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História A Flor da Pele - Desvaneios


Escrita por: Crisvogt

Capítulo 41 - Desvaneios


O céu azul, os pássaros cantando e o sol, receberam a todos naquela manhã. Uma paisagem perfeita para a realização de um sonho. Regina acordara há alguns minutos, mas permaneceu deitada, sentindo o corpo pesado. Como quando estava no colégio, e por algum motivo temia ir à aula, a sua vontade era inventar uma doença e escapar daquele dia. Não podia. Passou os próximos vinte minutos convencendo a si mesma a organizar as suas prioridades. Aquele dia não era sobre ela. Era o dia mais especial na vida de sua irmã, e este deveria ser seu único significado. Todo o resto deveria ser irrelevante. Fácil falar, difícil fazer. A perspectiva de estar frente à frente com Emma novamente, provocava um tormento dentro dela. Sentia o ar lhe faltar, um frio que percorria a espinha, e a sua barriga parecia morada de milhares de borboletas ensandecidas. Levantou tomando cuidado para não acordar Jasmine. Sabia que a morena estava fazendo um esforço sobre-humano para estar ali com ela. Respeitava seus silêncios e atitudes que apenas confirmavam a sua instabilidade naquela relação. Culpa!

Após uma chuveirada rápida, vestiu um short e uma camiseta, e desceu para o salão onde seria servido o café da manhã. Um Buffet fora montado a um canto, e alguns poucos hospedes já ocupavam algumas mesas. Serviu-se de café preto, e foi sentar-se em uma mesa da varanda. Logo que parou a porta, avistou Wendy sentada a um canto com um jornal em mãos, uma xícara de café ao lado, e um prato com alguns pães e pedaços de bolo.

– Acordou cedo. – Surpreendeu a outra, tomando o lugar a sua frente. – O Philipp chuta muito a noite?

– Não. Eu dormi no sofá. O Philipp se espalha a noite. – Respondeu com um sorriso mal-humorado. – E você? A Jasmine chuta?

– Não. Apenas acordei. – Regina respondeu, pegando um pedaço do pão da outra que havia sobrado. – Vocês voltaram muito tarde ontem?

– Pelas duas. – Wendy se esforçou para parecer displicente.

– E ficaram fazendo o que nessa cidade até as duas da manhã? Que eu me lembre a vida noturna daqui não é para o nosso bico.

– Ficamos na casa da Emma com Kristoff. – Esperou pela explosão, mas a primeira reação de Regina foi confusão, para então, bufar.

– Mesmo? – Cortou o pão com raiva. – Não sabia que vocês eram amigos da Emma.

– Isso te incomoda? – Wendy tinha o dom de tirá-la do sério.

– De forma alguma. Só fiquei surpresa. – Pausou tentando puxar o ar para preencher os pulmões e acalmar os nervos. Mas não funcionou. – Isso é inacreditável, Wendy! Essa mulher faz da minha vida um inferno, e você melhor do que ninguém sabe disso, e fica amiguinha dela?! Iria gostar se eu me aproximasse da Ariel?

Wendy respirou fundo antes de revidar. Previra aquele ataque, e se preparara para ele. Na verdade, estava saindo melhor do que ela esperava.

– Em primeiro lugar, eu nunca te proibi de manter contato com a Ariel. – Regina fez menção de falar algo, mas com um movimento de mão, Wendy a calou. – Segundo, eu não planejei ir parar na casa da Emma, o fiz como um favor a você. – Mais uma vez Regina quis revidar, mas Wendy impediu. – Em terceiro… sim, eu gosto da Emma. Ela é uma mulher admirável em muitos sentidos, mas isso não vem ao caso. O fato é que você, por ser no fundo uma criança mimada, prefere continuar colocando toda a culpa do fracasso da relação de vocês, sobre ela. E não se dá nem ao trabalho de olhar os seus próprios erros nessa história.

– Honestamente Wendy, vai se fuder! – Regina levantou, deixando cair o guardanapo no chão, mas não voltou para recolhê-lo.

– Vê se cresce, Regina! – Gritou.

– Que isso gente? – Philipp perguntou, quando Regina passou por ele como um foguete, o fazendo se desequilibrar e se apoiar na parede para não cair. – O que deu nela? – Perguntou a Wendy.

– Pirraça. Mas vai passar. – Wendy bebeu mais um gole do seu café, e Philipp preferiu não perguntar mais nada.

Regina estava a meio caminho do seu quarto, quando lembrou que Jasmine ainda estava lá dentro. Voltou pela escada, e saiu pela porta da frente para não ter que encarar Wendy mais uma vez. Estava tão irritada, que andava rápido pelas ruas, até seus passos se tornarem uma corrida. Não tinha ideia de para onde estava indo, apenas corria sem rumo. Quando uma dor do lado esquerdo do corpo, dificultou sua respiração, parou e apoiou as mãos nos joelhos. Quem a Wendy pensava que era para falar assim com ela? Como ela podia se achar no direito de se meter na sua vida daquela forma? Assim que se acalmou um pouco, olhou a volta, e percebeu que estava parada diante da sua antiga escola. Não percebera que corria para lá, não pensara. Olhou para a fachada, e apesar de haverem pequenas mudanças no prédio, a estrutura ainda era a mesma que se lembrava. Foi obrigada a rir. Até inconscientemente, buscava Emma. Sentou-se na mureta que circundava o pequeno jardim da entrada, e olhou a sua volta. As imagens lhe vieram nítidas, até mesmo o cheiro lhe parecia familiar. Mergulhou.

FLASHBACK ON

“Era noite de festa junina na escola, e a comissão de formatura do terceiro ano decidira que uma barraca do beijo e uma de salsichão, eram o que eles precisavam para arrecadar dinheiro para a grande festa no final do ano. Neymar, um popular jogador de futebol, e Elsa, amiga de Regina e Emma, haviam sido os encarregados da barraca do beijo, o que rendera muitas piadas durante a noite. E para as meninas, restaram duas horas no turno da barraca de salsichão.

Após dançarem a quadrilha com o restante da turma, Emma puxou Regina para um canto da escola, ao lado da entrada lateral. Elas haviam passado a noite toda longe uma da outra. Não que isso tenha impedido as trocas de olhares entre as duas, mas a saudade que sentiam, era palpável.

– O que você está fazendo? Eu não terminei meu turno na barraca. Ainda tenho quinze minutos de trabalho escravo. Uma pequena prévia do que será minha vida ano que vem provavelmente. – Regina resmungou.

– Eu só queria tirar uma casquinha da mulher mais gata da festa. – Emma acariciou o rosto dela. – Posso?

Regina não tinha forças, e na verdade nem queria resistir, beijou-a com vontade, saudade. Passara a festa inteira desejando estar ao lado dela, poder abraçá-la como via outros casais fazerem, beijá-la sempre que lhe desse vontade ou simplesmente, andar de mãos dadas, algo tão simples, e tão impossível para elas.

– Você estava linda dançando a quadrilha. Adorei a camisa xadrez. – Emma continuou provocante. – Quase roubei um beijo seu no meio da dança.

– Não me entenda mal, eu estou adorando essa versão safada de você, mas nós temos que voltar pra festa. Minha irmã está aqui, seu irmão está aqui e o pior: seus pais estão aqui. – Regina acariciou o rosto dela. – Sem bandeiras, lembra?

– Eu sei. Só precisava te beijar pra aguentar até o final da noite. – Emma se desvencilhou. – Quero dormir com você hoje.

– Eu também, amor. – Regina a puxou para si e beijou-lhe novamente os lábios. – Mas sua mãe foi bastante clara quando disse ‘não’ mais cedo. Aliás, alto e claro, para falar a verdade. O “não” mais sonoro que já recebi na vida. Se ela já me odeia hoje, imagina se soubesse que estamos namorando?

– Eu sei. Mas vou tentar de novo. Ela e o meu pai beberam um pouco do ponche batizado, que eu vi. Quem sabe? – Abriu um sorriso irresistível. 

– Ok, você tenta isso, que prometo te beijar até o dia amanhecer. – Regina a olhou com devoção. Era o olhar que geralmente dedicava a ela, mas que nunca percebia, pois o olhar que recebia, tinha a mesma intensidade.

– Isso sim é perfeição! – Emma disse, tornando o assunto da aula que tiveram mais cedo, em que a professora de filosofia pediu que eles explicassem o que era perfeição. – Você nua na minha cama. Eu não quero mais nada da vida.

– Você é perfeita! – Regina declarou, deslizando a mão pelo ombro e braço da sua namorada e segurando a sua mão.

– Não, não sou! – A outra negou fazendo careta.

– Você tem razão! Perfeita você não é. Ninguém perfeito seria tão implicante. – Regina brincou. – Você é perfeita pra mim!. – Declarou perto do ouvido de Emma.

– É porque eu te amo demais. – Sorriu.

Trocaram um beijo repleto de paixão e desejo, e Emma escorregou as mãos pelo corpo da namorada, se atendo aos seios, e então desceu pela barriga, erguendo a camisa que ela usava, e tocando-lhe a pele.

Regina sentiu o ar lhe faltar, prendeu Emma mais junto a seu corpo, e gemeu quando esta lhe tocou entre as pernas por cima da calça.

– Amor… para. – Pediu fraca. 

– Saudade. – Emma rebateu, aumentando a intensidade do toque.

Sem dar qualquer chance pra Regina fugir, Emma abriu a calça da namorada, e colocou sua mão por dentro da calcinha sentindo a umidade dela na ponta dos dedos. Um gemido rouco saiu de sua boca, e Regina ofegou. Ela tinha um poder sobre ela irresistível, delicioso, e ao mesmo tempo, apaixonante.

– Emi. Por favor. – Regina pediu num sussurro. Como se fosse capaz de controlar a excitação que sentia. –Alguém pode chegar.

– Relaxa, amor. – Emma disse a beijando novamente. – Goza pra mim.

Dito isto, Emma a invadiu com dois dedos. Regina não viu mais nada, não pensou em mais nada, estava completamente entregue nas mãos do seu amor. Gemia baixinho em seu ouvido, levando Emma a loucura. Ela aumentou o ritmo do movimento, entrando e saindo de dentro dela, até que se voltou para o clitóris. O provocou, massageou, e logo Regina já estremecia em seus braços, e de sua cavidade, o líquido escorria, molhando toda a sua calcinha. – Estava louca pra te sentir. – Emma suspirou em seu ouvido, e a abraçou fortemente. – Eu te amo cada vez mais.

– Viu? Perfeito? – Regina rebateu ainda ofegante. – Vontade de você. – Gemeu baixinho, deslizando as mãos pelas pernas de Emma e subindo por dentro do seu vestido.

– Achei que tínhamos que ir. – Emma a provou, ao mesmo tempo que se abria, facilitando o contato. Implorando por ele com todo o seu corpo. Os olhos se encontraram, e havia fogo. Com mãos hábeis, Regina passou os dedos pelas coxas dela antes de afastar a calcinha pela lateral, e sentir o quanto ela estava molhada. Suspirou, e então entrou. A penetrou com os dedos, enquanto sua boca se degustava com o gosto da pele do pescoço, colo, queixo, boca, e recebia a respiração cada vez mais descontrolada de Emma em seu rosto. A segurou firmemente e aumentou o movimento dentro dela. Emma rebolava e gemia sem controle. Regina colou sua boca na dela, e mais uma vez os olhares se encontraram. Quentes, apaixonados, em brasa. O gozo veio, e Emma amoleceu em seus braços. Seu corpo tomado por espasmos, e um sorriso lindo no rosto. Regina sorriu de volta e a abraçou. Assim ficaram por alguns minutos, apenas sentindo o calor gostoso dos corpos colados, as respirações misturadas, olhares cheios de amor. O beijo que se seguiu, foi calmo, doce, sem a necessidade latente que antes as dominava. Era uma caricia leve, gostosa. Os lábios se tocavam, as línguas se sentiam. Uma felicidade genuína as invadiu. 

Assim que se soltaram, Regina acariciou o rosto de Emma com as pontas dos dedos, recebendo um sorriso lindo em retribuição.

– Sério. A gente precisa voltar.

– Eu sei. – Emma falou resignada. 

– Não faz essa carinha de cachorro que caiu da mudança. Se sua mãe não liberar, eu pulo a janela. – Disse com um sorriso divertido no rosto.

– O pior é que eu sei que você é bem capaz de fazer isso mesmo. – Emma riu.

– Eu faço. Por você, tudo! – Disse com a certeza de que sempre seria assim.

Elas andaram até o local da festa, ainda rindo e brincando. Chegando ao meio dos amigos, Emma apenas tocou a mão da namorada, e foi em direção aos pais, deixando Regina com um sorriso bobo no rosto.

– Viu o passarinho verde?- Abigail parou ao lado dela.

– Não. Só estou cansada. – Regina tentou se refazer.

– Sei.  – Abigail disse desconfiada. – É o Robin, não é?

Robin era um colega de classe delas que tinha uma queda pela Regina desde a oitava série. Era um bom amigo, mas nunca passaria disso, é claro. Além de amar Emma, Regina estava cada dia mais certa de que nunca seria capaz de se apaixonar por um homem na vida.

– Claro que não! – Regina riu.

– Tadinho. Você deveria dar uma chance a ele, sabia? – Parou para olhar a amiga. – Namorar te faria bem.

– O que? – Regina riu sem graça, sentindo-se totalmente desconfortável com o rumo daquela conversa.

– Ah, qual éi?! Você é linda, amiga. Eu juro que não te entendo. Nunca te vi com ninguém. Vai virar freira, é?

– Lógico que não! – Regina a empurrou de brincadeira. – Só acho esses garotos do colégio uns idiotas.

– É, eles são. Mas fazer o que? Até que a gente vá para a faculdade, é o que nos resta. Eles servem para ganhar experiência.

– Você é cruel!. E eu que te achava a mais santa de todas nós.

– As pessoas mudam. Você mudou muito. – Constatou a outra.

– Mudei como?- Regina achou graça.

– Sei lá, está mais confiante. – A outra respondeu a analisando. – E se eu não soubesse melhor, diria que você está apaixonada.

– Até parece. – Regina desconversou. 

Abigail riu da amiga, e foi andando para o meio da festa. Regina olhou a volta e viu Emma conversando com os pais. A achava tão linda às vezes, que doía. Ela que nunca acreditara no amor, se via fazendo planos futuros, e todos eles incluíam Emma como sua mulher para sempre. Mesmo que nunca reconhecessem o casamento gay, mesmo que olhassem torto para elas na rua, sabia que nada disso importaria, o amor delas bastava.”

FLASHBACK OFF

Passou as mãos pelos cabelos, e suspirou. Aquele lugar lhe trazia tantas recordações, tanto boas quanto ruins, mas definitivamente fortes. Fechou os olhos e buscou acalmar seu coração, mas por mais que tentasse bloquear, as palavras de Wendy insistiam em lhe voltar a mente. Não era como se ela não soubesse que tinha errado com Emma também, pois sabia. Mas também deixara claro mais de uma vez, que a amava e a queria, ou não deixara? Ainda em seus desvaneios, Regina lembrou-se de cada momento em que estiveram juntas ou se falaram naquele último ano, e as palavras estavam lá, admitira o seu amor, mas com que relutância? Emma também disse que a amava, e o que ela fizera com isso? No fundo, era claro que ambas haviam errado, e muito, não souberam se comunicar direito, ou eram simplesmente incapazes de compreender o que a outra dizia. Compreender. Isso realmente importava? Definir quem errara mais, quem fugira por medo e em que momento, quem carregava a maior culpa, era realmente tão importante assim? E ainda que fosse capaz de perceber cada desvio no caminho que ambas trilharam desde que se conheceram, de que adiantaria? Passado. Aquela história pertencia ao passado, e lá deveria permanecer. Estava cansada de sentir aquele incômodo constante cada vez que pensava em Emma. Não poderia dar à ela todo esse poder sobre si. Ela dominava seus pensamentos, seus sentidos, sentimentos. Na verdade, Emma era uma ilusão que a própria Regina criara em sua mente. Uma forma de se proteger dos outros. O sentimento que nutria por ela, a impedia de se apaixonar por qualquer outra mulher, e isso ela sabia, era culpa sua.



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