu pensei em diversos motivos para ele está escondendo algo tão importante de mim, sua namorada e maior companheira de Superman - Lois piscou para o homem e ele apenas concordou - Nos separamos por um tempo porque eu achei que esse tempo todo ele estava me fazendo de idiota, assumindo duas identidades e mantendo segredo da pessoa que ele dizia tanto amar.
— Foram os dois meses mais dolorosos - comentou Clark ao lembrar do rompimento que tiveram.
— Até que eu entendi algo - Kara esperava uma solução - Eu o amava, eu amava aquele caipira de Smallville, e por isso doía tanto, doía saber que eu estava colocando todo meu sentimento em alguém que não conseguia confiar em mim. Então em uma das noites incansáveis no Planeta Diário, o jornal foi atacado, eu fiquei seriamente ferida e Superman chegou a tempo para me salvar, se ele não tivesse aparecido eu teria colidido com o chão após despencar de um prédio altíssimo - Clark voltou a sentir o medo daquele dia - Superman me segurou em seus braços e ali eu pude ver o medo em seus olhos, eu pude ver que aquele era o seu maior temor.
— Perder Lois - afirmou completando aquela história.
— Levou um tempo, mas eu percebi que o motivo de Clark manter seu segredo era porque ele temia me perder no momento em que eu soubesse da verdade. Não era porque ele não confiava em mim.
— Eu tinha medo de no momento em que Lois soubesse sobre mim o perigo iria encontrá-la, assim como aconteceu com todos os outros que entraram em minha vida e souberam da verdade - Martha e Jonathan Kent - Mas eu estava errado - o sorriso do homem poderia iluminar todo local - Lois saber sobre quem eu realmente sou, me tornou mais forte, me fez acreditar que há um propósito maior.
— Então não se preocupe, Kara - Lois repousou sua mão na coxa da mulher - Eventualmente Lena vai ser capaz de perceber o que acontece com ela, assim como eu percebi o que acontecia comigo. Ela vai entender o quanto você se importa - dessa vez foi Lois quem depositou esperanças na garota de aço, e com aquilo Kara conseguiu sorrir.
Lois viu Kara correr em direção a Winn e Brainy, eles pareciam discutir por algo. A jornalista voltou a se aproximar de seu herói e dessa vez descansou sua cabeça no ombro de Clark.
— Eu sei que você é geralmente lento para entender certas coisas, mas me diga que percebeu - pediu Lois ainda observando Kara agora se juntar a outros colegas.
Clark sorriu com a implicância nada sutil, mas mesmo assim concordou.
— É uma história familiar - comentou sabendo do que a mulher estava se referindo - Só me prometa não interferir em nada, elas precisam se dar conta sozinhas.
— Eu não sei do que está falando, Smallville - Clark sabia que Lois não iria ouvir seu conselho e iria agir da forma como quisesse, essa era uma das coisas que o fazia se apaixonar ainda mais por ela.
…
Lena estava distante de todos, ela se sentia melhor assim, ali no canto do esconderijo longe dos heróis ela se deixava pensar.
A CEO segurava o broche com símbolo que Supergirl carregava, Lena se perguntou como aquilo havia parado em sua blusa, provavelmente Kara havia encontrado uma forma rápida de o colocar ali quando voaram juntas, Lena não jogou fora ou confrontou Kara sobre aquilo, ela iria guardar, não iria precisar, mas iria guardar consigo.
Lena respirou fundo e fechou os olhos por alguns instantes, ela sabia que em uma crise como aquela está ali parada com um grupo de heróis nunca era algo bom, ela estava esperando o momento em que tudo iria desmoronar. Lena abriu os olhos e viu a tímida mulher se aproximar, os olhos avermelhados de tanto chorar, a tristeza em seu semblante que se agarrava ao desespero, ela sentou ao lado da CEO e Lena não sabia ao certo o que dizer.
— Eu sinto muito - sua voz saiu tão frágil quanto a mulher que recebeu o comentário.
— Não sinta - retrucou ainda com a voz embargada - Caitlin me falou do plano, você foi a única que realmente encontrou uma saída quando ninguém conseguiu fazer isso. Então obrigada.
Lena não respondeu.
Iris olhou para o broche que Lena segurava, ela sorriu por algum motivo.
— Time Supergirl? - questionou sabendo que Lena nunca havia participado de nenhuma reunião entre os heróis.
— Eu não sei se posso dizer isso - a CEO guardou o broche no bolso de seu terno - A propósito, eu sou Lena.
— Iris - a jornalista cumprimentou a CEO com um aperto de mão e um sorriso fraco - Bem-vinda ao clube.
— É sempre assim? - Lena ainda conseguia lembrar dos inúmeros heróis que se foram e os que ainda restaram ali.
— Não, dessa vez há mais rostos desconhecidos - Iris ainda não conhecia boa parte daquele grupo - Barry, Oliver e Kara sempre estão a frente e juntos. Dessa vez tudo mudou - Barry em algum lugar do universo, Oliver distante de todos como um estranho e Kara sem saber o que fazer. Iris enxugou suas lágrimas e respirou fundo se recompondo - Geralmente Barry é quem começa tudo - Iris conseguiu sorrir com as lembranças engraçadas que vinham depois do caos - Oliver é sempre o mais sério de todos, o realista e talvez até pessimista, então é aí que entra Kara - Iris poderia não ser a melhor amiga da garota de aço, mas nos últimos encontros ela conseguiu saber exatamente o tipo de pessoa que ela era, por isso Barry cuidava tanto daquela amizade - Ela é o coração da equipe, Kara faz com que todos tenham esperança e ponham a cabeça no lugar, e é assim que eles ganham a batalha. Então de uma forma engraçada os três funcionam perfeitamente, eu já não sei como eles vão enfrentar isso separados - explicou temendo como tudo aquilo poderia acabar.
Lena já deveria imaginar o papel que Kara exercia naquela equipe, ela poderia imaginar o quanto a garota de aço estava sofrendo com toda a situação, com o que iria acontecer e com o que já estava acontecendo.
— Kara é exatamente assim - ela não se atrevia a olhar para Iris, mas a jornalista mantinha sua total atenção na CEO - Ela é a esperança que todos precisam.
— Então eu estava certa - ela sabia que Lena era do Super time - Você está com Kara…
Sempre.
Não era uma pergunta, então Lena não se atreveu a responder em voz alta. A CEO olhou para a nova colega, ela imaginava o quão doloroso deveria ser saber que alguém no qual tanto amava estava desaparecido, estava longe de seu lar, ela sabia que Iris estava longe de ficar bem e aquilo a fez perceber que talvez a forma mais dolorosa de encarar aquela batalha seria entrar com uma perda.
— Eu irei fazer o que estiver ao meu alcance para trazer seu marido de volta - Lena iria usar tudo o que sabia, o que poderia criar, ela iria encontrar Barry - Você o verá novamente - ela sabia que não poderia prometer isso, mas estava certa do que poderia fazer.
Iris sorriu, depois de dias em angústia, aquele era o primeiro momento em que ela realmente conseguiu ter um pouco de esperança, de acreditar que Barry poderia voltar, que ela poderia vê-lo novamente.
Lena viu algo estranho se formar ao lado de Iris, uma espécie de sombra que se aproximava lentamente, ela sabia que nada parecido com aquilo poderia ser bom.
— Iris? Temos que s
Antes que Lena pudesse terminar seu alerta a sombra se duplicou, aquela imagem foi capaz de arremessar Lena e Iris contra o painel de controle. Os heróis ouviram o barulho e viram as mulheres ao chão, então as sombras se multiplicaram como um exército impossível de conter, os heróis se juntaram formando uma linha lado a lado…
Lena ajudou Iris a levantar e sair dali.
As sombras estavam por todo lugar, no teto, no chão, nas colunas, ninguém fisicamente ali, apenas sombras e elas poderiam fazer um estrago maior.
Kara olhou para seu primo e com um único balançar de cabeça ela iniciou aquela batalha.
Eles lutaram.
— SUA ESQUERDA! - alertou Sara para Anissa.
A heroína de Freeland tentou acertar a sombra, mas tudo o que conseguiu foi se desequilibrar, seu punho atravessou o nada quanda a sombra desapareceu. Quando reapareceu atrás de si, Anissa sentiu o soco em suas costas a jogar para o chão, a mulher levantou apesar da dor, ela respirou fundo, segurou seu fôlego e abriu seus braços.
— ANISSA NÃO! - gritou Jefferson.
Mas foi tarde demais, Anissa juntou suas mãos em um poderoso bater único de palma, com isso todos os heróis foram jogados para o chão, exceto os que voavam. As sombras sumiram por um momento enquanto os heróis estavam ao chão, a heroína pareceu culpada ao ver o que havia acontecido, ela esperava atacar apenas as sombras.
A luta não parou por muito tempo, os heróis enfrentavam aqueles seres, mas era sempre em vão, porque as sombras eram incansáveis. Kara conseguiu acertar seu inimigo, mas não adiantava em nada, o ataque que recebeu a jogou contra J’onn e os dois caíram sobre Mon-El.
— Lena! - gritou Alex quando a CEO tentou acertar uma das sombras com um bastão de ferro, mas acabou acertando as pernas de Kate que lutava ao seu lado, o ataque de Lena levou a residente de Gotham ao chão.
Kate pareceu não se importar e pulou do local apenas para abraçar Lena quando uma das sombras seguiu para atacar a CEO, as duas voltaram a cair, mas Kate impediu que a mulher da Terra 38 sentisse o ataque maior.
— ESSA LUTA É EM VÃO - gritou Kate ainda sentindo a dor em suas costas e pernas. A mulher olhou para Lena ao seu lado - Fique no chão, talvez passe despercebida - aconselhou e voltou a seguir para aquela briga perdida.
Lois da Terra 90 pulou sobre as costas de Clark e acertou a sombra com seu próprio corpo, antes que Lois pudesse cair Clark correu para segurá-la.
— Não podemos vencer - afirmou já percebendo que era uma perda de tempo, apenas eles estavam sendo feridos, as sombras não.
As luzes começaram a piscar, então o escuro total tomou conta do lugar, tudo o que se poderia ouvir era as respirações aceleradas e a falta de fôlego em cada herói, era exaustivo lutar com alguém incansável.
Ninguém se atreveu a falar nada, Kara ouvia cada batimento desesperado, ela ouvia tudo e tentou ser guiada por algo, mas era impossível quando não havia nada para seguir. Então finalmente escutaram… Havia gritos, a tentativa de revidar, o chamado por socorro, os palavrões, as vozes conhecidas.
De repente a claridade voltou a se fazer e quando isso aconteceu Supergirl caiu de joelhos, seu olhar mostrava medo, ela não podia acreditar, todos os heróis ao chão até mesmo seu primo. Alguns com sangramento no rosto, no corpo, os olhos de Kara procuraram por Alex, por Lena, ela viu a CEO ajudar Alex a se levantar… a Diretora não parecia ferida, mas segurava sua barriga como se algo doesse.
Kara viu a sombra atrás de Lena, sem pensar duas vezes seus olhos se tornaram outros e no segundo seguinte os raios vermelhos miraram na sombra atrás da CEO, Lena se abaixou com Alex enquanto Kara deixava toda sua frustração sair com aquele ato.
— Kara! - Lois segurou Kara e a loira foi perdendo a intensidade de seu poder - Está tudo bem - disse a mulher com um leve ferimento na testa - Kara… - implorou. Ela tinha experiência em momentos como aquele, ela só esperava conseguir conter a amiga.
A kryptoniana parou com o pedido.
Aos poucos os heróis voltaram a ficar em pé, exaustos, feridos, e sem saber o que fazer se as sombras retorn-
— Não, não, não. De novo não! - exclamou Winn ao ver as luzes piscarem mais uma vez.
— Luz! - foi a ideia de Laurel.
Lena concordou com a ideia da mulher ferida.
— As sombras não podem aparecer se a luminosidade for total - a solução de Lena era a maior arma.
— Eu acho que posso fazer algo assim, fechem os olhos - pediu Jefferson.
Assim que os heróis viram os raios saindo das pontas dos dedos do homem, obedeceram. Jefferson ergueu as mãos e os raios de luz iluminaram o local, ninguém era capaz de aguentar aquela luminosidade, não quando de repente a intensidade poderia cegar qualquer ser.
Mesmo de olhos fechados aquela ação incomodava.
— Jefferson, pare! Não podemos suportar! - reclamou Diggle para seja lá onde o homem estivesse.
— Eu já não estou fazendo isso! - gritou Jefferson sabendo que aquela ação não era sua.
A luz veio com um barulho ensurdecedor, todos pareceram apagar no mesmo instante.
…
SATÉLITE DO MONITOR - EM ALGUM LUGAR NO UNIVERSO
Lena foi a primeira a levantar do chão, a mulher não tinha ideia de onde estava, mas era absolutamente magnífico. As inúmeras máquinas, monitores, torres dentro daquele lugar, um ponto luminoso voava próximo ao teto, a figura estava tão iluminada que era impossível saber quem era. Aos poucos os heróis voltaram a se erguer, Kara se aproximou e ficou ao lado de Lena, todos olharam para aquele ponto luminoso que salvou a vida de todos, ou pelo menos evitou uma nova batalha. Eles tinham tantas perguntas que a cada novo acontecimento elas se multiplicavam.
— Pessoal? - chamou Nia ao observar o que dava para ver daquela espécie, enorme, de janela. Dali ela conseguia ver o que havia lá fora - Estamos no espaço - disse para si ao ver o vácuo daquela imensidão, ela conseguia ver outros planetas bem próximos de si, ela não conseguia olhar para nada mais.
A peça luminosa foi descendo lentamente, ao finalmente tocar no chão daquele lugar sua luz se foi, mostrando seu verdadeiro rosto. O homem que estava ao fundo não conseguia acreditar, Diggle passou pelos heróis e se aproximou para ter certeza de quem se tratava.
— Lyla? - Diggle já não conseguia suportar novas informações.
— John… - cumprimentou. Lyla conseguia ver a decepção no olhar alheio, ela sabia o que havia feito, a história que criou desde o começo com um propósito maior.
— O que isso significa? O que… - Diggle já não ligava para os outros ali, a sua frente estava sua esposa, a mulher que lutou ao seu lado em guerras, a mulher com quem partilhou a sua vida inteira.
— Eu sinto muito, John - havia algum sentimento no olhar da mulher, porém nenhum arrependimento - Essa era minha missão.
Diggle tentou se aproximar, mas foi Laurel quem segurou o braço do homem. Ela sabia que aquele não era o momento para lavar roupa suja, mesmo ao descobrir que a única pessoa que ele achou conhecer, era apenas uma mentira.
— Kelly deveria ter se juntado a nós - sussurrou Nia para Alex que estava ao seu lado, todos observavam aquela situação de Diggle.
Alex olhou para a jovem sonhadora em questionamento, o que Kelly iria fazer ali?
— Você sabe - Nia deu de ombros - Se é o fim do universo nós poderíamos usar isso para esclarecer algumas coisas, fazer uma sessão de terapia talvez, porque pelo que estou vendo todo mundo aqui vai precisar de uma - explicou ao perceber o novo drama envolvendo aqueles dois a frente.
— Kelly é uma psicóloga, e não um padre para abençoar a todos antes da morte - retrucou não se deixando pensar muito sobre a namorada, ela não precisava se preocupar com o que pudesse está acontecendo em National City.
— Isso é muito maior do que nós dois, John. Eu fiz o que deveria ser feito.
— Me usar? Não, eu não acho que você deveria ter feito isso - Diggle soltou-se de Laurel e caminhou para longe.
— Eu não usei você, eu o preparei para o que finalmente você está destinado a se tornar - explicou causando ainda mais curiosidade em todos, mas não para John. Lyla respirou fundo e voltou para o time que ainda a observava - Como alguns de vocês já me conhecem, eu sou Lyla - ela encontrou o time Flash e viu a desconfiança em cada olhar - Eu sou Precursora.
— Eu lembro de você - finalmente o homem se pronunciou. Superman do Reino do Amanhã olhou para a mulher, ele havia perdido tudo, havia perdido a todos, era notável a sede por justiça - Você disse que eu era indispensável, mas tudo o que noto é que minhas habilidades estão sendo desperdiçadas aqui.
Sara girou os olhos com a arrogância do homem, ela odiava egos daquele tamanho.
— Vocês, cada um de vocês - Precursora olhou para aqueles em que ela recrutou, que Oliver recrutou, o time A - Vocês são importantes, e o papel que exercerão pode salvar o universo. Por isso a missão de vocês vai além de lutar o caos que cada Terra está vivenciando neste momento.
Kara se perguntou o que estava acontecendo em National City, Metropolis, em sua Terra.
— E que missão é essa? - questionou Jefferson também já não aguentando tanto mistério.
— Ele se chama Antimonitor…
…
ALGUM LUGAR DO UNIVERSO - PLANETA DESCONHECIDO
Escuridão.
A escuridão do universo era fascinante, o silêncio era seu conforto, ali de seu próprio universo ele conseguia imaginar as piores atrocidades acontecendo por sua causa. Ele sentia a energia aumentando sua força, a cada Terra destruída sua capacidade aumentava ainda mais, ele poderia sentir seu irmão se enfraquecendo, porque a verdade era que eles eram opostos criados de um mesmo átomo, então enquanto Antimonitor sentia sua energia triunfar, Monitor sentia o peso de ter suas energias sugadas sem que ele pudesse fazer nada, sua única esperança era impedir o mal de todos.
— Encontre Flash - ordenou Antimonitor para o ser cômico.
Pirata Psíquico ouvia a voz, porém não conseguia ver a imagem de seu grande mestre. O homem de tamanho poder para mudar qualquer pensamento e intenção alheia continuou parado como se não tivesse escutado a ordem.
— Quando eu terei o que você me prometeu?! Você disse que eu teria todas as emoções daqueles que morreram nas Terras! Você disse que eu seria poderoso o bastante, eu preciso das emoções!
Em um piscar de olhos o Pirata Psíquico perdeu seu rosto, seu nariz, boca, olhos, ele estava sem absolutamente nada, ele havia perdido tudo e dentro de si queria gritar, ele sentia sua angústia se fazendo presente a ponto de querer tirar a própria vida naquele momento.
— Não se engane Pirata, da mesma forma que eu posso dar tudo o que você quer, eu posso fazer com que você sofra sem piedade como aqueles insolentes.
Antimonitor devolveu o rosto alheio, o vilão caiu de joelhos e tocou cada parte do que havia perdido antes.
— Encontre Flash!
Pirata Psíquico que estava jogando nos dois times concordou, voltou a pôr sua máscara e sumiu daquele lugar sombrio onde não conseguia ver absolutamente nada.
— Acabou, irmão. Não há salvação. Você sentirá a traição vindo.
…
SATÉLITE DO MONITOR - EM ALGUM LUGAR NO UNIVERSO
Monitor estava em uma das salas daquele satélite, o homem estava em uma espécie de poltrona flutuante, ali ele rondava aquela esfera onde abrigava um ser misterioso, a bolha que servia como um novo lar tinha tubos e mais tubos, era quase como uma experiência sendo analisada com todo cuidado.
— Extraordinário - Monitor estava espantando, a poltrona flutuante rondou toda a esfera que abrigava o jovem - A cada dia você se desenvolve ainda mais, em um pequeno intervalo de dias você foi da infância... - Monitor sabia o que aquele ser deveria causar - Para adolescência.
Monitor havia encontrado aquela cápsula flutuando pelo espaço, quando o trouxe para seu satélite ele descobriu o que achava ser impossível, aquela criatura havia sobrevivido a um impacto de antimateria, ele foi exposto a uma quantidade violenta de energia positiva e negativa, ele havia sobrevivido ao impossível, então Monitor entendeu que aquela poderia ser a arma que Antimonitor jamais esperaria chegar. Aquele jovem seria uma peça indispensável para a queda de seu irmão.
Jonathan Lane Kent, a criança que havia cruzado Terras e parado no meio do espaço havia se tornado alguém essencial para aquela batalha, por ter sido exposto a antimateria e absorvido parte dela, Jon já não era apenas o kryptoniano que repetiria a história de seu pai, ele seria aquele que faria sua própria história.
Monitor viu o garoto abrir os olhos e o encarar sem medo alguém, mas também sem arrogância.
— Não tema.
— O que eu sou? - Jon olhou ao redor, nada parecia familiar, ele não sabia o que era familiar.
— Olhe para si mesmo, menino. Você é uma anomalia. Matéria positiva e negativa existindo em uma única forma, uma impossibilidade. Você conecta está dimensão ao universo que ameaça todos nós, você é o que nos conecta ao Universo Antimatéria.
— Monitor? - o homem não olhou para trás pra saber que se tratava de sua fiel companheira - A Terra 90...
— Eu posso sentir - afirmou sabendo que havia perdido mais uma Terra - Ele está ficando cada mais poderoso, se ele conseguir a Terra 38 e a 1… Se ele conseguir isso ninguém será capaz de detê-lo, mas ainda há uma chance - Monitor não revelou sua última chance - Deixe-me sozinho, Precursora - ordenou e Lyla obedeceu.
— Traição - disse Jon ainda preso a esfera - Eu sinto traição.
— Eu sei, garoto. Eu previ há muito tempo, cada um tem seu papel e o meu foi escrito apenas até este momento.
A poltrona flutuante se estabeleceu próximos aos monitores, ele sentia sua força indo embora, mas ele confiava que aqueles em seu satélite poderiam impedir que a Terra 38 e 1 sucumbissem, eles precisavam evitar isso de acontecer.
…
Já ciente do que iriam enfrentar, os heróis confiaram mais uma vez. O momento em que eles lutariam seria decisivo, então deveriam esperar pelo momento certo.
Todos já estavam em seu uniforme, apenas esperando o chamado. Supergirl se aproximou da mulher em pé observando a imensidão do universo, Lena olhou para a nova companhia e dessa vez não havia nenhum tipo de embate pronto, ela estava cansada.
— Como aquelas sombras conseguiram fazer isso? - perguntou a loira apontando para o fino corte no pescoço de Lena.
— Tenho quase certeza de que foi Alex quando tentou acertar uma das sombras, mas não se preocupe, não foi nada - Lena tocou exatamente no pequeno arranhão.
Kara sorriu e abriu sua mão mostrando o que havia ali. Ao ver do que se trata Lena gargalhou, ela não queria, ela queria evitar tal espontaneidade, mas não conseguiu evitar. Kara segurava na palma de sua mão um band-aid com o rosto de Beebo.
— Onde você conseguiu isso? - ainda havia um sorriso ali e Kara não conseguia conter o seu ao ver Lena daquela forma.
— Ray Palmer - disse dando de ombros - Aparentemente ele nunca sai para uma missão sem um kit desses - Kara tirou o pequeno plástico e se atreveu a pôr o curativo ali no arranhão de Lena - Você precisa ver o braço de Laurel, Ray colocou dezenas desses - Lena voltou a sorrir e por fim negou com a cabeça - Sabe, foi muito gentil da sua parte se oferecer a ajudar Iris.
— Era o mínimo que eu poderia fazer - Lena voltou a observar o universo, seja lá qual fosse o fim de tudo aquilo, ela iria lembrar daquela imagem de tirar o fôlego - Como está se sentindo? Pelo o que ouvi, Barry é um membro importante.
— Ele é o melhor - afirmou com um sorriso ao lembrar do amigo - Eu sei que você vai encontrá-lo, então fico aliviada com isso.
— Kara… Não ponha s - Lena parou suas palavras quando viu o repentino espanto no rosto da mulher - O quê?! O que foi?! - Lena estava começando a se preocupar.
— Você me chamou de Kara! - afirmou ainda espantada, um sorriso apareceu logo em seguida.
— É o seu nome.
Kara negou.
— Eu estou como Supergirl, e mesmo assim você me chamou de Kara - ela não conseguia parar de sorrir, poderia parecer um motivo bobo, mas para a repórter era mais importante… Lena estava voltando a enxergá-la como a conheceu, Kara, apenas Kara.
A CEO não sabia o que responder, ela não havia percebido tal deslize, dessa vez seus sentimentos ficaram no comando quebrando um pouco sua defesa.
— Você me chamou de Kara - repetiu com um conhecido sorriso bobo, um no qual Lena lembrava bem e havia se apegado por inteiro desde que o conhecera.
— Isso não significa nada - retrucou usando toda sua força para esconder o sorriso.
Kara sabia que significava e iria se contentar com isso.
— Eu posso perguntar algo? - Lena continuou encarando o universo - Naquela confusão das sombras quando você acertou Kate… - Lena engoliu a seco, mas manteve a pose - Foi um acidente, certo? Porque Kate insiste em dizer que você fez de propósito.
— Óbvio que foi um acidente. O que mais poderia ter sido? - a CEO não encarava os olhos alheios pois sabia que eles encontrariam a verdade - Estava tudo uma bagunça, e eu podia jurar que vi uma sombra ali.
— Bom, de qualquer forma ela está bem, não foi nada - Supergirl deu de ombros.
As duas voltaram ao silêncio, pela primeira vez desde o rompimento, o silêncio era confortável entre elas, a imagem do universo diante de seus olhos ali tão próximo que poderia ser irreal a quem contasse, as estrelas, os planetas. Ambas estavam hipnotizadas com a imensidão e o quão raro era algo assim.
— Posso ser completamente boba com você? - o sussurro de Kara chamou a atenção da CEO.
— Quando você não é? - a pergunta sem contato visual fez Kara manter o sorriso.
— Quando Alex e eu éramos mais novas Eliza e Jeremiah costumavam nos levar para acampar. Logo quando eu cheguei ao lar dos Danvers eu vim com todo o trauma que havia passado ao perder tudo aquilo que eu conhecia - Lena olhou para Kara, mas dessa vez era a loira quem observava o universo - Então em um desses acampamentos, ela deitou no chão ao meu lado e observamos o céu, Eliza esqueceu seu lado cientista e me contou uma mentira - Kara voltou para Lena - Era a mentira que eu precisava ouvir naquele momento, ela me contou que Krypton poderia ter sido destruído, mas que cada um daqueles que eu conhecia havia se tornado estrelas. Então toda noite eu poderia olhar para o céu e ver que eles sempre estariam comigo, que minha mãe saberia exatamente onde eu estava e que jamais iria me abandonar, porque não importa o quão infinito o céu seja, as estrelas nunca vão embora.
Lena nunca havia parado para pensar sobre aquilo, não sobre estrelas e o universo, mas em como Kara também havia perdido parte de si.
A loira voltou a observar o infinito do universo e um sorriso tímido apareceu em seu rosto, Lena só conseguia observar a mulher ao seu lado.
— O mais engraçado é que eu realmente acredito nisso - era bobo e Kara sabia - Estrelas são apenas uma extensão do que somos, então você nunca se vai por inteiro, você parte para uma jornada diferente e eterna.
Aquela lembrança trouxe memórias aconchegantes para Kara, apesar de tudo, ela não poderia ter pedido por algo diferente, em toda sua jornada ela esteve onde deveria estar.
Lena negou aquele repentino medo que a assombrou.
— Kara? - a repórter olhou para Lena e a CEO percebeu os olhos marejados - Quando você parte?
— Precursora disse que em breve, precisamos agir no momento exato caso contrário tudo será em vão.
Era difícil de decifrar Lena quando nem mesmo a CEO sabia o que sentir ou o que fazer.
— Há algo errado?
— Além do fim do mundo? - Lena suspirou, ela precisava descansar - É melhor eu verificar como anda a busca por Barry.
Kara observou Lena até onde seus olhos poderiam alcançá-la, ela sentiu uma paz em seu coração, algo que não conhecia desde que Lena começou a expulsá-la de sua vida, era uma ponta de esperança que ela poderia se agarrar, talvez ela estivesse no caminho para o perdão, Kara precisava acreditar nisso.
…
Sara olhou para Kara e seguiu o olhar da Super, ela percebeu a forma com a loira agia diante da misteriosa e inteligente CEO, a Canário Branco não queria interpretar algo, já que sua opinião já estava formada. A Lenda cutucou Alex que checava os dados que Brainy apresentava.
— Não Sara, você não vai levar Brainy para as Lendas - afirmou mais uma vez, ela já estava cansada de ouvir aquele pedido.
— Quer saber? Deixa pra lá - Sara girou os olhos com a irritação a Diretora.
Alex pareceu não se importar e continuou com sua atenção em Brainy.
A ex-assassina caminhou até Kara, a loira sorriu em cumprimento e ficou ao lado de Supergirl.
— Ela é… Quero dizer, wow - Sara estava se referindo à Lena, e Kara sabia disso.
A Super cruzou os braços e olhou para a Canário ao seu lado.
— Você acha que ela se interessa por mulheres? - Sara jamais iria trair Ava, ali ela só estava querendo provar seu ponto.
— Lena não, quero dizer, eu não sei, mas… Não, Sara! - a confusão de palavras chegou ao final com a negação - Você não pode dar em cima de Lena.
— É o fim do mundo, Super - Sara deu de ombros - Essa pode ser minha única chance.
Sara viu Kara abrir a boca e tentar falar algo, mas nada saia, a Lenda estava tentando não gargalhar com o que estava presenciando, o famoso pânico misturado com ciúmes.
— Você não é o tipo dela - reclamou tentando convencer Sara.
— Loira, olhos claros, e uma Super heroína… Hum… Eu acho que sou exatamente o tipo dela.
— Sara, não! - negou mais uma vez - Você não pode fazer isso. Kate está disponível, ou qualquer outra pessoa, mas Lena não, deixe-a em paz - Kara conhecia a fama da amiga, ela não queria Lena caindo nos braços alheios.
— Se você me der uma boa desculpa, quem sabe - foi a vez de Sara cruzar os braços e esperar por algo - Foi o que eu pensei - Sara piscou para Kara e dentro de si ela temeu ser arremessada para o vácuo com um simples ato de Kara.
Kara marchou para longe de Sara, ela passou por sua irmã e não deu ouvidos ao chamado de Alex.
A Diretora seguiu para onde ouviu a gargalhada estranha e viu Sara em seu melhor momento.
— Lance! - repreendeu a Diretora sabendo que Sara de alguma forma havia sido o motivo do repentino mal humor de sua irmã.
…
Monitor sentiu a presença esperada, o homem apertou o botão de seu último ato. A única luz daquele lugar era o das telas do painel de controle.
— Eu estava esperando por você - respondeu sabendo que ali terminaria sua jornada.
— Eu não tenho escolha.
— Sim, você tem, porém entendo o motivo de sua traição. Faça o que tem de fazer… - Monitor continuou de costas, esperando o único ataque que iria tirar sua vida - Mas isso não mudará seu destino, ou o de seus amigos.
— Não estou fazendo isso por mim.
— Certamente não por seus amigos - Monitor virou-se para encarar o ser que ousou lhe trair.
As mãos alheias formaram dois círculos de energia, energia no qual Monitor sabia exatamente de qual fonte.
— Faça… - pediu conformado.
Monitor fechou os olhos e sentiu a energia atravessar seu peito, aquela força sobrenatural foi liberta por um ser sem poder algum, mas que ganhou por um único momento apenas para satisfazer o que Antimonitor precisava, ele queria a traição, ele precisava de seu inimigo morto, e ali ao chão ele finalmente havia conseguido ter sucesso.
Monitor estava morto.
— Eu fiz por minha família - admitiu Oliver Queen.
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