Escrita por: OliviaDemiris
03 de setembro de 2019 - Trinta e um dias depois da morte de Emma
O Mustang aproximou-se da casa dos Smith, pouco depois de Harry sair para trabalhar. Era um homem tão egocêntrico, que não era capaz de prestar atenção no que acontecia ao seu redor e isso incluía o Mustang parado a duas casas da sua. Harry sequer notara que havia um carro ali.
Rachel estacionou o Mustang no gramado da casa, no mesmo lugar em que Harry e Cole costumavam estacionar seus veículos.
- Tem certeza de que Pamela Smith está sozinha? - Corey disse.
- Absoluta. Desde a morte de Emma, Cole mal coloca os pés em casa e Harry, bem, você o viu saindo com o carro e eu duvido que Pamela tenha alguma amiga, o marido é bem rigoroso e controlador com a vida da esposa. - Rachel disse.
Os dois aproximaram-se da porta e Corey tocou a campainha. Segundos depois, Pamela abriu a porta. Como na maioria das vezes, a dona de casa atendeu a porta com um sorriso nos lábios, mas, no instante em que encarou as duas figuras, seu sorriso se desfez e, em seu lugar, estava um semblante de preocupação.
- Bom dia. - Pamela tentou se recompor.
- Bom dia, senhora Smith. - Corey disse.
- Será podemos entrar? - Rachel disse impaciente.
- Claro! - Pamela sorriu nervosa.
Pamela escancarou a porta e deu passagem para que seus visitantes inesperados entrassem em sua residência. Todas as vezes que a detetive Rachel West vinha lhe fazer uma visita, achava que estava encrencada e que ela tinha descoberto tudo, mas então, lembrava-se que era casada com Harry Smith, um homem influente e que jamais deixaria que algo acontecesse à sua família, ao menos, era a imagem que Pamela tinha do marido.
- Então, em que posso ajudá-los? - Pamela sentou-se na poltrona.
A detetive observou os movimentos de Pamela. As mãos, pousadas sobre o colo, estavam inquietas e, a pequena mancha que surgira em seu vestido, denunciava o fato de que a palma da mão estava suando - um claro sinal de nervosismo. Além disso, a mulher evitava olhar nos olhos de suas visitas e não lhes oferecera alguma bebida, algo corriqueiro na residência dos Smith. A verdade é que Pamela não estava fazendo esforço algum para disfarçar seu nervosismo.
Corey e Rachel se entreolharam e, em seguida, sentaram-se no sofá. Sem dizer uma única palavra, a detetive jogou uma foto tirada da cena do crime, a foto da pérola que Rachel encontrara.
Quando segurou a foto, as mãos de Pamela estavam trêmulas e ela teve de reprimir a vontade que sentiu de chorar. Não tinha para onde fugir, estava encurralada, num beco sem saída.
- Tem algo que eu precise saber sobre a noite de 3 de agosto, Pamela? - Rachel disse séria.
- Eu estava passando de carro, estava indo atrás do meu marido e de uma de suas amantes. - Pamela disse quase num sussurro. - Então, eu vi a Emma caída no acostamento.
Pamela apertou o vestido com força, tentando amenizar a raiva que a consumira de repente, a mesma raiva que sentira naquela maldita noite, a noite em que sua vida virara um inferno.
- Aquela garota jovem e bonita, tinha desandado meu casamento, então, vi a oportunidade perfeita de destruir a vida daquela vadia. - Pamela disse entredentes. - Eu parei o carro no acostamento, peguei a faca com a qual pretendia machucar a amante do meu marido e saí do carro. Quando me aproximei de Emma, ela estava com o pescoço roxo, sangue escorria do meio de suas pernas e ela estava quase desacordada. Num sussurro, ela me pediu ajuda, então, eu dei a primeira facada em seu abdômen. Emma tentou me impedir quando agarrou meu colar, arrebentando-o, o que veio a seguir, foi uma série de facadas que a mataram.
- Só que ela não morreu em decorrência dos ferimentos, ela morreu afogada. - Corey disse.
- Depois de esfaquear Emma, eu carreguei seu corpo até o carro e a joguei no rio. - Pamela disse cabisbaixa.
Rachel levantou-se do sofá e pegou a algema do cinto de Corey. Finalmente tinha conseguido o que queria, pegar a pessoa que tinha assassinado Emma.
- Pamela Smith, você está presa pelo assassinato de Emma Stuart Brown. - Rachel disse.
A dona de casa sabia que Deus não aprovava o que ela tinha feito, matar uma pessoa que não poderia se defender, mas Pamela achou que, com Emma fora daquele mundo, ela poderia reconstruir seu casamento e Cole poderia arrumar uma esposa que quisesse apenas se decicar à família, como ela, mas, ao invés disso, Harry passava cada vez mais as noites fora e Cole voltara a ser um garoto sem futuro.
xXx
No horário do almoço, a notícia da prisão de Pamela Smith, já tinha corrido pela cidade. Nenhum morador de Ventrauk, jamais poderia imaginar que a impecável e imaculada esposa de Harry Smith, poderia ser uma assassina cruel.
- Bem, agora que nosso trabalho acabou, o que acham de sairmos para comemorar? - Jake disse.
- Infelizmente, nosso trabalho não acabou. - Corey lamentou.
- Precisamos interrogá-los de novo. - Rachel concordou.
A detetive e o delegado trocaram um olhar cúmplice. Ambos acreditavam que Pamela tinha esfaqueado Emma, exatamente da forma como descrevera, mas uma mulher magra como ela, não seria capaz de carregar um corpo e jogá-lo no rio. Pamela estava acobertando alguém, poderia ser Trevor, seu enteado, ou uma outra pessoa que estava andando livremente pelas ruas de Ventrauk.
- Do que estão falando? - Jake disse.
- Pense bem, Jake, uma mulher com o peso e a altura de Pamela Smith, não conseguiria carregar um corpo sozinha. - Rachel disse.
- Exatamente. - Corey concordou.
- Bem, por qual dos três réus vocês pretendem começar? - Jake disse.
- Trevor Robert Mitchel. - Rachel e Corey disseram em uníssono.
Na sala do delegado, Rachel e Corey esperaram que Jake levasse o réu. Quando Trevor entrou na sala, a detetive viu o ódio em seus olhos, estava consumido por tudo que havia de pior no mundo.
- Antes que me façam perguntas, eu tenho uma a fazer. - Trevor disse e sentou-se na cadeira.
- Estamos ouvindo. - Rachel cruzou os baços.
- Aquilo que você disse é verdade? Harry Smith é meu pai biológico? - Trevor disse.
- Sim, é verdade. - Rachel assentiu.
Trevor começou a rir de forma psicótica. No fim das contas, era irmão de sangue da pessoa que ele mais odiava no mundo, Cole Smith. Filho renegado de um homem poderoso e que fora criado por um homem pobre que tentava compensá-lo com amor, Trevor queria dinheiro, não amor.
- Sabe, a julgar pela forma como se comporta, não é preciso de exame de DNA, você é tão repugnante quanto seu pai. - Rachel disse.
- Agradeço o elogio. - Trevor disse com ironia. - Se não se importam, podem me interrogar logo, eu tenho muitas coisas para fazer.
A detetive revirou os olhos, detestava a forma como aquele garoto estava se comportando.
- Você jogou o corpo de Emma no rio? - Corey disse.
- Não. - Trevor disse. - Posso ir agora?
- Conte-nos de novo, o que aconteceu naquela noite. - Rachel insistiu.
O depoimento de Trevor era o mesmo, o rapaz não hesitara um momento sequer e, mesmo Rachel, estava se convencendo de que ele estava dizendo a verdade. Trevor tinha estuprado e arrancado o dedo de Emma, mas não tinha ajudado Pamela Smith a jogar seu corpo no rio.
- Eu tinha certeza de que ele poderia ter ajudado a senhora Smith, mas, agora, não tenho tanta certeza. - Corey lamentou.
- Eu também! - Rachel concordou.
- Quem é o próximo? - Jake disse.
- Traga Veronica Harris Thomas. - Rachel pediu.
Veronica poderia não ter participado diretamente do assassinato, mas era uma garota observadora e estava sempre nos lugares vendo o que acontecia de pior em Ventrauk. Se alguém sabia de algo, esse alguém era Veronica e Rachel sabia disso.
- Em que posso ajudá-los? - Veronica disse de forma preguiçosa.
- O negócio é o seguinte, Veronica, se nos contar tudo o que viu naquela noite, então você terá redução de pena. - Rachel disse.
Um sorriso formou-se nos lábios de Veronica. Não era amiga de nenhuma daquelas pessoas, então, não via problemas em prejudicá-las para salvar a própria pele. Também não se importava se Cole sofreria, porque sabia que o garoto não se importava com ela.
- Depois que Trevor estuprou Emma, um carro parou perto dali, o carro de Pamela Smith. A senhora Smith esfaqueou Emma várias vezes e, quando pensou que a tinha matado, entrou em desespero e ligou para o marido. Harry foi ao encontro da esposa e carregou o corpo de Emma no porta-malas do carro. - Veronica disse. - Eu o ouvi dizer que iria para a vila dos pescadores, então, eu fui para lá. Harry jogou o corpo de Emma no rio.
- Como vamos provar isso? - Corey disse.
- Vamos investigar o carro de Harry Smith. - Rachel disse.
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