História Á flor da pele. - Capítulo 7 - Primeira parte.

                                                                                     Á FLOR DA PELE.
                                                                                          Primeira parte.
                                                                                                  7

Uma gota fria cai no mofuku* preto da pequena Hyuuga, ela fita o céu escuro e cheio de nuvens cinzas ao descer do carro com o pai. A irmã não estava presente. O dia havia amanhecido com um clima horrível, tão frio e cinzento que até o ar parecia estar com dificuldade de seguir seu fluxo. 

                                                 Um dia que combina com enterros. A menina pensou. 
Seu pai não havia permitido que o corpo de sua mãe descansasse uma última vez em casa, nem suas lagrimas e suplicas foram capazes de fazer o homem mudar de ideia, na realidade ele nem mesmo tinha tido a consideração de lhe ouvir e, bastou uma palavra a mais, para receber uma porta fechada na cara. A vigília da noite também tinha sido dispensada e aquele seria o momento em que a Hyuuga estaria perto da mãe pela última vez, apenas algumas horas antes da cremação acontecer.
 

Sua despedida seria realizada de longe e na companhia de pessoas a quais a menina nem sabia o nome.

A dificuldade de respirar volta mas o olhar do pai lhe avisa que ele não esta disposto a encarar mais dificuldades naquele dia. Hinata pega uma vareta de incenso, o acende numa vela ao lado para depois o colocar em pé no potinho de vidro com areia e cinzas. Seu coração começa a bater mais forte e os olhos a arderem quando a morena se aproxima, mesmo assim a menina se curva e murmura uma pequena oração em frente ao caixão fechado da mãe. Enquanto caminha para se sentar ao lado do pai sente os olhos de todos os demais presentes em cima de si, era como se eles esperassem que fizesse algo de errado, que caísse no choro a qualquer momento e mesmo que estivesse com muito vontade de fazer isso, o ambiente estava carregado demais para que tivesse a ousadia de fazer tal ato. 

Hiashi não olhou para a filha quando a mesma se sentou e nem pegou sua mão, coisas que sempre fazia nos momentos difíceis. 

A medida que o tempo passava e as pessoas se curvavam na frente sua e de seu pai, a garota começou a reparar em reações estranhas de seus familiares. Os olhares tortos e chochinhos eram muitos em sua direção mas pareciam estarem focados especialmente no pai. Aquilo a incomodava porque, no momento, sua família precisava de conforto e afeto mas as pessoas pareciam oferecer ao contrario. O restante das horas foram preenchidas com os sutras recitados pelo monje, mas a Hyuuga pouco prestou atenção. A única coisa que lhe confortava era olhar para a foto da mãe, seu sorriso bonito e olhar carinhoso, mesmo que tão distantes agora, aqueciam um pouco o coração da menina. 

----- Pense nos momentos bons que viveu com ela mas tome cuidado para não chorar, vai ser pior. Falo por experiencia própria. 

Ela se vira assustada, surpresa por ter alguém ao seu lado e também por aquela ser a primeira frase dirigida a ela durante o dia inteiro. 

----- Q-Quem é você? -- pergunta enxugando as lagrimas, se sentindo um pouco envergonhada. 

O garoto tinha o mesmo olhos que Hinata, parecia ser um pouco maior e mais velho, os cabelos castanhos médios confirmavam o parentesco com o pai mas ela nunca havia visto o menino. 

----- Neji Hyuuga. Sinto muito pela sua perda. -- o sorriso triste que ele expressa é sincero.

----- Obrigado, Neji. -- ela retribui o gesto ----- Mas não me lembro de ter o visto antes.

----- Sou filho de Hizashi Hyuuga, irmão do seu pai. -- sussurra olhando para frente.

A morena balança a cabeça concordando, sabia que o pai tinha um irmão mas nunca tinha o conhecido já que ele morava longe. 

----- Vocês são de Pequim, certo? -- ela tenta se lembrar do pouco que sabia de seu tio. 

----- Exato, viemos quando soubemos do falecimento da sua mãe. -- o olhar dele lhe trás certo consolo.

O restante do tempo se passou de forma menos pesada graças a companhia do primo, ele não falava muito mas saber que tinha do seu lado alguém que realmente se importava com o seu estado emocional, era um alivio.

Quando o caixão de Hikari foi levado direto para o crematório pelos funcionários do local, uma nova onda de murmúrios começou. Era de se esperar que o caixão fosse aberto para uma última despedida mas pelo visto o pai havia dispensado essa parte também, não tinha sido exatamente uma surpresa para a menina mas ela esperava pelo menos ter a chance de ver a mãe novamente, mesmo que morta. 

Com o coração pesado, Hinata se levantou para acompanhar o pai até o local onde o corpo seria cremado. 

----- Quero que fique ai. -- Hiashi sibilou baixo quando viu que a filha o seguia. 

Na mesma hora a pequena Hyuuga estancou no chão, não sabia se tinha mais medo do tom de voz que o pai havia usado com ela ou por estar sendo impedida de ficar com a mãe. A morena não teve tempo de formular uma respostas porque logo depois Hiashi saiu andando, Neji a segurou delicadamente pelo braço a conduzindo de volta para a cadeira em que estava sentada antes.

                                                    Sentia os olhos de todos grudados em si. 

----- É normal a reação dele, quando minha mãe morreu meu pai também ficou meio irritadiço. -- o primo tenta lhe consolar.

---- Não é não, ele nunca me tratou assim. -- ela se segura para as lagrimas não rolarem pelo seu rosto ----- Ele praticamente não falou comigo desde que recebemos a noticia, eu nem sei o que aconteceu direito! 

---- Fala baixo! -- o Hyuuga a fita com os olhos cheio de urgência quando percebe que a prima estava falando alto demais. 

Hinata finge não ver as cabeças viradas na direção sua e de Neji mas sente suas bochechas esquentarem.

----- Desculpe, é que estou... 

----- Quem é aquela menina loira que não para de acenar pra gente? -- ele o corta baixinho. 

Do outro lado da sala uma cabeleira loira se destacava. Ino acenava freneticamente em direção da amiga tentando ser o mais discreta possivel, coisa que não estava funcionando já que varias pessoas a olhavam de cara feia.

                       Aquilo pouco importava para a Yamanaka que tinha uma missão a ser cumprida. 

----- É minha amiga. -- murmura para o primo ----- Preciso que invente alguma coisa caso meu pai volte. 

O Hyuuga acena com a cabeça e Hinata vai em direção a loira que já estava do lado de fora das portas. 

----- Sasuke quer ver você! -- a menina segura a mão da morena depressa.  

A Hyuuga arregala os olhos. Sabia que o pai do Uchiha também estava sendo velado naquele lugar e,  mesmo que estivesse com vontade de consolar o amigo no momento, sabia que isso seria impossível. Seu pai jamais iria deixar ela ir até lá e algo lhe dizia que não seria bem vinda pela família Uchiha, especialmente pela mãe de Sasuke. 

----- Isso é loucura! -- ela fala com cuidado para que ninguém escute. 

Ino revira os olhos impaciente e começa a arrastar a amiga.

----- Eu sei mas é nossa melhor oportunidade! -- a menina anda depressa ----- Ele virou praticamente prisioneiro naquela casa!

------ Como assim? -- a morena tenta acompanhar o ritmo da loira. 

Ino não a responde porquê logo elas param em uma enorme escadaria, onde ela sabia que ficava um jardim. 

----- Acho que Naruto já conseguiu trazer ele até aqui! -- ela fala apressada, observa todos os lados antes de se virar para a morena ----- Escuta, vocês tem que ser rápidos, eu e Naruto vamos ficar de vigias nos velórios e se algo sair errado a gente vem avisar vocês! 

Hinata não estava entendendo quase nada e nem teve tempo de perguntar, logo a amiga saiu correndo por onde elas tinham vindo. A menina olhou para a escada nervosa, sabia o quanto arriscado aquilo seria mas se isso significasse ver Sasuke de novo, estar do lado dele e ouvir sua voz, ela faria qualquer coisa porquê precisava do amigo perto de si e sabia que ele queria o mesmo. 
                                     

                                                                                X==X==X==X

O Uchiha aperta as mãos dentro dos bolsos do terno preto. Estava com medo de Hinata não aparecer, sabia que estava sendo um burro em armar aquele plano todo justo naquele dia, com certeza teria sido mais fácil ter tentado fugir no meio da madrugada, mas ele não conseguia mais se segurar. 

Desde que a mãe havia o pego chegando da casa da Hyuuga sua vida tinha se transformado num inferno. Não podia ficar sozinho um instante, tiraram a chave da sua porta, colocaram trancas nas janelas e reforçaram a segurança da casa. Tudo isso não tinha sido feito somente para trancafia-lo lá mas sim para o manter longe da amiga e ele sabia disso, tinha ouvido inúmeras brigas da mãe com o irmão e não demorou muito para ligar as coisas. 

Sasuke tinha plena consciência que o motivo de Mikoto não permitir sua amizade com Hinata, era o caso que seu pai teve com a mãe dela. Sabia que estava sendo insensível indo contra sua família daquela forma, porém, não tinha sido sua culpa nenhuma das escolhas feitas pelo pai assim como não era culpa da Hyuuga as escolhas de Hikari, portanto, seria injusto que os dois fossem afastados por erros que eles não cometeram.
 

Além do mais, mesmo que tentasse sabia que seria incapaz de ficar longe da amiga já que nos últimos dois dias ela tinha sido seu principal pensamento. 

O Uchiha não entendia porque precisava e queria tanto estar perto da Hyuuga daquele jeito. Uma onda de sentimentos bons transbordava de dentro de si sempre que estavam juntos, os problemas pareciam menores, e o jeito que ela sorria para ele era uma das coisas que mais amava no mundo. Nunca iria contar aquelas coisas para Hinata porque, além de medo e vergonha, também tinha receio da reação dela. Sasuke até cogitava a ideia de lhe dizer seus sentimentos confusos algum dia, quando estivessem mais velhos, mas por enquanto iria guardar tudo aquilo para si próprio.

As mãos pequenas e quentes rodearam sua cintura por trás e ele sentiu um alivio enorme quando Hinata apoiou a cabeça em suas costas.  

----- Pensei que tivesse se esquecido da sua melhor amiga. -- pelo tom de voz ele sabe que a menina estava magoada.

O Uchiha se vira e abraça Hinata, ele encosta o queixo no topo da cabeça da morena que era mais baixa. Sentindo como se um peso tivesse saído de suas costas, fecha os olhos aproveitando ao máximo o cheio de flores que tinha o cabelo dela. 

----- Desculpa não ter aparecido antes, mas saiba que eu não parei de pensar em você. -- Era verdade, a possibilidade de nunca mais a vê-la era uma angustia constante.

O garoto pensou por um instante que talvez dizer aquilo não havia sido um boa ideia, porém, isso foi o menos importante diante da saudades que sentia da amiga. Ele só se deu conta que a distancia deles dois tinha o afetado tanto quando sentiu os olhos lagrimejarem. 

----- Por que me chamou aqui? -- com uma voz meiga ela se afasta secando as bochechas molhadas.

Sasuke sente falta do abraço confortável da Hyuuga mas não se aproxima novamente. Demonstrar afeto era algo atípico de sua personalidade, contudo, esse comportamento não se manifestava quando estava perto da morena.

----- Sabia que você iria estar triste e não quis te deixar sozinha. --  da os ombros. Ele também não queria ficar sozinho, mas resolveu não compartilhar aquela informação.

----- Mas seu pai também esta aqui, é um momento difícil pra você também. -- a menina de repente se sentiu egoísta por ter duvidado da lealdade do amigo. Afinal, ele também tinha perdido uma pessoa especial e mesmo assim se preocupou em ir até ela.

                                         Sou uma boba, Sasuke nunca iria me esquecer. Pensou. 

Hinata se senta em um banco que estava próximo deles e o Uchiha a acompanha. Um silencio se instala entre as duas crianças mas nenhuma se sente desconfortável com isso,  aquele era um daqueles raros momentos em que não era preciso muitas palavras para que se entenda o que esta acontecendo. 

Sasuke  sentia falta do pai e saber que nunca mais o veria partia seu coração, o velório durante a madrugada toda, as brigas da mãe com o irmão e as inúmeras sensações de perda o deixava deprimido na maior parte do dia. Estava exausto em todos os sentidos e, a única pessoa que conseguia aliviar seu cansaço estava sentada bem ao seu lado, mas saber que não poderia ficar com ela sempre que quisesse era o suficiente para o deixar triste de novo. 

Ele não precisa se virar para saber que Hinata estava chorando, o tremor no corpo da amiga e a respiração entrecortada eram mais que o suficiente. O Uchiha entrelaça seus dedos aos delas sentindo as gotas quentes finalmente escaparem de seu olhos cor de ônix. 

----- Por que essa tristeza não vai embora logo? -- desolada, ela não sabe se a pergunta foi direcionada para si própria ou para o companheiro ----- Estou cansada de me sentir assim, machuca tanto!

----- Vai embora mas acho que não assim tão rápido. -- responde simplista. Sempre tinha sido muito direto com as coisas.

----- Não sei se consigo aguentar tudo isso sozinha. -- a menina diz baixo. Em nenhum momento da sua curta vida, o simples ato de respirar havia sido tão cansativo como agora.

Sasuke se vira e aperta mais a mão da amiga. Odiava não conseguir passar a segurança e conforto que a garota precisava, se tivesse alguma forma de guarda-la de todo aquele turbilhão de sentimentos ruins, com certeza ele faria. 

----- Quem disse que você esta sozinha? -- os olhos escuros dele se encontraram com as iris claras da Hyuuga. Seu coração batia um pouco mais rápido ----- Eu sempre vou estar aqui por você, Hina. Eu juro.

Aos poucos um sorriso meigo apareceu nos lábios de Hinata. As bochechas coradas dela foram o suficiente para que o Uchiha sorrisse também. Ele sabia que as coisas não haviam se resolvido, seu pai ainda estava morto e sua mãe enlouquecendo aos pouco mas, por enquanto, estar com a Hyuuga bastava para que se sentisse feliz pelo menos por um instante. 

Seu coração voltou a bater com velocidade quando notou o rosto da amiga se aproximando do seu. Tão de perto assim, ele não pode deixar de admirar a beleza da menina. Aos seus olhos Hinata era perfeita, a pele naturalmente pálida combinava lindamente com as bochechas coradas, o nariz pequeno e a boca rosada causava arrepios involuntários no Uchiha que agora sentia a garganta seca. 
             

                                                                     Ela iria mesmo fazer aquilo? 

Sasuke fechou os olhos acompanhado das duas orbes cor de perolas de Hinata. A sensação de ter os lábios dela juntos aos seus já não era mais estranha, ele não sabia o que sentia exatamente, mas com certeza tê-la daquele jeito era prazeroso. Os narizes se tocando e a pele dela contra a sua faziam cocegas na sua barriga, a boca da Hyuuga roça de leve em seus lábios e ele aprecia a umidade do local quente e macio.

Ela separa suas bocas mas não se afasta então Sasuke, em um ato de coragem, desliza sua mão até a nuca da morena que se retrai ao primeiro toque mas depois relaxa ao sentir o Uchiha acariciar a região. 

----- Eu gosto m-muito de você, Sasuke. -- ela apoia a testa na dele. Céus, seu rosto estava em chamas, mas não se arrependia da decisão tomada----- Gosto mais do que c-consigo explicar. 

Embora poucas, aquelas palavras significaram muito para o Uchiha porque ele também gostava muito de Hinata e, assim como ela, não conseguia explicar todos aqueles sentimentos. Mesmo sem certeza de nada, o moreno ficou feliz em ouvir aquilo. Se sentia grato por pelo menos uma pessoa estar ao seu lado naquele momento. 

                                                    Mas ele não teve tempo de responder a Hyuuga. 

----- SASUKE! -- ouve a mãe gritar furiosa.

Os dois amigos dão um pulo do banco assustados. Alguns metros a frente eles conseguem ver Mikoto andando apresada, com uma expressão assassina no rosto, logo atrás, Naruto vem balançando os braços loucamente tentando avisar os amigos que a Uchiha tinha os encontrado.

                                              Sasuke revira os olhos, o Uzumaki era mesmo um imbecil. 

Quando a mãe se aproxima, o Uchiha se coloca na frente de Hinata instintivamente sabendo que ela seria o principal alvo da mulher mais velha. E nunca, nunca mesmo, deixaria alguém ofender ou machucar sua amiga, mesmo que esse alguém fosse sua mãe. 
Mikoto franze o cenho numa expressão de nojo. 
                                                                                                                       

                                                           Agora ele defendia aquela vadiazinha na sua frente? 

-----  Não me diga que você saiu de perto da sua família, justamente hoje, para ver essa menina? -- sua voz era controlada mas por dentro sentia como se fosse explodir.

----- Hinata também perdeu alguém importante, mãe. -- firme, ele ergue o queixo para a mulher. 
     
A Uchiha solta o ar pela boca cansada, já tinha desistido de colocar na cabeça dos filhos que Hikari era a responsável pela morte de Fugaku. Sinceramente? Aquilo pouco importava, ela sabia da verdade e sabia o que era melhor para a sua família. Tinha certeza que eles iriam lhe dar razão algum dia, era uma questão de tempo. 

----- Você não tem o quê fazer, menina? -- se dirigi para a Hyuuga encolhida atrás do filho. Cristo, como odiava aquela criatura ----- Já disse que não quero você perto do meu filho!

Hinata arregala os olhos sem saber o quê responder. Mikoto era uma mulher intimidadora, sem duvidas nenhuma, mas aquele olhar de puro desprezo era o que realmente a amedrontava. 

----- S-Sasuke é meu a-amigo. -- ela consegue sussurrar sem olhar para a Uchiha. 

----- Foi eu que a procurei, você não tem que brigar com ela! -- o moreno se posiciona mais na frente da amiga na tentativa de a esconder da mãe. 

A mulher mais velha desiste de juntar o pouco do que ainda lhe restava de paciência. Aquela situação já tinha ido longe demais, não permitiria que se estendesse por mais nenhum segundo. Hinata tinha se instalado entre ela e o filho como uma especie de praga e agora ele nem mesmo a respeitava como mãe, sabia que se não acabasse com aquilo naquele momento logo Sasuke seria roubado dela e, em hipótese alguma, deixaria isso acontecer de novo. 

Com um safanão Mikoto tira o filho do caminho e pega Hinata pelo braço começando a arrastar a garota pelo jardim. A menina, por sua vez, não tem nenhuma reação a não ser acompanhar a mulher que anda com tanta pressa que ela por diversas vezes acaba tropeçando. 
Ou seria suas pernas que estavam moles demais? Um medo latente aparece e toma conta de seu corpo. A morena estava tão em choque que nem havia percebido que a Uchiha a levava o tempo todo para onde a família Hyuuga estava. Ela jurou que iria morrer quando viu o olhar severo do pai a fitando de longe e chegando mais perto. 

Sem nenhuma sutileza a mulher mais velha joga a garota para frente que, sem apoio nenhum, cai no chão. Hinata fecha os olhos e se encolhe quando sua cabeça bate com força no chão, a grama pontuda arranha a sua bochecha e seus lábios se sujam de terra. Consegue reconhecer os sapatos do pai ao seu lado mas não encontra forças e nem coragem para se levantar. Graças aos Deuses, logo em seguida mãos gentis e apressadas a erguem do chão porquê se fosse depender da sua valentia, ela iria passar o resto da semana ali. 

----- Você está bem? -- ela reconhece a voz preocupada do primo. 

Hinata ainda sente as pernas fracas e não consegue olhar para mais nada que não seja a gravata preta de Neji. Estava em choque pelos últimos acontecimentos. Enquanto o primo limpa com cuidado a terra de seu rosto, a menina consegue ouvir vozes alteradas mas não é capaz de distinguir o que elas dizem precisamente. Sabe que Mikoto e o pai estão discutindo e sabe que o assunto é ela e Sasuke mas, tirando isso, não tem a minima ideia do que esta acontecendo ao seu redor. 

----- Se eu fosse você media a suas palavras, Mikoto! É da minha filha que esta falando! -- a voz seria de Hiashi se torna cada vez mais alta. O homem realmente estava furioso.

----- Idaí? Estou dizendo a verdade! -- ela rebate com mais força que o homem ----- Se nessa idade já esta assim imagina quando ficar mais velha! 

A Hyuuga abraça Neji com força desejando possuir algum super-poder que lhe desse a chance de sumir dali. De longe ela pode observar Sasuke tão paralisado quanto ela e, ao lado do Uchiha, enxerga Naruto consolando Ino que soluça de tanto chorar. O olhar escuro do moreno vai de encontro com as perolas arregaladas e úmidas de Hinata num pedido mudo de perdão. A morena abaixa os olhos envergonhada de tudo e de todos. 

----- Chega, não vou ficar aqui ouvindo suas asneiras! -- aquela situação toda já havia ferido sua honra o suficiente. 

----- Só lhe digo mais uma coisa, Hyuuga! -- a mulher fala alto e bom tom para que todos a ouvisse ----- Não quero ver a sua filha perto do meu filho nunca mais, espero ter sido bem clara hoje! 

Mais uma vez a menina sente o corpo sendo puxado, o pai agora agarrava com força seu ombro e a guiava em direção a saida. Humilhada demais para falar ou fazer qualquer coisa, ela não cogitava outra opção que não fosse seguir o pai, porém, eles param quando Hiashi fita Mikoto para lhe dizer uma última coisa antes que fossem embora. 

----- Não se preocupe, no que depender dos meus esforços, nossas famílias nunca mais iram se encontrar novamente. 

A fria na voz do pai fez o corpo de Hinata estremecer. Desesperada, a Hyuuga procura com urgência o par de olhos ônix que se encontram tão aflitos quanto os seus.