História Isto é sobre, eu e você. - Harmonia.

Eu tenho medo de sair de casa, passear sozinha. Por vergonha e também insegurança. Mas hoje, não sei por que me sinto confiante. Como nunca! 

Meus amigos estranharam minha personalidade, talvez por que não estivesse falando gírias ou rindo por qualquer coisa e recusando seus pedidos de rolês. Não é por mal, mas agora quero coisa séria, então vou ter que investir nisso, não é todo dia que me sinto bem:

- E o mercado? Como vai ser? Vão fechar ou deixar aberto? : Digo bebendo café. 

- Vamos continuar com o mercado, por que? Quer ir ajudar então vamos logo! : Diz minha mãe com a chave do carro.

- Vamos embora! 

- Bom, nessa semana vamos receber o dinheiro, você precisa de quantos? 

- O quanto quiser do wons. 

- Vou dar o mesmo que sua avó dava. Dependendo do trabalho e da sua ausência, te benefício com mais. 

- Beleza. 

No mercado a cada compra me sentia cada vez mais mulher, agora trabalhando e cuidando da minha vida. Posso estar sendo besta mas não é bem assim. 

Estou mais simpática:

- Olá moça, pode me ajudar? : Dizia um homem bem arrumado, alto e com os cabelos cacheados escuros: 

- Olá, o que posso ajudar? : Eu sorri encantada com seu sorriso. 

- Parece meio idiota da minha parte, mas é que eu queria saber onde fica a freira daqui, estou meio perdido e preciso encontrar com uns amigos.

- Desculpa a pergunta, mas de onde você vem? Sei lá mas só queria saber, se não quiser dizer está tudo bem. 

- Ah! Eu sou do Brasil. E você? 

- Brasil! Finalmente uma pessoa que fala português.

- Nossa são poucos brasileiros que encontro aqui! 

- Verdade! : Começamos a conversar em Português.

- Então, o que faz por aqui? Mora ou passeando.

- Faço intercâmbio. Mas estou querendo morar por aqui. E você? 

- Eu na verdade moro, tenho uma casa aqui é no Brasil. Então vou revezando.

- Olha! Esta podendo em! Você conhece muito a Coréia? 

- conheço sim. Por que? Quer que eu te mostre? 

- Quero! Comecei o intercâmbio mês passado e nunca fiz um rolê decente.

- Aqui é legal pra rolês, posso mostrar, até por que sei como é ficar sozinho de começo.

- Passa contato! Podemos ir conversando, estou sempre livre mesmo.

- beleza! Anota aí.

Ele me passou seu celular e eu escrevi.

- E aí, me fala seu nome.

- Sou Hudson, prazer em conhecê-la.

- Prazer todo meu, seja bem vindo Hudson. 

- Fico grato.

- Bom, a freira fica do lado esquerdo. Bem perto. Você segue reto essa rua e quando chegar até o final dela vira a esquerda e segue reto novamente. Quando estiver no final, de cara se encontrará na freira. 

- Opa! Fico grato pela ajuda. Agora tenho que ir! Mas te mando um SMS! Bay Bay. 

Hudson se retirou da loja, enquanto limpei o balcão, o mercado estava um pouco cheio. Então me apressei e estive sendo a melhor operadora de caixa que pude. Eu estava tão cega de felicidade que sorria para os clientes que achavam estar paquerando eles: 

- Mano, vou parar de ser trouxa. 

Quando o mercado fechou, peguei minha bike em casa e comecei a dar um rolê pela cidade, ainda com o olhar de boba. Passei em uma cascata e fiquei observando a lua. 

- Estou me apaixonando? Isso mesmo? Meu Deus. 

Meu celular começou a tocar, quando reparei que era Sarah: 

- E aí? 

- Nunca mais em! Não saímos desde então.

- Então, fala aí! Verdade.

- Ah, só queríamos avisar pra você e o Léo que eu e Samantha vamos viajar com os pais pro Japão mas a gente volta! Avisa isso pro Leonardo que até agora não ligou o telefone! Aquele corno! 

- Haha! E quando vocês vão? 

- Vamos depois da manhã, estamos arrumando as malas. 

- Vão passar só um tempo, né?

- Sim! Meu pai adora animes então quer dar uma passada pra ver alguns eventos, fora que minha mãe adoraria visitar o país. Então vamos né? Fazer o quê. 

- Nossa você não quer ir.

- Não quero mesmo não. Não vejo graça.

Peguei minha bike e comecei a pedalar com uma mão:

- Seu Crush vai com você?

- Não! Meus pais nem sabem que namoro. E nunca deverão saber.

- e como se sente com romance?

- Ótima! Ele nunca me deu dor de cabeça. 

- Que ótimo, continuem assim.

- Bom, vou ter que desligar por que vou terminar de arrumar as malas. 

- Tudo bem, depois conversamos mais. 

- Samantha enviou a mensagem no grupo, pro Léo ver. Então quando voltarmos vamos nos ver.

- E por que não podemos nos ver nesse meio tempo?

- Samantha voltou tarde de casa e nosso ficou de castigo, e eu não posso por que ela iria me encher o saco! Somos como cú e rola. Não nos separamos. 

- bom, boa sorte a vocês. 

- Pode deixar. 

Ela desligou. 

Voltando encontrei com Leonardo, correndo da avenida. 

- Mano, pedala essa porra. Tão atrás de mim, puta que pariu. : Ele se sentou na minha bike atrás. Comecei a pedalar. 

- Mano o que você fez? 

- Me viram pinchando. Puta que merda! 

- VOCÊ É BURRO EM. 

- É, eu sei. Mas sem comentários.

- Tá. Conversamos depois. 

Chegando perto de casa, sentamos na sala. Onde não parecia ter ninguém em casa, ficamos de boa: 

- Conta tudo. 

- então, eu estava sem fazer nada em casa. Peguei pra pinchar e me fodi bonito. Mas ainda bem que você apareceu. 

- Né! Não vou nem te falar nada. Essa não é primeira vez que você faz isso. 

- É, eu sei. Se sabe que está no sangue. Mas conta as novidades?

- Ah, Kwon foi fazer um turnê e hoje fui trabalhar no mercado com a minha mãe e conheci alguém.

- Hum! Um Crush novo? Mais já? 

- Não né! Apenas estava precisando duma ajuda e por fim descobrir se era brasileiro e ele disse que sim. 

- Que legal, mais um brasileiro pra causar! 

- Né! Daí pediu meu contato e vamos sair pra mim mostrar a Coréia pra ele. Na verdade o que eu sei da Coréia né! 

- Legal. Qual nome dele? 

- Hudson. 

- Ah, marca um rolê. 

- E a Samantha e a Sarah vão viajar pro Japão, e tipo elas não poderá se despedir de nós por que estão de castigo.

- Nossa que vacas e nem me avisaram.

- Avisaram sim! No grupo ainda. Você que não leu.

- Quando chegar em casa eu vejo, deixei meu celular em casa. 

- Beleza. 

- Bom, meu relacionamento está uma bosta. 

- Por que ?

- A mina é muito ciumenta. Puta que pariu! 

- nossa, como assim?

- Ontem nois tinha saindo pra uma sorveteria. É tipo, tinha uma amiga minha lá, que mora perto de casa. Cumprimentei com ela normal, pegando na mão. Daí ela surtou, começou a ficar de cú virado pra mim, mó frescura. Fiquei puto. Mas não falei nada. 

- Que otária. Da um pé nela ou conversa com ela. 

- gosto dela, então vou conversar com ela primeiro. 

- Me conta tudo depois. 

Meu celular tocou, era Hudson me mandando SMS. 

- Falando em Hudson olha a mensagem dele. 

- Vish mas já? O kwonzinho vai perder fácil.  

- Para de ser idiota. 

- Sua relação com ele está boa?

- Sim, ele mandou SMS de manhã. E conversamos até ele chegar no avião. E quando for meia noite ou 3 da madrugada, ele mandará outro SMS. 

- Deve ser osso essa separação né? Muito curto o tempo que vocês ficam junto.

- Verdade, mas beleza. Quem muito ama deve se arriscar. 

- Eita. 

Quem muito ama, sente e fica se sentindo novo. 

Quem ama, espera. Então vamos esperar.