História A filha de Kakashi-Hatake's Family (Naruto) - Ainda não

HIROMI:

 Naquela manhã, oito meses depois de me encontrar com Orochimaru, completava um ano desde a minha partida. Um ano de missões simples que meu pai me enviava, um ano de apenas algumas cartas trocadas com Naruto e Hinata e um ano de saudades. Foram doze meses trabalhosos e cansativos, numa busca praticamente impossível atrás de minha mãe, para ter apenas algumas dicas fracas de onde ela possivelmente estaria, eu já havia rodado quase o mundo shinobi inteiro atrás de Harumi. Nesse um ano, eu passei por lugares lindos, estranhos, interessantes, alguns tão semelhantes de Konoha que quase cheguei a me sentir em casa e, outros tão diferentes que, pareciam ser de outra dimensão.  

 Eu havia sonhado com Konoha na noite anterior, por isso, acordei me sentindo tão nostálgica e com uma saudade praticamente esmagadora, e a primeira pessoa que veio em minhas lembranças, foi meu pai. Por ter memória fotográfica, me lembrava perfeitamente do dia em que ele me acolhera, e o quanto eu estava machucada e assustada, e com medo, apesar de saber e sentir apenas de olhá-lo que eu poderia confiar nele e que ele jamais me machucaria. Kakashi havia me salvado de tantas maneiras e tantas vezes, que, jamais conseguiria pagar essa “dívida” e apesar de conseguir me lembrar com detalhes da minha vida antes de conhece-lo, era como se ele sempre estivesse lá para mim. Kakashi fora meu pai desde o momento que me acolheu pela primeira vez em sua casa, e ele se tornou o homem da minha vida que eu sempre sonhei em ter antes mesmo de saber disso. Meu pai, sempre me ajudou, protegeu, apoiou e me ensinou no que quer que fosse, mesmo que ele estivesse mais confuso em o que fazer do que eu.

FLASHBACK- NARRADOR:

 Fazia pouco mais de uma semana que Hiro de 13 anos, com os hormônios a flor da pele, sentia seu corpo completamente estranho. Ela percebeu que seus seios, ainda em desenvolvimento, estavam mais sensíveis, suas costas e pernas estavam doloridos e se sentia duas vezes mais cansada que o normal nos treinos, algo estava errado e ela sabia disso. Afinal estava três vezes mais chorona e qualquer motivo era sinal de gritos e brigas para a mesma, qualquer coisa a fazia chegar ao limite do estresse e uma palavra diferente se quer, fazia a menina chorar horrores, completamente magoada. É claro que Kakashi percebeu isso, da pior maneira possível, e com certeza não sabia o que fazer nem o que estava por vir. O homem se sentia preocupado com a filha, mas acreditava ser apenas mais uma fase, iria passar logo. Por isso, acordou apavorado com grito de Hiromi naquela madrugada, e quando chegou ao quarto da filha já com sharigan exposto e uma kunai em mãos, se assustou ao ver a menina se jogar de maneira desesperada em seus braços.

-Estou morrendo papa! Eu vou morrer! -A garota anunciou em meio as lágrimas ao pai assustado que a analisou minuciosamente, o que diabos estava acontecendo?

 Primeiro segurou a filha pelos ombros e a afastou levemente, apenas o suficiente para vê-la dos pés a cabeça, não havia nada. Então olhou em volta, e assim que direcionou o olhar para a cama da garota, arregalou os olhos, aquilo era sangue?

-Hiro, o que aconteceu? -Se abaixou para ficar à altura dos olhos chorosos e assustados da filha enquanto perguntava de maneira um pouco desesperada tentando entender a situação.

-Estou morrendo papa! Minha barriga dói! Deve ter algo me devorando internamente! POR KAMI OLHA O TANTO DE SANGUE! EU NÃO QUERO MORRER! – A garota berrou olhando para baixo deixando seu pai ainda mais assustado. 

Kakashi então direcionou os olhos para baixo, na mesma direção em que a garota olhava, mas que porra era aquela? Se desesperou por alguns segundos, como era possível que não viu aquilo antes? É claro que não viu aquilo antes, por que aquilo não estava ali antes! Sua filha estava morrendo e não sabia o que fazer?! “Caralho” pensou consigo mesmo, precisava fazer algo e...

...

“Espera”.  Kakashi colocou seu cérebro para trabalhar. E não demorou muito para que seu raciocínio rápido ligasse os pontos. Olhou a cama mais uma vez e como já constatado havia uma manche de sangue; Hiro sentia grandes dores na barriga; sangue apareceu no meio de suas pernas; BINGO! Hiro não estava morrendo, estava tendo sua primeira menstruação! Era tão obvio, como pode se esquecer daquilo? Por um momento se sentiu um completo idiota, havia se esquecido por completo de que Hiromi era uma garota, e que um dia aquilo viria acontecer, e pior ainda, esqueceu de conversar sobre tal assunto com ela, não era de se admirar que a menina estava tendo uma reação daquelas. “Droga. Sou um péssimo pai, como vou fazer tudo isso agora?”

-Hiro, você não está morrendo! Está menstruando! -Falou mais alto e mais rápido do que queria, e Hiromi o olhou assustada

-Estou o que? -O homem se sentiu desconfortável e até um pouco constrangido com aquilo, não sabia bem oque era nem como funcionava, tudo o que sabia era que, era natural e ocorria com todas as meninas. Limpou a garganta antes de continuar.

-Mens... Você está... Menstruando. -Fez pausas no meio, mas concluiu a frase de maneira extremamente rápida.

-Menstruando? Mas que droga é isso?

-É algo natural do corpo.

-Isso aconteceu com você também? - Hiro perguntou confusa, já havia parado de chorar. Não estava morrendo! Kakashi arregalou os olhos.

-Damedame! -Mexeu as mãos desesperado, como explicaria aquilo se nem ele sabia como era? - Do corpo seu, natural do seu corpo. -Acabou se atrapalhando com as palavras.

 Aquilo assustou ainda mais Hiromi, a garota se lembrava se sangrar daquela maneira quando aqueles homens se forçavam para dentro dela, então se aquilo estava acontecendo de novo era porquê Kakashi havia feito o mesmo com ela? Não, definitivamente não. Ela sabia que Kakashi nunca a machucaria , nunca tocaria nela daquela forma.

-Isso acontecia antes comigo. -O choro escapou ao se lembrar perfeitamente da sensação de ser invadida. -Quando se forçavam em mim.

As palavras que saíram da boca de Hiromi, mexeram no âmago da alma de Kakashi. Primeiro por imaginar pelo oque ela passou antes de chegar até ele, depois por ter feito a garota entender tudo errado por sua pura ignorância, não era bom sendo pai.

-A culpa é minha, venha cá.- A puxou para um abraço. -Escute, eu sinceramente não sei como tudo isso funciona, mas, o que sei é que, isso é natural com todas as mulheres e que vai acontecer todo mês, e agora, você pode ser mãe. Daremos um jeito de saber lidar com isso, juntos. – A garota se assustou, como assim podia ser mãe?

Quer dizer, ela sabia o que era feito para engravidar, mas o que uma coisa tinha haver com a outra?

Mais tarde, no mesmo dia, descobriria com Hinata qual era a relação de tudo, como e porque tudo aquilo acontecia, o que se esperar para os outros meses e tudo o que envolvia aquele assunto feminino “intimo”. Depois da “aula” com Hinata, Hiromi deu uma enorme bronca no pai por ter filha menina e não saber de nada daquilo, além de nunca se quer ter mencionado que aquilo ocorreria, quase a matando de susto já que a mesma pensou fielmente que iria morrer.

O que ela não sabia é que Kakashi, havia feito um milhão de perguntas para Hiashi no mesmo dia, queria entender melhor em como lidar com aquilo, e o único pai de menina mais próximo que conhecia era o Hyuga, Kakashi nunca sentira tanto constrangimento que nem aquele dia.

~~

NARRADOR:

 O resto da viagem de Hiro até a próxima parada em que faria, havia sido daquela forma, cheia de boas lembranças com todos aqueles que amava, mas principalmente com seu pai. Ah como aquela garota queria que seu pai estivesse ali, a ajudando na busca de si mesma e de sua mãe. É claro que ele estava a ajudando de maneira remota. Enviava missões para que a kunoichi seguisse suas buscas sem muitos questionamentos e enviando cartas mencionando a saudade e o quanto a apoiava naquela jornada. Mas não era a mesma coisa, definitivamente não era, e seu coração ficava pequenininho de saudades, nessas horas ela desejava largar tudo aquilo e simplesmente voltar para casa, entretanto, não podia, ainda não. Ainda não se sentia ela mesma, e não estava nem um pouco perto de encontrar o restante das respostas que queria, tinha um longo caminho pela frente.

 Quando se jogou exausta demais naquela cama ruim de uma hospedagem qualquer, se sentiu horrivelmente sozinha e não pode evitar as lágrimas que começaram a cair de maneira descontrolada, por isso começou a imaginar, o que cada pessoa de sua família estava fazendo. Seu pai provavelmente estava no escritório do Hokage; Hinata, fazendo algo com sua irmã ou algo que seu pai lhe pediu; Naruto com certeza se não estivesse dormindo, ou estava em missão ou comendo lámen; E Shikamaru talvez estivesse fazendo companhia ao seu pai, talvez reclamando de algo em quanto dizia “que saco” e bocejava, quem sabe ele não estivesse levando bronca da mãe. Pensar em Shikamaru a fez lembrar da noite antes de partir, e a despedida deles.

FLASHBACK:

-Oi. -Hiromi disse, tímida.

-Oi. -Shikamaru respondeu, enfiando a mão nos bolsos e a encarando, sabia porque ela estava ali, ela iria partir. -Vai ir amanhã pela manhã, certo? -A garota concordou, se sentia envergonhada em dizer aquilo e nem sabia o porquê. A resposta positiva da menina fez Shikamaru se sentir incomodado, e aquele aperto no coração ao saber que não a veria mais, por sabe-se lá quanto tempo, o assustou. -Precisa mesmo ir? -Perguntou com o último fio de esperança, se sentia idiota demais, precisava dizer oque sentia de uma vez por todas, de maneira séria, ou explodiria com aquilo. -Por favor, fique, eu vou te ajudar com tudo. Eu am... -Ele se declararia, se não tivesse sido interrompido. A garota sabia o que o mesmo diria, e aquilo a machucou, saber que não poderia correspondê-lo e nem ao menos se quer ficar ao seu lado, por isso o interrompeu, não queria piorar ainda mais toda aquela situação já difícil.

-Shikamaru-kun, arigato, mas eu não posso, ainda não. -O mesmo suspirou, não teria jeito, ela iria, mas levaria consigo uma parte dele. -Eu prometo que um dia eu estarei por perto, no momento, as coisas estão uma loucura e eu não tenho a mínima ideia de como parar ou diminuir o ritmo. -De maneira inesperada ela o abraçou, de maneira forte. -Gomen. Eu sei o que quer me dizer e que existem muitas coisas para gente conversar. Só que eu não posso ficar, então me deixe abraça-lo um pouco mais agora. -Shikamaru correspondeu o abraço dela e escondeu seu rosto na curva do pescoço da mesma, só restava aceitar. Pode ouvi-la chorando, não era fácil para ela partir também.

-Pegue um pedaço do meu coração Hiro, e o faça seu, então, quando estivermos separados você nunca estará sozinha. Eu vou sentir saudade.

-Quando isso acontecer, feche seus olhos e se lembre que, estamos debaixo das mesmas estrelas. Eu posso estar longe, mas nunca irei embora, nunca.

~~

 Fungou com a lembrança e respirou fundo tentando acalmar o choro, o que foi totalmente inútil, já que, Hiro sentia seu coração extremamente dolorido. Naquela noite, chorou até cair no sono, com lembranças e saudades daqueles que amava, e com a dor e o peso de saber que ainda não poderia voltar.

Ainda não.