1. Spirit Fanfics >
  2. A Herdeira - Segredo Sangrio REFAZENDO >
  3. Fazendo parte

História A Herdeira - Segredo Sangrio REFAZENDO - Fazendo parte


Escrita por: Amazyx

Capítulo 4 - Fazendo parte


Amanda

— E você vem para o acampamento…?

— Amanhã — completei, em voz baixa. Preferia que pensassem que eu estava dormindo, então eu precisava falar bem baixo.

— Acho bom.

Revirei os olhos. Estava falando com Henry, um garoto que conheci no acampamento. Ninguém sabia, já que ele preferia encontrar comigo em particular. Digamos que ele é um filho de Afrodite diferente.

O conheci quando estava procurando pelas meninas e começamos a nos falar. A gente não contava nada por um mesmo motivo: os amigos sem noção.

Por favor, pelo modo que as meninas implicaram comigo, iriam me encher o saco se soubessem de Henry. Ainda mais por ele ser filho de Afrodite. E era bom ser apenas a gente. Podem ter notado isso, mas não sou de querer chamar atenção.

— As meninas também vão — acrescentei, em suspiro.

— Claro que vão. Não quero criticá-las, mas elas podem ser bem individualistas de vez em quando.

— Digamos que nos acostumamos com nossa pequena “bolha”.

— “Nos”? Com você envolvida?

— Eu? Imagine! — sorri, me lembrando quando nos conhecemos.

Foi em uma rápida ida ao acampamento, no início do ano, para falar com Quíron. Ele tentara de todo os jeitos saber quem eu era, mas eu sempre escapava com alguma desculpa de ir com as meninas, até que ele me encurralou quando eu estava para sair de meu chalé e conseguiu meu número. Não parou de me ligar desde então.

— Claro, você nem fugia de mim como o diabo foge da cruz! — ele riu.

— É mentira!

— E suas amigas não saem de perto de você!

— Nós nos conhecemos desde sempre, isso é normal.

— Se é tão normal, por que não conta sobre a gente?

Eu ia responder — juro que ia —, mas ouvi Victória gritar meu nome do corredor e sabia que ela estava vindo para cá. Ela consegue ser tão delicada quanto um coice de mula. No melhor sentido da frase, é claro.

— Tenho que ir, Henry, tchau — e desliguei. Fui rude? Fui! Porém, contudo, no entanto, foi no mesmo momento que Victória entrou sem bater — obviamente.

Fingi me espreguiçar e ela se jogou na minha cama,pulando e gritando:

— Acorda, piranha! São quase meio dia!

— Não são não!

— São sim! Mas também tenho que te deixar a par dos acontecimentos desta casa.

Ergui uma sobrancelha e me levantei, seguindo ela pelo corredor até a cozinha.

Aparentemente, Ana ia para Hogwarts sozinha com alguém para ajudar. O que era bom, quem conhece ela, sabe o quão impossível tal tarefa seria para ela.

Eu só esperava ser alguém decente.

Daniel

— Residência Cantorinne, quem é?

Estranhei a voz masculina. Normalmente quem atendia o interfone da casa da Victória era a mãe de uma das meninas.

— Daniel Smith. Vim falar com com Sandro.

— Um instante, senhor Smith.

Gostei do “senhor”. Poderia me acostumar rapidamente com o termo.

Eu estava planejando ir até a mansão no dia seguinte, quando eu teria menos chances de topar com Cecília, mas a ligação para Ana me intrigou. Tudo bem que ela demora horas para fazer tudo, inclusive as malas, mas mesmo assim ela normalmente me atendia nesses momentos, ainda mais porque a viagem seria no dia seguinte.

Demorou um pouco, mas o homem que parecia monitorar quem ia ou vinha abriu o portão e segui o loooongo caminho para a entrada da mansão. Chegando lá, ainda tive que tocar a campainha e, para a minha surpresa, foi a própria Victória quem atendeu.

— Smith? — ela inclinou de leve a cabeça, como sempre faz quando não entende algo. Cruzou os braços, de cenho franzido. — O que faz aqui?

Me confundiu o fato dela estar sem óculos. Seus olhos ficaram ainda maiores e mais dourados, o que me fez perceber as quase invisíveis sardas que existiam abaixo dos olhos e no nariz. Ninguém parecia percebê-las.

Mas eu percebi.

— Não sinta-se especial, princesa — entrei sem pedir permissão, só para vê-la ficar nervosa. — Por incrível que pareça, estou aqui para falar com Sandro.

— Meu pai? — ela fechou a porta, bufando e sorri de lado ao notar o pequeno tremor no canto de seus lábios. Irritá-la sempre foi divertidíssimo.

— Acho que não existe outro Sandro por aqui, não é mesmo?

— Não, não existe — fiquei tenso ao ouvir a voz do senhor Cantorinne. Aquele cara me dava certo medo. Mesmo que eu nunca fale isso em voz alta.

Me virei, sorrindo e encontrei Sandro andando até nós, com o rosto sério.

— Bom dia — eu estendi a mão para cumprimentá-lo, mas ele colocou uma mão no meu ombro, o que me deixou ainda mais tenso.

— Vicky, eu falo com você depois, sim?

Ele me guiou até um corredor e senti que eu poderia muito bem não sair de lá com todos os membros do meu corpo. Olhei para Victória, que me deu um tchau com as mãos, sorrindo irônica. Fechei a cara para ela antes de perdê-la de vista.

Entramos no que percebi ser um escritório — um grande escritório, vale realçar. Esse povo é muito materialista, o quarto de Victória parecia um apartamento! Com sofá, televisão, até um frigobar!

O escritório era como qualquer outro moderno em preto e branco, só que… bem, enorme!

— Por favor, sente-se — Sandro mandou e eu que não sou burro o fiz rapidamente, deixando a minha mochila cair ao lado da cadeira. — Veio falar de Hana e Liana, certo?

— Sim, senhor — e também descobrir o que está havendo com Ana, mas deixei esse fator de lado. — Entendo os motivos que tem para não deixar que eu veja minha sobrinha, porém, eu tenho o direito de ver Hana e ajudar no bem estar da mãe dela.

— Posso pedir que diga o porquê?

Porra, o fato de Sandro ser tão calmo o faz ainda mais intimidador.

— Claro, senhor. Harry foi um irmão para mim. Em todos os sentidos. Foi meu melhor e único amigo durante muitos anos. Éramos extremamente próximos, de uma maneira absurda. Ele me ajudou com as minhas dificuldades o máximo que podia e estava sempre cuidando de mim — apoiei os pulsos na beira da mesa, tentando disfarçar meu desconforto com o assunto, mas eu tinha que falar — Até quando eu não merecia e eu fazia o mesmo. Nada disso mudaria se ele estivesse vivo, então por que mudar quando ele… se foi? Se ele estivesse entre nós, gostaria que eu cuidasse de sua filha e da mãe dela. Acredite, senhor, eu o conhecia como ninguém.

Sandro coçou o queixo com o indicador e o polegar,me analisando. Eu sou bom com as palavras, mas aquele cara era uma muralha! Tentar quebrá-lo era como socar uma parede: mesmo se conseguir rachá-la, você sairá muito mais prejudicado.

— São bons argumentos, Daniel — ele falava inglês bem, mas ainda tinha um sotaque italiano presente. — Porém, estou curioso em saber o que acontece se eu negar-lhe esse direito.

Suspirei. Eu não queria usar a minha carta na manga, mas se essa carta era a única coisa que faria aquela parede rachar…

Peguei a minha mochila e tirei o envelope marrom com os documentos que tinha buscado na última semana. O estendi para Sandro sem dizer uma palavra, enquanto eu o assistia ler que, tudo o que era responsabilidade de Harry, passaria a ser meu por lei caso ele se fosse.

— O garoto tem testamento? — ele perguntou curioso, sem tirar os olhos dos papéis.

— Ele já tinha dezoito e meio sangue, não tinha esperança de uma longa vida, não é mesmo?

Percebi o enrijecer de seu maxilar depois dessa frase, mas não parecia nervoso comigo. Deixou o envelope com os documentos em cima da mesa e juntou as mãos.

— Bem, já que minhas mãos estão atadas.

Demorei um pouco para processar o que aquela frase significava. Ele cedeu tão fácil assim? Tinha que ter algo errado.

— O que?

— Está livre para ir e vir. Já que deseja tanto cuidar de Liana e sua sobrinha.

Suspirei, aliviado. Mesmo que fosse alguma espécie de armadilha, eu estava genuinamente feliz por poder ajudar Liana e Hana.

— Agradeço, senhor — peguei os documentos e estendi a mão e, daquela vez, ele a aceitou em um aperto de mãos.

— Não seja por isso. Agora, peço perdão, preciso me preparar para sair. O quarto de Liana é no terceiro a andar, segunda porta à direita.

— Ah, tudo bem.

Andei até a porta, ainda estranhando como ele tinha concordado tão rapidamente com minha presença. Tá, eu joguei a tal da “lei” para cima dele, mas eu sabia que o histórico dele não estava exatamente dentro dela, certo?

Encontrei a sala de estar vazia, o que era estranho, já que a casa normalmente estava abarrotada de pessoas — meninas, para ser mais exato. Pode ser um dos motivos que levou Sandro a me aceitar no lugar, ser o único homem da casa devia ser difícil.

Ao chegar no terceiro andar encontrei com Ana, acompanhada de uma grande e uma pequena mala rosa. Claro que tinham que ser rosa.

— Dan! — ela sorriu. — O que faz aqui?

— Eu vim falar com Sandro… aonde você vai?

— Bem, aparentemente eu vou para Hogwarts.

Como é que é?

— Como assim?

— Recebi uma carta da escola hoje e meu tio Sandro vai me levar — então era pra isso que ela estava se preparando para sair. — Conseguiu convencê-lo?

— Sim, foi mais fácil que pensei, mas volta! Recebeu uma carta?

— É, dizem precisar da minha ajuda. Eu queria falar mais, mas tenho que ir. Te mando uma mensagem explicando tudo, o.k.?

— Não! Como assim?!

Ela desceu alguns degraus e me deu um beijo na bochecha.

— Tchau, Dan.

E saiu. Assim, sem nem mais uma palavra. Queria falar mais alguma coisa, perguntar mais, só que ela estava realmente com pressa.

Continuei meu caminho para o quarto de Liana. Finalmente ia conseguir passar um tempo com minha sobrinha.


Notas Finais


Antes que alguém comente, os POVs dos outros personagens acabam aqui. Vocês só precisavam saber o que tava rolando na cabeça de cada um para a história ter algum sentido :)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...