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História A Fúria dos Quatro - A Decisão de Quatro


Escrita por: Guard

Notas do Autor


Espero que gostem e obrigado pelos comentários!
Continuem a comentar sobre o que acham, se querem reclamar de algo hahaha só não vale me xingar.

Capítulo 17 - A Decisão de Quatro


Um

 

            Minhas mãos continuam a tremer mesmo depois do treino. Já se passou um dia desde que toda aquela confusão do treinamento ridículo do Nove acabou e nada de encontrar alguma pista do Adam. Nenhum deles jamais entenderia, Adam é mais vulnerável até que os humanos por um simples problema – ele é da elite mogadoriana. Pode parecer estúpido, mas sei como os mogs podem ser cruéis e sei o que aconteceu a Adamus quando tinha a idade de Adam. Ele foi rechaçado por toda a família e largado para morrer.

            Isso não aconteceu com o Adam. Ele me contou que é um herói para a família desde que sobreviveu ao cerco contra mim na Malásia. Ironia a parte, já que foi a partir dali que ele decidiu abandonar os preceitos mogadorianos e começar a ajudar a Garde pelas sombras. Faz tanto tempo desde tudo aquilo aconteceu. Adamus e eu fugimos por vários anos e quase fomos descobertos tantas vezes.

            Nosso quarto é a imagem de como está a minha mente. Roupas jogadas por todo o canto, gavetas abertas e comida espalhada, enfim tudo está um caos. Quando Adam ou os outros dizem que Adam é minha âncora. Eu sou obrigada a assumir que é verdade, por isso mesmo não posso abandoná-lo – ainda mais agora que sei que está vivo. Termino de arrumar minha mochila nessa hora, pus tudo que poderia nos ajudar de alguma maneira. Roupas minhas e roupas dele, algumas coisas que roubei da cozinha e dinheiro do estoque gigantesco que Sandor tem na sala. Por sorte depois do treinamento todos os outros estavam cansados demais para pensar em mim. Falta apenas algumas coisas que desejo levar da minha arca.

            Visto as luvas que tenho para ficar prevenida de qualquer combate. Pego a minha pedra de cura e fico observando o macrocosmos dentro da arca. Se os outros fossem me ajudar eles já teriam o feito, penso. Não há para que levar mais alguma coisa pesada então pego a gargantilha que me ajuda a controlar as Chimaeras. Falando nisso, eu olho na mesma hora para o husky siberiano deitado na cama. Não sou só eu que está preocupada Adam. Não preciso do Legado de Telepatia animal de Nove ou Quatro para saber que Dust irá comigo.

            Decido que pelo menos devo ir ver como Ella e Henry estão antes de partir. Não posso ser egoísta com o sofrimento dos outros. A garota ficou muito estranha no combate quando seus olhos assumiram aquela coloração azul cobalto e me deu esperança sobre o paradeiro de Adam. Aquele que vocês procuram. Só pode ser ele e Henry, com certeza o Cêpan de Quatro deve estar se sentindo culpado.

            Já faz algum tempo desde que abro a porta do quarto em horário que os outros estão provavelmente acordados. Adelina vai querer me esganar quando vir o estado que deixei meu quarto, mas não me importo. A outra parte da visão de Ella me fez estremecer, um perigo real está a caminho. Isso quer dizer que uma hora ou outra os outros irão acabar saindo daqui para a batalha, mais um motivo pelo qual devo fazer isso sozinha.

            A enfermaria foi um dos quartos vazios da cobertura que foi modificado e colocaram alguns equipamentos médicos. Muito embora nenhum dos dois precise de soro ou qualquer tipo de tratamento, é só um lugar para deixarmos nossos feridos mais concentrados – não que isso ajude muito. Além do mais, só existem duas macas improvisadas, as duas atualmente ocupadas.

            Passo de relance na sala e vejo Nove e Maggie debatendo algo que parece estar ocasionando uma briga. Lembro que a ruiva ficou irritada ao não ser escolhida por Nove e isso foi motivo de ter ficado bastante distraída no treinamento, acho que o fato de ter tentado usar seu Legado de Ilusões em Ella não deve ter ajudado muito na conversa do casal. Sinto meu punho tremer quando vejo Nove com aquela cara de machão dele ouvindo o que Maggie falava. Nunca esperei que meu combate com ele fosse acabar assumindo aquela proporção, em matéria de irritar os outros Nove é ótimo.

            Mesmo assim sou um pouco grata a ele. Se tivesse saído na hora em que descobri o desaparecimento de Adam, provavelmente já teria demolido metade de Chicago atrás de informações. Socar a cara de Nove por tantas horas foi ótimo para me fazer relaxar.

            Não consigo encontrar os outros até chegar na enfermaria e quando adentro nela vejo Quatro sentado ao lado da maca de Henry. O Cêpan está com uma expressão mais serena no rosto e parece que já despertou tendo em vista que Quatro está mais calmo e até consegue perceber que estou no local.

            - Olá Um. – ele comenta dando um sorriso fraco. – Não esperava ver você aqui, o Henry já despertou só que ainda está descansando. Prometo que quando ele acordar eu...

            - Tudo bem Quatro. – eu acabo o cortando sem querer. – Não precisamos estressar o seu Cêpan, ele deve se recuperar primeiro.

            Até porque eu já sei onde o Adam está. Penso comigo mesma.

            O garoto parece me olhar com um pouco de alívio e empatia. Deve ser mais difícil para ele que todos nós, John é em tese o mais poderoso por causa do seu Legado, contudo, ele precisa aprender o máximo possível dos nossos poderes para ficar equiparado na batalha final. Consigo notar uma breve diferença no seu olhar, mais determinado e forte que antes. Sem dúvida ele será um grande líder – claro que nunca irei dizer isso para ele.

            Ella está na outra maca atrás da subdivisão e como eu havia pensando, Crayton está ao seu lado. O Cêpan segura a mão da garota de maneira suave e parece prestes a chorar, pelo que pude perceber ele está com um olhar nostálgico. Como se estivesse se lembrando de todos os momentos que ele e a menina passaram, deve ser difícil vê-la tão crescida repentinamente.

            - Como ela está? – pergunto.

            A garota passou por dois comas seguidos. Isso é preocupante, acho que tem relação com a outra Ella que entrou em sua mente e acabaram por compartilhar suas experiências e Legados. Nunca parei para pensar que isso pudesse deixar alguém tão exausta assim.

            - Despertou alguns minutos atrás. – Crayton me responde sem olhar para trás. O homem está num estado tão péssimo quanto o meu por causa da preocupação. – Eu não pude fazer nada, os Legados dela se desenvolveram rápido demais para sua mente acompanhar, se fossem poderes mais físicos. Só que Ella tem poderes que exigem concentração e uma mente estável.

            Concordo com ele em silêncio. Ella já tinha o Aeternus, Telecinese (como todos nós), agora desenvolveu a Telepatia e também alguma espécie de poder sombrio profético que faz seus olhos brilharem numa cor sinistra e ancestral.

            - Não é sua culpa... – consigo murmurar. Droga, sou o pior tipo de pessoa para tentar consolar alguém. Ao menos a garota está viva e perto dele. – É tudo coisa desse destino louco que está fazendo as coisas se acelerarem de uma maneira absurda.

            Crayton se vir para mim e estuda meu rosto. Seu bigode espesso está bagunçado e agora uma barba rala cresce pelo resto do rosto. Sinto que o homem deseja conversar comigo, a típica conversa Cêpan Garde, mas hesita. Consigo entender o seu lado, ele nunca nos viu até que começamos a nos reunir e veio numa nave diferente da minha, contra todas expectativas. O homem embora seja um Cêpan parece mais rígido e sério, as vezes acho que ele se preocupa mais com Ella do que como sua protegida – eles são como pai e filha.

            Ficamos nos encarando nessa situação constrangedora até que somos interrompidos por um gemido leve de Ella. A garota os abre bastante devagar e está com uma expressão cansada e sofrida, o que a possuiu deve tê-la drenado de maneira bastante potente. Seus olhos estão normais agora, mas ainda possui alguma coisa ancestral e antiga neles.

            - Um? – ela me chama. Isso me deixa bastante perplexa e emotiva, nunca fomos muito próximas. O fato de sua voz me chamar assim que acorda me deixa sem jeito. – Sabia que viria.

            - Sério? – pergunto abismada, nem eu mesma sabia que iria vir até trinta minutos antes.

            Ella me lança um sorriso de leve para mim e acaricia a mão de Crayton. O homem parece querer se conter para não ficar emocionado.

            - Ella, por favor descanse mais um pouco. – ele fala

            - Estou bem papai. – a garota fala com uma ternura que corta o coração, logo depois se volta para mim. – Um preciso falar com você.

            - Bom, eu estou aqui.

            - Eu sei o que pretende Um – sua expressão se torna sombria e estranha. – Não pode ir atrás do Adam sozinha, acredite, eu sei como isso vai terminar.

            Tento controlar meus impulsos quando a garota fala isso. Sinto minhas mãos apertarem para conter a raiva, sei que Ella fala isso para o meu bem, mas não a quero invadindo minha mente assim.

            - Não pode me impedir Ella, e por favor não leia minha mente. – rebato tentando controlar minha voz.

            A garota balança a cabeça em negação após me ouvir.

            - Está errada Um, eu não li sua mente... Eu... Vi o futuro. – de repente ela fica pálida e Crayton a segura temendo que volte a desmaiar. – Não sei como isso funciona Um, mas se for atrás do Adam sozinha irá morrer.

            - Pare com isso Ella! – dessa vez não consigo conter minha raiva. – Você não me conhece e nem ao Adam, ele faria o mesmo por mim... O mesmo por todos vocês!

            - Já chega Um. – Crayton se levanta e me lança um olhar aborrecido. – Ella está fraca, mas se planeja ir atrás do Adam sozinha eu terei que falar isso para os outros.

            - Um, eu previ o futuro. – Ella revela. – Não estou lhe advertindo, eu vi o que acontecerá se for atrás do Adam... Por favor Um, não faça isso sem a gente. O Adam irá sofrer muito e acabará morrendo também.

            Hesito antes de falar. Algumas vezes os outros brincaram a respeito da minha relação com o Adam ser algo meio que Romeu e Julieta moderno, bom no final da história os dois acabam mortos.

            - Não posso deixa-lo Ella... – controlo minhas lágrimas. – Simplesmente não posso abandoná-lo.

            Ella fecha os olhos levemente. Parece que ela envelheceu mais uns cinco anos após tanta coisa em sua mente é assustador para falar a verdade.

            - Você não vai sozinha Um. – Quatro aparece por de trás da divisória das macas. – Eu não irie deixar que vá sozinha.

            Olho para  John e tento me recompor antes de falar.

            - Você não pode me impedir Quatro, eu lutarei com todos vocês se for preciso.

            - Quem disse que quero me impedir? – ele ergue uma sobrancelha e depois se aproxima de mim até ficarmos próximos e repousa uma mão em meu ombro. – Nós vamos com você, eu concordo com tudo que disse, o Adam faria o mesmo por nós.

            Não sei o que dizer para Quatro, depois de todos ficarem contra mim após o treinamento o apoio de uma pessoa me deixa aliviada. Quando percebo eu o estou abraçando forte, ouço ele dar um gemido leve, mas continuo. Só agora percebo o quão frágil estou e quanto precisava do apoio de algum dos meus aliados – dos meus amigos. Foi a última coisa que conversei com Adam e até brigamos por isso.

            - Obrigada, Quatro. – consigo dizer enquanto me afasto dele enxugando as lágrimas e constrangida.

            Ele sorri para mim de leve e então se volta para Ella. Sua expressão para a garota é serena também. – Existe algum problema em irmos todos salvar o Adam? – ele pergunta.

            Ella balança a cabeça em negação para a pergunta dele, mas o modo que faz não me deixa muito aliviada.

            - O futuro é relativo Quatro, ele está sempre mudando. – a garota revela. – E infelizmente eu não aprendi muito para poder lhes garantir algo, mas sim. A Um terá mais chance de sobreviver e resgatar o Adam se formos juntos.

            Animador. Quase que falo em voz alta para a garota, mas me contenho. Só de haver uma probabilidade maior que zero já me conforta bastante.

            - Agora precisamos só saber onde ele possivelmente pode estar. – John cruza os braços com uma expressão séria, ele então me olha. – Algo me diz que você já sabe onde ele está.

            - Isso é uma pergunta? Claro que sei Quatro, você acha que eu iria explodir todas as bases mogadorianas que encontrasse até acha-lo? – pergunto sorrindo.

            - Acho. – ele fala sendo sincero e depois começa a rir.

            Não consigo evitar de rir também, até Ella e Crayton conseguem esboçar um sorriso depois desse comentário. Só que nossa alegria dura pouco, para ser mais específica, até Dois entrar na sala correndo sem saber muito bem o que falar.

            A garota nos olha com uma expressão nervosa e está ofegante. Sinto pânico só de vê-la nesse estado. Já começo a pensar no pior e que acabamos decidindo agir tarde demais.

            - Pessoal, ainda bem que encontrei vocês. – ela fala se recuperando. – Eu e Nove ligamos para Sandor e enviamos para eles a mensagem que o grupo da Um interceptou dos mogs no dia que saímos.

            - Pera aí vocês saíram sem a minha autorização? – Crayton pergunta se exaltando nos olhando. – Eu deveria ser informado disso.

            - Sério? – olho emburrada para ele. – Estamos com uma situação tensa aqui e você está chateado porque apagamos você e a Chatelina para sairmos?

            - Um! – Quatro grita para que eu me calasse e para nossa sorte Crayton fica quieto também, mas não sem antes me dar um olhar de que vamos ter que nos explicar depois.

            Maggie está parada na nossa frente com um pedaço de papel na mão e está meio incerta sobre nos mostrar.

            - O que diz nesse papel? – pergunto por fim.

            - Os mogs... – ela começa e então volta a ficar nevosa. – Não temos mais tempo gente, a invasão irá começar daqui há quatro dias.

            Começo a sentir todos as minhas esperanças voltarem a sumir. Penso no que Ella disse sobre agora prever o futuro e talvez ele esteja já pré-determinado. Terei que ir resgatar o Adam sozinha.

            - Não pode ser! – Quatro murmura e então olha para Ella. – Você sabia disso? Era isso que aquela voz tentou nos alertar?

            Ella concorda com uma expressão triste e distante, pelo menos a garota não se esqueceu tudo que falou afinal.

            - O que vamos fazer Quatro? – Maggie pergunta afoita e nervosa.

            Me pego perguntando onde estariam os outros, de certo o Nove provavelmente deveria estar ao lado da garota gritando para irmos lutar e com um sorriso largo por finalmente irmos para o confronto. É de se espantar que seja uma das pessoas menos briguentas que tenha vindo.

            Quatro olha para mim e percebo que apresenta dor em seu olhar. Eu já sei qual será sua decisão sem nem precisar ouvir nada. Em seguida ele se vira para Henry e fica alguns segundos olhando para o Cêpan ferido até finalmente tomar uma atitude e falar.

            - Devemos ir impedi-lo... temos que arranjar um jeito de impedi-lo quando ele aparecer. – Quatro então dá uma pausa. – Mas não podemos simplesmente abandonar um aliado e amigo. Vamos atacar os mogs por dois frontes.

            Ele olha para todos nós um de cada vez para saber se alguém queria contestá-lo, mas eu nunca havia visto essa expressão determinada nele. De repente Quatro parece ter assumindo uma identidade mais madura e menos romântico-chorão e está sendo racional e frio.

            - Quatro, eu posso fazer isso sozinha. – digo. – Talvez se eu levar as Chimaeras consiga reverter a profecia da Ella.

            - Nosso líder decidiu. – Nove aparece debruçando na porta da enfermaria. – Não tente querer se matar Um, eu e você ainda não terminamos nossa batalha.

            Ele sorri para mim de maneira idiota, mas me pego ficando alegre de repente. Até mesmo Nove está me apoiando, Maggie lhe lança um olhar orgulhoso – acho que esse foi o fim da briga dos dois. Ella está sorrindo agora e se ajeitou na cama para nos olhar.

            - Então iremos partir amanhã. – Quatro revela. – Ella você sabe onde Setrákus irá fazer sua estreia?

            - Eu sei John, mas você também sabe... – a garota fala de maneira enigmática. – Vai ser no mesmo lugar que antes.


Notas Finais


Curtiram?
Será que a decisão de Quatro foi certa?
A profecia da morte de Um será revertida por que os outros irão ajudá-la?
Quem irá ficar frente a Setrákus?


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