História A heart gift - Capítulo Oito

【 27/09/2020, 11:45 】

Um mês desde a noite em que dormi na casa de Asashi havia passado, eu nunca mais o vi desde então. Ainda não tive a oportunidade de agradecer a ele pela enorme ajuda.

Minha vida estava melhorando aos poucos, fiz um exame médico, comecei o tratamento e realmente estou indo bem. Sinto que as coisas estão indo devagar ao sitio. Estou orgulhosa de mim mesma. A reação que o médico fez ao ver meu estado foi preocupante, mas ele me prometeu que daria o seu melhor para que tudo corresse bem e assim eu prometi também. 

Ainda no começo do mês eu decidi procurar onde trabalhar, e as barraquinhas na praça foi por onde eu comecei. Todos os dias de manhã eu ia ajudar a senhora que vendia ramos de flores para as pessoas que passavam, e durante a tarde ia ajudar uma velhinha e seu neto a vender hotdog. Com isso eu comecei a ganhar um tantinho, mesmo sendo pouco eu conseguia comprar algo para comer e guardar. 

Fiquei semanas comendo apenas pão e leite. Para poupar ao máximo. Assim que consegui guardar um tanto de dinheiro e comprei vários tecidos. Eu estava com uma ideia em mente, eu também queria ter meu próprio e pequeno negócio.

A dona Alice, a senhora da barraca de flores me apoiou no trabalho, e falou que caso eu não conseguisse licença para vender minhas coisas, eu sempre podia fazer na barraca dela.

Obviamente eu agradeci imenso por tal ajuda. Já que eu duvido que iria conseguir a licença de venda com esse mínimo de dinheiro. Então, mais ou menos uma semana depois de comprar os tecidos, linhas e agulhas, eu decidi começar a treinar meu trabalho. 

Eu ficava horas no carro costurando roupa á mão, na maioria das vezes eu costurava vestidos, era setembro, ainda estava um pouco de calor. Eu criava designs numa aplicação de desenho no meu celular e depois tentava os criar com os tecidos.

Meu carro já estava uma confusão, cheio de tecidos, vestidos e linhas para todos os lados. Mas eu não me importava.

Hoje, dia 27, eu estava disposta a pegar todos os vestidos que eu havia comprado e levar para a barraca de dona Alice. E foi exatamente isso que eu fiz.

Quando cheguei lá, ela me aguardava junto a uma garotinha de uns 9 anos de idade. 

Ambas me aguardava com um ramo de flores e um cartaz colorido. 

-Dona Alice, bom dia.-falei educadamente, ela sorriu.

-Bom dia.-ela respondeu alegremente.

-E quem é a linda garotinha?-perguntei me abaixando na frente da garota e fazendo cafuné.

-Minha filha, Akemi.-Alice respondeu e a garota assentiu com a cabeça.

-Prazer, eu sou Howaito.-falei sorrindo e ela sorriu de volta.

-Mamãe falou de você, eu fiz isto para você.-ela falou sorridente mostrando o cartaz em mãos.

-Roupa única e costurada á mão na melhor qualidade, compre já.-li o que estava escrito e muito bem decorado.-Awww obrigada.-agradeci dando um abraço com cuidado para não estragar o cartaz.

-Aqui, rosas para você para ter sorte no seu novo começo.-Alice falou, me levantei, segurei as rosas e a abracei também.

-Muito obrigada.-agradeci mais uma vez.-Vamos pendurar o cartaz.-falei sorridente.

-Sim!-Akemi falou animada com o cartaz em mão.

Ambas escolhemos um bom lugar para o pendurar, e assim que o fizemos, começamos a abrir a mala que eu trouxe carregada de roupa. Peguei um vestido florido e colorido e entreguei para a Akemi.

-Aqui, te ofereço.-falei e ela abriu a boca, encantada com o vestido.

-WOWWWW. Mãeee, olha.-ela falou feliz enquanto corria até a mãe com o vestido em mãos.

-Que lindo, vai trocar, vai.-Alice respondeu e a garotinha assentiu com a cabeça. Logo depois, ela correu para dentro da barraca.

Coloquei um tecido longo no chão e dobrei a roupa encima dele, para ficar tudo arrumado. Depois de um tempo Alice saiu com o vestido. Sorri, ela estava muito fofa.

-Como ficou?-ela perguntou girando.

-Encantador.-respondi e ela sorriu, se aproximou e me abraçou.

-Obrigado.-ela agradeceu e eu abracei de volta.

-De nada.-respondi e fiz cafuné na mesma.

-As pessoas estão vindo, vamos ter um bom dia de venda, sim?-Alice falou e eu assenti com a cabeça.

-SIm.-concordei com ela.

【 27/09/2020, 13:23 】

Estava olhando para as poucas peças de roupa que haviam sobrando. Realmente, eu consegui vender bastante. Estava tão feliz e orgulhosa.

-Você foi uma bela modelo.-falei para Akemi.

-Obrigada, e você costura muito bem.-ela respondeu. Sorri, é, parece que sim.

-Fez bastante dinheiro, e trouxe mais gente para comprar flores, agradeço.-Alice agradeceu e eu senti com a cabeça.

Comecei a arrumar as coisas. Estava na hora do almoço, aproveitaria para costurar mais um pouco e depois ia para a barraca de hotdog. Assim que terminei de dobrar tudo, ajudei Alice e me despedi.

-Obrigado pela ajuda, nos vemos amanhã.-falei acenando.

-Sim.-concordou Alice acenando.

-Tchau Akemi.-falei e ela acenou.

-Tchau.-respondeu com um sorriso doce.

Me virei e sai andando, o carro estava estacionado não muito longe dali, então cheguei num instante. No caminho eu dava uns pulinhos de alegria.

-Eu consegui bastante. Que sorte. Ainda bem que as coisas estão melhorando…-falei baixinho com a mão no peito.

Abri a porta do carro e entrei, me sentei no banco do motorista e abri a janela para entrar ar. Peguei a linha onde tinha a agulha espetada, e comecei a preparar as coisas.

-Olá, olá.-falaram, eu me assustei com o cumprimento repentino e espetei a agulha no meu dedo.

-Ai.-me queixei enquanto levava o dedo á boca. Olhei para o lado para ver Asashi debruçado na janela. Arregalei os olhos e tirei o dedo da boca.-Asashi.

-O próprio, como vai a vida?-ele perguntou rindo.

-Vai…indo. -respondi voltando a coser.

-Hmm, parece melhor do que antes.-ele falou e eu assenti com a cabeça. Realmente estava melhor, me sinto melhor que antes.-O que tem feito de novidade? Parece ocupada.

-Ah… eu comecei hoje um pequeno negócio, comecei a coser roupa e vendo numa barraquinha.-respondi olhando para os tecidos em volta.

-Hmmm interessante. Então e as drogas?-ele perguntou mais uma vez.

-Bem, eu fui no médico e comecei a fazer um tratamento, está indo bem.-falei, olhei para ele que assentia com a cabeça.

-Já se resolveu com sua família?-perguntou.

-Não...-falei baixinho. Ele olhou para mim surpreso.

-Por que não?-perguntou.

-Não tenho coragem... de encarar meus parentes...-confessei.

-Entendi... bem, mas deveria fazer isso logo.-ele falou e eu assenti várias vezes com a cabeça.

-Eu sei...ah. Obrigado por ter me deixado ficar lá no apartamento.-agradeci.

-De nada.-respondeu.-Bom, vou indo. Fica bem, Howaito.-ele falou se afastando.

-Vou tentar... vou tentar.-falei baixinho enquanto deitava o banco para trás para me deitar.