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História A Herdeira do Fogo - Pré despertar


Escrita por: _betterharmony

Notas do Autor


Olá pessoal!! Como vocês estão?
Este capítulo tá um pouquinho maior que o primeiro, eu queria ter postado ele ontem, mas acabei não conseguindo, neste aqui eu já introduzi melhor a ideia da fic, eu não sei se eu deixei claro, mas ela será pura ficção, algumas coisas já conhecemos, mas outras eu inventei. Alguns personagens também serão da minha autoria, por isso que a partir do próximo capítulo vou colocar algumas descrições para não ficar tão confuso.
Boa leitura e espero que vocês gostem. Qualquer erro concerto assim que eu os ver! ;)

Capítulo 2 - Pré despertar


Fanfic / Fanfiction A Herdeira do Fogo - Pré despertar

C.C.

 

Se for para correr em círculos, não se de ao luxo de dar um passo.

 

 

Eu poderia vomitar, mas meu estômago vazio impedia. Controlei minha respiração afoita, como se eu tivesse disputado uma corrida de 100 metros. O silêncio no cômodo era desconfortável, eu sentia os dois pares de olhos analisando-me.

- Eu... Desculpe, vim pegar um copo de água – Inventei a primeira mentira que veio em minha mente.

- Camila. – Candace encarou-me séria, buscando algo que me entregasse. Um levantar mínimo de sua sobrancelha direita, e pronto, deixou-me claro que ela sabia o que eu estava fazendo alguns minutos atrás. Virou-se de costas sem dizer mais nada, voltando à posição em que estava.

Na brecha, ignorando o enjoo e o formigamento das mãos que não queimavam tanto como antes, eu direcionei meus olhos mais uma vez ao homem. Realmente ele era alto, 1.90 de altura talvez, quem sabe mais, braços fortes, o tórax mostrava-se definido mesmo com a camisa larga, os traços do rosto eram firmes, nariz reto, lábios bem desenhados, olhos azuis, um tom diferente, forte e frio. O que me impressionou foram os cabelos, brilhosos e bem cortados, mas brancos, o rosto era muito jovem para estarem domados por aquela cor.

 Não fui tomada para meus pesadelos como na primeira vez que eu o olhei, mas a sensação não era a mesma de estar com uma pessoa normal, era quase impossível de explicar, soava como uma energia forte e magnética pairando ao redor dele.

- Prazer em conhecê-la, Camila. Sou Adlan. – Ele deu um pequeno sorriso, olhando-me com calma. – Espero que a queimação em suas mãos esteja passando, estarei esperando na sala de estar, lhe darei um tempo para conversar com sua tia antes de partirmos. – Disse com a maior tranquilidade, como se eu fosse uma antiga conhecida dele.

- Como?  – Disse alarmada, esquecendo qualquer resquício de educação e ignorando totalmente a parte dele saber das queimações em minhas mãos, nem Candace sabia.

Eu nem o conheço.”

- Mas conhecerá. – Foi tudo o que disse antes de ir em direção a sala de estar, como se já conhecesse a casa.

Minha boca deveria estar em um perfeito “O”, ele respondeu algo que eu não havia pronunciado em voz, como se pudesse ouvir seus pensamentos. Falou de uma maneira como se me conhecesse desde sempre, ainda insinuando que partiríamos. Quem diabos esse homem é?!

Definitivamente estou doente, ou as pessoas ao meu redor enlouqueceram, preciso marcar um psiquiatra se isso não for um pesadelo, caso for um pesadelo, talvez um psicólogo já possa ajudar de início.”

Sem perceber estava andando em direção a pia com as mãos a cabeça, desfazendo o coque e deixando as cascatas castanhas caírem até o meio de minhas costas. Molhei as mãos e passei em meu rosto, pegando um copo logo em seguida e o enchendo.

- Precisamos conversar – A mulher de cabelos claros pronuncio.

- Eu preciso de um psicólogo, talvez um psiquiatra na pior das hipóteses, um check up também seria muito bom... – Acabei por dizer em voz alta.

- Camila. Você não está doente, ou louca, como acha. Você só precisa se virar e me ouvir por um instante. – Candace pois uma de suas mãos em meu ombro, fazendo-me olha-la pela segunda vez naquela manhã.

- Diga-me que isso é coisa da minha imaginação fértil, que aquele estranho não está na sala de nossa casa, dizendo que você irá partir com ele, que meus pesadelos não são reias, que as dores em meu corpo e a impressão de minha pele queimando é loucura, lidarei melhor em saber que é loucura. – Apertava o copo enquanto cuspia o pouco dos sentimentos acumulados. Aquele dia não estava começando fácil. – Eu ouvi parte da conversa de vocês. – Falei em um fio de voz, tão baixo que eu não tive certeza se ela ouviu.

Candace sabia dos pesadelos, eu já os tinha contado. No começo ela dizia que era a agitação do dia por eu estar tendo mais aulas neste ano. Mas haviam noites que eu a acordava por causa dos gritos, ela já havia passado muitas em claro secando minhas lágrimas de desespero. Quando a queimação começou, eu não disse nada, já via seu olhar preocupado todas as manhãs, não precisava deixar claro que estava me tornando uma adolescente com problemas mentais, mesmo sabendo que tinha algo a mais acontecendo. Como poderia explicar que a sensação de queimação que sentia nos sonhos, agora era presente enquanto eu estava acordada. Ou a sensação de estar sendo observada toda vez que saia de casa. Como eu poderia dizer agora que achava que o estranho em nossa casa acabará de ler minha mente, e que quando o olhei nos olhos pela primeira vez fui sugada para um ladrilho de imagens sem nexo. Isso não acontece com pessoas normais.

Como se a mulher em minha frente pudesse sentir o que se passava em minha mente, ela deu um passo em minha direção, abraçando-me forte, e fazendo com que eu relaxasse um pouco. Ela era minha única família, era a única que estava lá nos momentos mais difíceis. Não era justo eu dar problemas a ela, mas não queria que fosse embora nesta ocasião.

- Ele é algum médico? – Perguntei – Nunca o vi, nem ouvi você falar nele alguma vez.

- Adlan tem muitos títulos, mas nenhum de curandeiro, até onde eu sei. E mesmo se tivesse, você não precisa de um médico, apenas uma explicação digna do que se passa com seu corpo e sua mente no momento.

“Curandeiro?”

- Já tivemos “a conversa” sobre hormônios na adolescência, tia. – Desgrudei-me de seus braços para olha-la melhor. – E não acho que hormônios façam o estrago que meu cérebro se encontra.

A mulher deu um pequeno riso nasalado, balançando a cabeça de um lado a outro em negação. Puxou-me carinhosamente até a mesa de vidro na sala de jantar, sentando-se em minha frente e encarando-me com carinho.

- Você não é mais criança, Camila. O que se passa com você agora, qualquer outra pessoa se fecharia, e sofreria calada. Poucos teriam corajem de admitir que algo está errado, mais poucos ainda diriam em voz alta que precisam de um especialista mental. – Ela começava a divagar. Com minha experiência, tinha a sensação que ela estava me soldando para soltar alguma bomba. – Nesses quase treze anos cuidando de você, sendo sua responsável legal, eu te observei com todo o cuidado, tentei meu máximo para ser 20% do que sua mãe foi um dia, e sinto muito se em algum ponto eu não consegui. Estar dizendo isto pra você agora não deve ter sentido algum, não explica um homem o qual você nunca viu em sua vida estar em nossa casa dizendo em partir, não explica o que você vem sentindo nos últimos meses, não explica minha falta de diálogo sobre isto, mesmo lhe acolhendo em meus braços nas piores noites de sua vida e estando ao seu lado. Você é uma menina doce e inteligente demais pra esse mundo, quem dirá para o lugar que Adlan quer te levar. – Parou por um instante de falar, fechando os olhos e apertando os lábios até quase virarem uma linha reta. ”Como assim me levar?” – Adlan, como eu disse, não é médico, mas é uma pessoa que poderá te ajudar no momento, coisa que eu não posso, por mais que eu queira e tente. Você não o conhece, mas eu sim, ele é um velho conhecido meu, e um amigo importante de seus pais.

- Candace, eu não...

- Apenas escute por um instante, ok? – Interrompeu-me e esperou eu assentir para continuar. – Eu não posso te obrigar a fazer o que não quer, e nunca faria isso. Mas você deve saber que o que vem sentindo realmente não é normal, só que não será aqui que você compreenderá o que está acontecendo. Você vai achar que sou louca... – Passou as duas mãos no rosto e massageou suas têmporas em sinal de nervoso. – Tudo o que você conhece desta realidade é só uma misera lasca de um mundo escondido, o que você lê em seus livros de ficção, muitos deles tem uma verdade, em que nesse mundo que estamos, não compreende e toma como irreal. Muito do que você tem em sua cabeça são mentiras não só impostas por essa dimensão como por algo que fui obrigada a te fazer quando criança. Será doloroso quando você tiver ciência, mas não me julgue sem antes lembrar que só fiz isso para sua segurança. Você é especial, Camila. Não do tipo normal, mas do tipo extraordinário, a única de uma linhagem forte e extinta, o que vem acontecendo com você é chamado despertar.

- OK! Chega. – Levantei em um salto, afastando-me da mesa. – Isto é loucura de mais. Você tem noção do que está falando? – Perguntei nervosa. – Se está tentando fazer alguma brincadeira com seu novo amigo, saiba que não está sendo engraçado. Está colocando até meus pais nesta história, se estou te dando mais trabalho do que devo, eu peço desculpa, eu realmente não quero isso. E se esse seu amigo não é nenhum médico, eu acho também que não tem nada que ele possa me ajudar.

- Camila, eu sou médica! E sei que não é de um que você precisa.

- Mas não é especializada no que estou sentindo. – Respondi.

- Ninguém é. – Outra voz, vindo da entrada da cozinha disse. Adlan, como disse que se chamava, olhava-me escorado no batente da porta, parecia que já estava algum tempo ouvindo a conversa. “Parece que alguém também é curioso.” – Não sou curioso.

Ah merda!”

Olhei embasbacada para ele, seguindo o olhar para o chão, tendo certeza agora que não era uma alucinação.

Não deveria ter levantado da minha cama hoje.”

- Pare de ler os pensamentos dela Adlan. Vai assustá-la mais do que já está. – Minha tia disse como se fosse normal confirmar que alguém lê pensamentos. – Pensei que ficaria na sala.

- Eu estava, mas vi que o caminho da conversa estava parado, algumas coisas não funcionam com palavras, e sim com provas.

Aquilo parecia um dos tantos filmes e livros de ficção que eu gosto de me perder, mas diferente do divertimento de telespectador, eu estava tendo o papel de protagonista no meio de uma bola de confusão, que sentia demais e sabia de menos.

- O que está acontecendo aqui? – Não me atrevi usar um tom mais alto do que um sussurro.

- Conhecimento, gostamos de dizer para os híbridos que este é o pré despertar. O primeiro passo para a verdade. – Adlan não ousou sair do lugar em que estava. Dizendo tudo muito convicto de suas palavras. O que me permitia perceber que não era a primeira vez que ele fazia isto, mas não aliviava a confusão em mim. – Confuso, eu sei. Não é em todas as manhãs que aparece uma pessoa desconhecida na cozinha da sua casa, fala coisa com coisa e ainda joga na sua cara que tem a informação do que se passa com você há algum tempo, oito meses para ser exato? – Perguntou-me. – Sei que parece difícil ouvir, mas é para o seu bem, deixe-nos tentar explicar mais uma vez e mostrar que posso te ajudar.

Eu já não conseguia medir o grau de desordem dentro de mim, nem percebi que já estava confirmando com a cabeça para sua pergunta, nem percebi o olhar triste de minha tia que ainda estava sentada na mesa, olhando para o vidro como se aquilo fosse lhe dar forças. Nem percebi quando inconscientemente sentei-me de volta, encarando as duas pessoas naquele cômodo, calando todas as vozes internas que diziam que aquilo era outra loucura de minha mente doente. Só percebi que os olhos azuis daquele desconhecido brilhavam como um mar calmo de um dia de verão, que ele tinha confiança no que falava.

- De onde eu venho, todo ano há pessoas como você chegando, sempre na faixa dos dezesseis anos de idade, confusos, com diferentes histórias de vida. Há sempre pessoas responsáveis em fazer como que esses adolescentes saibam de suas verdadeiras condições. – Parou um pouco de falar, analisando se eu compreendia o que estava tentando explicar. – No seu caso eu mesmo me designei em vir até você, sua tia sabia que esse dia chegaria.

Olhei para mulher em minha frente, querendo saber se isso era verdade e onde aquilo iria chegar. Mas ela parecia concentrada demais no que se passava em seus pensamentos para olhar ao seu redor.

- Indo direto ao ponto, tudo que vem sentindo e vendo não é apenas um distúrbio de sua mente, há uma questão realista. Por mais que você ache que não é normal, é exatamente o contrário. Sei que algo vem lhe perturbando, poderemos te ajudar se vier comigo, a dor e o desespero de se sentir queimando viva será controlado, você compreenderá o significado do que se passa.- Desencostou-se do batente da porta e andou em minha direção.

- Se sabe tão bem o que eu sinto, e o que é, por que só veio atrás de mim agora? – Perguntei relutante de que seria ele a pessoa em me ajudar. – Por que não me ajudou quando tudo isso começou?

- Porque está dimensão não é o seu lar, foi seu esconderijo por muito tempo, as forças que te prendem estão enfraquecendo, e só agora consegui me aproximar.

- Dimensão? – Olhei-o com cara de paisagem. Engoli em seco, lembrando as imagens dos meus sonhos, os lugares em chamas não pareciam ser como os da Terra. – Explique melhor antes que eu saia daqui e decida que isso é só uma piada de vocês.

Ele deu uma risada, não parecia estar nervoso, a confiança ainda pairava em sua postura, a serenidade de seu rosto não fora abalada em nenhum momento. Minha cabeça voltava a girar, muita informação pra pouca pessoa.

- Tudo no mundo tem uma vibração, uma energia. As pessoas, os animais, matéria viva ou não viva. O mundo também tem uma energia, um cosmo magnético que atrai ou repele. De onde eu venho, repele, os portais só abrem para híbridos, meio humanos e meio tocados pelo sopro. Você entenderá quando chegarmos onde quero te levar. A Terra, como vocês nomearam essa dimensão, atrai. Os portais são abertos, a falta de constância no plano faz com que qualquer criatura, more ou faça uma “visita”, se assim posso dizer, mas há um preço. Para tudo há. – Andou mais um pouco até chegar ao lado de Candace, que continuava inerte. – Garanto a você que não há nada que deva temer se vier comigo, eu não estou mentindo quando digo que posso lhe ajudar, eu devo lhe ajudar, é uma divida pessoal.

- Ok... Se tudo isso que você me disse tem algum fundamento de verdade, você deve ter noção que é a coisa mais confusa que uma pessoa poderia ouvir. – Falei pausadamente, tentando não focar na voz gritando em mim, que Adlan é um completo maluco.

O que mais me puxava para as palavras dele, era que minha tia estava quieta demais, muito pensativa. Ela sempre foi uma mulher de fibra e opinião, uma médica renomada. Se alguém falasse alguma baboseira em sua frente, com toda certeza rebateria de forma lógica. A pequena faísca acendeu-se em minha cabeça, lembrando-me de seu olhar de culpa quando estava falando comigo instantes atrás. Foquei na mulher ainda em minha frente, olhei-a avidamente por uma resposta, pela qual eu não tinha a pergunta formada, pedi por uma palavra de explicação lógica, que não fossem as palavras de um livro de ficção cientifica ou paradoxo do paranormal. E como resposta ela levantou a cabeça em um olhar firme, não tinha nada a dizer, não era uma brincadeira de mau gosto, o brilho em seus olhos transmitiam em silêncio tudo o que eu não podia compreender, mas que eu deveria aceitar.

Em um estralo, Adlan levantou seu braço esquerdo em punho fechado, quando o abriu uma camada de ar forte saiu de sua mão, formando um redemoinho controlado que ganhava vida de sua palma, horizontalmente, na boca do funil de ar, uma massa de energia se formava densamente, transformando em uma espécie de quadrado, como uma tela de um grande quadro. Gradativamente cores foram aparecendo e ganhando forma. Meus olhos pareciam que iam saltar do rosto, em um susto, empurrei meu corpo para trás caindo ao chão, junto à cadeira que eu estava sentada.

“Mas que porra é essa?!”

Eu xinguei todos os palavrões que eu conhecia, estava tão perplexa com o que aquele homem fazia que nem me importei de ter caído no chão. Vidrada na massa de energia condensada no final daquele mini vendaval, fui pega admirando a floresta retratada no quadro. As árvores em um verde tão vivo, que eu poderia sentir vida exalando, os tamanhos e tipos de folhagem, as flores gigantes em formatos assimétrico. Nunca tinha visto esse tipo de flora, nem nas aulas de biologia avançada. Nada era igual aquilo. A beleza, a luz, a energia transmitida mesmo em imagem. Se me concentrasse era provável que eu pudesse sentir o cheiro suave de terra molhada misturada a essência floral. Estava tão admirada ao que via que nem foquei ao fato de como aquilo surgira a minha frente. Como se não fosse o suficiente uma pequena explosão de energia surgiu na mão de Adlan, intensificando o redemoinho e aumentando a tela ao tamanho de uma parede. Quando expandiu o suficiente para cobrir totalmente a passagem da sala de jantar para a cozinha, o funil foi perdendo força até se dissipar, porém a mão dele continuava aberta, o braço estendido em direção às imagens, como se as controlassem. Em outro estralo, o retrato vivo explodira em cores, reorganizando-se novamente em outra tela, mostrando agora um longo lago, tão azul e limpo que mesmo com a alta profundidade podia ver a terra e os peixes nadando. Em um borrão, mostrou-se uma enorme cachoeira, desaguando naquele lago tão perfeito, rapidamente a imagem foi subindo em direção contaria da água que despencava, até chegar à base e mostrar em um horizonte, não tão longe, a construção mais linda que algum dia eu vira em minha vida. Torres gigantes nas laterais, largos prédios em diversos formatos ligavam-se, desafiando as leis da física. No centro uma enorme circunferência com seis globos, completando seu circulo, separavam os prédios, no eixo uma forte energia pulsava como um coração, as cores iam mudando a cada batida. Atrás mostrava que havia muito mais, os prédios se estendiam tanto que não era possível ver até onde iam, a mistura rústica com o nítido toque moderno nunca saiu tão belo como o que eu via em minha frente, palavras não podiam descrever o quanto aquilo era lindo e surreal. Se a imagem da floresta já me agradava, a imagem daquele lugar me puxava, chamava, quase como um grito em pedido, fazia meu corpo eletrificar, um formigamento forte surgiu em meu estômago, espalhando-se para todo o meu corpo.

Em um último estralo a tela gigante sumiu, deixando um suspiro de admiração sair dos meus lábios. Adlan baixou seu braço, focando seus olhos nos meus, um sorriso enorme em seu rosto, mostrando dentes brancos, perfeitamente alinhados. Ele era bonito.

Por um instante, me esqueci do mundo real, e mergulhei nas palavras que ele disse antes de me dar um show vivo de seja lá o que foi aquilo. Eu estava entorpecida, a única certeza, era que se aquele lugar existe, na Terra que não era.

- Como eu disse, algumas coisas funcionam apenas com provas. – Disse mantendo o sorriso no rosto, como se aquilo o divertisse. – Eu te darei duas escolhas, Camila. Você pode continuar aqui, nesta dimensão, tendo uma pequena prova que existe mais do que você imagina existir, e tentar lidar com seus pesadelos e sensações inexplicáveis até agora. Ou, você pode vir comigo, conhecer o lugar que eu acabei de te mostrar, desvendar o motivo dos pesadelos, curar suas dores e transforma-la em uma soberana tão boa quanto sua mãe e seu pai foi um dia.

- Espere! Meus pais já estiveram naquele lugar?  E como assim soberana? E de onde você os conheceu? Como fez aquilo? Onde é este lugar? Você é algum mágico ou coisa do tipo? – Comecei despejar perguntas atrás de perguntas, eu parecia uma criança hiperativa com um brinquedo novo.

- Calma! – Riu alto pela primeira vez. – Você terá todas as respostas, mas antes responda minha proposta, pequena herdeira.

Olhei para Candace que continuava com o olhar penetrado em um brilho diferente, parecia discutir ferozmente contra um mar desconhecido. Era a primeira vez que eu não conseguia ter ideia do que se passava em sua mente analisando seu semblante.

- Não me olhe desse jeito Kaki. Eu disse que ele era o único que pode te ajudar, mas talvez ele não ajude. – Ela alfinetou, olhando-o debochadamente, tendo como resposta uma arqueada de sobrancelha vindo dele. – Mas garanto que achará pessoas que irão te guiar, só que como ele induz, não aqui.

Se tinha algo no mundo que eu odiava, era me sentir curiosa. A impressão de estar sem respostas me deixava em agonia estrema. Eu nunca iria imaginar que em uma manhã de sábado isso iria acontecer, eu ainda olhava disfarçadamente para os cantos da casa para ter certeza que não havia câmeras de algum programa ridículo de TV, para mais um episódio de pegadinha. Mas sabia que não tinha tecnologia capaz de reproduzir o que Adlan fez em minha frente. Era assustador, e eu deveria estar correndo, só que meu fascínio era maior que a dúvida, o medo, e qualquer parte racional em mim. O homem em minha frente cruzou os braços, abrindo mais um longo sorriso, ele sabia o que se passava em minha mente, ele já tinha uma ideia de qual seria a minha resposta. A resposta mais irracional, louca e sem fundamentos que eu daria em toda a minha vida.

No meio de um turbilhão de incógnitas, eu daria um passo que nem eu nesse momento poderia imaginar a grandeza que seria na minha história. Eu congelei todos os pensamentos negativos, e foquei na mulher sentada em minha frente que olhava-me esperando uma resposta, mais do que Adlan.

- Eu não tenho a mínima ideia do está acontecendo, mas se para ter uma resposta digna, eu tenho que aceitar a sua proposta. – Olhei para Adlan. – Eu acho melhor eu ir fazer minhas malas antes que eu chame a polícia e uma clínica psiquiátrica.

“Se antes eu tinha esperança que eu não fosse louca, agora eu poderia ter certeza que me tornei uma.”


Notas Finais


Espero que eu tenha agradado. Tenham um bom dia, se quiserem comentem o que acharam e o que esperam a seguir, e se realmente gostaram divulguem, eu ficaria muito feliz :)
Até o próximo capítulo!
PS: não prometo atualizar esse final de semana por causa do Enem, mas no começo da próxima semana é certeza.


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