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História A Garota das Visitas Noturnas - Uma Noite para se Falar em Não Ser Feliz


Escrita por: Anonymous-san

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, UHU!
Ea meu povo, meus Mavigos, como vai?Tô postando mais rápido né? Pois é, isso é lindo kkkkk

Os capítulos tão ficando maiores, e acabei de escrever um lacrador pra postar na próxima semana heheheheheeh.

ENTÂOOOOOOOOOOOOOOOOOO, PARTIU NÉ?

Capítulo 23 - Uma Noite para se Falar em Não Ser Feliz


Fanfic / Fanfiction A Garota das Visitas Noturnas - Uma Noite para se Falar em Não Ser Feliz

 

"Haveria no imaginário contrato da travessia da vida uma cláusula da estética da dor, com sua potência purgante, catártica, como na estranha beleza que costumamos apreciar ao assistir a uma cena trágica?"

José Amarante - Baile a Fantasia: contos e alguma poesia

 

Decidiu que não queria voltar para o Hajime naquela noite.

Amava o namorado, mas a dor que o acompanhava lado a lado não queria saber de conforto, ou palavras amorosas, ou um sorriso caloroso e braços aconchegantes. Precisava de alívio, de chorar, mesmo sozinho, e gritar noite afora. O mundo havia declarado guerra contra si, e Oikawa queria gritar de volta. Estava cansado de batalhas perdidas.

Era pecado querer ganhar ao menos uma vez?

Era pecado querer ser feliz?

O ar frio da noite não o respondeu, mas também não o julgou, ou confortou. Era bom estar em um ambiente neutro e poder apenas sentir a brisa noturna assolando seu corpo, atravessando o tecido fino de sua camisa social. Seu blaser, assim como o sobretudo, haviam ficado no restaurante. Naquele momento, não se importou em morrer de frio. Quem se importaria, não é mesmo?

Seus pais, certamente, não. Se importavam apenas com a família perfeita que não teriam por causa de um filho anormal. Será que haviam chegado em casa bem? Talvez estivessem sentados no sofá, aconchegados, assistindo televisão, ou teclando mensagens para colegas de trabalho. Será que estavam no restaurante, comendo, ou conversando sobre como seu filho era uma grande falha no sistema perfeito da família Oikawa?

Ao menos não conhecia nenhum dos estranhos com quem esbarrava pelas calçadas frias e solitárias do Japão. Outra vez, ao menos não era Londres, não ainda. O pai queria manda-lo para lá outra vez, não? Para 'curar' sua doença.

Aquilo machucou, muito mais do que havia esperado. Ouvir a palavra 'doença' deixando os lábios do pai, carregadas de nojo, doeram mais que o tapa. Tinha certeza que as marcas dos anéis permaneciam em sua bochecha, mas elas durariam apenas dias, semanas talvez, não mais. Mas a dor em seu peito?

Talvez nunca se recuperasse disto.

As lágrimas voltaram aos seus olhos como a chuva fina que caia, com o tempo instável do país. A chuva pararia logo, mas seu choro não. O soluço alto se seguiu de mais lágrimas quentes, e sua mão instintivamente foi ao peito, agarrando o tecido da camisa, como se fosse capaz de "puxar" aquele sentimento para fora.

Andou, e andou sem rumo pelas ruas mal iluminadas, sem que ninguém se importasse de lhe perguntar se estava bem. Talvez não houvesse ponto em perguntar afinal. Seu rosto lhes diria tudo sem que fosse necessária uma palavra gasta.

Tentou não sucumbir aos soluços enquanto caminhava, mas seus pés doíam, e estava no limite. Algo parecia estar preso em sua garganta, e respirar era difícil em meio ao choro. Aquela tristeza era insuportável. Não queria mergulhar no sentimento, mas não era capaz de pensar em outra coisa. Queria voltar pra casa, e ser recebido com braços abertos, mas sabia que era impossível.

Se sentiu tão impotente com a situação.

Decidiu sentar perto de uma árvore em frente à uma casa aparentemente abandonada. Se recostou no tronco e deixou que sua cabeça encontrasse a superfície dura e texturizada, encarando as folhas logo a cima, que se confundiam com o céu noturno. Sentiu se derrotado, parando de soluçar aos poucos, sabendo que aquilo de nada mudaria.

Gritou. Uma, duas, três vezes, sempre indagando ao mundo o que havia feito de tão errado para viver tudo aquilo. Teria sido um assassino no passado? Talvez algum samurai renegado que assassinou o mestre, ou um ditador opressor em alguma outra parte do mundo. Teria sido um dos nazistas que trabalhavam nos campos de concentração?

Era possível que alguma das opções lista das estivesse corretas, pois era a única explicação plausível em sua cabeça. Não conseguia pensar em mais nada que pudesse justificar aquela situação. Não havia mais desculpas para dar a si mesmo.

Fechou os olhos, enquanto o que desejava que fossem as últimas lágrimas desciam por sua bochecha, passando pelos sulcos vermelhos dos anéis, e sorriu triste para as estrelas.

- Grande rei? - indagou uma voz no escuro, soando cada vez mais próxima, e Oikawa se encolheu, sem querer que sua tristeza fosse avistada. - O que faz aqui?

Era o Hinata. O mascote sorridente de cabelos ruivos, com uma sacola na mão, envolto em diversos casacos. Sua voz era fraca, mas talvez estivesse abafada pela quantidade de tecido que cobria sua boca por causa do cachecol laranja.

- Eu estava tentando chorar, sabe - falou, fungando, numa tentativa de aliviar a situação de maneira cômica - mas você acabou atrapalhando. O que você faz aqui?

- Comida - o pequeno levantou o braço com a sacola, e o som das embalagens em atrito chegou aos ouvidos do garoto. - Vai me responder direito, ou vamos fingir que é engraçado?

Nunca imaginou ouvir aquilo de alguém tão sorridente e educado quanto o Hinata. O garoto parecia guardar uma força em seu corpo magro, da qual nunca havia suspeitado. Seu respeito pelo outro se renovou.

- Eu não falei nenhuma mentira - comentou, mais sério, após uns segundos de silêncio enquanto o menor se aproximava da árvore e se sentava ao lado do grandalhão - Hoje pode ter sido o pior dia da minha vida inteira.

- Acontece com as melhores pessoas - retrucou o ruivinho. - E você é uma das melhores que eu já conheci.

Um gesto simples, mas que acordou a ferida de Tooru, chamando algumas lágrimas de volta. Shoutout se aproximou, afastando-as dos olhos do outro, e sorrindo fracamente. Todos tinham seus momentos de fraqueza, e o Hinata os conhecia muito bem.

Tooru o abraçou com força, escondendo a cabeça no ombro alheio, se agarrando aos quilômetros de tecido do casaco aconchegante que ele vestia. As mãos pequenas se inseriram em seu cabelo, e recebeu um afago leve, mas ele não dizia que estava tudo bem.

- Pode chorar o quanto quiser - tranquilizou o garoto em seus braços. - Somos humanos. Precisamos chorar. Não tem vergonha nisso. Pode chorar o quanto quiser.

Os solavancos do outro passaram para si, e Shouyou puxou o outro corpo ainda mais de encontro ao seu, tentando amparar os soluços e a dor de Tooru. Estava convicto de que algo havia acontecido, muito sério, e queria que o outro confiasse o bastante em si para lhe contar.

- Está com frio, não? - indagou ao amigo, passando-lhe um de seus casacos. - Meus pais estão fora, vamos para minha casa.

- Tem certeza?

- Acredite, eu estou sendo egoísta. Não está sendo um bom dia para mim também, - sorriu mais uma vez, uma sombra de seu sorriso usual - e eu não quero ficar sozinho.

Oikawa olhou o pequeno rosto de perto, percebendo então os olhinhos inchados e avermelhados, e viu que não era o único que tinha tido um péssimo dia. Decidiu, assim, aceitar o convite. Precisava entrar debaixo de um cobertor rapidamente. E sua barriga estava roncando.

- O que você tem aí nessa sacola?

- // -

A casa estava vazia quando entraram, e Hinata sentiu um calafrio descer por sua coluna. Com o clima normalmente animado do lugar, era estranho, até desconfortante, estar ali em tanta calmaria.

- Eu odeio quando minha mãe não está gritando por aí - comentou, trancando a porta após a entrada do maior.

- Da pra ver por que você não queria ficar sozinho - simpatizou, imaginando o ruivo solitário naquela enorme casa, prostrado melancolicamente no sofá da sala. - Melancolia não combina com você.

- Combina mais do que você imagina - retrucou, jogando a mochila no balcão da cozinha, mesmo sabendo que levaria uma bronca da mãe depois, já que provavelmente esqueceria de tirar dali -, mas eu podia dizer a mesma coisa de você.

A luz da sala foi ligada, e Shouyou não se importou de mostrar os cômodos para o outro, apenas mandando que se sentasse na sala. Foi até a cozinha, enquanto Tooru se acomodava entre as almofadas macias espalhadas pelo chão - obra do próprio ruivo em seu tédio -, e logo voltou com vários lanches em mãos, e uma garrafa enorme de refrigerante.

- Copos? - o moreno perguntou.

- Gargalo - apontou para a garrafa, após jogar os pacotes no chão, ao lado do amigo -, preguiça sempre ganha. Odeio lavar louça.

- Somos dois.

Abriram os pacotes, finalmente perturbando o silêncio inquietante da casa outrora tão calorosa. O anfitrião decidiu, então, colocar algum programa aleatório na televisão. Apenas para não terem que lidar com a falta de ruídos.

Comeram e conversaram sobre bobagens, rindo e tentando ignorar as cicatrizes abertas em seus corações. Garotos que eram gentis demais para o mundo. Não mereciam viver em meio a tanta crueldade.

Os lanches acabaram, e o Hinata subitamente se levantou, deixando um Tooru confuso para trás. Entediado com o sumiço do baixinho, permaneceu sentado, encarando a televisão sem realmente prestar atenção em nada.

Minutos depois, o garoto voltou com dois potes, acompanhados de colheres de alumínio, com um desânimo anormal em seu rosto. Claramente disfarçado com um sorriso. Oikawa, no entanto, não estava comprando aquela mentira.

- Como nós não podemos beber, já que somos menores de idade - ele se aproximou com os objetos, entregando um pote e uma colher ao outro, e se aconchegando no tapete -, vamos tomar sorvete. E, é claro, falar de todas as merdas que quisermos. Hora de falar o que tá preso na garganta, grande rei.

- Achei que você ia me confortar - riu amargo, aceitando o que lhe foi oferecido de bom grado.

- Hoje, apenas hoje, eu não sou essa pessoa. - retrucou, abrindo a tampa de seus sorvete de baunilha.

Tomaram as primeiras colheradas do sorvete. O gosto era artificial, assim como a felicidade momentânea que ele proporcionava, mas ainda assim era bom. Um pouco de açúcar fazia bem contra o desgosto que sentiam.

- Eles ainda não me ligaram - comentou baixinho, quase como se não quisesse que o ruivo ouvisse.

- Como?

- Meus pais, eles não me ligaram desde que fugi do restaurante. Parece que não aceitam um filho gay - completou, sentindo a ardência nos olhos, com um sorriso irônico estampado em seus lábios. - Foi a pior tarde que eu tive. Satoru disse que me mandaria para Londres de novo, já que eles não curaram minha 'doença'.

- Você não merece passar por isso - falou o Hinata, com os olhos lacrimejantes. - Ninguém merece.

- É, também acho.

- O mundo é uma merda - levantou seu pote de sorvete, como que propondo um brinde à suas misérias.

- O mundo é uma merda. - E brindaram à verdade incômoda. - E nós estamos entalados até o pescoço.

Mais um tempo de silêncio. Oikawa ase sentia melhor, ainda não estava bem, mas estava melhor do que antes. O que o preocupava era a estranha morbidez do amigo, seu desânimo extremo. Não parecia ser aquele garoto feliz que ele conhecia.

Encarou-o por um tempo, tentando entender o que exatamente havia de diferente no ruivo. Seriam os olhos amendoados, brilhando de tristeza e melancolia? Seriam as feições cansadas e o desleixo com a aparência? Seria a falta de sues sorrisos bondosos?

- Eu também guardo alguns segredos, sabia?

Oikawa foi tirado de seu devaneio por uma pergunta retórica do menor. Não esperava ouvir aquela voz com um tom irônico e triste, como se zombasse de si mesmo. Estava em conflito com a imagem que tinha do Shouyou de todo dia, da alegria e da disposição.

- O quê? - indagou, após não ouvir a voz do outro.

- Eu tenho alguns segredos. Não muitos, mas o bastante.

- E todos não temos? - Não sabia aonde as palavras do garoto queriam levá-lo.

O ruivo pensou se iria revelar ou não o que vinha escondendo de basicamente todo mundo - menos sua mãe e seu pai. Talvez fosse a hora. A hora de alguém saber, ao invés de continuar escondendo aquilo, fingindo ser perfeitamente normal. A hora de parar de brincar de faz de conta, e mostrar que nem tudo havia sido feliz em sua vida.

- Eu tive depressão. - Finalmente falou, após terminarem os potes de sorvete. Apoiou as costas na base do sofá, e apoiou os braços nas pernas dobradas. - Do tipo que te arrasta até o fundo do oceano, e te mostra como você é inútil naquela situação. Eu via as pessoas ao meu redor respirando, enquanto eu me afogava, e eu não podia fazer nada pra voltar até a superfície. Isso aconteceu dois anos atrás.

Sentiu uma mão em seu ombro, e fechou os olhos. Não queria chorar. Não era assim que decidiu passar aquele dia. Não era assim que deveria se lembrar dela. Natsu não iria gostar daquilo.

Apreciou o apoio silencioso do mais velho. Às vezes palavras apenas complicavam mais, e agradecia a Tooru por não se obrigar a falar algo. O toque em seu ombro já era melhor do que o frio e o vazio que estivera sentindo quando ficará sozinha na casa, assombrado pelas memórias.

- Foi feio. Não tem nada de romântico nisso. Eu chorava pela manhã, assim que acordava, e passava a tarde sem conseguir derramar uma lágrima. Era apenas o sentimento de fracasso, inutilidade e uma tristeza que cavava a fundo. - Passou a mão pelos olhos, tentando afastar a tristeza de seus olhos. - E de noite eu voltava a chorar. Sempre assim. Não queria sair, não queria levantar da cama. Tentei me matar uma vez, mas não consegui quando vi minha mãe chorando e tentando arrancar a faca da minha mão.

Nunca tinha visto o amigo daquela maneira. Parecia mais...humano, talvez. Mais vulnerável, mais fácil de se conectar. Era horrível pensar que ele havia passado por tanta coisa, e segurou sua mão com força, mostrando que compartilhavam aquele momento de fraqueza.

- Ela foi diagnosticada com leucemia. Amanhã é o aniversário da morte dela, de minha irmãzinha. Hinata Natsu.

- Quantos anos? - indagou, mantendo o aperto nas mãos pequeninas, que tremiam.

- Ela tinha oito, quase nove. Eu tinha doze - devolveu o aperto do Oikawa -, não foi bem um pouco fácil. O pior eram os tratamentos. Ver os efeitos colaterais da quimioterapia, como o corpo dela reagia aos remédios. Tudo isso me destruía, e passei a rezar todos os dias para deuses em que eu não a creditava, só para trocar de lugar com ela.

- Você ainda tem crises? - perguntou o Oikawa, apagando os traços de seu choro, e fungando com o nariz. - De depressão, quer dizer.

- Todos os anos, nessa época, é horrível passar a véspera da morte dela nessa casa, ainda mais esse ano, que meus pais precisaram vistar minha avó doente na China. Parece que Natsu ainda corre pelos corredores. - riu, se lembrando da garota pequenina, saltitando pela casa, encantado a todos com sua rebeldia e ousadia, e seus cabelos ruivos, com enormes cachos. - Você ia gostar dela.

- Aposto que sim. - Levantou um dos copos de água que Shouyou havia colocado na mesa. - Um brinde à nossa existência rebelde nesse mundo ridículo! Hoje somos apenas nós contra o mundo, Shouyou.

- Só eu, você, comida e lágrimas. Nada melhor do que isso.

Beberam um gole da água, e logo a cuspiram, estava quente demais, e se acabaram de rir. Passaram mais tempo conversando.

Decidiram sentar no sofá e assistir televisão, abraçados, se confortando. Cada um com seu sofrimento, em seus próprios mundos de emoções, mas juntos, lutando contra a tristeza.

Seus peitos ainda doíam, suas cicatrizes ainda sangravam, mas estavam juntos nessa. Apoiariam e olhariam um pelo outro. Afinal, ninguém precisava enfrentar o mundo sozinho.

Humanos são fracos, mas é a fraqueza que nos une. Só não sabemos se isso é uma dádiva ou uma maldição.

Os dois adormeceram juntos, debaixo das cobertas no sofá aconchegante da sala silenciosa. Com os olhos fechados, e as feições relaxadas, pareciam anjos vivendo a melhor parte de suas vidas.

Ah, como eles desejavam que aquela fosse a verdade.

Oikawa não achava não ter família, mas tinha os amigos, é mesmo que não fosse a mesma coisa, para ele bastava naquele instante. Se sentia ainda melhor com as mãos pequenas do ruivo em seu braço. Se sentia requisitado, o Hinata precisava que estivesse ali com ele.

Pelo menos naquela noite, dormiu razoavelmente tranquilo.

 


Notas Finais


UOUOUOUOUOUOUOUOUOUO

Só pra saber, alguém aqui curte MArkson (GOT7) ? Tô escrevendo uma fic dessas aí, então pensei né, vai que pá.

Aguardeeeeeeeeeeeeeeeeeeem que agora só tem tiro no coação U-U.


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