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História A Garota Que Ninguém Reparou - The rain washed my tears.


Escrita por: agirlwithscars

Notas do Autor


Olá, boa noite, docinhos!
Espero que estejam gostando da história.
Nesse capítulo vocês vão poder conhecer mais um pouquinho da vida da Amélia.
Espero que gostem.
Boa leitura!
~agirlwithscars.

Capítulo 3 - The rain washed my tears.


Fanfic / Fanfiction A Garota Que Ninguém Reparou - The rain washed my tears.

Ele acaricia minha bochecha, desenhando todos os traços do meu rosto, como quem aprecia um quadro de arte. Suas mãos chegam até minha nuca e o calafrio que seus toques me causam me fazem ir de encontro ao seu rosto. Ele toca meus lábios com seu dedão, traçando as linhas, e depois, me beija. Seus lábios chocam-se de encontro aos meus e eu sinto uma explosão dentro do meu corpo. Sinto-me como se estivesse respirando um novo ar e dependesse dele para sobreviver. Ele tem gosto de hortelã e exala calor. Nosso encontro é como o fim do mundo. Fogo e Gelo fundindo-se e criando algo novo.

Seus dedos vão de minha nuca, passam pela minha coluna vertebral até chegar em minha cintura.

Aos poucos, Jesse tornava-se uma âncora para o mundo, para a Terra, para a... vida.

Não... não... NÃO! Eu não poderia deixá-lo me afundar em sua paixão e fantasia de amor. Eu não mereço essa âncora. Eu não quero essa âncora.

Empurro Jesse com toda a minha força e corro em direção a porta, sem olhar para trás. Ao chegar na sacada, a chuva me engole por inteira, encharcando meus cabelos e minhas roupas, mas nem mesmo a chuva e o peso de minhas roupas é capaz de deter meus desejos de liberdade. Tento correr o mais rápido que posso, mas após duas quadras eu paro, ofegante. Apoio-me nos meus joelhos, tentando recuperar o fôlego, quando sinto alguém puxando-me para trás. Jesse.

- Amélia! – ele me força a encará-lo no meio da chuva.

Jesse está ensopado pela chuva, mas mesmo assim seus cabelos ainda parecem simetricamente perfeitos. E, seus olhos ainda iluminam a escuridão que encontram. Resisto a vontade de pular em seus braços.

- Jesse, me solte! – grito. – Deixe-me ir!

Ele segura meu rosto e força-me a beijá-lo.

- Não! – grito, em protesto. – Não posso fazer isso.

Ele solta a minha mão e dá um passo para trás.

- Tudo bem! – grita, através do barulho forte da chuva – Vá em frente. Fuja.

- Não estou fugindo.

- O que você está fazendo, então?

- Poupando você!

Uma súbita e inesperada onda de raiva toma conta de meu corpo e sinto meu corpo tremer e os olhos marejarem. Vou chorar. Não. Não posso chorar. Não na frente dele. Devo parecer forte. Mas não sou forte.

- Me deixe ir... – sussurro.

- Amélia. – ele se aproxima, esticando os lábios em um sorriso – Eu nunca irei me perdoar se deixá-la ir.

- Então você nunca irá se perdoar! – disparo.

Falo tão alto que sinto meus ouvidos e minha cabeça estalarem. Meus dedos começam a tremer e meu coração a bater forte. Sinto minhas pernas cambalearem e caio no chão. Tudo depois disso, é uma escuridão infinita.

**

Eu estava em meu quarto na casa onde cresci, uma casa no meio do campo que meus pais haviam ganhado de presente de casamento dos meus falecidos avós. Gritos começaram a ecoar pelas paredes do andar de baixo. Coloquei minhas pantufas de coelho que tinham estranhas orelhas gigantes rosa. Puxei meu roupão do gancho e o vesti, para não deixar meu pijama a mostra para qualquer um. Quando meu pé toca o primeiro degrau, a escada de madeira range e os gritos cessam. Depois de alguns minutos, volto a descer as escadas, agora mais rápido. Chego ao pé da escada e vejo meu pai sentado no sofá com uma garrafa de uísque na mão. Olho para a cozinha e vejo minha mãe agachada com a blusa rasgada e o rosto vermelho. Corro em direção até ela, mas meu pai me impede. Ele puxa-me pelos cabelos e torce o pulso, fazendo minha cabeça explodir em dor. Solto um grito e ele continua imóvel. Tento falar, chamar por ajuda, dizer a ele que eu mesma o matarei com as minhas mãos, porém tudo o que consigo fazer é chorar. Lágrimas brotam dos meus olhos e passam quentes pelas minhas bochechas. Meu pai repara que estou a chorar e tira o cinto de sua calça e o estala sobre os meus joelhos. Sinto uma corrente de dor percorrer meu corpo e caio no chão. Olho para baixo e vejo gotas de sangue manchando o tapete. Com a minha mão livre, toco meu nariz e percebo que as gotas de sangue são pertencentes a ele. Tento gritar mais uma vez, e dessa vez meu grito é respondido. A casa quebra-se em milhões de pedaços, como um espelho sendo quebrado, e as figuras de meu pai e minha mãe desaparecem. Tento me mexer, mas algo forte prende meus braços. Alguém. Grito mais uma vez, e só ouço:

- Amélia! Acorde!

Meus olhos parecem pesar toneladas, mas por sorte, consigo abri-los depois de um tempo. Minha visão está borrada. Lágrimas. Eu estava chorando. Eu estava sonhando. Ou melhor, tendo um pesadelo. A medida que eu volto a piscar, minha visão vai ganhando foco e eu vejo Jesse encarando-me nervoso, em busca de respostas. O que será que ele quer? Preciso perguntar. Não consigo. Meus lábios não estão conectando-se ao meu cérebro. Faço um esforço e consigo levantar meu braço e fazer um sinal de positivo com o dedão, para alertá-lo de que estou bem. Sua expressão vai suavizando-se aos poucos e no fim, ele até ri.

- Fico feliz que esteja bem.

Meus olhos ficam cada vez mais pesados, forçando-me a voltar para o furacão de pesadelos.

- Jesse... - sussurro - Não me deixe voltar a dormir.

- Tudo bem. 

Ele coloca um braço atrás do meu pescoço e outro nas dobras do meu joelho. Ele aconchega-me em seu colo, me abraçando e colocando meu rosto em seu peito. Ele me leva para o corredor e vira à direita. Entramos em uma porta de madeira revestida de verniz com uma grande maçaneta. Ele abre a porta e a luz do lugar faz meus olhos doerem. Estamos em um banheiro. Os azulejos são brancos com desenhos azuis claro na borda. No canto, possui uma imensa banheira de mármore branca com os pés e a torneira dourados. A pia e a privada são estilizadas exatamente como a banheira, formando um lindo conjunto de banheiro. 

Ele me coloca deitada dentro da banheira e liga a torneira na água morna, coloca alguns sais de banho e assim que a água bate em meu queixo ele fecha a torneira e entra dentro da banheira. Tento rir mas sinto como meu lábio estivesse dormente. O que está havendo comigo? Ele percebe meu desconforto por não poder me mover e senta-se atrás de mim. Ele passa água em meus braços e começa a massageá-los devagar. Lentamente, consigo voltar a sentir os nervos do meu corpo queimando e ansiando por movimento. Quando Jesse finalmente para de me tocar, eu me viro para ele e ele segura-me pela cintura, temendo que eu possa cair.

- Você tem um banheiro de rei. - digo e ele sorri.

- Muito obrigado. É a primeira vez que tomo banho de roupa. - ele aponta para as roupas que flutuam na água.

- Bom... você não precisa tomar banho de roupa se não quiser. - dou de ombros e sinto minhas bochechas queimarem. Sem dúvida, eu estava corando. Desde quando eu era tão atrevida assim?

Baixei minha cabeça e comecei a esfregar as mãos, com medo do que poderia ser a resposta de Jesse.

- Eu realmente não quero tomar banho de roupa.

Ele passa a blusa pela cabeça, tirando-a e a joga no chão. A blusa molhada estala no chão e me faz arrepiar. 
Volto minha atenção aos seus músculos contraídos nos braços e seu perfeito e quase irreal peitoral. Ele parece ter saído de uma revista para mulheres. Seus olhos claros ficam em uma tonalidade mais escura, seu olhar é devorador e excitante. Sinto minha ansiedade voltar ao meu corpo com um clique e começo e tremer. Seguro forte a borda da banheira, tentando fazer o tremor parar e por sorte, consigo. Concentro-me apenas na expressão de Jesse e com o tempo, meu coração também se acalma. Respiro fundo, fecho os olhos. Quando volto a abri-los, Jesse está a me devorar com os seus. Ele puxa minhas pernas e as coloca em volta de sua cintura, fazendo-me sentar em seu colo. Acaricio seu cabelo molhado e desço os dedos delicadamente até sua nuca e sinto ele se arrepiar sob meu toque. Ele coloca as mãos na minha cintura e puxa-me ainda mais contra o seu colo.

- Jesse... - sussurro.

Ele coloca os dedos contra meus lábios, fazendo me parar de falar e eu sorrio. 

Ele passa a mão em minhas costas por dentro da blusa. Subitamente, afasto-me dele e cruzo os braços, na esperança fracassada de cobrir meu corpo.

- Amélia, o que houve? - seu lado carinhoso volta.

- Eu não posso fazer isso, Jesse.

Sinto o olhar de desapontamento em seus olhos.

- Tudo bem. Não estava esperando que fizesse. - ele saí da banheira e começa a andar até a porta. - Se precisar de mim, estarei no quarto de hóspedes. Você pode ficar no meu.

Ele nem ao menos olha para mim ao falar. 

- Boa noite, Amélia. - ele saí e bate a porta atrás de si.

Dou um pulo com o barulho da porta. Levanto-me da banheira e vou a procura de toalhas e roupas limpas. Por sorte, no quarto de Jesse havia uma camisa social recém passada em cima da cama, juntamente com uma calça e um terno. Para que ocasião ele usaria aquelas roupas, eu não sabia, mas aquela blusa daria um ótimo vestido. Troco as minhas roupas pela blusa de Jesse. Quando vou a pia do banheiro lavar as minhas roupas, reparo na etiqueta riscada com caneta "propriedade de A. Jones" minha mãe fez isso quando comecei a nova escola, para eu nunca perder nenhum dos meus pertences, por mais difíceis de perder que fossem. 

Minha mãe

Lembro-me da última vez que nos falamos. Essa manhã. Ela deveria estar aos prantos a uma hora dessa.
Corro escada a baixo em busca do quarto de hóspedes. Na cozinha há um corredor, e no fim desse corredor tem uma porta parecida com a porta do banheiro do andar de cima. Bato na porta três vezes e Jesse não abre. Talvez esse não seja o quarto de hóspedes, afinal. Quando entro no quarto, uma porta no canto do quarto abre-se, liberando vapor quente. Jesse sai do banheiro com uma toalha na cintura e outra na mão esfregando o cabelo molhado.

- Amélia. - ele me cumprimenta, passando por mim e indo até o guarda-roupas.

- Jesse, preciso de um telefone para ligar para minha mãe. Ela deve estar preocupada.

Ele vira-se para mim e encara minhas pernas nuas. 

- Na primeira gaveta da cômoda.

Vou até a cômoda que fica ao lado oposto do guarda-roupas e abro a primeira gaveta. Nenhum telefone. Abro a segunda, nenhum telefone. Terceira, nenhum. Abaixo-me e encontro o celular na última gaveta e quando volto a me levantar, Jesse oberva-me com o mesmo olhar devorador de antes.

- Obrigada. - digo e vou em direção a porta.

- Talvez seja melhor ligar aqui. - ele pausa, talvez para pensar em alguma desculpa para me fazer continuar em seu quarto. - O sinal aqui é melhor.

Dou meia volta e sento-me na beira da cama. Disco o número de casa no telefone, e no terceiro toque minha mãe atende.

- Alô?

- Mãe? Sou eu, Amélia!

- Ah, meu docinho de abóbora! Você me deixou preocupada! Cheguei a pensar em ligar para a polícia.
 

Mãe. Casa. Que saudade.

- Não se preocupe, mãe, eu estou bem.

- Onde você está? Vou pedir para o Daniel ir buscar você!

Daniel era o nosso vizinho, até sua mãe o abandonar sozinho em casa com 11 anos. Desde então, ele vive em nossa casa.

- Não precisa, mãe. Estou na casa da Bárbara. Tivemos um trabalho surpresa hoje, e você sabe como é, não consigo deixar as coisas para a última hora.

- Você poderia ter avisado, bebê. - ela diz, triste.

- Eu sei. Me perdoe. Amanhã estarei de volta.

- Tudo bem, querida. Até amanhã.

- Até, mãe. Amo você.

Desligo o telefone.

- Quem é Bárbara? - Jesse pergunta.

Viro-me para ele e percebo que ele ainda veste apenas uma toalha na cintura.

- Uma amiga minha.

Ele dá a volta na cama e senta-se ao meu lado.

- E Daniel? Quem é?

- Por que você quer saber? Está com ciúmes?

Ele ri debochado.

- Eu não sinto ciúmes.

- Daniel é meu irmão postiço. - digo, indo em direção a cômoda, guardando o telefone na primeira gaveta.

- Vocês moram... - ele hesita, pensando na palavra apropriada - Sozinhos?

- Não.

Volto-me a sentar na cama, ao seu lado.

- Minha mãe mora conosco. - concluo.

- E o seu pai?

- Morreu. - minto.

Ele coloca a mão sobre a minha coxa. 

- Sinto muito.

- Jesse, por favor. - retiro sua mão da minha perna e levanto-me em direção a porta.

- Amélia! - ela grita atrás de mim e eu estremeço. - Pelo menos me diga o por quê. Você não confia em mim? Não gosta de mim?
Viro-me em sua direção e posso perceber o olhar triste que ele carrega nos olhos.

- Jesse, você foi maravilhoso comigo o dia inteiro e não posso negar que sempre tivera uma queda por você, mas não posso. - hesito. - Não posso fazer isso com você.

- Comigo? Você é louca, Amélia! Nada que você seja capaz de fazer vai me machucar.

- Não tenho tanta certeza, Jesse.

Desabotoo a camisa e deixo a cair no chão. Sua expressão fica indefinida e não consigo ver se ele está enojado ou sentindo dor. Sem a camisa, meus braços, parte da barriga e minhas coxas parecem uma tela com riscos vermelhos desenhados em toda parte. Meu corpo é meu caderno de desenho. Anos e anos me cortando resultaram em horripilantes cicatrizes vermelhas que nunca mais saíram. Já havia tentado várias misturas de cremes e pastas para tentar extraí-las, mas nada funcionou. Desde então, passo todas as estações de calça e blusas de mangas compridas. Afinal, quem iria amar alguém assim?

- Entendo se você não quiser me olhar nunca mais. - digo, quebrando o silêncio.

Lágrimas começaram a brotar no canto dos meus olhos e eu não pude contê-las. 

Jesse abaixou-se, pegou a camiseta do chão e a colocou sobre meus ombros.

- Amelia, você é linda.

Ele passou a mão no meu rosto, limpando as lágrimas.

- Nunca duvide disso. - conclui.

Meu coração começa a bater mais rápido na medida em que as palavras saem de sua boca.

- Você, Jesse Foutaine, sabe como fazer uma garota se apaixonar perdidamente. - digo, e o abraço forte.

Ele afasta-se um pouco e beija minha testa.

- Acho melhor eu colocar uma calça. 

Nós rimos.

Ele virou-se, pegou uma calça de moletom preta e foi até ao banheiro. Fechei os botões da camisa e fui até a cama. Deitei-me por baixo das cobertas e adormeci.


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
Comentem, favoritem e indiquem para os amigos.
Até semana que vem!
~agirlwithscars.


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