História A Grande Guerra - Bianca

Dezembro de 1941
Escutava ao longe o som da natureza, vento, pássaros, rio, pareciam muito perto, mas também muito longe, olhava para cima e conseguia ver através das tábuas de madeira os pés das pessoas acima, eu estava no meu esconderijo debaixo do assoalho de madeira de uma pequena casa no interior de Florença. O esconderijo era minusculo, claustrofóbico, não dá para ficar em pé dentro dele, apenas engatinhando, eu não conseguia esticar as pernas e só carregava um boné que ganhei da minha mãe e a roupa do corpo, o esconderijo só tinha uma pequena porta que dava para o exterior da casa. O dono da casa me protegia, nesse momento via ele conversando com uns soldados que apareceram de repente, para tentar ficar calma comecei a pensar no meu pai, vivi com ele até ter que fugir, ele erá um italiano alto, forte por conta do trabalho no campo de cabelos lisos e morenos, olhos verdes e um sorriso brilhante, memórias daquela época começam a inundar meus pensamentos.
Abril de 1939
Estava na mesa junto ao meu pai para almoçar, eu tinha preparado uma macarronada, ainda me lembro do cheiro, quando escuto a alguem bater na porta, meu pai vai na janela e olha para ver quem estava batendo. Ele volta com cara perturbada, com uma expressão leve de medo, ele fala.
Vá para seu quarto Bianca e pegue suas coisas. Ele diz
Porquê? Sem entender a situação.
Só faça o que eu digo.
Meio confusa fui para meu quarto peguei meu bone e uma muda da roupas. O bone é azul e não tem nenhuma marca a não ser uma etiqueta dourada no interior escrito: Made in Rome, eu ganhei ele da minha mãe quando eu fiz 7 anos, sempre que o coloco eu, tudo e todos que eu estiver tocando ficam invisíveis.
Assim que voltava para a sala, vejo meu pai discutindo com dois soldados que estavam falando para meu pai ir com eles uma das mãos de meu pai estavam nas costas segurando alguma coisa que eu não consegui identificar.
Pai? O que foi? Falo, ainda muito confusa.
Um dos soldados olhou para mim e passou pelo meu pai, estava vindo em minha direção, começo a andar para trás com medo. Quando tudo acontece muito rapido, meu pai tirou a mão das costas e apontou um revolver na cabeça do soldado e atirou, eu vi o soldado cair no chão com um baque seco, sem vida, o sangue jorrou na parede e em mim, uma poça de sangue começou a se formar e sangue saia da boca e da orelha do soldado. O outro soldado já não estava mais na porta quando eu olho, meu pai grita.
Vá Bianca fuja!
Coloquei o bone na cabeça e sai correndo, dai em diante só lembro de escutar tiros e pessoas gritando, fui me escondendo de lugar em lugar até chegar onde estou hoje.
Me assusto com o som de mais passos na casa, volto a realidade e olho para cima. Começo a escutar o dono da casa conversando com o soldado, a conversa virou uma discussão mais acalorada e é interrompida por um som de tiro seguido de um baque seco no chão, o sangue começou a escorrer entre as tábuas, dois homens entram na casa, vejo eles armados, mais soldados, eles apontam suas armas para o chão, na minha direção. Eu coloco meu boné e saio correndo antes deles metralharem o chão bem onde eu estava. Vou correndo sem olhar para trás, quando já estava longe o suficiente escuto alguém gritar atrás de mim.
Eu vou te achar Bianca, e vou vingar a morte de meu irmão!