História A Guilda - O último Uchiha II - Bônus - Chinatsu I

– Então o garoto realmente foi com Hozumi Hyuuga, como os outros envolvidos contaram? – O homem sentado na frente da Chinatsu resumiu.

– Sim. – Ela respondeu entediada.

– E Ayumi, Katashi e Shinsato foram trazidos de volta para a aldeia....

– Essas perguntas são completamente estúpidas. – Chinatsu cruzou os braços. – Ficar repetindo isso o tempo todo é perda de tempo!

– Seja mais paciente, senhorita. Eu apenas preciso confirmar o que fala…

–  Confirmar? Você precisa de mais comprovações?!

– Perdoe-me o modo grosseiro que vou falar agora, senhorita, mas… Eu não confio em você.

– Então, confie nos relatórios médicos e policiais da época! Ou você acredita que eu alterei alguma informação?

– Alterou?

– Que droga! – Chinatsu bravejou batendo as mãos na mesa. – Como é que um tapado como você se tornou um ninja de elite?!

– Acalme-se, srta. Chinatsu, nós nem começamos… – O ninja da voz grave e firme riu. – Você cresceu na guilda, não é verdade? Sendo assim, sempre esteve envolvida nos planos de Rojin para destruir a aldeia. – O homem concluiu.

Ela realmente sempre se envolveu nos planos de Rojin, mas a captura do Daisuke não fazia parte do plano… E por mais que ela repetisse a mesma coisa milhares de vezes, o homem na sua frente sempre achava um meio de “confirmar” o que ela acabava de falar. Isso a irritava demais. Ele não perdia aquela postura arrogante, nunca se cansava de provocá-la.

– Pela milésima vez… – Chinatsu respirou fundo, fechando os olhos e passando a mão no rosto. – Não era plano do Hozumi levar Daisuke.

– E você sabe os motivos dele?

– Provavelmente. – Chinatsu cruzou os braços. – Mas você não precisa saber de tudo.

– O que eu não poderia saber?

– Você pode saber, mas não precisa. Os motivos dele foram pessoais, por isso que ele arriscou tudo para levar o garoto.

–  Como assim? – O homem pôs os cotovelos na mesa, cruzando os dedos das mãos, aproximando seu corpo ao da Ninja de cabelos escuros.

– É só prestar atenção nos fatos! Hozumi é procurado à anos e ninguém jamais conseguiu um único rastro dele. Um nukenin do nível dele jamais comete erros! Você já viu algum assassino do nível dele deixando testemunhas? Ele curou e trouxe Ayumi, Katashi e Shinsato em segurança…

– Tudo pelo garoto. – O homem concluiu.

– Exatamente.

–  Ele errou.

– Foi uma das coisas mais arriscadas que ele já fez. Principalmente porque ele tinha a vida do Shinsato Sensei nas mãos.

– Explique-me melhor, Chinatsu.

–  O que Rojin mais queria era matar Shinsato, já que o sensei era o maior estorvo dos seus planos. Ele tinha uma influência muito grande sob os grandes da aldeia. Uma influência que Rojin nunca teve.

De fato, os riscos que Hozumi correu foram muito grandes. O objetivo da sua missão era muito maior que simular um furto. Ninguém ali deveria sair vivo. Sua principal vítima? Shinsato Sensei. E como Ichiro sempre dizia...

Sem testemunhas.

– Isso só me deixa cada vez mais curioso…

– Não estou aqui para acabar com suas curiosidades.

– Me faz esse favor, Chinatsu.

– Nem alimentar seu ego. – A garota riu, cruzando as pernas.

– Me enrolar não vai adiantar nada. Não era você que estava reclamando agora a pouco sobre perda de tempo?

Chinatsu revirou os olhos. Mas, o que isso poderia trazer de mal? Tudo já estava acabado. Não faria diferença saber ou não o que havia acontecido com Hozumi e Kinai.

Um silêncio incômodo pairou por uns instantes naquele lugar. Chinatsu encarava o sujeito de máscara, analisando a situação, será que ela deveria contar?

– Está bem, caçador. – Ela bufou, mirando os olhos no teto. – Se precisa tanto…

– Ótimo, prossiga.

– O menino não é o primeiro Uchiha que Hozumi encontrou durante sua vida.

O homem espantou-se.

– Não?!

– Não. A esposa dele…

– Era Uchiha?

– Será que pode me deixar explicar?

Chinatsu riu do nervosismo cara a sua frente. Será que era tudo planejado? Ela não arriscaria confiar nas emoções de quem foi treinado para não ter emoções…

– A esposa de Hozumi fazia pesquisas para a guilda, uma delas era relacionada aos olhos amaldiçoados.

– Então Hozumi levou o menino para guilda pra fazer experimentos com ele?!

– Se isso fosse verdade, Daisuke não estaria vivo fazendo bagunça, hihi – Chinatsu soltou uma pequena risadinha.

– Hm…

– A esposa de Hozumi era responsável pelo aperfeiçoamento dos jutsus dos ninjas da guilda, ela fez inclusive pesquisas sobre as invocações dos Ryū e a aproximação do clã Shiin com a música. Infelizmente ela morreu antes de concluir tudo.

– Infelizmente?

– Ela era uma nukenin habilidosa, muito inteligente. A morte dela desestabilizou Hozumi, que na época planejava sair da guilda.

– Sair?

– Uma de suas pesquisas buscavam uma maneira de aperfeiçoar o byakugan do marido, mas antes de comprovar suas teorias ela foi… Assassinada.

O homem de máscara não entendeu o porquê da pausa na fala da garota, mas não se importou muito.

– O assassino era Uchiha?

– Eu não sei… – Chinatsu forçou desentendimento. – Eu não estava lá.

– Ha ha ha ha, genial! Então… Hozumi queria vingar a morte da esposa?

– Daisuke estaria morto…

– Então qual o motivo de tê-lo levado para a guilda? Já sabemos que era pelo Sharingan, mas…

– O que o fez desistir de uma missão inteira por aqueles olhos? Eu não sei…

Chinatsu vagava em seus pensamentos. Tudo o  que havia acontecido a fez pensar no que teria acontecido se ela tivesse feito alguma coisa para impedir. Se ela ao menos tivesse noção da enrascada que era se envolver com Rojin.

– Se quer saber… Acho que foi melhor assim… – Chinatsu abaixou a cabeça, pensativa.

– E por que acha isso, senhorita Chinatsu? – O ninja perguntou curioso.

– Se Hozumi não tivesse cometido esse deslize, teríamos quatro baixas, inclusive à do Dai, que salvou a aldeia daquele cretino. Bem provável que não estaríamos tendo essa conversa….

O homem de cabelos escuros ficou em silêncio por um momento. Chinatsu estava completamente certa. Numa visão completamente diferente da dele, poderia até se dizer que Hozumi foi um dos que salvaram a aldeia.

– É… Parece que os caprichos desse cara salvaram a nossa pele… – O homem concluiu.

– Sim.

– Me tire uma dúvida, srta. Chinatsu…

– É pra isso que estou aqui, rastreador. – Chinatsu sorriu.

– A senhorita falou quatro baixas?

– Sim. Shinsato, Daisuke, Ayumi e Katashi.

– E o mercador?

– O senhor feudal, você quis dizer… Ele fazia parte do plano.

– Como era de se esperar… – O cara cruzou os braços. – Era tudo uma farsa não era? Rojin, além de tentar destruir Shinsato e otimizar tempo, supria as necessidades da guilda com esses “assaltos ocasionais”. – O ninja afirmou num tom decepcionado, coçando a cabeça. – Esse homem era uma praga…

– Sim…

Chinatsu abaixou a cabeça.

Tinha vergonha do seu passado não tão distante. 

– Queria ter visto isso à tempo… – Ela sussurrou, jogando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. – Talvez… Se eu tivesse entendido tudo antes…

– Está tudo bem, Chinatsu… – O Ninja rastreador levantou e posicionou-se atrás da jovem kunoichi. – Você não tem culpa… Não de tudo… – Riu.

– Eu poderia ter ajudado…

– Poderia. Mas já é tarde. Agora você deve assumir suas responsabilidades como ex-nukenin.

– Sim…

– Ern… Acho que já está na hora de ir.

– Acabou?

– Por hoje sim, até semana que vem, senhorita Chinatsu. Não vá muito longe.

Chinatsu ignorou o comentário do rapaz e saiu às pressas daquela sala minúscula. Sua sorte é que essas entrevistas eram rápidas, duravam uma hora, duas no máximo. Infelizmente, elas aconteciam uma vez por semana e ela era obrigada a ir. Era como ir ao psicólogo, mas sem que houvesse uma real preocupação com seu bem-estar.