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História A Garota dos Olhos Verdes - 27. Nem todos entendem


Escrita por: myoidream

Notas do Autor


Olha eu postando mais cedo, só pq não vou conseguir postar amanhã 😂

Boa leitura!

Capítulo 28 - 27. Nem todos entendem


"Responder a ofensa com ofensa é como lavar a alma com lama.
O silêncio é um dos argumentos mais difíceis de se rebater."
Dalai Lama


Lauren saiu de cima de mim e se deitou ao meu lado, me puxando para junto de seu peito. Virei para poder olhá-la e sorri.

– Você sabe o quanto é linda? – perguntou, brincando com uma mecha do meu cabelo. – Minha Cinderela.

– Acho que estou mais para o Rei Leão nesse momento – ri, passando a mão sobre meu cabelo embaraçado. – E você sabe o quanto é perfeita?

– Estou longe de ser perfeita – respondeu, mudando de expressão –, mas eu tentaria ser por você.

– Você já é, basta notar quantas mulheres você tem a seus pés. – Fiquei um pouco emburrada. – Se você gritar "pula", meia dúzia vai perguntar: "de onde?"

– Você está enganada, principalmente no hospital – falou séria. – Na verdade, depois que a levei ao almoço beneficente, nenhuma delas me incomoda mais – comentou, pensativa, e eu sabia bem por quê. – Nunca mais achei um bilhete na minha mesa e ninguém mais me convidou para sair, o que é bom, mas eu sinto falta do chocolate.

Dei um soco leve em seu braço e ela riu.

– Eu disse para algumas meninas que você era hétero – contei, não resisti. Pensei que ela ficaria brava, mas sua gargalhada foi tão alta que levei um susto.

– Você disse o quê? – perguntou enxugando uma lágrima que tinha escapado de seus olhos de tanto rir.

– Um bando de vadias me cercou no banheiro e uma delas me perguntou se eu era sua namorada – eu disse séria. – Aí expliquei que era sua acompanhante e que você era hétero.

– Perfeito. – Mais risos. – Então eu não imaginei coisas quando achei que um dos enfermeiros estava olhando para minha bunda.

– Você está brava? – perguntei sorrindo.

– Não. – Ela ficou séria mais uma vez. – Mas vou ficar se ele não passar logo para o segundo passo do flerte e começar a me comprar alguns chocolates.

Eu ri, mas acabei me lembrando de uma coisa.

– Quem era a garota dos peitos de fora? – perguntei me levantando e me sentando para poder olhá-la melhor.

– Uma velha conhecida.

– Que você conhece muito bem por sinal – resmunguei, fechando a cara.

– A garota saiu daqui soltando fogo pelas ventas, você não percebeu? – Confirmei com a cabeça. – O porteiro estava acostumado a deixá-la subir direto, então quando ela apareceu na porta, eu fiquei sem reação. Ela já chegou direto no meu quarto e foi tirando a roupa antes que eu conseguisse dizer alguma coisa.

– Aí você não resistiu...

Ela riu.

– Não, amor, eu pedi que ela fosse embora.

– Jura? – duvidei. Pessoas apaixonadas se tornavam patéticas, não?!

– Não houve mais ninguém desde o dia em que você me deixou trancada para o lado de fora – confirmou. – Desde a primeira vez em que a vi, eu sabia que queria você.

– Por que eu? – Eu não tinha nenhuma qualidade que pudesse fazer essa deusa grega se jogar aos meus pés dessa forma e eu juro que não tinha lhe dado nenhum chá de calcinha.

– Por que você é especial – encerrou o assunto com mais um beijo e me puxou novamente para me deitar junto de seu corpo. Aconcheguei-me e coloquei a cabeça no travesseiro. – Até sua avó já sabia.

– Era sobre isso então que eu peguei vocês conversando na cozinha?

– Era, ela queria saber quando eu contaria – respondeu sorrindo.

* * *

Olhei para o corredor, estava livre. Saí na ponta dos pés, abri a porta do meu quarto e dei de cara com minha irmã encostada nos meus travesseiros.

– Acho que eu não preciso perguntar onde você dormiu, né? – perguntou Dinah, sem sair do lugar.

– Não, eu acho que não. – Eu já era adulta, quando eles iam perceber e me deixar viver minha vida?

– Você tem sorte de ser sempre eu a pegar seus furos, se fosse o Zayn, teria arrancado você da cama da Lauren na porrada.

Eu não duvidava.

– Eu a amo. – Não sei por que decidi contar justamente para ela, simplesmente saiu da minha boca antes que eu pudesse impedir.

– Amor? Estamos falando de... amor? – questionou Dinah com cara de assustada. – É muito cedo. Ela não é, nem nunca foi, nenhuma santa, Camila. Eu não a vejo com ninguém faz muito tempo, mas...

– Eu sei que você não quer que eu me machuque – fui falando no caminho até a minha cama e deitei a cabeça no colo da minha irmã. – Mas a situação é mais complicada que isso.

– Você não está me contando alguma coisa... – ela presumiu e começou a mexer no meu cabelo. – Você sabe que pode confiar em mim, não sabe? Eu sou sua irmã, o melhor que você tem por sinal, eu faço tudo por você, maninha.

Eu sabia.

– No momento certo, DJ – respondi. – Infelizmente você não pode resolver meu problema.

– Você está me deixando preocupada.

E você quase fazendo com que eu abra o bico, pensei. Levantei, peguei uma roupa limpa no guarda-roupa, mandei um beijo em sua direção e entrei no banheiro.

Saí para o trabalho sem cruzar com mais ninguém, mas foi impossível me concentrar durante o dia. Numa hora eu só conseguia pensar na noite que passei com Lauren, na outra, nas decisões que tinha pela frente. Eu não sabia o que era pior: contar para minha família ou para Matthew. Não foi muito difícil escolher; peguei o telefone e liguei para Eliza.

– Bom dia, amiga – cumprimentei, fingindo uma animação que eu não sentia.

– Bom dia, meu amor – respondeu alegre. – Você não sabe o que eu fiz ontem!

– Nem você. – Eu ri. – Conta primeiro.

– Passei boa parte da noite conversando com Alycia por mensagem. – Eu podia sentir que ela estava sorrindo. – Acredita?

– Isso é ótimo – respondi com sinceridade. – Na verdade é incrível.

– E você fez o quê?

– Passei a noite com sua irmã.

– Ah, isso não é novidade.

– Não, Liz, eu passei mesmo a noite com ela. – Ela começou a fazer barulhos de ânsia de vômito assim que entendeu o que eu quis dizer.

– Isso é nojento! – disse, por fim.

– Foi incrível – continuei, só para provocá-la.

– Me diz, por que eu fui justo escolher como melhor amiga alguém que está transando com a minha irmã? – perguntou sarcástica. – Eu nem posso me deliciar ouvindo histórias picantes sem ter vontade de pular da janela.

Dei risada.

– Mas não foi por isso que liguei. – Eu precisava de apoio moral. – Posso passar na sua casa mais tarde? Eu vou ligar para o Matthew para contar sobre o monstrinho e não queria estar sozinha.

– Claro, e pare de chamar seu filho assim – riu. – Coitada da criança.

– Chego para o jantar.

– Te espero.

Ainda faltavam algumas pessoas na minha lista de para quem eu deveria dar a notícia. A mais fácil de contar seria minha chefe, mas eu tinha medo de que ela deixasse escapar a notícia no trabalho e Taylor ficasse sabendo antes da hora. Assim, nesse primeiro momento resolvi não falar nada a ninguém. A única pessoa que me deixava saçaricando na cadeira, morrendo de vontade de contar era o Harry, que se mostrava um amor em todas as vezes em que fomos tomar café. Ou seja, mais ou menos quinze vezes por dia.

* * *

Avisei Lauren sobre meus planos para o jantar e ela decidiu me acompanhar. Nos encontramos na garagem e seguimos em seu carro até a casa de seus pais.

– Você ainda não me contou como meus pais reagiram quando souberam que você estava grávida – disse Lauren, como quem não quer nada.

– Sua mãe foi um doce, já seu pai leva tudo na brincadeira, nunca sei quando ele está falando sério – respondi, resolvendo dividir minhas dúvidas com ela –, mas ele não me pareceu feliz.

– Não ligue para ele e nem para ninguém – instruiu, segurando o volante com mais força. Ela estava estranha e mais irritada do que o normal desde que tinha chegado do trabalho, talvez o tal enfermeiro tivesse feito mais do que lhe comprar chocolates, afinal. – Como vamos lidar com a situação é problema nosso.

– Lidar com a situação? – Não gostei do termo. – Meu filho não é uma situação, é uma pessoa, Lauren – defendi.

– Me desculpe, estou com muitas coisas na cabeça hoje, eu não queria ter dito isso. – Depois dessa ela não disse mais nada, e eu resolvi não puxar assunto. Fosse o que fosse que a estivesse incomodando, eu tinha problemas maiores, como, por exemplo, destruir o recente e feliz casamento do meu ex-noivo com a minha ex-melhor amiga, anunciando a minha novidade.

Ninguém veio nos receber na porta dessa vez, e Lauren usou sua chave para entrarmos. Encontramos todos já à mesa do jantar, esperando por nós.

– Camila querida, que bom que você veio – disse Clara quando me abaixei para beijá-la. Michael não falou nada, o que não era de seu feitio. Eliza se levantou, pulando no meu pescoço. Lauren puxou a cadeira para que eu me sentasse e se sentou ao meu lado, próximo ao pai, que estava na cabeceira da mesa.

– Como foi o dia de vocês? – perguntou Clara, e Lauren e eu respondemos ao mesmo tempo.

– Ótimo – eu.

– Um inferno – ela. Na hora me dei conta de que não havia lhe perguntado isso antes.

– As garotas em cima de você não a deixam em paz? – perguntou Michael rindo. Não achei a menor graça e, para falar a verdade, levei suas palavras como quem leva um tapa.

– Não, isso não é mais problema, alguém espalhou que eu sou hétero lá no hospital – disse Lauren, sorrindo na minha direção.

– O que você fez, Camila?! – perguntou Eliza, divertindo-se e percebendo que sua irmã havia me incriminado.

– Naquele almoço beneficente a que fomos, ela falou para algumas médicas que eu era hétero – explicou Lauren, dando risada. – Agora só os enfermeiros me dão bola.

– Golpe baixo – rotulou Eliza, achando tudo o máximo.

– Quanto mais baixo melhor – brinquei.

– Achei que ela já tinha ido baixo o suficiente – falou Michael sem humor, e eu sabia bem ao que ele estava se referindo; fiquei magoada porque eu havia me dado bem com ele, pelo menos até ele descobrir que eu estava grávida.

– Pai – alertou Lauren, soltando o garfo.

– Eu estou falando alguma mentira, por acaso? – perguntou Michael, repetindo o gesto da filha.

– Michael, chega – ralhou Clara, olhando feio para o marido. Eu estava com o garfo no caminho da boca, mas também acabei abandonando-o no prato, eu não tinha mais fome.

– Essa garota entra na vida dela – disse Michael, falando com sua esposa e apontando Lauren –, vira tudo de cabeça para baixo e agora está grávida... – ele fez uma pausa – de outra pessoa! – gritou.

– Ela não tem culpa disso – disse a mulher com calma.

– Como não? – perguntou irritado. – Ela abriu as pernas, não? – Eliza colocou as mãos sobre a boca e Lauren bateu os dois punhos na mesa.

– Chega! – gritou Lauren. – Levanta, Camila – pediu de forma brusca. Pegou minha mão e me puxou da cadeira antes de eu ficar de pé. – Vamos para casa.

– Isso, vai embora, deixa essa menina afundar sua vida. Vai criar o filho de outro, garota idiota! – berrou seu pai, da mesa. Clara veio correndo na atrás de nós, assim como Eliza.

– Querida, espere – pediu, tentando puxar o braço da filha. – As coisas não se resolvem assim.

– Você estava mesmo sentada naquela mesa? – Eu jamais a vira tão brava. A veia em sua testa pulsava e seu rosto começava a mudar de cor.

– Camila, me desculpa, querida – Clara dessa vez falou comigo. – Eu disse para ele não abrir a boca, mas ele é teimoso.

– Eu entendo. – E realmente entendia, mas isso não queria dizer que eu não desejava sair correndo e me esconder no primeiro buraco que encontrasse. Se Lauren não estivesse tão revoltada, eu teria deixado as lágrimas que se acumulavam nos meus olhos descerem, mas isso só tornaria tudo pior, então engoli conformada e olhei para o chão.

– Me esperem, eu vou com vocês – disse Eliza, sumindo de vista. Lauren abriu a porta do carro para que eu entrasse e a fechou com violência, antes de ir para o banco do motorista. Eliza apareceu correndo com a bolsa nas mãos logo depois.

Não conversamos. Eu, porque ainda tentava não chorar; Lauren, porque estava fora de si; Eliza, porque tinha juízo. Ela apenas se inclinou entre os assentos dianteiros e passou uma de suas mãos em volta do encosto do banco do passageiro, para que chegasse ao meu pescoço, e ali a deixou. Eu precisava de um toque reconfortante e ela sabia. Agarrei sua mão.


Notas Finais


Não esqueçam de comentar ^^

Até terça-feira 💙

Twitter: myouidream


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