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História A Garota das Visitas Noturnas - A Pequena Sombra ao Seu Lado


Escrita por: Anonymous-san

Notas do Autor


Geeeeeeeeeeeeeeeeeeente, voooltei com mais uma fic pra encher o saco de vocês!
KageHina vem aí
E por favor, não se deixem iludir pelo título da história, tem muita coisa por trás dele que vocês só vão começar a entender depois do terceiro capítulo.

E eu não vou necessariamente seguir a ordem da música, ok? Eu posso trocar alguns parágrafos de lugar, ou mesmo pular algumas partes que não sejam interessantes para a história.

Beijinhos para vocês

Capítulo 1 - A Pequena Sombra ao Seu Lado


Dias de chuva eram os melhores, pensou o garoto. Suas pernas tremiam depois da longa caminhada, ou talvez você queira chamar de fuga, não importa; o que era realmente relevante, por mais contraditório que isto possa soar aos ouvidos, eram as minúsculas gotas de chuva que, insignificantes para outros, davam um alívio tamanho ao moreno de mente atordoada. Sentir tal singelo impacto era como ser acariciado por dedos úmidos, que tentavam aos poucos enxugar as lágrimas que lhe abandonavam, como muitos à sua volta.

Além do conforto de estar ali sozinho em meio a chuva pela qual era apaixonado, havia também a conveniência de ter suas lágrimas escondidas pela água que lhe escorria pelo rosto e apagava os indícios de sua tristeza. Mais uma vez, era a natureza quem lhe consolava quando fugia de casa e todos os problemas que lhe vinham à cabeça naquele ambiente. Era a segunda vez que fugia de casa para o abraço frio, e no entanto acolhedor, daquela solidão úmida. Estranho, mas era o seu estranho, o seu único refúgio naquele mundo de infortúnios.

Estranho por que muitos não entendiam como sentia com todos os olhares jogados em sua direção, como se fosse um lobo sem alcatéia, de uma espécie totalmente exótica. E nesta metáfora que era sua vida, Tobio seria o lobo solitário, frio e reservado, ao qual muitos evitavam. Faziam especulações sobre sua origem, sua vida e seu comportamento, o analisando com olhos atentos. Mas estes mesmos observadores fissurados nunca tiveram a mísera coragem de lhe perguntar cara a cara o que sua seriedade e seu silêncio significavam.

Por isso a chuva, sim, a chuva era o melhor refúgio. Estava encharcado dos pés à cabeça, com fome e com frio, mas não podia ficar em casa e ver sua mãe se afogando nos remédios e no trabalho. Preferia mil vezes estar ali em companhia apenas do sol poente. Sem olhares críticos, julgando cada passo que dava ou cada decisão que tomava.

- Tudo bem aí?

Kageyama se sobressaltou ao ouvir a voz de um menino, incapaz de descobrir a fonte daquelas palavras. Olhou ao redor e se surpreendeu ao enxergar um garoto pequeno, que aparentava ser bem mais novo que ele próprio, em pé ao seu lado. O ruivinho mal chegava aos seus ombros, e isso apenas lhe aferia uma imagem ainda mais infantil. Seus olhos grandes e brilhantes, com um quê de curiosidade no olhar, fitavam fundo na alma do maior, como se pudesse ler as entrelinhas de sua complexidade com uma simples mirada.

- Você está bem? - indagou outra vez o menor.

- A-a, ah-hã.... - amaldiçoou completamente o seu estado entorpecido por não ter percebido a aproximação do garoto - na verdade, não é da sua conta.

Na hora não soube de dizer se era apenas impressão sua, mas achava ter visto um vislumbre de mágoa naqueles olhos brilhantes, mas tudo durou apenas um instante, pois logo a energia tomou conta do semblante alheio novamente. Kageyama sentiu um pouco de pena, mas queria apenas ficar em paz com sua melancolia e o suave toque da chuva em sua face.

- Wow, você é tão gelado quantos esses seus olhos... - Será que ele tinha noção do ridículo? - Eu sou o Hinata, posso te fazer companhia?

- Não, nanico. Eu quero ficar sozinho.

Tobio virou as costas e saiu caminhando, atravessando a rua é o do em direção aos balanços da pequena praça da cidade. Quando se sentou, uma sombra alaranjada passou por si e se acomodou no brinquedo ao seu lado. Estava intrigado, se perguntando quão masoquista aquele garoto seria por estar seguindo alguém tão rude.

- Você está me seguindo? - acusou ao baixinho.

- Não - respondeu com a maior cara lavada do mundo. - Eu gosto de praças, e você ainda não se apresentou...

- E nem vou - resmungou.

- Uwah, que mal-humorado. Por isso as pessoas acham você estranho - bufou.

- E quem disse que não sou? Parece que não te ensinaram a tomar cuidado com estranhos.

- Você não é estranho, Kageyama-kun - Estranho é você, pensou o moreno. - Eu te vejo todo dia na frente da sua escola, e sempre quis falar com você, hoje foi minha chance!

- Ah, Ok. Isso melhora muito as coisas - retrucou sarcástico, mesmo que, no fundo no fundo, estivesse intrigado com a revelação. 

Um silêncio estranho parou sobre os dois. Kageyama estava imóvel, enquanto o menor tentava inutilmente empurrar o balanço do moreno. O ruivo estava desistindo quando ouviu o moreno limpando a garganta, como se quisesse lhe falar algo.

- Não - sussurrou Tobio, como se aquelas palavras reunissem todo o significado de que precisava.

- O quê? - sobressaltou-se Hinata, tentando entender o que lhe tinha sido dito. - Não o quê?

- Eu não estou bem - respondeu. - Nunca estive, obrigado por perguntar. - suspirou, era bom finalmente dizer aquilo para alguém. Podia não parecer, mas o calor das mãos pequenas em suas costas, tentando empurra-lo, apenas aumentavam a sensação de solidão, e lhe traziam novamente à beira das lágrimas. - Eu não sou feliz, Hinata. Não sou...

Sem que percebesse, estava chorando novamente, mas dessa vez era, de alguma maneira, era diferente. Os braços esguios em volta dos seus ombros, e o peitoral magro ao qual sua cabeça estava encostada lhe traziam um conforto que nunca sentira antes. Não saberia expressar sua gratidão em palavras se fosse preciso.

- Tudo bem, Kageyama-kun, pode chorar - confortou o ruivinho - ninguém está te julgando. Não está sozinho, eu estou aqui com você grandão. Se não estava tudo bem, agora vai ficar. Pense somente no agora, eu você e a chuva.

O moreno foi atraído pelas palavras doces daquele estranho anãozinho de jardim com cabelo de cenoura. O apelido lhe trouxe um sorriso aos lábios, e aos poucos as lágrimas pararam de escorrer; agora sobrava somente a chuva, que se fortalecia a cada momento.

- Você é sempre quente assim? - indagou Hinata, com uma das mãos em sua testa.

- Isso é uma cantada? Olha que eu também jogo no outro time! - confidenciou o moreno, rindo de leve.

- Eu também, mas não foi isso que eu quis dizer. Acho que você está com febre. Tem como ir para casa?

- Tenho...

- Mas?

- Eu não quero ir para lá.

-Certo! - Pulou subitamente, assustando o outro. - Vamos para a minha casa.

- Você é louco? Eu nem te conheço direito! Eu podia ser perigoso, sabe?

- Você é perigoso?

- Se eu fosse, acha que responderia à isso, idiota?

- Uwa, você é tão inteligente! - exclamou genuinamente admirado. - Pessoas inteligentes são perigosas... Você poderia ser um estuprador.

- Pode- O Quê? Não, não sou. Não venha com essas idéias estranhas, Hinata.

- Se você fosse, também negaria... - começou o ruivo, mas parou a brincadeira quando viu Kageyama começar a tossir. - Eu confio em pessoas doentes, então vamos logo!

- Doente a sua cara, seu nanico! - gritou o maior, e desatou a fazer cócegas no outro, que acabou por cair na lama do parquinho. - Tudo bem?

Quando estendeu a mão para ajudar ele a se levantar, o pequeno fez algo que kageyama jamais imaginava que poderia vir a acontecer. O maldito puxou sua mão e, por estar ridiculamente despreparado e boquiaberto, teve sucesso em levá-lo direto para a lama.

- COMO OUSA! - gritou, e logo viu o projeto de demônio laranja se levantar e começar a correr para casa.  - FILHO DA MÃE, VOCÊ NÃO ME ESCAPA!

Hinata olhou para trás e se borrou de medo ao ver o olhar assassino do outro sobre si, e acelerou ainda mais o  passo.

Seria uma longa corrida até sua casa.

-- / / --

-MÃE! - gritou  o baixinho, assim que os dois entraram em casa. - TROUXE UM AMIGO, VAMOS PRO QUARTO!

-Se comportem, não quero ouvir nada estranho! -respondeu uma voz feminina que Tobio deduziu ser a mão do ruivo.

- Vem, vamos pro meu quarto - chamou, puxando o maior pela manga da camisa.

Subiram os degraus e pararam em frente de uma porta de madeira clara, com uma placa escrita "You Shall Not Pass" em letras brancas, com um mago ao lado. Nerd, pensou o moreno, assim que enxergou o artigo de "Senhor dos Anéis" pendurado por um prego. Hinata não pareceu notar sua pequena risadinha ao ver o objeto, e apenas abriu a porta, entrando no cômodo.

Era um quarto razoavelmente grande, mas nada muito chique. Ainda assim, também não era uma bagunça. A cama estava forrada com um lençol laranja, de um tom um pouco mais escuro que as paredes. Três cores predominavam no recinto, o laranja, o preto e o branco. Uma bola de vôlei pousada em cima da escrivaninha chamou sua atenção, assim como um enorme poster do "Pequeno Gigante" colado na parede.

- Você joga vôlei? -indagou curioso. A ideia parecia absurda, visto o tamanho de Hinata, mas líberos não precisavam ser altos.

- Eu amo vôlei, tinha um time na escola, mas eles desistiram de continuar - respondeu, dando de ombros. - E você? 

- Ah, eu jogo, sou levantador no time da minha escola - Olhou pela janela, estava começando a diminuir a intensidade da chuva. Talvez sua mãe já estivesse dormindo por causa dos remédios. Só precisaria chegar em casa cedo na manhã seguinte para não ser descoberto. - Qual sua posição?

- Atacante! - retrucou, subitamente animado. Tobio sustentava nada mais que incredulidade no olhar. - O que? Eu quero ser igual à ele!

O baixinho apontava para o poster do jogador que havia impressionada à todos, jogando como atacante do Karasuno apesar de sua baixa estatura. Compensava a "desvantagem" de altura com saltos incríveis e cortadas de mestre, e havia ganhado o respeito e admiração de muitos no mundo do esporte. Agora entendia o porquê do poster estar pendurado na parede com tanto carinho.

- Então, ele é a sua inspiração? - perguntou Tobio, aceitando a toalha e as roupas que o menor lhe entregava para que pudesse tomar banho. 

- Eu quero crescer e ficar igual à ele! - o menino se irritou quando viu o moreno segurar um risinho perante sua frase impensada. - idiota.

- Desculpa...crescer não é o seu forte. - Kageyama não foi capaz de segurar a risada quando entrou no banheiro e ouviu a bola de vôlei bater na porta trancada e a voz do menor xingando-o com todo o vocabulário que possuía. Aquele baixinho certamente era uma figura.

Tomou um banho relaxado, como muitas vezes almejava. Estar em casa não era a melhor coisa quando se tinha tantos problemas familiares, principalmente um pai como o seu. A casa daquele garoto parecia estranhamente acolhedora para si, e era um sentimento bom estar ali, ouvindo apenas o barulho da água enquanto tirava de si toda a lama do parque. um sorriso lhe surgiu nos lábios ao lembrar do local, e de como se sentira genuinamente feliz. Era bom se distrair da vida um pouco.

-- \ \ --

Hinata se considerava um garoto sortudo. Tinha uma vida boa, comida todos os dias, uma casa quente, pais que o amavam. O mundo era bom consigo, e conseguiu entender quando sua irmã foi levada para longe de si por uma doença, mas não conseguia entender por que pessoas como Kageyama haviam de sofrer tanto.

Quando viu aquela figura alta, parada no meio da chuva, achou uma cena digna de filme. A chuva emoldurava bem o cenário, mas ao se aproximar, percebeu que ela também escondia muito bem a tristeza daquele rosto tão solene. Mesmo não tendo certeza se eram lágrimas ou gotas de chuva que escorriam pelas bochechas, podia ver a dor que dominava o rosto do maior, e isso fez com que se perguntasse porque pessoas tão belas tinham de sofrer assim, sozinhas. Por isso ão pode segurar o ímpeto de fazer companhia àquele garoto misterioso.

Se jogou na cama, bagunçando o lençol, e mirou o teto com sua mente distante. Estava feliz por ajudar alguém, e queria ser amigo daquele garoto. Quem sabe, por algum golpe do destino, não acabavam se tornando melhores amigos, hã? Podia apresentá-lo para Kenma...

-Hinata, você é menor do que eu imaginava - ouviu uma voz resmungar, quando o convidado saiu do banheiro.

-Pfffff....HAHAHAHAHAHAHAHA!

Não conseguiu segurar. A figura séria e o semblante mortal do outro não conseguiram aplacar a onda de risadas que o acometeu quando viu seu shorts "atochado" nas coxas do outro, e a camisa super colada, mal cobrindo o tronco do outro. Quando conseguiu parar de rir, se levantou limpando os olhos e buscou uma blusa um pouco mais longa para o outro, e conseguiu um conjunto de gatinhos que ficara enorme em si, entregando-o ao outro.

- Sério isso? Gatinhos, Hinata?

- Prefere ficar com isso? - apontou para o corpo do outro -eu não me importo de ver suas coxas, e o modelito até que está bem sexy-sem-ser-vulgar...

- Seu demônio da moda, eu ainda te pego! - bufou.

- Então nem troque de roupa.. hehehheehhe - estava se divertindo à bessa com a cara de falsa indignação do outro, até que levou um beliscão. - Ouch! Agressivo.

- Idiota. Vou me trocar, mas você deveria ir tomar banho, e esconder esse lençol. Sua mãe vai te assassinar...

Merda. Tinha esquecido que estava encharcado e cheio de lama, e se jogara na cama sem nem pensar duas vezes. Agora tinha uma bela duma bagunça, mas também tinha uma visita para levar a culpa. - Leva para minha mãe, vai. Por favor - piscou os olhinhos - por miiiiiiim!

- Nem por você, nem pelo papa -respondeu o  moreno. - Responsabilidade não se passa, se aprende, nanico.

- Poxa, não custa nad-

- Meninos, tudo bem? Eu vim ver se vocês queriam algu- a mulher abriu a porta enquanto os dois conversavam, e Hinata gelou dos pés à cabeça. 

Kageyama, que estava de costas para a mulher, estava explodindo enquanto tentava segurar a risada ao ver o Shouyou estático e apavorado. Revanche, bela revanche a que estava tendo. Saborosa até demais.

- Hinata? - chamou a mulher, com a voz perigosamente controlada.

-S-sim? - murmurou o baixinho.

- Pode vir aqui um minuto, querido? E traga o lençol por favor. E você - apontou para o moreno, que se virou para esta - qual o seu nome, rapazinho bonito?

- Hum, sou Kageyama Tobio, senhora - respondeu, se curvando por respeito. 

- Espere só um pouco que eu já trago um lençol e um colchão para você dormir. Aliás, gostei da roupa. 

- Obrigado, seu filho é um anjo.

- Só se for. Mas boa noite, querido. Ele volta já.

Kageyama havia gostado daquela senhora, era um tanto divertida. Só tinha pena do ruivinho, esse sim estava ferrado. Quando a mulher voltou, Hinata ainda não tinha chegado, provavelmente estava lavando a sujeira. Ela lhe arrumou a cama e disse que se quisesse podia dormir logo, já que o filho estava ocupado com suas responsabilidade. Assim, deitou-se no chão e dormiu pensando em como seria se sua família fosse tão boa quanto aquela parecia ser.

Hinata chegou minutos depois de o maior adormecer, e se pegou rindo da cena. Um corpo enorme, com um pijama de gatinhos, encolhido em um colchão que mal lhe cabiam as pernas. Mas seu riso findou ao ver as pequenas lágrimas que haviam secado na face alheia, e pensou que queria nunca mais ver ele daquela maneira. Seria um bom amigo para aquele gradalhão idiota e cabeça-dura.


Notas Finais


Meio estranho, né? Acho que estou só piorando na minha escrita...
Fazer o que?
Enfim, espero que vocês gostem do capítulo. Quando terminar de escrever o próximo, eu posto.

*^*


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