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História A Força do Destino - Turbulências da vida


Escrita por: Tay_Bandeirah

Notas do Autor


Boa noite amores.

Espero que gostem do capítulo, escrevi com muito carinho.

Não esqueçam de comentar, fico ansiosa para saber a opinião de vocês.

Beijão e até a próxima.

Capítulo 8 - Turbulências da vida


Fanfic / Fanfiction A Força do Destino - Turbulências da vida

POV Narrador

Os meses corriam calmos. Regina e Emma estavam mais apaixonadas que nunca. Estavam aprendendo a se conhecer sob uma nova perspectiva.  Já estavam juntas a quase 9 meses e começavam a cogitar a ideia de morarem juntas. Elas tinham muitas afinidades, pensavam igual e tinham os mesmos objetivos. Ansiavam uma vida calma e adoravam ficar em casa se curtindo.

Obrigatoriamente um dia do final de semana Regina ia para a boate. Detestava ficar aos finais de semana em casa sozinha enquanto a namorada trabalhava. Ficava entretida entre Tinker e Ruby enquanto esperava a Emma trabalhar.

_ Amor acho que está na hora de você tentar se reinserir na sua profissão, afinal você já está a quase 3 anos fora dela.

_ Quase 7 você quer dizer? 4 anos presa e quase 3 trabalhando com as meninas.

_ Isso, você me entendeu.

_ Amor, sinceramente não quero. Não quero me expor novamente ao crivo daqueles recrutadores cheios de si.

_ Uma paciente minha é responsável pelo RH de um hospital. Ele é pequeno, mas poderia ser um recomeço. Posso falar com ela se você quiser.

_ Gata eu agradeço sua preocupação, mas não me vejo mais trabalhando em hospitais. Aquele ambiente vai reavivar dores que ainda são muito presentes em minha vida. No mais eu me achei nesse universo de pubs.

_ Mas amor, você vai querer abrir mão da sua profissão assim? Vai continuar como bartender?

_ Eu não estou abrindo mão da minha profissão, apenas estou escolhendo novos caminhos, assim como você sempre me ensinou.

_ Boa saída mocinha, ponto pra você! Sorriu e lhe deu um selinho.

_ É claro que não quero ser bartender a vida inteira, mas gostei no universo noturno. Penso em abrir alguma coisa minha, ou melhor nossa. Você topa?

_ Um negócio próprio amor, eu super apoio, mas amo minha profissão. Sou realizada com o que faço.

_ Eu sei que ama sua profissão, mas seria ótimo ter você ao meu lado nessa nova etapa da minha vida. Mas calma, ainda estou começando a estruturar as minhas ideias, vendo algumas possibilidades e se tudo der certo voltaremos a conversar sobre nosso próprio negócio mais cedo do que imagina Sta. Regina Mills.

_ Que assim seja, irei amar ser namorada de uma empresária. Vou poder te agarrar a hora que eu quiser, kkkk

_ Boba, kkk... Agora deixa eu dormir que eu estou exausta.

 

POV Emma

A abracei com carinho, lhe enchi de beijinhos e virei para o canto. Eu realmente estava cansada, precisa descansar. Levantei algumas horas depois completamente refeita. A semana estava começando e eu precisava me organizar. Essa loucura de me dividir entre Niterói e Botafogo estava acabando com minha saúde. Precisávamos nos decidir sobre o que faríamos.

Cheguei no trabalho mais cedo, pois queria conversar com a Belle e com a Ruby. Já trabalhava com elas a 3 anos e estava na hora de ter um aumento.

Eu não sabia mais o que fazer para cozinhar a Regina sobre essa história de morarmos juntas, eu queria muito, mas o que ganhava na boate não era o suficiente para bancar uma vida na Zona Sul. Minha morena ganhava muito mais que eu, pois além do trabalho com os presos que ser custeado pelo Município, ela tinha seu consultório particular.

Mesmo sendo uma mulher simples, Regina tinha um padrão de vida alto, ou melhor, a vida na Zona Sul da cidade é muito dispendiosa e necessita de um padrão superior de remuneração. Por mais que eu ganhasse gordas caixinhas, não poderia nunca contar com um dinheiro incerto. E era inconcebível fazer minha namorada baixar seu padrão de vida pelo simples fato de não poder acompanhá-la.  

Fui tirada dos seus devaneios pela chegadas das minhas amigas e chefes.

_ Já chegou gata? Seu turno começa daqui a 3 horas. Aconteceu alguma coisa? Falava Ruby enquanto me abraçava.

_ Graças a Deus não aconteceu nada, kkk. Só preciso conversar com vocês duas, por isso vim mais cedo.

_ Conversar com as duas... hum... já vi que vem problema, kkk. Era a vez da Belle falar enquanto me abraçava.

Nos encaminhamos para o escritório e estando acomodadas começamos a conversar.

_ Então meninas, vocês sabem que a Regina está insistindo para que eu mude pra casa dela. De fato essas idas e vindas entre Niterói, Botafogo e Copacabana estão me matando, mas eu não me sinto segura para isso.

_ Como assim Emma? Não sente segurança com relação aos sentimento da Regina ou aos seus?

_ Não é isso gata. Não me sinto segura financeiramente. Querendo ou não a vida na Zona Sul é mais cara e pra ajudar a Regina ainda tem um padrão alto de vida bem alto. Adora viajar, jantar em restaurantes caros, roupas de marca e por aí vai.

_ Entendi ou melhor, entendemos, né Ruby?

_ Claro. Você precisa de um aumento!

_ Exatamente!

_ Emma nós já estávamos conversando sobre você a um tempo. Inclusive iríamos marcar uma reunião para esse final de semana. A Ruby está querendo investir em uma filial do Lauge em São Paulo e pensamos em te propor sociedade.

_ Oi? Como assim?

_ Calma Emma, é uma ideia que amadurecemos ao longo desse semestre.

_ Meninas eu me sinto lisonjeada com a lembrança de vocês, mas eu não tenho capital para investir. Minhas economias são poucas e não sei se eu tenho uma margem muito grande no banco. No mais, não sei se a Regina iria curtir a ideia de morar em Sampa. Ela tem a vida profissional estabilizada aqui.

Belle tomou a palavra e começou a falar:

_ Vamos com calma. A Ruby está super disposta em se mudar para São Paulo. Até mesmo porque ela seria a pessoa mais indicada para estar à frente desse novo investimento. Sem contar que ela anda de Love com a Tinker e coincidências a parte a gata passou para uma grande empresa por lá.

Começamos a rir ao passo que a Ruby ficou toda vermelha. Ainda não tinha comentado com ninguém, além da Belle sobre o inicio de romance com a loira e a linguaruda já estava explanando sua vida sentimental.

_ Nossa, já estamos assim Ruby?

_ A Belle é uma babaca, não tem nada a ver com a Tinker. Já estamos pensando nessa filial a mais de 6 meses e meu lance com ela não tem nem 4 direito. Mas confesso que a ideia dela ir comigo para Sampa me motiva ainda mais, kkkk

_ Você assumirá essa aqui e ela assumirá a de São Paulo e eu ficarei no suporte das duas, entre várias pontes aéreas, kkkk

Quanto mais eu ouvia a Belle falar mais perplexa eu ficava. Estava muito afim de ter meu próprio negócio, mas nunca teria coragem em propor sociedade as meninas.

_ Eu aceito mas com uma condição! Vocês vão me dizer exatamente o custo que vão ter e eu quero dividir por igual. Eu vou pegar um empréstimo no banco e juntar com minhas economias. Só assim me sentirei de fato sócia de vocês.

_ Emma os juros bancários são altíssimos, podemos fazer o seguinte: a gente vê o investimento total e divide pelas três. Você coloca suas economias e o que faltar nós vamos abatendo das suas retiradas mensais. Serão duas boates rendendo bem, se Deus quiser, em pouco tempo você pagará sua parte, sem precisar assumir os juros abusivos cobrados pelos bancos.

_ Vocês não sabem como eu estou feliz. Muito obrigada pela confiança. Então sócias como será esse projeto, kkk

 

POV Narrador

A conversa seguiu animada. Combinaram de viajarem para São Paulo no próximo final de semana para conhecer os dois espaços pré selecionados para montarem a boate. A Ruby aproveitaria para assinar os papéis do novo aluguel. Já tinha escolhido o apê que iria morar. Um apartamento bem localizado na grande São Paulo. Moraria próximo a boate e bem perto da empresa em que Tinker trabalharia.  

Rapidamente abriram novas seleções para bartender. Emma queria entrevistar cada um pessoalmente. Precisava manter a qualidade do serviço, ainda mais agora que seria uma das donas do lugar.

A noite correu animada. Emma estava extasiada, olhava o ambiente não acreditando que a partir de agora seria dona daquilo tudo, parecia um sonho. Já tinham acertado tudo, ficaria mais uma semana na função de bartender, tempo suficiente para contratarem outra pessoa. Agendaram uma reunião com a equipe para a sexta feira, iriam anunciar a mudança no quadro societário e apresentar a nova sócia, bem como o novo bartender.

Finalizado o expediente se apressou em sair da boate, tantas coisas tinham sido programadas e ela sequer tinha contado a novidade para a namorada. Preferiu passar no banco antes de ir para casa. Queria saber dos seus investimentos e precisava conversar com seu gerente.

Ao sair do banco ouviu uma gritaria do outro lado da rua, percebeu uma pequena aglomeração em volta de um homem caído. Correu para lá e se deparou com um homem baleado. Sem pensar duas vezes rasgou um pedaço da blusa e apresou-se em fazer um torniquete. Precisava estancar o sangue enquanto a ambulância não chegava.

Mediu os batimentos cardíacos do homem e viu que estava muito baixo. Sentiu que ele estava tendo uma parada cárdio respiratória e rapidamente começou a aplicar a massagem cardíaca.

As pessoas olhavam assustadas e ligavam insistentemente para a ambulância, para os bombeiros e para a polícia.

_ Alguém procure nas coisas dele um telefone que indique algum familiar. Eu gritava enquanto fazia a massagem cardíaca. Duas mulheres começaram a vasculhar as coisas do homem na esperança de achar algum telefone.

 

POV Emma

A ambulância chegou e nessa loucura acabei indo com o desconhecido para o hospital. Percebi meu telefone tocar e vi que era a Regina. Ela devia estar preocupada, afinal já eram mais de 10 horas e eu ainda não estava em casa. Informei o ocorrido e pedi que ela me encontra-se no hospital levando uma peça de roupa. Eu estava com a minha toda ensanguentada e precisava me trocar.

Passados alguns minutos a Regina adentrava o hospital me encontrando na sala de espera.

_ Amor como você está?

_ Estou bem, mas o homem está muito mal. Está em cirurgia até agora.

_ Conseguiram avisar a família?

_ Ainda não, vasculhamos a bolsa dele e não encontramos nada. O celular dele é bloqueado e não conseguimos acessar a agenda. Estou com o telefone dele. Agora é esperar alguém procurar por ele.

_ Entendi. Amor vai trocar de roupa, pelo amor de Deus que está me dando agonia ver você com todo esse sangue. Deixa sua bolsa e o celular do homem aqui comigo. Se alguém ligar em digo o que aconteceu e passo o endereço daqui.

_ Obrigada amor, eu não demoro.

Ao chegar no banheiro, instintivamente me olhei no espelho e me ver banhada pelo sangue daquele desconhecido me fez perceber que a enfermeira apaixonada pela profissão não tinha ido completamente embora. Novamente senti toda aquela satisfação de poder ajudar ao próximo nos momentos mais críticos da vida. Lembrei de cada paciente que já tinha passado pelas minhas mãos, de cada vitória e de cada derrota vivida ao longo dos 10 anos dedicados a enfermagem.  

Imediatamente lembrei do meu filho, lembrei das inúmeras vezes que o deixei sozinho em casa, pois estava de plantão e não tinha com quem contar. Revivi os natais que passamos separados porque eu precisava trabalhar. Lembrei das festinhas na escola que eu perdi, porque estava envolta com algum paciente.

A dor de ter perdido momentos tão preciosos com meu pequeno Henry me fizeram esquecer a satisfação que sentira momentos atrás.  Me dediquei tanto a profissão que não acompanhei algumas fases do meu filho. E hoje não o tenho mais comigo. E a profissão que um dia já foi tão amada, foi a primeira a me condenar e me excluir.

Saí dos meus devaneios e rapidamente me troquei. Queria ir pra casa, precisava sair daquela atmosfera hospitalar. Ainda não estava pronta para enfrentar minhas lembranças, fossem elas boas ou ruins.

_ Rê vamos para casa. Esse ambiente não está me fazendo bem. Não consigo parar de pensar no Henry e se eu ficar aqui mais um minuto, sinto que eu vou surtar.

_ Vamos sim amor, deixa só eu deixar o celular do moço com alguma enfermeira.

Nesse momento o telefone começou a tocar. Regina atendeu e da forma mais solicita possível tentou explicar a pessoa do outro lado da linha o que tinha acontecido.

_ Minha senhora fica calma, por favor. Desse jeito a senhora passará mal antes mesmo de chegar ao hospital.  

Regina mais uma vez tentou explicar o que aconteceu, afirmou que o senhor encontrava-se em cirurgia e que estava com o celular dele, pois sua namorada o socorrera na porta do banco, dando o primeiro atendimento, tendo inclusive que o reanimar, depois de uma parada cardiorrespiratória. Passou o endereço do hospital e comprometeu-se em esperar sua chegada.

Ao lado, eu ouvia calada.

_ Amor, me perdoa, precisei dizer que iria espera-la, pois ela se recusava a desligar. Vai pra casa! Toma um banho quentinho, bebe um chá de camomila e me espera na cama. Prometo que quando chegar vou cuidar exclusivamente de você.

_ Jamais amor, vou ficar com você e vamos para casa juntas.

_ Mas você acabou de dizer que o ambiente não está te fazendo bem. Não quero que você se machuque revivendo lembranças desagradáveis.

_ Eu sei amor, mas vi um homem quase morrer em meus braços hoje. Sabe, quanto mais massagem cardíaca eu fazia, mais eu pensava na família que devia estar a sua espera. Fatidicamente me coloquei no lugar dessa família e sinceramente não saberia como lidar se uma coisa dessas acontecesse comigo. Essa mulher vai chegar desesperada e não quero que esteja sozinha. Eu vou ficar com você.

_ Tudo bem amor, então vamos esperar na cantina, lá o ambiente é mais ameno.

Falando isso Regina me abraçou pela cintura e me encaminhou para o lado de fora do hospital. Chegando na cantina sentamos em uma mesa vazia e pedimos um suco de laranja.

_ Fiquei tão aturdida com essa história que esqueci de dizer meu nome para a esposa do desconhecido. E pra ajudar acabei não perguntando o nome dela. Agora como vamos saber quando ela chegar?

_ Não se preocupe amor, com certeza ela irá procurar a recepção pra saber o que aconteceu com o marido. Assim que perceberem que se trata da esposa do desconhecido vão avisá-la que estamos na cantina.

Meia hora se passaram quando Regina avistou o carro do seu pai adentrar o estacionamento do hospital.

_ Amor meu pai acabou de chegar. Não liga se ele nos ignorar ou falar alguma bobagem. Ele é homofóbico e desde que soube na minha sexualidade me excluiu da família.  

_ Ele está passando mal para vir a um hospital?

_ Acredito que não, ele faz o checape nesse hospital. Se tivesse acontecido alguma coisa minha mãe teria me avisado.

_ Você nunca fala na sua família. E sua mãe aceita você?

_ Minha mãe foi criada para servir e acompanhar o marido em absolutamente tudo. Como meu pai proibiu minha entrada em casa e cortou relação comigo ela se viu obrigada a me largar também.

_ Nossa amor, não sabia que tinha pais tão conservadores assim.

_ Antes fosse só isso, eles são preconceituosos mesmos. Mas depois conversamos sobre isso. Não quero nos chatear ainda mais. Nosso dia já está sendo puxado o suficiente para nos aborrecermos ainda mais.

 

POV Regina

Mal acabamos de conversar e vi minha mãe sair do carro com cara de choro. Estranhei o fato dela estar dirigindo o carro do papai, ele nunca permitiu isso. O carro era seu xodó, ninguém nunca dirigiu. Me levantei e fui na direção dela. Emma vendo minha aflição me acompanhou. Permaneceu a uma certa distância para que pudéssemos conversar.

_ Mãe, o que a senhora faz aqui? Aconteceu alguma coisa com o papai?

_ Regina, minha filha, diz pra mim que seu pai está bem! Como foi que você ficou sabendo que ele foi trazido para cá? Quem te avisou? Me falaram que uma moça o salvou, quem é ela Regina, me fala por favor!  

_ Como assim mãe, não estou entendendo. Ninguém me falou nada sobre o papai, estou aqui por outro motivo, mas me fala o que está acontecendo?

_ Não sei ao certo o que aconteceu. Liguei para o celular do seu pai e uma moça atendeu dizendo que ele tinha sido baleado e que estava em cirurgia.

Minha visão ficou turva e antes que pudesse me escorar em alguma coisa, cai desmaiada.

_ Regina, Regina fala comigo pelo amor de Deus. Ouvia ao longe a voz da Emma enquanto sentia meu corpo balançar levemente. _ Alguém me ajuda, por favor. Foi a última coisa que ouvi antes de apagar completamente.

POV Narrador

A mãe da Regina chorava copiosamente sem entender o que estava acontecendo, não sabia se socorria a filha ou se corria atrás de informações sobre o marido.

Os enfermeiros chegaram e imediatamente levaram Regina para dentro do hospital. Fizeram alguns exames e viram que a pressão dela caiu. Deduziram que foi devido ao abolo emocional experimentado.

Emma que até então permanecera calada, resolveu quebrar o silêncio e perguntar o que elas tinham conversado que justificasse o desmaio.

_ Boa tarde senhora, desculpa me meter, mais o que aconteceu para que a Regina desmaiasse?

_ Não sei, estávamos conversando e ela desmaiou. Falou aflita olhando para a filha deitada na maca.

_ Mas sobre o que conversavam. Ela estava bem até a senhora chegar.

_ Desculpa a minha grosseria, mas eu não te conheço para ter que dar satisfação sobre minhas conversas com minha filha. Agradeço a gentileza de ter nos ajudado, mas peço que se retire, já estamos com problemas demais por aqui.  

_ Eu é que peço perdão, mas eu não vou embora. Eu sei que a senhora não sabe e com certeza não queria que soubesse dessa forma, mas sou a namorada da Regina e ficarei ao lado dela.

_ Você disse namorada?

_ Sim, estamos juntas vai fazer 1 ano. Só queria entender o que aconteceu para que ela desmaiasse, afinal ela estava bem até pouquíssimo tempo atrás.

POV Emma

Nesse momento percebi que a mulher não me olhava mais nos olhos. Novamente voltava a chorar, ainda que de forma discreta. Não parava de acarinhar o rosto da filha, mais não conseguia esconder seu desagrado em me ver ali.

_ Ela me perguntou o que eu fazia aqui e eu falei que fiquei sabendo que seu pai tinha sido baleado e trazido para cá. Depois disso ela desmaiou.

_ A senhora disse baleado?

_ Sim.

_ Me desculpe perguntar, mas como a senhora ficou sabendo do acidente?

_ Liguei para o celular dele e uma moça atendeu, disse que ele tinha sido baleado e trazido para cá. Não consegui nem perguntar o nome da moça de tão aturdida que fiquei com a notícia. A coitada deve estar me esperando até agora, implorei para que ela me esperasse chegar.

Fiquei paralisada com o que tinha acabado de ouvir. O destino não poderia ser tão leviano assim, colocar o pai da Regina nas minhas mãos...

_ Moça, moça, você está bem? Falava a mãe de Regina ao ver minha reação.  _ Já que você é namorada da minha filha, pode ficar com ela para que eu saiba notícias do meu marido e libere a moça com quem falei. Ela me disse que a namorada dela salvou a vida do meu marido, eu preciso agradecer a ela por isso.

_ Regina, meu amor, eu estou aqui com você, vai ficar tudo bem, confia que vai dar tudo certo. Eu chorava desesperadamente.

Nesse momento a Regina começou voltar a si, vendo que eu estava literalmente agarrada a ela e que sua mãe nos olhava sem entender muita coisa.

_ O que está acontecendo aqui? A coroa falou quando percebeu que a minha aflição não condizia com a situação.

_ O destino pregou uma peça em nós. A moça com quem a senhora falou no telefone foi a Regina. Não sabíamos quem era o baleado e estávamos esperando a esposa dele chegar para irmos embora.  

_ Mãe, como está o papai? Emma o baleado é meu pai. Aquele sangue na sua roupa era do meu pai Emma. Pelo amor de Deus diz que eu estou tendo um pesadelo. Ela chorava copiosamente abraçada a mãe.

_ Calma amor, ele vai ficar bem. O pior já passou.  

 

POV Narrador

O pior realmente tinha passado, a cirurgia, apesar de complicada foi um sucesso. Por ter perdido muito sangue precisou ser transfundido imediatamente, mas agora era esperar ele se recuperar e se tudo desse certo em poucos dias poderia voltar para casa.

Assim que ele acordou viu sua esposa sentada ao lado da cama. Olhou para ela com carinho e agradeceu a Deus por estar vivo. O médico entrou na sala acompanhado por Regina que se inteirava de todos os detalhes da cirurgia e do passo-a-passo da recuperação.

 

POV Regina

_ Regina o que você faz aqui?

_ Pelo amor de Deus pai, você acha que eu não viria, só porque você virou a cara para mim e disse que eu não era mais sua filha?

_ Agradeço sua visita e sua preocupação, mas já estou melhor e isso não muda nada. O fato de ter sido vítima dessa violência desacerbada não significa que tenha mudado meus valores e minhas convicções. O que é errado continua sendo errado independente da circunstância. Não é porque quase morri que vou aceitar seu desregramento.

_ OK, se nem a iminência da morte foi capaz de fazer com que o senhor reveja seu conceitos, quem sou eu para fazer.

_ Desculpa interromper a conversa de vocês, mas preciso passar a visita.  Henry o senhor levou um tiro na perna, que infelizmente atingiu a femoral. Perdeu muito sangue e teve uma parada cardiorrespiratória, mas graças à rápida atuação de uma moça que estava no local o senhor não morreu. Ela estancou o sangramento e trouxe o senhor de volta a vida. Agora é ficar quietinho, aproveitar a folga e depois fazer a fisioterapia para normalizar os movimentos. O senhor ficará internado até acabar o antibiótico, depois é vida nova. De antemão pegue meus telefones, havendo qualquer intercorrência é só me ligar.

_ Obrigada Doutor. Que Deus lhe pague.

O médico acenou com a cabeça, nos cumprimentou gentilmente e se encaminhou para porta.

_ Doutor, a moça que me salvou, o senhor sabe o nome dela? Ela ainda está aqui ou deixou algum contato? Preciso agradecê-la. Nos dias de hoje é difícil achar alguém que se disponha a ajudar o próximo, ainda mais em tais circunstâncias.

_ O nome dela é Emma, ela estava aqui até a pouco. Confesso que agora não sei te informar se ela já foi.

_ Mais uma vez obrigada Doutor, vou colocar seu nome e dessa moça nas orações do culto.

O médico agradeceu e saiu, deixando minha família novamente sozinha.

_ Regina agora que você já viu que estou bem, pode ir embora. Obrigada pela preocupação. Cora veja se essa moça ainda se encontra pelo hospital, preciso agradecê-la. Ela salvou minha vida, mesmo não sabendo quem eu era. Essa menina cumpriu exatamente os ensinamentos de Jesus, fazer o bem sem olhar a quem!

Eu estava perplexa com tudo que estava acontecendo, mesmo diante da morte meu pai continuava preconceituoso. Em momento algum parou para avaliar minha dor, meu medo de perdê-lo, meu desespero ao ver que ele fora baleado. Mais uma vez estava sendo simplesmente descartada.

_ Mãe eu vou indo, precisando de alguma coisa pode me procurar.

_ Não minha filha, não escuta o que seu pai está dizendo, ele está cansado e não sabe o que está falando.

_ Cora você acha que vou perdoar e aceitar a vida transgressa que ela leva só porque fui baleado? O pecado mora nela e não posso permitir que meu nome seja manchado por isso. Tenho um rebanho a comandar e eles precisam ver em mim um líder justo e coerente com as palavras de Deus. Se eu passar a mão na cabeça dela estarei indo contra todos os ensinamentos da bíblia.   

_ Cala a boca Henry, você não sabe de nada, nossa filha é uma pessoa honrada, de bem, honesta, trabalhadora, gentil, sincera e amiga. O fato dela amar uma pessoa igual a ela não faz com que ela vire outra pessoa.

_ Cora, pelo amor de Deus, não me venha com essas sandices. Não adianta tentar justificar o injustificável. Ela se afastou de Deus no momento em que escolheu essa vida nefasta. Agora só nos resta orar para Deus ter clemencia da sua alma.

_CHEGA, eu cansei de ser maltratada e humilhada por você e por essas convicções retrógadas que você tem. Se o senhor não sabe separar caráter de sexualidade o problema não é meu. Eu tenho pena da sua ignorância. Se diz tão religioso mas é incapaz de amar ao próximo, é incapaz de perdoar. É orgulhoso e prepotente e se acha o dono da verdade. Agora deixa eu te fazer uma pergunta e eu quero que você seja totalmente sincero comigo. Preciso dessa resposta para encerrar essa etapa na minha vida. Se fosse você no lugar dessa moça, você ajudaria sem olhar a quem?

_ Claro que sim, você pode não concordar comigo Regina, mas eu sigo à risca a palavra de Deus e não sou eu quem diz que o homossexualismo é errado, foi Deus quem disse.

_ E se esse alguém fosse homossexual, ainda assim você ajudaria?

_ Eu não sei dos propósitos de Deus, quem sabe eu não seria um enviado de Dele para salvar essa pessoa dessa doença que vai além das doenças do corpo.

_ Pra mim já deu. Falei com lagrimas nos olhos. Minha mãe segurava forte minha mão, tentando não me deixar sair. Mas eu não conseguia mais, era mais forte que eu.

Ouvimos suaves batidas na porta, minha mãe ao abri-la se deparou com Emma.

_ Desculpa incomodar, só queria saber se a Regina está bem.

_ Que isso meu anjo, já ia te procurar, meu marido quer te agradecer pelo que você fez e eu preciso que ele te conheça pessoalmente. Entre por favor.

De forma acanhada vi a Emma entrar no quarto, como esperado ela percebeu que eu não estava bem, nos conhecíamos profundamente e com o olhar ela me passou a coragem que eu tanto precisava.

_ Henry essa é Emma a moça que te salvou.

_ Obrigada minha filha, Deus lhe abençoe. Você agiu como uma verdadeira serva de Deus, me ajudou sem saber quem eu era. Se não fosse por você eu não estaria mais aqui.

_ Não precisa agradecer, eu fiz o que precisava ser feito e faria por qualquer pessoa que tivesse na sua situação.

_ Você agiu em nome de Deus, guiada por ele e eu serei eternamente grato a você. Existe alguma coisa que eu possa fazer para te recompensar?

_ Não, obrigada.

_ Desculpa eu sou um mal educado, meu nome é Henry Mills e essa é minha mulher Cora Mills.

_ Nos conhecemos mais cedo.

Cansada de tanta hipocrisia peguei minha bolsa para ir embora.

_ Emm me leva para casa, por favor, não aguento ficar aqui nem mais 1 segundo.

_ Emm? Vocês se conhecem?

_ Desculpa querido pai, mas o senhor me humilhou de tantas maneiras possíveis e imagináveis que não tive tempo de dizer. A caridosa moça que faz o bem sem olhar a quem e que salvou sua vida é minha mulher. Seu sangue está estampado nas mãos pecadoras dela e é graças a essa mulher de vida desregrada que você está podendo me humilhar agora.

Agarrei minha mão na da Emma, dei um beijo na testa da minha mãe e preparei para sair.

_ Vamos amor, ele não vale o suor que você derramou tentando reanimá-lo. Fica com Deus mãe. Te amo. 



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