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História A Herdeira - A valsa


Escrita por: Eileenqueen

Capítulo 12 - A valsa


Fanfic / Fanfiction A Herdeira - A valsa

Sayaka Igarashi

Há alguns anos atrás…

O salão nobre está lotado. A burguesia dança as mais belas valsas com sorrisos alegres, alguns devido ao vinho e outros devido a mais pura felicidade. Rui, Herdeiro de Dionísio, sabe mesmo como fazer uma festa nobre e com bom vinho.

Olho para o trono imponente entalhado de raios dourados ao meu lado, sentado nele, com as pernas cruzadas, Ririka expressa impaciência, está cansada, assim como eu, de ficar a noite toda apenas observando.

Como Herdeira de Hera prezo muito pelas tradições, entretanto se tem uma que gostaria de acabar com minhas próprias mãos é essa, só porque somos Herdeiras do Rei e Rainha do Olimpo temos mesmo que ficar de castigo em todas as malditas festas apenas olhando? Porque não podemos ir para o meio do povo nos divertir? Os outros Herdeiros vão.

Observo os raios se formando nas mãos de Ririka, levanto-me e com apenas um olhar meu ela sabe exatamente o que quero e me segue para a varanda fechando as portas atrás de nós com uma lufada de vento.

Ririka Momobami é Herdeira desde de um ano de idade, hoje ela tem 14 e é sem dúvidas a mais poderosa de todas, seu controle mágico sempre foi invejável. Quando me tornei Herdeira aos cinco anos foi ela quem me ajudou e me ensinou tudo. Todos esses anos treinamos e lutamos lado a lado, arriscamos nossas vidas para proteger uma à outra. Ela é a pessoa que mais confio e eu sou a pessoa em quem ela mais confia.

— Você não pode jogar um raio no meio da festa apenas para ela acabar.

Ela sorri e seus olhos brilham em diversão.

— Só ameacei fazer isso uma vez. — A Herdeira me dá uma leve cotovelada e anda até o parapeito da varanda escorando ali.

Ela observa o céu com atenção, já vi ela fazendo isso inúmeras vezes em todos esses anos, mas nunca entendi o motivo.

— Procurando pelos Campos Elísios? — Aproximo ficando ao lado dela.

Os cabelos brancos que refletem a luz da lua balançam em ondas conforme ela nega com a cabeça.

— Apenas… sinto que tem algo faltando, então eu olho para as estrelas e peço para que elas não me levem antes que eu descubra o que está faltando.

Franzo as sobrancelhas. Ela está mesmo falando de morte?

— Está pensando em morrer?

Ela me encara imediatamente e ri ao ver minha expressão séria.

— Não, não — fala balançando as mãos — Apenas estou dizendo que… quero descobrir.   

Aquilo não fazia sentido nenhum para mim, mas percebi que era algo importante para ela, porém não sabia o que eu poderia dizer para confortá-la.

Um longo minuto de silêncio se instalou entre nós, apenas o assobio do vento podia ser escutado.

— Ririka… — Os olhos verde-água, tão intensos como as estrelas, me encararam — Seremos sempre amigas?

— Para todo o sempre. — Ela não hesitou em sua resposta, o que me arrancou um grande sorriso.

— Como minha amiga, quero que prometa que serei enterrada sob a luz das estrelas.

Ela estreitou os olhos, mas logo compreendeu o que eu queria.

— Então quero que prometa… — Ela olhou para a porta de vidro da varanda, para a festa no salão nobre, seus olhos brilharam e ela me encarou — Jure, que irá dançar uma bela valsa sobre a minha sepultura.

— O que?! Sou péssima dançarina! — Dei um tapa no ombro dela, mas nada pararia a gargalhada que saiu da Herdeira, eu mesma não consegui segurar as risadas.

Atualmente…

Minhas lágrimas não paravam de correr, a dor parecia que cortaria meu coração em fiapos. Tive que me esforçar para controlar minha magia e acalmar os ventos.

Ririka, minha amiga está morta e atrás de mim está sua irmã gêmea, me olhando com aqueles olhos frios que nada se parecem com a intensidade brilhante que era o olhar de Ririka.

Semanas, por semanas fui enganada por Kirari…

Como não pude perceber?

Percebi que algo estava diferente, achei estranho, mas passei tanto tempo afastada dela que pensei que era normal essas mudanças, jamais pensaria que ela estava morta.

Lembranças boas e ruins vieram à tona em minha mente, os sorrisos de Ririka, sua mão sempre estendida para mim, ela nunca desistiu de mim por mais que eu caísse, por mais que eu falhasse ela sempre estava ali ao meu lado.

Nas batalhas ela nunca se afastava de mim, mesmo que ficar perto de mim a impedia de usar todo seu poder, mas ela sabia que eu tinha medo dos monstros.

Juntas derrotamos exércitos deles, e o sangue de Ririka sempre escorria primeiro que o meu, não por ela ser mais fraca, ao contrário, por ela ser tão forte que sempre me defendia. Ririka atravessava um campo de batalha em um segundo apenas para ficar na frente de uma lâmina que iria me atingir.

Aquela lembrança veio na minha mente, e queimou como fogo grego.

Ririka entrou em meu quarto com um sorriso mais brilhante que o sol, seus sorrisos sempre eram belos, mas havia algo de diferente naquele.

— Viu o passarinho verde? — Virei para ela deixando de lado meu livro.

— Estou apaixonada.

Parte de mim ficou extremamente feliz, entretanto, outra parte ficou preocupada, porque não suportaria que ninguém machucasse minha amiga.

— Quem é a sortuda? — Eu já sabia bem das preferências dela.

Ela se aproximou, seu olhar tinha aquele brilho estrelar, mas algo a preocupava e pude perceber isso pelos raios que serpenteavam entre seus dedos, ela sempre fazia isso para aliviar a tensão quando está nervosa.

— Mary Saotome.

Meu mundo caiu, e algo em mim se revirou. Aquilo era errado, extremamente errado. É proibido pelos Deuses. Os Deuses que nós servimos. Ela não podia… logo ela, a líder da Legião, não podia quebrar as regras.

Agarrei os ombros de Ririka com força.

— Ficou maluca?! Isso é errado! É contra as regras!

O sorriso dela desapareceu e o brilho em seus olhos também, ela se desvencilhou de mim.

— Fodasse as regras.

— Regras foram feitas para serem seguidas! Você é a líder! Você tem que dar o exemplo! — Elevei meu tom de voz.

— Eu não escolhi isso. — Ela abriu os braços indicando tudo aquilo, todo o nosso mundo — Não escolhi isso para mim, eu não queria isso, mas sou obrigada! Sou obrigada a superar todas as expectativas porque sou a merda da Herdeira de Zeus! — Sua voz saiu como um rosnado, com fúria e ódio.

— É traição. Você tá traindo os Deuses, está traindo Zeus! Ele vai te matar! — Medo, raiva e pavor, puro pavor e desespero tomou conta da minha voz, da minha alma, porque perder Ririka é demais para mim.

Trovões abalaram meu quarto.

— Eu amo ela! E se Zeus quer me punir pelo meu amor — Outro raio sacudiu os céus —, então é bom ele saber que não vou recuar!

Ela passou pela porta me dando uma olhada, esperando que eu dissesse algo, mas eu não podia, não aceitaria aquilo, era completamente contra as regras e as regras foram feitas por um motivo. Não pode haver relacionamento entre os Herdeiros, uniria os clãs, haveria apenas uma linhagem para dois Deuses, seria uma confusão…

Ririka bateu a porta, aquele olhar magoado me machucou, mas me machucou ainda mais por ela ser tão inconsequente. Quebrar as leis dos Deuses, colocar vidas em riscos apenas por amor?

O grito que saiu de mim foi tão doloroso que poderia ter comovido até mesmo o monstro mais desprovido de sentimentos.

— Ririka… — Enterrei as unhas na terra apertando com todas as minhas forças. — Me perdoa…

Ainda não consigo compreender porque ela arriscaria tanto apenas por amor. Mas sei que deveria ter apoiado ela em sua escolha, porque ela sempre me apoiou. Porque ela estava tão feliz naquele dia e fui uma megera e acabei com aquele sorriso lindo.

Minhas lágrimas caiam cada vez com mais intensidade na terra.

Atrás de mim pude sentir Kirari mudando o peso de uma perna para a outra, como se estivesse impaciente.

Encarei-a por cima do ombro, nada havia mudado em sua expressão, ainda estava fria. Sua frieza é tanta que ela não sente absolutamente nada em ver meu sofrimento.

— Porque… ela foi enterrada aqui? — perguntei entre-dentes, me levantando. — Porque… — As palavras pareciam ser difíceis de dizer, mas meu corpo ainda se lembrava bem de como se mover. Agarrei a gola da blusa dela a surpreendendo. — Porque você tomou o lugar dela?!

Algo brilhou nos olhos dela, mas antes que eu pudesse entender o que era sumiu tão rápido como um relâmpago e um sorriso sem sentimentos preencheu seus lábios. Com um tapa ela tirou minhas mãos de si e se afastou um passo, não recuando, mas pronta para atacar se precisasse.

— Pergunte aos sacerdotes, foram eles que me obrigaram a isso.

— Porque?!

Ela deu de ombro, como se aquilo fosse um incômodo chato.

— Acharam que ela havia cometido suicídio. Mas descobri que foi assassinato. — Ela me observou com tanta atenção como se me analisasse, como se… ela desconfia de mim.

— Acha que matei minha melhor amiga?! — A fúria em mim é tanta que não sei como os ventos não reagiram a atacando.

— Acho que todo Herdeiro é suspeito e você não é uma exceção.

Raiva corria pelas minhas veias queimando cada centímetro do meu corpo. Ririka era minha melhor amiga, mesmo que a gente tenha brigado por anos, eu ainda a amava. Nunca a machucaria mesmo que ela agisse como uma idiota.

Percebi que Kirari não estava com a mão pousada no cabo da espada, gesto esse que reparei muito ultimamente, porque Ririka nunca o fazia.

— Está me provocando, mas você confia em mim. — As sobrancelhas dela franziu de leve, o único indício de sua confusão. — Você sempre mantém a mão no cabo da espada, está sempre preparada para atacar…

Mas ela se afastou de mim, pensei que era para contra-atacar se fosse preciso, mas… qual seria o outro motivo?

Raios serpentearam em sua mão e um raio passou zunindo por mim, apenas senti a gota de sangue escorrendo pela minha bochecha me fazendo paralisar de susto, não estava esperando por isso.

— Alguém matou minha irmã, irei descobrir quem foi e quando fizer isso vou matá-lo lentamente. Seja quem for.

Ela se virou para ir, aquele raio foi apenas um aviso, passei a mão no corte limpando o sangue.

Kirari pode ser fria, mas uma coisa tenho certeza, mesmo nunca tendo conhecido Ririka, ela ama a irmã e quer vingança a todo custo, ela prometeu isso.

Apertei o punho, também quero vingança, quero acabar com o desgraçado.

— Vou te ajudar. — Ela me olhou por cima do ombro. — De toda forma, já estou do seu lado. — Afinal eu tinha apoiado ela na separação da Legião.

— Trabalho sozinha.

— Aprenda a trabalhar em dupla.

— E se eu não quiser?

Sorri.

— Então vou passar a te seguir, vou aonde você for, até me aceitar.

Ela rosnou com raiva e mais raios vieram à tona, virei-me de costas para ela olhando para o túmulo, lembrando-me de palavras do passado. Uma promessa que nunca pensei que teria que cumprir.

— Dança comigo. — Não foi um pedido, foi uma ordem, o silêncio me fez encara-la. — Dança uma valsa comigo.

— Querer dançar no túmulo da minha irmã me faz ver você como uma suspeita em potência.

Não pude evitar um leve sorriso, mesmo que ele seja banhado pelas lágrimas salgadas.

— Jurei para Ririka que dançaria uma bela valsa em sua sepultura. — Novamente minha voz estava embriagada pelo choro.

Kirari me avaliou novamente, como se procurasse algo em mim, mas estou sendo sincera e ela entendeu isso ao ver minhas mãos trêmulas. Com passos silenciosos ela se aproximou segurando minhas mãos, fazendo-me sentir um leve choque. Encarei os olhos verde-água, tão idênticos ao da minha amiga, porém tão diferentes, tão cheios de frieza.

Obriguei-me a erguer a cabeça e tomar uma postura digna de uma dançarina. Apoie a mão no ombro dela, e senti sua mão firme em minhas costas, me puxando para si.

Seus olhos estavam mergulhados nos meus enquanto ela me conduzia pela valsa sem música.

Kirari e Ririka…

Idênticas sim, mas Kirari é apenas uma casca vazia, uma mar de gelo, e ver seus olhos, observar seu rosto machuca tanto que não aguentei e virei o rosto para o lado e deixei que ela me conduzisse por aquela valsa desejando que Ririka visse e admirasse.

Minhas lágrimas continuavam a cair.

   


Notas Finais


Boa noite meus amores, titia Eileen voltando com mais um capitulo, dessa vez um pouco diferente pq é na visão da Sayaka, gostaram disso?
Deixem aqueles comentarios lindos que só vcs sabem!
Façam como a Sayaka-Uvinha e recurtem novos leitores para essa fic! (serio, a missão de vcs hj é convencer um amigo (a) a vim ler essa fic)
Vou deixar aqui o link de uma fanart que foi feita sobre um cena do cap 11 https://www.instagram.com/p/CVOYvrDLRPT/?utm_medium=copy_link


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