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História A história de nós dois - Número dois?


Escrita por: UranoZanette

Notas do Autor


Me expressei mal no capítulo passado, como se fosse só um extra. O capítulo 48 também está lá e está amorzinho! Se pulou, vai ler. Se já leu, toma aqui mais um.

Capítulo 49 - Número dois?


Praticamente todas as turmas fizeram visitas ao All Might na semana que se seguiu e toda essa agitação deixou o clima da escola bastantante positivo em relação ao final do ano, apesar da tensão, que Shoto nunca havia realmente conseguido compreender, para as provas finais. Desta forma, ele acabou acompanhando Izuku em uma maratona interminável de idas e vindas ao hospital até encontrarem o espaço de tempo ideal no qual o herói estaria sozinho e com disponibilidade para conversar com o menino, apesar de ainda não ter tido alta.

Estava chovendo bastante lá fora, de modo que era possível escutar os trovões mesmo do corredor, onde esperava pelo namorado e sua conversa particular. Tinham comprado juntos um buquê de flores brancas, mas acabou sendo apenas Izuku a entregá-lo por entrar na frente. 

Shoto prestou atenção às tintas de cores diferentes entre duas paredes, levemente incomodado com o fato de aquilo estar demorando quase uma hora, quando finalmente a porta se abriu em um ruído grave. Sem pensar muito, esticou o pescoço para além dos ombros do outro, com o objetivo de dar uma boa olhada no herói, que agora lhe acenava com uma das mãos finas e uma expressão solene. Shoto molhou os lábios e se colocou para dentro do cômodo, ultrapassando Izuku, antes de pedir por um momento a sós com All Might. Tinha pouco tempo e quase nenhuma certeza do que estava fazendo. No entanto, assim que o outro rapaz concordou e fechou a porta, deixando-o sozinho com o homem sentado na cama, suspirou e se dirigiu a ele, com uma voz grave e direta:

— Izuku me contou tudo sobre o One for All. 

Qualquer tipo de saudação alegre que o herói estava prestes a fazer pareceu ficar presa em sua garganta. Ao invés disso, então, ele o encarou com uma seriedade que deixava o par de olhos azuis ainda mais profundos e pesados. Uma expressão que nunca havia sido dirigida ao rapaz. 

— Bom, eu imagino que Izuku tenha tido um motivo razoável para te contar sobre isso... 

A partir daquele ponto, Shoto já não tinha preparado mais nada e a pergunta que soltou a seguir saiu quase instintivamente. 

— Por que ele? 

All Might olhou para as próprias pernas, com as sobrancelhas franzidas como se estivesse considerando o que responder. Um tempo depois, ele levantou a cabeça outra vez para encarar o rapaz de pé. 

— Se está questionando a capacidade do garoto, eu nunca me arrependi de tê-lo escolhido. Midoriya pode ter tido um começo difícil, mas tem um futuro bastante heróico pela frente e…

— Eu sei. — Antes de se dar conta, Shoto tinha interrompido o herói, que levantou as sobrancelhas em resposta. Por algum motivo, estava sentindo uma espécie estranha de ansiedade misturada com angústia daquela situação, mas esfregou a testa e suspirou devagar, em busca de se fazer mais claro. — Eu não duvido da capacidade do Izuku. Não foi isso que quis dizer… 

— Perdão, — All Might respondeu, colocando as pernas para baixo, — acredito que não estou entendendo, então.

— Eu… — Shoto apertou os olhos e mordeu o lábio inferior antes de falar. — quero saber a real necessidade de colocar tanta responsabilidade em cima de alguém como ele...

— Como ele? — All Might franziu o cenho, mesmo mantendo a postura da melhor forma que conseguia.

— Tudo que o Izuku pega para se preocupar fica três vezes pior na cabeça dele. Ele exige demais de si mesmo, ainda que não confie bem no próprio potencial. — Shoto respirou fundo, para concluir. — Ele ter obrigação de se tornar o número um sob as suas condições, por que por um fardo tão pesado nas costas de alguém dessa forma?

— Porque alguém tem que fazer. — A resposta veio tão seca que deixou o rapaz sem palavras. Contudo, logo depois, o herói coçou a nuca e prosseguiu de forma mais suave. — Parece que interpretei errado as suas intenções, jovem Todoroki! Pode ser que esteja preocupado com o bem estar do Modoriya? — Shoto não respondeu, apenas apertou os punhos. — Você está olhando para essa questão por uma perspectiva equivocada…

— Equivocada?

— Sabe por que eu acredito, desde o momento que o conheci, que o jovem Midoriya pode se tornar o número um e cumprir o meu objetivo? — All Might apoiou as duas mãos na cama, como se fosse levantar, mas pareceu desistir no meio do movimento, parecendo realmente fraco quando seus braços se recolheram novamente. Shoto continuou encarando-o, imóvel, prestando atenção na resposta que o herói deu para a própria pergunta. — Para ser o número um, antes você tem que ser o número dois. Midoriya é inerentemente capaz disso.

Um silêncio inquieto pairou no quarto, enquanto o garoto matutava as últimas palavras. Era uma afirmação óbvia, qualquer pessoa que almejasse o primeiro lugar deveria escalar até o topo. Poderia All Might estar dizendo que Izuku era um segundo lugar natural? Não, isso não fazia sentido… mesmo assim, soava como se houvesse um significado a mais e o fato de que Izuku entenderia essa frase e ele não atingiu Shoto de uma forma peculiar. 

Ao mesmo tempo em que estava chateado e confuso, também um fio de esperança lhe passou pela cabeça. Talvez ali morasse a resposta que buscava para o que sentia lhe estar faltando. Antes que pudesse continuar as perguntas, porém, a porta de trás se abriu, revelando um enfermeiro apressado para colocá-lo para fora do quarto, pois o horário de visitas tinha terminado.

Encontrou Izuku esperando no hall, com uma garrafinha de água pela metade na mão, que foi oferecida para o namorado, junto a um sorriso. Shoto deu apenas dois goles e ficou observando-o beber o resto e limpar a boca com as costas da mão. Pensou em perguntar diretamente ao menino o significado do que All Might disse, mas avaliou que seria mais interessante tentar entender isso sozinho, pois talvez fosse parte do aprendizado. Quando se deu conta, os dois estavam se encarando, mudos, no meio da recepção cheia do hospital. 

Izuku pigarreou, antes de colocar a touca na cabeça, escondendo os cachos verdes por completo, e uma máscara preta sobre a boca. Shoto também tinha um disfarce preparado com capuz e cachecol e, assim, os dois foram em direção à saída. 

Ao virar a esquina, deram as mãos. Se ninguém os reconhecesse, de qualquer maneira, podiam se dar ao luxo de sair como namorados em público. Era arriscado, sim, mas dava uma certa euforia poder andar com ele pela rua como pessoas normais, pelo menos até o trem de volta para a escola. Naquele horário, o vagão ficava bastante cheio, de modo que precisaram ficar em pé, encostados de frente um para o outro. Não havia onde Izuku segurar, por isso Shoto pegou os braços dele e os enrolou na própria cintura em um tipo de abraço que deixou o garoto sem graça a ponto de esconder o próprio rosto no tórax do namorado, mas não a ponto de se soltar. 

Quase conseguiu sentir que poderia esquecer a conversa existencial de agora pouco, conforme o cheiro do menino transpassava pelo tecido do gorro que roçava em seu queixo. No entanto, por mais que Izuku, de maneira geral, emanasse uma aura de que tudo ficaria bem, por baixo disso havia uma certa inquietude e quanto mais Shoto se aprofundava nesse assunto, menos conseguia realmente pontuar de onde ela vinha.

— Tudo bem? — A voz de Izuku soou como um sussurro apenas entre eles. Ao abaixar a cabeça, viu os olhos verdes apontados em sua direção, carregados de curiosidade.

— Quando chegarmos, depois da janta, — Shoto sussurrou de volta, freiando-se contra a vontade de encostar o nariz no dele. — Quer passar no meu quarto? Tem algo que preciso te dizer.

— Eu também. — Izuku respondeu e abaixou a cabeça, deixando-se ser abraçado novamente pela mão livre do rapaz que agora estava ainda mais ansioso.


Notas Finais


Se eu não responder logo é porque estou numa viagem longa de avião mais ônibus~ mas não deixa de comentar o que achou, eu vou retribuir o amorzinho em breve ❤


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