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História A Força do Amor - A Face do Mal


Escrita por: Indis_Imladris

Notas do Autor


Olá, caros leitores!
Mais um capítulo cheio de surpresas. Para quem queria saber mais do bruxo, creio que teremos a visita dele logo abaixo.
Boa leitura!

Capítulo 14 - A Face do Mal


Enquanto Kyara relatava toda sua história, a face do bruxo projetou-se no círculo de energia que ela havia criado e todos se assustaram. Na mesma hora, ela expandiu a magia do cristal, criando um campo de força ao seu redor e do bruxo, para ocultar e proteger as pessoas que estavam no pátio.

- Ora! Ora! Quem resolveu dar o ar da graça!... Custei a acreditar que não estivesse no meu encalço pela demora que levei para encontrá-la. Mais um pouco e teria destruído essa bela terra esperando pela sua chegada... Se você não tivesse utilizado a magia de Tiria eu não teria encontrado a minha princesa preferida.

- Prometi que o caçaria, lembra-se?

- Kyara! Kyara! Sempre destemida e implacável com seus oponentes. Certamente você não teria poupado minha vida se estivesse no lugar de Gahya, não é?

- Como poderia poupar a vida de um ser tão desprezível como você? Víbora se mata cortando a cabeça. Se não o fizer ela poderá morder seu calcanhar.

Gorlock riu da comparação.

- Muito bem observado da sua parte. Entretanto, dessa vez não serei derrotado.

- Então, venha! Estou esperando. Seja homem uma vez na sua vida e me enfrente.

- Minha cara! Você é a mais doce e bela das criaturas e ao mesmo tempo a mais arisca e perigosa que já conheci. A combinação perfeita para mim. A beleza delicada da donzela aliada à força e a fúria da guerreira indomável. Será minha maior conquista tê-la em meu poder, para domá-la como se faz com um animal selvagem e depois desfrutar dos prazeres que seu corpo belo, jovem e casto me proporcionará. Quando a tiver em meu poder não precisarei mais dessas criaturas deprimentes e patéticas.

Kyara se assustou com o horror de ver mulheres acorrentadas com os corpos dilacerados, algumas grávidas, e ainda, homens torturados e mutilados ou devorados por criaturas perversas. Por um instante, Kyara ficou imóvel indignada com a crueldade de Gorlock.

- Monstro! Como pôde ser capaz de tamanha crueldade?... Quantas atrocidades cometeu com essas pessoas?

- Todas que não esgotassem suas vidas, totalmente... Eu me servi o quanto pude de cada um deles. Depois que você estiver em meu poder, todas essas criaturas miseráveis servirão de alimento para minhas feras. Com exceção das mulheres. Elas serão usadas para gerar mais Orcs.  Aperfeiçoarei essa raça para que se tornem indestrutíveis. Com a ajuda deles, me tornarei o Senhor da Terra Média. Depois marcharei para Tanusia com meu exército muito maior em número e força que qualquer outro exército. Só precisarei decidir se viverei naquele palácio deprimente do seu pai ou se construirei algo mais apropriado a minha magnitude... Gorlock fazia questão de ser desdenhoso.

- Se sou eu o que deseja, então irei até você, mas liberte as almas dessas pessoas. Deixe esse povo em paz. Não pertencemos a esse mundo. Eu me entrego a você em troca da liberdade da Terra Média.

Dizendo isso Kyara lançou ao chão a sua espada e desatou as correias que prendiam suas armas.

- Vamos, Gorlock! Você mesmo disse que eram patéticas. Já sugou o que pôde... Você terá a mim para fazer o que quiser. Só terá que partir daqui e deixar essa terra livre. Em Tanusia meus poderes serão maiores, principalmente com a pedra. Você terá tudo o que sempre desejou e terá a chance de destruir seus inimigos.

Legolas, ao ouvir as palavras da Kyara, se desesperou e tentou entrar no campo de força, mas Elladan o segurou seguido logo depois por Elrohir. Os outros ficaram atordoados com o que acontecia sem saber como proceder. Aragorn e Gimli não sabiam se ajudavam Legolas a enfrentar o bruxo ou se o impediam como Elladan e Elrohir tentavam fazer.

- Não, Legolas!... Manifestou-se Elladan.

- Ele a levará. Preciso impedir.

- Não, ele não a levará daqui... Garantiu Elladan... – Se entrar naquela redoma de energia colocará a vida de todos em perigo.

- Não percebe o que está para acontecer? Ele a levará. Ouviu o que ele pretende com ela. Deixe-me livre.

Desesperado, lutou com os amigos e já estava quase liberto quando Berethor se uniu aos dois irmãos para imobilizá-lo.

- Ele não a levará, porque vi o futuro e ela estava nele. A batalha ainda chegará e, inevitavelmente, você o confrontará. Acredite!... Proferiu Elladan.

Legolas, mantido imobilizado pelos braços e pescoço, desistiu do esforço que fazia para se libertar, porque conhecia o poder profético de Elladan, herdado de seu pai e de sua avó, e, mesmo temeroso, resolveu aguardar o desfecho daquele diálogo insano, confiando nas palavras do seu amigo.

Enquanto a confusão se acalmava do lado de fora da redoma de energia, Gorlock seguia com as suas considerações num diálogo propositalmente provocativo.

- Você sabe muito bem que meu objetivo é destruir Gahya... Estaria disposta a se entregar a mim em troca dos meus prisioneiros, mesmo sabendo que com você em meu poder nada mais me deteria?

- Séculos já se passaram e você ainda alimenta todo esse ódio por Gahya. Não é possível que você não tenha sido capaz de enxergar a verdade... Ela não assassinou a sua verdadeira família.

Gorlock silenciou com o comentário da Kyara.

- Sei que a vida não foi justa com você. Sei o quanto foi infeliz sendo criado por aquela bruxa repugnante, mas isso não justifica sua maldade, seu ódio. Essas pessoas que você mantém prisioneiras não são culpadas de nada. Gahya não foi culpada de nenhuma das acusações que você fez a ela.

Gorlock mantinha o semblante de quem tinha o pensamento longe. Sem esperar, ele focou seu olhar negro para Kyara. Erguendo uma das sobrancelhas e, com um sorriso de canto de boca, rebateu os argumentos dela.

- Boa tentativa, princesa Kyara!... Ele suspirou parecendo entediado... – Se vossa majestade argumentou tudo isso na esperança de apelar para minha consciência, perdeu seu tempo. Gahya foi culpada por me banir. Você mesma disse, com todas as letras, que se tivesse tido chance teria me destruído... Por que eu seria benevolente com vocês duas agora?... Fui banido para um lugar fora das esferas do tempo, sem dia ou noite. Vivi todos esses séculos que mencionou sofrendo uma eterna tortura.  Você acha que meu exílio foi melhor que a morte?

Gorlock a encarou deixando transparecer seu ódio e sua dor. Aos poucos sua bela face se desfigurou tornando-se um ser deformado de pele enrugada e envelhecida, sem cabelos ou sobrancelhas. Ele sorriu para Kyara, deixando aparentes seus dentes afiados. Olhos totalmente tomados pelo negro a encaravam fazendo-a sentir uma angústia quase dolorosa no peito.

- Você não tem ideia do que eu me tornei, das dores que sofri e o que fui capaz de fazer para sobreviver e poder voltar... Gahya me baniu para que fosse destruído o resto de humanidade que existia em mim... Agora terá que pagar. Eu agora tenho nas mãos o poder e as ferramentas de que preciso para ser bem sucedido com os meus planos. Quando derrotar Gahya nada me deterá... Ele deu uma risadinha abafada... – Estarei no topo do mundo, minha cara.

- Então, leve-me com você e liberte seus prisioneiros. Liberte suas almas... Para derrotar Gahya você não precisará de nada que a Terra Média possa oferecer. Basta ter em seu poder a pedra e a mim.

- É uma oferta... tentadora, sim... A questão é: porque me desfazer de um reino tão promissor se poderei ter os dois?... Além do mais, não a quero de bom grado. Será mais prazeroso quando for derrotada, humilhada e subjugada a minha vontade.

- Então me enfrente como um homem... Covarde! Maldito!

Gorlock gargalhou ruidosamente, debochando do destempero dela.

- Não entendo como conseguiu invadir a ilha.

- Gahya não tem mais todo o poder que você imagina. Por que você acha que ela a espera para assumir o lugar dela em Tiria?

- Não diga tolices!... Kyara disse quase cuspindo as palavras... – Do que você está falando?

- Materializei-me na ilha com a sua imagem, Kyara, e foi façanha suficiente para neutralizar sua mentora e tirar a pedra dela... Quer prova maior?

Kyara chocou-se com a revelação. Não entendia como se deu o fato e tão pouco Gahya havia-lhe dado qualquer explicação de como Gorlock havia roubado a pedra bem debaixo do seu nariz. Ele gargalhou mais uma vez diante do espanto dela.

- Ah! Minha doce e corajosa Kyara não sabia. Não passou pela sua cabecinha astuciosa como Gahya permitiu que eu a enganasse?... Pois bem, minha cara. Se você não voltar sua amada mentora será destruída. Ela precisa de você para manter viva a magia de Tiria. Mesmo estando de posse das outras pedras, eu ainda assim poderei derrotá-la... Com você sob o meu domínio... Gorlock deu outra gargalhada... – Imagina, minha cara! Todo aquele poder sob o seu controle enquanto você está sob o meu controle... Gahya morrerá seca como uma fruta podre.

Kyara estava atônita com tudo que ouvia e não quis acreditar.

- O que diz é um absurdo... Se é assim, por que não a destruiu quando teve a oportunidade?

- Você, sua intrometida, chegou bem a tempo de me atrapalhar... E eu não cometeria o erro de me precipitar como fiz no passado. Não enfrentaria você dentro do salão de Gahya... Ainda quer se oferecer no lugar das minhas pobres vítimas?... Ridícula, você, com essa sua generosidade patética. O seu destino será ao meu lado como minha escrava... Vi outro alguém que poderia atrapalhar meus planos, mas esse já destruí e foi prazeroso demais fazê-lo sofrer. Espero que tenha chegado a tempo de encontrá-lo ainda vivo. Chorou muito a morte do elfo?... Ah! Chorou! Sei que chorou.

Indagou o bruxo com escancarado cinismo. Kyara percebeu que se referia a Legolas e ela o deixou pensar que ele estava morto.

- Primeiro você me envenena com mentiras e depois quer me fazer sofrer com a morte do elfo?... Quantos já destruiu nessa terra?

- Não o suficiente... Mas aquele elfo se tornaria um oponente perigoso, e, como sei que sofreria muito com a morte dele, resolvi unir o útil ao agradável. É para você não esquecer que a vida é feita de perdas, minha cara. Acostume-se!

Kyara se enfureceu com a ironia do bruxo e apanhou sua espada do chão, ameaçando-o.

- Alegre-se com o que conseguiu até agora, porque eu o encontrarei e arrancarei seu coração com as mãos. Dou minha palavra de que vou destruí-lo.

- Mas, é exatamente o que espero que faça. Convoque seus aliados e venha. Eu a aguardo nas Montanhas Sombrias.

- Prepare suas armas, Gorlock... Vamos nos encontrar no campo de batalha.

Ele soltou mais uma gargalhada. A terra estremeceu e a escuridão, que já havia, tornou-se macabra, não pela falta de luz, mas, pela a dominação de um ser agora muito poderoso, e Gorlock expandiu-se diante dela, que, mesmo pequena, não se intimidou. Os olhos do demônio tentaram penetrar no coração e na mente da Kyara, buscando sufocar sua própria vontade.

- Brava guerreira!... Bom que seja assim. Eu a quero lutando até o fim, principalmente quando chegar o momento de tê-la em minhas mãos... Não será com espadas que irá me enfrentar... Prepare-se você, Kyara.

- Você enfrentará seu destino e será pela lâmina do aço.

- Veremos!... Gargalhando, Gorlock começou a se afastar... – Veremos!

Da mesma forma que o bruxo se manifestou, ele foi embora e o céu, tingido de negro, clareou novamente, deixando apenas as nuvens escurecidas da tempestade que se aproximava cada vez mais.

O campo de força se desfez e tudo desapareceu. O bruxo havia partido deixando uma promessa de sofrimento e morte para toda a Terra Média.

Kyara caiu de joelhos esgotada pelo esforço de manifestar tanta energia e se proteger das investidas do bruxo.

Éomer correu para acudi-la, e Legolas, de pé ao lado de Elladan e Elrohir, estava visivelmente tenso com toda aquela situação. Kyara não deu muita importância à solicitude do rei, ainda que tenha agradecido à gentileza de acudi-la.

Todos estavam estarrecidos e incrédulos com tudo o que presenciaram. Como Glorfindel havia previsto, a verdade chegara e de forma violenta, porque um inimigo terrível e poderoso havia se revelado. A guerra seria inevitável.

Kyara dirigiu-se a Legolas aflita e ele a abraçou.

- Legolas! Vi homens sendo torturados das piores formas e lançados às feras, mulheres sofrendo todo tipo de violência. Ele as está usando para a reprodução de mais orcs... Acho que são as pessoas sequestradas do vilarejo de Demétrio... Suas almas estão perdidas. Precisamos libertá-los da escuridão, porque não terão paz se não fizermos isso.

- Vamos ajudar, mas procure se acalmar... Dê tempo para que todos entendam o que aconteceu aqui.

Pela primeira vez ela olhou os rostos estarrecidos que a encaravam naquele momento. Constrangendo-se com o ocorrido, ela temeu mais ainda pela reação deles.  Aragorn foi o primeiro a falar.

- Todos nós estamos impressionados com tudo o que nos mostrou princesa... Aragorn suspirou... – Agora sabemos quem vamos enfrentar e temos que nos preparar para a guerra... Será um grande desafio, de fato.

Na mesma hora Kyara apoiou um dos joelhos no chão diante de Aragorn... – Majestade! Como guardiã e sacerdotisa de Tanusia coloco minha espada, meu poder e minha vida a seu serviço para derrotar esse inimigo. Lamento ser portadora de notícias tão terríveis, e, de certa forma ser responsável pela vinda desse demônio para seu reino. Lutei o quanto pude, mesmo sem saber o que enfrentava, e infelizmente ele me escapou.

Aragorn a ergueu... – Princesa Kyara! Não se sinta responsável ou mesmo culpada pela maldade alheia. Sabemos agora que é uma grande guerreira dotada de grande poder e sou imensamente grato pela bondade que trás em seu coração. Oferecer-se da forma como fez para nos poupar prova sua nobreza e coragem. Obrigado por estar ao nosso lado e nos ajudar. Agora, o que precisamos é de calma para pensarmos em como vamos lidar com esse problema. Vamos entrar e conversar um pouco mais a respeito.

Já reunidos no salão de refeições todos se sentaram ao redor da lareira e Gimli se manifestou.

- Temos outra criatura querendo dominar a Terra Média. Já não era sem tempo. Estava entediado. Quando vamos atrás do bruxo?

- Gimli, calma! Precisamos reunir todos os aliados e isso levará tempo... Falou Aragorn... – Essa nova empreitada será violenta e precisaremos de toda a ajuda possível... Já não se faz necessário os espiões. Suspenderei as investigações, imediatamente.

- Quem imaginaria uma situação dessa magnitude?... Diante de tantas surpresas creio que convêm uma taça de vinho.

Levantou-se Glorfindel para se servir. Ao retornar ele estendeu uma taça para Kyara, sorrindo.

- Este é de uma safra especial, princesa... Ela aceitou-a devolvendo-lhe o sorriso.

Os homens presentes começaram a discutir sobre tudo que foi revelado, sobre a convocação dos reinos vizinhos e a formação do exército. Aragorn mandou chamar seus mensageiros e despachou mensagens ordenando a suspensão do envio de espiões, conforme haviam deliberado na última reunião.

Kyara estava alheia à agitação do salão quando a rainha sentou-se ao seu lado e segurou sua mão.

- Eu estou impressionada com você. Posso dizer, seguramente, que conheço poucos com a sua coragem e suas habilidades.

- Pelo que sei os povos da Terra Média tem nas suas histórias pessoas extraordinárias com feitos heroicos e grande coragem. Seu marido é um deles, e até mesmo vossa majestade... Legolas me contou que abriu mão da sua imortalidade por amor. Muitos não teriam essa coragem.

- Vamos dispensar essa formalidade palaciana. É cansativa!... E não foi nenhum sacrifício, porque o fiz pelo amor de um homem que eu amo. Mas, você não. Você se sacrificaria em troca da vida de pessoas que nem conhece e que não é a sua gente.

- Majestade!

A rainha a interrompeu.

- Arwen!

- Arwen! O que os soldados fazem todas as vezes que marcham para a guerra? Sacrificam suas vidas muitas vezes por razões desconhecidas. Eu sou um soldado e tenho minha cota de responsabilidade, como todos os outros. Essa foi à vida que escolhi e por isso não considero um sacrifício... Além do mais, se o bruxo tivesse aceitado minha proposta eu o teria matado.

Arwen sorriu, surpreendida.

- Então, você tinha um plano?

- Eu diria que era mais uma tentativa arriscada, com poucas chances de sucesso, provavelmente suicida... Ainda assim, valeria à pena tentar... se isso me garantisse a liberdade da Terra Média.

- Destemida ao extremo... As duas sorriram.

Neste momento Aragorn chamou a atenção da Kyara para as discussões sobre a guerra.

- Princesa! Precisamos da sua ajuda para nos esclarecer algumas questões... Creio que a principal pergunta é: como vamos enfrentar esse bruxo?

- A única forma de derrotá-lo é retirar a pedra dele. Sem a pedra ele perderá a proteção e se tornará um mortal com poderes que eu mesmo posso enfrentar. Se estivesse em Tiria, mesmo com a pedra ele não teria chances, mas aqui minhas forças são limitadas.

- Ele se referiu a uma determinada pessoa, que acredito se tratar de Legolas, como um oponente a altura, o que isso pode significar?

- A pedra deve ter-lhe revelado algumas coisas do futuro e não posso decifrar esse enigma, mas tenho uma ideia que poderá ser a solução. Ele pensa que o príncipe Legolas está morto, porque estamos juntos desde que o encontrei. Se ele não pôde me ver e nem saber por onde andei, também não pôde ver quem me acompanhou. Depois da nossa troca de gentilezas é evidente que o bruxo me espera no campo de batalha auxiliada por aqueles a quem pedi ajuda e Gondor é uma referência. Enquanto ele me ver lutando imaginará que a pedra estará segura. Durante a batalha, Legolas poderá recuperá-la com a ajuda do Olho de Teferi. Um amuleto que bloqueia os poderes da pedra, deixando-o invisível para o bruxo. O mesmo que me ajudou a recorrer à magia de Tiria para mostrar-lhes todas as imagens lá no pátio... Ela se virou para Legolas... – Você é o único que ele não imagina ameaçá-lo. Com a minha proteção ele não terá como saber da sua existência e nem das suas ações. No momento que encontrá-la e tocá-la os poderes dela serão transferidos para você e o bruxo enfraquecerá. Nessa hora poderemos matá-lo, como se mata um porco.

- Mas se ele estiver com a pedra todo o tempo?

- Ele não cometerá esse erro estúpido.

- Absorvendo os poderes da pedra o que acontecerá comigo?

- Terá mais poderes que qualquer um na Terra Média. Poderá se transportar para onde quiser, seus poderes élficos aumentarão e nenhum feitiço o atingirá.

Gimli se manifestou... – Gostei do plano.

- Precisaremos de alguns dias para reunir os governantes e formar um novo exército. E uns quinze dias para marcharmos até as Montanhas Sombrias, partindo de Gondor... Éomer se manifestou.

- Pouparemos tempo se marcarmos um local de encontro. Riacho de Neve e Grimbol poderão nos aguardar no porto do rio Anduim. Já os homens de Fenmark e o Folder Ocidental marcharão com Rohan e poderemos nos encontrar na Floresta de Fangorn. O príncipe Imrahil marchará com Gondor... Definiu Aragorn.

Legolas se pronunciou... – Não vamos nos esquecer de Ithílien. Poderemos contar com os homens de Faramir. Eles se juntariam ao exército de Riacho de Neve e Grimbol no porto.

- Sim! Não esqueceremos Faramir, mas pedirei que mande apenas sua tropa. Não posso incluí-lo em uma batalha onde estarei presente. Conto com ele para apoiar Arwen se alguma coisa me acontecer.

- Também não pode esquecer meu povo. Muito temos a fazer nas Cavernas Cintilantes, mas estamos todos entediados com esse marasmo e nada de importante tem acontecido. Eles podem acompanhar Éomer... Disse Gimli... – Nada como uma boa batalha para esquentar o sangue.

- Devemos mandar mensagem de ajuda a Lórien Oriental e a seu pai, Legolas... Disse Elrohir.

- Não acredito que venham. Eles não precisam marchar ao encontro da guerra. A guerra já marcha em suas próprias terras. Além do mais, mandar alguém para as terras ermas seria o mesmo que mandá-lo para a morte. O mensageiro teria que cruzar o território inimigo... Respondeu Legolas.

Kyara pediu licença e se afastou da reunião, caminhando para a sacada da varanda. Legolas percebeu sua agonia e foi até ela.

- Tudo bem com você?

- Legolas, você ouviu o que aquele bruxo disse? Ele falou que Gahya está enfraquecendo... Ela precisa de mim.

- Ouvi... Eu não acreditaria nas palavras do bruxo. Isso pode ser uma mentira.

- Sei que não poderia dar crédito às palavras de uma criatura como Gorlock, que é puro veneno, mas os argumentos dele foram bem convincentes. Gahya nunca me esclareceu como Gorlock conseguiu entrar na ilha e atacá-la... E agora tudo fica mais complicado.

- Tudo o quê?

Kyara olhou para Legolas, com uma profunda tristeza estampada no rosto.

- Certamente o meu papel nessa história toda está gravado nas Runas do Destino desde meu nascimento. Sou a escolhida para o trono de Gahya... Agora não poderei fugir desse compromisso. Isso poderia significar o fim de Tiria.

- Kyara, você está bem? Está agitada e angustiada.

Arwen se aproximou preocupada, interrompendo a conversa dos dois.

- Vamos servir o jantar daqui a umas duas horas. Não gostaria de ir para seu quarto se refrescar e descansar um pouco? Passou por muita emoção nas poucas horas em que está aqui.

- Sim, por favor! Gostaria mesmo de me livrar da poeira da viagem... Ela suspirou... – Obrigada pela gentileza.

- Venha comigo. Eu mesma a levarei para os seus aposentos. Pedirei que uma das meninas a ajude com o banho.

- Não há necessidade. Eu já estou acostumada a me arrumar sozinha. Só preciso de água.

- Tem certeza? Então, vamos... Legolas, você já sabe onde é seu quarto.

Ele observou as duas se retirarem, estranhando as preocupações da Kyara. Não entendeu porque ela se desesperou com o fato de a Senhora de Tiria esperar que a substituísse. Afinal, isso já estava decidido. Teria que conversar melhor com ela depois. Ao entrar percebeu a ausência do rei de Rohan.

- Onde está Éomer?

- Foi falar com seus homens e tomar algumas providências. Já está mobilizando seu pessoal para a guerra... Disse Gimli.

Houve um momento de silêncio e Legolas sentou-se em uma das cadeiras... – Então todos estão de acordo que eu vá para as Montanhas Sombrias recuperar a pedra?

- Sim. Como Gimli falou, a sugestão da princesa nos parece ser a melhor opção... Respondeu Aragorn.

Legolas apoiou os cotovelos nos joelhos, cruzando as mãos a sua frente mantendo-se de cabeça baixa.

- Quero pedir um favor de irmão a todos vocês.

Ele ergueu o rosto e encarou cada um dos que estavam presente.

- Viram como aquele bruxo está determinado a capturá-la e o que pretende. Não posso permitir que isso aconteça... Ao terminar a frase suspirou com ares de cansaço... – Se eu pudesse impedi-la de ir para essa guerra... mas, Kyara não é mulher que obedeça alguém. Ela é muito determinada e sua impetuosidade me preocupa. Temo que algo possa acontecer mesmo sendo a guerreira que é.

- A sua ligação com essa moça é muito forte, pelo que percebemos... Falou Elladan.

- Somos amigos. Ela salvou minha vida e desde então estamos viajando juntos. Tivemos vários imprevistos no caminho, nos confrontamos com Orcs duas vezes, salvei a vida dela... Que tipo de ligação poderia ser? Desesperei-me imaginando que aquele maldito a levaria, como me desesperaria se fosse qualquer outra pessoa.

- Vocês dois viajando sozinhos passando por todos esses perigos... Uma situação como essa pode criar vínculos profundos entre as pessoas, realmente... Concluiu Aragorn.

- Não gostaria que ela nos acompanhasse. Um campo de batalha não é lugar para uma mulher, mas depois do que vi me preocupo se ela não for... Manifestou-se Glorfindel... – Ela é extraordinária, audaciosa, destemida... Faz-me lembrar a guerreira Haleth do povo edain que viveu em Brethil, na Primeira Era... Sem dúvida, uma guerreira de grande valor. Sua coragem chega a ultrapassar os limites da prudência, de fato... Disse Glorfindel com um brilho de entusiasmo no olhar, relembrando as cenas que vira.

- Legolas, pelo que entendi a presença dela será importante demais para não ser considerada e ela mesma está inteiramente envolvida ao ponto de não aceitar ser deixada para trás. Como pretende resolver isso?... Perguntou Elrohir.

- Peço que a protejam a todo custo. Não permitam a aproximação daquele demônio... A sugestão dela me pareceu a mais sensata e vou resgatar aquela pedra, nem que custe a minha vida, por isso conto com vocês... Respondeu Legolas.

- Você a ama, não é?... Perguntou Aragorn sem rodeios.

- E ela a você. Vimos isso no porto... Completou Elrohir... – Todos ouviram o que o bruxo disse. Ele perguntou se ela havia chorado a sua morte, Legolas... E a reação dela atirando-se nos seus braços, depois que o bruxo se foi, confirmou minhas suspeitas.

Legolas levantou-se sem responder e caminhou até a porta da varanda, fitando o horizonte enegrecido e a agitação do jardim, com a ventania que anunciava a aproximação da tempestade.

- Ora, Legolas, não há necessidade de confirmar o que está evidente. Você quase morreu de ciúmes com a solicitude de Éomer, e digo que você não parece ser o único apaixonado por aqui... Ressaltou Gimli.

- Eu a amo com toda a força do meu ser... Sempre tive as rédeas da minha vida nas mãos, mas agora não poderei lutar contra o destino e só ele poderá me conduzir.

- Está certo, amigo. Vamos fazer o que nos pede. É evidente que não permitiremos que esse bruxo coloque as mãos nela... O que posso dizer é que você levou séculos para deixar alguém se aproximar desse coração gelado, mas, tinha que ser uma mulher de um lugar que sabe-se lá onde fica? Inesperadamente saber da existência de outro mundo, sem contar o perigo que enfrentaremos. Isso parece um sonho ou um pesadelo... Uma hora ela terá que partir e o que fará a respeito? Não acha que está correndo um risco muito grande de ser deixado para trás?... Lembre-se de que um elfo não ama duas vezes.

Aragorn fez o alerta preocupado com o desfecho trágico ao que o amigo estará destinado.

- Agora estou num caminho sem volta... Respondeu Legolas... – Se a amo posso garantir que não foi por escolha. Aqui neste salão você, Aragorn, é o único que sabe bem o que digo. Se fosse pela razão não estaria casado com uma eldar. Então, não perca seu tempo me advertindo do que não tenho controle... Legolas deu às costas para os homens a sua frente e fitou o vazio pensativo... – Como poderia lutar contra algo que toma meu coração de assalto e domina meus sentidos, minha razão?... Tudo que fiz foi olhar para ela.

Glorfindel se aproximou de Legolas e colocou a mão em seu ombro... – É, meu rapaz, você tem um grande desafio pela frente. Essa moça demonstrou ser uma joia rara de valor incalculável. Vamos torcer para que a observação de Elrohir esteja correta. Caso contrário não gostaria de estar na sua pele... Falou Glorfindel.

- E nem eu... Respondeu Legolas.

Todos riram.

- Legolas, tem uma coisa que precisa saber... Elladan inquietava-se com suas visões... – Há algumas semanas tive uma visão e a imagem da Kyara me apareceu envolvida pelo fogo. Naquela ocasião não pude decifrar o significado daquilo e muito menos quem era ela.

Elladan calou-se um instante fixando os olhos no chão e concluiu.

- O destino cruzou seus caminhos e agora vejo, com clareza, que um grande sofrimento se abaterá sobre vocês dois... Elladan voltou os olhos para Legolas e o encarou... – Você ainda enfrentará esse bruxo. É bom estar preparado.

- Uma vez disse a Kyara que não fugiria do que a vida me reservaria e Lady Galadriel proferiu que minha vida ainda será marcada por muita dor, mas que eu me mantivesse firme. Então, é o que farei... Agora mais do que nunca peço que considerem o meu pedido.


Notas Finais


A sorte está lançada e o confronto do bruxo com Legolas promete. Será que o bruxo conseguirá cumprir com o que prometera? Uma coisa é certa o ódio que ele carrega no coração, se é que ele ainda tem um coração, é forte o bastante para torná-lo um oponente quase indestrutível... Será? E o amor de Legolas e Kyara já percebido por todos?... O próximo capítulo, no momento, é o mais aguardado... rsrsrsrs... mais emoção, galera!
Espero vocês nos comentários.
Uma beijoca!


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