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História A Garota das Visitas Noturnas - Declaro-me Culpado, Vossa Excelência


Escrita por: Anonymous-san

Notas do Autor


Uooooooooooooooooooooooooooooooooo, acho que a história finalmente está caminhando. Amém!
Sem mais delongas, ao nono capítulo ( eu acho):

Capítulo 9 - Declaro-me Culpado, Vossa Excelência


Fanfic / Fanfiction A Garota das Visitas Noturnas - Declaro-me Culpado, Vossa Excelência

A temporada de chuvas no Japão estava fria como nunca, ainda mais sem sua habitual energia e animação, que o faziam levantar da cama e acalorar à todos - e a si mesmo - com um de seus brilhantes sorrisos. Também não havia mais as conversas matinais monossilábicas com um certo garoto de olhos gélidos e que estava sempre mal humorado. Não havia mais aquele súbito calor que sentia ao ser elogiado pela pessoa mais rabugenta do planeta.

Um pequeno corpo esguio se escondia por debaixo dos cobertores grossos, que lhe proporcionavam um pouco mais de aquecimento, mas não da maneira que ele realmente precisava. Com as costas escoradas na parede, ele sentia cabeça pesar sobre o pescoço, mas não ousava tirar os olhos da janela, com a esperança de alguma ideia magicamente entrar voando em seu quarto, e lhe tirar de um dos seus piores dilemas.

Os pensamentos iam e vinham, entrecortados por críticas feitas por seu coração à ações tomadas pela sua parte racional - o cérebro-, e se confundiam ainda mais em meio ao emaranhado de atos dos quais ele se arrependia. Tentava encontrar conforto em sua parte racional, mas como conseguiria viver em paz se guerras eram travadas constantemente entre o instinto e a razão?

Não era de se sentir assim, e nunca tinha sido um garoto covarde -  era bem impulsivo até - em toda sua vida, até alguns dias atrás.  Quando ia ao banheiro e olhava seu reflexo no espelho, não conseguia aceitar o que encontrava: Um menino covarde e estúpido, fraco.

Infeliz.

Nunca pensara em se utilizar dessa palavra em uma frase referida à si mesmo. Sempre fora aquele que acordava todas as manhãs com um alegria irrefreável, contagiante e constante. Era inimaginável, e sua mente se negava a aceitar o que sentia naquele momento. O Hinata mais novo estava completamente, irrevogavelmente infeliz. Ponto. Nenhuma dúvida, hesitação ou mentira. Ele estava infeliz.

Ouvia o toque das mensagens em seu celular, mas sua mente se encontrava entorpecida, e seus dedos se recusavam a se mover para alcançar o aparelho. Sabia também que Kenma estava louco procurando por si, já que não respondia nem suas ligações e sempre fugia do loiro na saída da escola. O time também estava reclamando de seu mal desempenho nos treinos. Mas Shouyou não podia se importar menos com isso.

Envolveu as pernas com seus braços, e as apertou com toda a força que possuía em seu corpo magro. Enfiou a cabeça ali e escondeu seu rosto. As lágrimas não saíam, era apenas um pequeno fato para somar à sua frustração e angustia.

- Eu sou um filho da mãe mesmo.

- Filho! Acelera aí ou você vai chegar atrasado! - A mulher - sua mãe - gritou da sala, e o garoto resmungou.

Não queria sair dali, mas era preciso, não queria ter muitas faltas manchando seu histórico escolar. Por isso se apressou a levantar e começar sua rotina: Tomou banho, escovou os dentes, penteou o cabelo - cá entre nós, era rebelde demais para continuar arrumado - e colocou a roupa da escola, juntando os materiais pelo caminho e os jogando em sua bolsa. 

Descendo as escadas, passou a alça única da bolsa pela cabeça e correu para a cozinha, dando um beijo em sua mãe e em seu pai, pegando seu lanche e se adiantando para a saída.

- Shouyou, não vai tomar café? - indagou seu pai, olhando por cima dos óculos que utilizava para ler o jornal.

- Não, pai. Tchau.

- Espere!

Não deu espaço para que sua mãe o repreendesse, e saiu porta afora, deixando o casal para tás, preocupados com o comportamento estranho do adolescente de cabelos alaranjados. Acelerou um pouco o passo e fez seu caminho até a escola com um recorde, conseguindo chegar em tempo de entrar sem precisar pagar algumas voltas na quadra por atraso.

O trajeto até a sala de aula foi mais solitário que o de costume, não tendo os amigos brincalhões ao seu redor. As pessoas o cumprimentavam, mas não se aproximavam quando recebiam silêncio em resposta. Elas até estranharam sua reação distante, mas apenas deram de ombros e se afastaram, pensando que ele não havia escutado. Essa era a diferença de ter amigos e colegas. Amigos sabiam quando algo estava muito errado.

- Você saberia... - sussurrou para si mesmo.

Balançou a cabeça como que para afastar tal pensamento, e adentrou a sala com a cabeça abaixada e seguiu para sua carteira. O professor, para sua sorte, ainda não havia chegado, então decidiu colocar os fones até que o tal aparecesse e começasse a maldita aula.

Não estava com cabeça para copiar todas aquelas anotações, e decidiu que apenas pediria para um de seus colegas mais tarde. Fingiu escrever em seu caderno, mas estava desenhando traços desconexos que nem ele mesmo entendia. No final, tinha um rabisco da silhueta de um corvo, feito com caneta preta, ao lado de outro menor. Ambos voavam em direção a uma porta aberta. Tentou entender a metáfora do próprio cérebro, mas até para isso não conseguia se concentrar, e acabou desistindo mais uma vez.

O horário de aula nunca havia passado tão demoradamente, e parecia que o próprio tempo estava conspirando contra si. quando o sinal - que indicava o fim das aulas - finalmente tocou, o garoto ruivo se levantou da cadeira as pressas e correu para os portões da escola. Teria que ser o mais rápido possível se quisesse escapar de encontrar Kenma.

Não teve tanta sorte, já que logo avistou o loiro na saída principal. No entanto, conseguiu esconder sua silhueta magra e não muito alta em meio à multidão de alunos apressados para saírem daquela instituição odiada. Com passos furtivos, deu a volta e correu para os fundos da escola. Com seus contatos, que eram basicamente a irmã de Tanaka (que já havia estudado ali), sabia de uma pequena saída nos fundos, que dava para o estacionamento de uma lojinha de conveniência.

Na portinha havia um aviso de " Apenas pessoas autorizadas" que foi completamente ignorado pelo baixinho, este que continuou seu trabalho de tentar abrir a porta e sair dali sem ser visto. Após muito suor e nervosismo, e uma chave quase quebrada, conseguiu destrancar a trava e passar para fora da escola. Sua mente nem chegou a ponderar sobre fecha a porta e já estava correndo para longe dali, preocupado com a possibilidade de ser encontrado pelo outro mesmo utilizando uma rota não muito comum.

Ouviu risadas de um grupo de adolescentes, e congelou quando um deles gritou:

- Hinata!

-- \\ --

A manhã de aula não tinha sido nada fácil, principalmente com uma importante prova acontecendo em alguns dias. Com muito estresse nas costas, os segundanistas do time de vôlei se encontraram e resolveram passar um tempo andando por aí, e escolheram uma lojinha de conveniência ao lado da Yukigaoka Junior high para comprarem alguns lanches e comer jogando conversa fora.

- Você é mesmo um demônio... - falou Kindaichi, do bloqueio central. 

- As pessoas tendem a fugir do nosso capitão, mas ele na verdade é só um idiota - completou Matsukawa, com seu olhar entediado de sempre.

- Aaaaah, vocês me ofendem - alegou o moreno, fingindo estra magoado. Todos começaram a rir de sua estupidez, e ele se juntou ao eco de gargalhadas que soavam pelo pequeno estacionamento.

Bebeu seu suco e roubou um pouco do salgadinho de seus colegas, rindo quando eles se viravam irritados. Se perguntou, pela décima vez, por que o Hajime nunca se juntava a esses passeios do time. Só, é claro, quando o técnico estava presente, ou quando era uma reunião importante sobre as atividades do clube.

O capitão olhou à distância, pensativo, e acabou avistando uma silhueta pequena e magra, saindo pelas portas do fundo da escola que havia ali do lado. Rio ao se lembrar dos seus tempos no ensino fundamental, mas logo seu sorriso morreu, ao notar as madeixas alaranjadas bagunçadas pelo vento fraco.

Se levantou - estivera sentado no passeio - incrédulo, e acabou por largar a caixa de suco no chão. Seus colegas perguntavam o que havia acontecido, mas ele estava focado demis no garoto ruivo para dar atenção aos amigos.

- Hinata? - indagou para si mesmo. - Hinata! HINATA!

Correu em direção ao outro ao perceber que este havia congelado no lugar, e virado a cabeça na direção da voz que o chamava. Os olhos do menor estavam arregalados por estarem vendo um garoto com quem mal falava gritando seu nome por aí.

- Grande rei? - indagou o baixinho, sem ter a mínima ideia do porque Oikawa Tooru estava ali falando consigo.

- Que merda é essa de grande rei? - perguntou o moreno, se aproximando. - Pode me chamar de Oikawa, somos quase amigos!

- Ah, tudo bem.. ehrm, Oikawa-san? - testou, para ver se o outro concordava com a forma que decidira chamá-lo. Recebendo um aceno positivo, continuou: 

- Por que veio até mim?

-Bem...espere só um minuto! 

Tooru correu para seu grupo de amigos e os avisou que tinha algo muito importante para resolver com aquele ruivo baixinho, e se desculpando pela desfeita. Voltou correndo para o pequeno e o abraçou pelo ombro.

- Precisamos conversar, pequeno.

Hinata engoliu em seco, pois já tinha uma ideia se formando em sua cabeça sobre o possível diálogo que teria com o Oikawa. Agarrou a alça única de sua mochila e brincou com o tecido, envolvendo-o nos dedos, como se aquela fosse a coisa mais interessante no mundo. Na verdade, qualquer coisa lhe parecia mais interessante do que falar sobre Kageyama naquele momento.Talvez não seja sobre isso que ele queira conversar, pensou enquanto rezava para que estivesse certo. 

Obviamente, não estava, e o mundo tinha uma enorme capacidade de evidenciar as falhas em sua lógica desesperada.

Os dois caminharam por um tempo. O silêncio perturbador que se instalava ao redor deles transformava a tensão em um fator quase palpável. Hinata sentia suas mãos começando a suar, e mexia com os dedos desconfortavelmente, enquanto o braço do maior se mantinha ao seu redor, contribuindo para a sensação de perigo que crescia em seu interior.

- Vamos nos sentar, essa conversa pode demorar.

Inesperadamente, o moreno se agachou e sentou no meio fio,  em frente ao prédio da escola de ensino médio do time dos corvos, Karasuno High. Não entendendo porque ele havia escolhido aquele local em especial, Shouyou apenas se sentou ao lado sem fazer muitas perguntas, encarando a escola que tanto sonhava em frequentar.

- O sorriso dele é bonito, não é? - indagou o capitão dos segundanistas, olhando para o prédio. - De Tobio.

O ruivinho levantou o olhar para o rosto do outro, se perguntando aonde ele queria chegar. Seria mais uma das brincadeiras enigmáticas do homem de humor irônico a quem se referia como grande rei? Pelo menos não era essa a impressão que os olhos sérios de Oikawa lhe passavam.

- Por que está me perguntando isso? - Shouyou estava confuso sobre a intenção daquelas palavras. - Não entendo.

- Você também acha - continuou, ignorando a fala do menor -, eu sei. E ele esteve muito mais feliz nesses meses.

- Eu não sei aonde você quer chegar...

- Não sabe? - indagou, levemente irritado - Ou finge não saber? Por que é mais do que óbvio que ele se importa com você, e vice-e-versa. Por que acha que ele passou horas na chuva te esperando? Por que um passarinho azul mandou que ele o fizesse?

- Por que está tocando nesse assunto? - indagou o ruivo, olhando para o maior. - Você não tem nad....

- Não diga que eu não tenho nada a ver com isso porque aquele idiota é meu amigo! E ele está sofrendo porque você não tem coragem, Chibi-chan.

- Eu já expliquei o que aconteceu, não sei o que você espera de mim! - gritou, se levantando. Não precisava que alguém confirmasse algo que já sabia. - Eu não preciso ouvir isso....

- É, você não precisa, certo? Não tem nenhuma obrigação de ir no hospital e ver como ele está.  - Retrucou Oikawa, irônico, como se as próprias palavras não fizessem sentido. Agarrou o pulso do outro antes que este pudesse sair correndo, e continuou. - Mas você quer, não é mesmo? E isso está pesando em você. Só que você tem medo.

- Eu não tenho medo! Por que você não me deixa em paz? Eu sei que estou errado, eu sei que deveria tê-lo visitado, mas não consegui, ok? Foi demais pra mim, não sei como o encarar depois daquela tarde. 

Não deveria ter beijado Kenma, e nem ter se esquecido do melhor amigo na praça. Havia tantas coisas que não deveria ter feito que mal sabia como começar a se arrepender. Mas admitir a culpa não deixa nada mais fácil. Tinha medo, sim, e muito. Medo de enfrentar o moreno, medo daquele sentimento estranho que crescia em seu peito de maneira assustadora, medo de magoar o outro e magoar a si mesmo.

- Sim, Hinata, você tem medo. Medo de se entregar, medo de encarar o que sente, e medo de mostrar a ele que você não é sempre esse garoto feliz. Tem medo de magoá-lo quando ele perceber que você é só um adolescente cheio de inseguranças. - Tooru olhou nos olhos do ruivo, forçando-o a prestar atenção em suas palavras. - E tem medo de que, quando tudo mudar, ele não esteja mais aqui para você.

Sem perceber, todas suas inseguranças afloraram como as flores na primavera, só que de uma maneira desesperada e juvenil, confusa. Não sabia o que sentir, nem para onde ir ou o que fazer. Sentiu as lágrimas sorrateiras começando a cair, enquanto fechava os olhos e tentava ignorar todos os sentimentos e sensações emaranhadas que martelavam em sua mente e em seu ser.

- Eu sei que eu sou covarde está bem! EU SEI! - os soluços eram incontroláveis, assim como a repentina raiva que se sobressaia perante tantas outras emoções. - Eu admiti! Declaro-me culpado, vossa excelência! Está feliz agora? Viu quão ridículo e miserável eu sou? 

A privação de sono e a má alimentação cobraram seu preço quando as pernas do menor fraquejaram e ele foi capturado nos braços do amigo. Chorou suas lágrimas no peitoral largo do garoto de cabelos marrons, enquanto este acariciava seus fios rebeldes e lhe pedia desculpas. Caiu de joelhos ao chão, acompanhado pelo outro, e se agarrou ainda mais ao uniforme alheio, molhado por suas lágrimas.

- A culpa não é só sua, Chibi-chan. Ele também está sendo ridículo quando nem ao menos tenta saber onde você está, ou o porquê de não ter aparecido por lá. Posso te pedir algo?

- O quê? - indagou, enxugando as lágrimas de seu rosto avermelhado pelo choro.

- Você poderia, só dessa vez, tomar a iniciativa?


Notas Finais


Aeeeeeeeeeeeeeeeee, Oikawa! VAi lá, seu delícia, arruma essa merda que eles não conseguem!
Alguém curte IwaOi? Ou KuroKen?
Estou pensando em colocar esses shipps aqui na história...


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