Em meio ao pânico, o pai de Ana conseguiu conduzir a ela e a Cris à caminhonete, onde já havia mais pessoas.
— Pai, cadê a mãe e os meninos? – gritou Ana desesperada.
— Estão em casa. Ela foi mais cedo porque os meninos estavam com sono. – explicou enquanto dava a partida no carro – Escuta, vou deixar você e Cris com eles e vou deixar esse pessoal em casa. E talvez eu volte pra igreja pra ajudar lá.
A tempestade de raios continuava. Algumas árvores caídas, devido ao forte vento, dificultavam o percurso. A lua estava coberta por nuvens e não havia luz elétrica, já que o transformador explodira. Assim, além do farol do carro, apenas os raios e ocasionais relâmpagos iluminavam o caminho.
Alguns raios atingiam também o veículo, fazendo todos estremecerem. Ana e Cris de mãos dadas, o pânico apagando qualquer desentendimento passado.
Quando finalmente chegaram à fazenda, uma árvore caída bloqueava boa parte da passagem. Dessa forma, era preciso seguir a pé até a casa.
— Ana, vocês descem – instruiu seu pai – Deixa que eu fecho a porta do carro. Vão correndo. Sua mãe e irmãos já estão aí, cuide deles. Vou tentar não demorar.
Ana assentiu, não havia tempo para discutir. Ainda de mãos dadas, as duas correram o mais rápido que conseguiram. A lama, o vento, a escuridão tornavam o percurso quase impossível. Ana, porém, conhecia muito bem a fazenda e pôde guiar Cris com sucesso até a casa.
Mas a porta estava trancada. Ana gritou por sua mãe, porém não obteve resposta. Conseguiu entrar pelos fundos, usando uma chave reserva escondida no alpendre.
O interior da casa estava completamente escuro, faltara energia aqui também. Ana conseguiu acender uma vela e foi percorrer o lugar em busca de sua mãe e irmãos. Cris a seguiu, sem ter outra opção.
— Mãe? – Ana gritava em cada cômodo.
O lugar era grande e parecia um labirinto.
— Eles não tão aqui – concluiu aos prantos após percorrer todo o local.
Cris não sabia o que fazer. Estava tão assustada quanto ela. A tempestade não dava trégua lá fora, os trovões cada vez mais altos, ressoando em seus ossos.
— Calma... seu pai já vai voltar e vai saber o que fazer.
Mas não tinha certeza disso. Não tinha como ter certeza de nada. Se alguém lhe dissesse que esse era o fim do mundo, ela acreditaria.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.