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História A história de nós dois - Valsa de formatura


Escrita por: UranoZanette

Notas do Autor


Olá quatenteners~ vocês estão de quarentena? Eu não. Pois acontece que meus 2 empregos não podem parar e eu apenas sofro

Pois vocês que podem, fiquem em casa, isolamento. Lavem bem as mãos. E venham matar o tempo com leitura 😀

Capítulo 53 - Valsa de formatura


A organização e rapidez logística da U.A. ainda impressionavam Izuku depois de todos esses anos. Assim que saiu pela porta do quarto e apagou a luz, não pode evitar de olhar para trás. Tudo que estava ali seria entregue em sua casa ainda no final da tarde, portanto era a última vez que veria aquele lugar para valer e nada mais seria como nos 3 últimos anos que passou na escola. Suspirou e fechou a porta davegar, antes de virar para o corredor, com um sentimento estranho no peito. 

Yuga teve praticamente o mesmo timing e os meninos se cumprimentaram. Já fazia um tempo que não via ninguém pelos dormitórios de manhã, já que costumava acordar mais cedo para treinar, por isso Izuku ficou sem saber o que dizer enquanto andavam até o elevador. Quando começaram a descer, contudo, o loiro puxou assunto, enquanto segurava os próprios dedos:

— Como está o seu namoro? — Izuku levantou os olhos, frente a pergunta inesperada, antes dele completar, — Ouvi dizer que Todoroki-kun está meio distante esses dias, então fiquei preocupado…

— Oh, ele tem tido que resolver algumas coisas em casa. — Izuku coçou a testa, pensando que realmente era estranha a distância entre os dois nos últimos dias, mas sem saber como interferir. No fim das contas, a formatura estava afetando um pouco todo mundo. — Talvez eu devesse falar com ele…

— Conversar é sempre um bom caminho… — Yuga abaixou os olhos por um instante de depois encarou o outro novamente — Deku-kun, o que você acharia se por acaso eu quisesse voltar com o Kigi-kun?

— Oh! — Izuku soltou uma pequena exclamação surpresa com aquela pergunta. Não era como se não achasse que o problema entre aqueles dois não pudesse ser resolvido, mas a forma como tudo havia terminado antes foi um pouco severa para o lado do amigo. Não tinha certeza se deveria apoiar isso ou não. — Vocês conversaram?

— Desde que terminei, ele vem tentando falar comigo, sabe? — Yuga passou a mão na nuca, parecendo procurar as palavras corretas. — Logo depois da prova final, quando a gente estava no hospital, ele me mandou uma mensagem e eu meio que respondi… então nós continuamos trocando textos e… Não sei, eu sinto falta dele... Sei que meu orgulho ficou bastante ferido, mas no fundo o Kigi estava fazendo o trabalho dele e arriscou muita coisa por minha causa também... O que acha?

— Eu não sei. — Izuku respondeu com sinceridade. — Talvez vocês possam se encontrar uma vez e decidir? Falar a verdade é sempre um alívio…

— Acho que tem razão. — Yuga deixou os braços caírem ao lado do corpo e deu um pequeno sorriso, assim que a porta do elevador abriu. — Deku-kun está tão mais maduro do que quando te conheci. É uma pena que hoje nossa vida coletiva aqui acaba, não é?

— Uma pena.

Izuku completou, lutando contra a cara de tristeza que começou a querer fazer. Definitivamente, a formatura o estava afetando bastante mais do que gostaria de admitir. A mão de Yuga, porém, o tirou de seus pensamentos ao invadir seu campo de visão, estendida em busca de um cumprimento ocidental. Piscou algumas vezes antes de corresponder e apertá-la, um tanto quanto confuso.

— Foi um prazer te conhecer. — Yuga completou. — Espero que daqui para frente a gente possa continuar se falando como amigos. A propósito, você vai na festinha depois da cerimônia, certo?

— Sim. — Izuku respondeu e então não pode evitar de se curvar um pouco ao prosseguir. — Também foi um prazer te conhecer. Obrigado por tudo.

— Qual é, meninos? Não é como se a gente nunca mais fosse se ver. — Mina interrompeu o gesto dos dois rapazes para colocar os braços por cima do ombro de Yuga e dizer alguma coisa em seu ouvido, que o menino apenas fez que sim com a cabeça como resposta. 

Sero, Ojiro e Sato estavam com ela, todo mundo indo até o refeitório para o café da manhã. Encontraram Yaoyorozu e Jirou no meio do caminho também e Izuku se viu cercado por um grupo um tanto quanto heterogêneo, antes de encontrar seus melhores amigos, já sentados à mesa. Ter tantas pessoas queridas havia sido outra bênção que a U.A. lhe dera, pela qual sentia-se bastante sortudo. Até mesmo Kacchan tinha voltado a interagir da forma dele, levando Izuku a considerar que se não fosse o último dia de aula, poderia ser outro completamente normal.

— É uma pena que a turma não vai se formar completa.

O assunto surgiu um pouco distante, puxado por Tokoyami, mas todos concordaram, com um pouco de pesar. Mesmo que alguns alunos da escola tenham acordado do coma, os dois da turma 3A ainda não demonstravam sinais de que sairiam disso. Izuku levantou os olhos na direção da expressão perdida no rosto de Yuga, pensando na conversa de antes e como ele estava envolvido nisso… talvez fosse melhor mudar de assunto.

— Pelo menos a Toru-chan já está quase 100% depois de levar aquele tiro. — Mina informou os colegas, tendo sido aquela que mais ficou em contato com a menina invisível depois do afastamento dela. — Inclusive ela vem nos assistir e vai ficar para a festa.

A boa notícia pareceu animar os semblantes dos estudantes, que continuaram conversando em grupo grande até que todos terminaram as refeições e seguiram juntos para a cerimônia de encerramento. 

A formatura seria um evento considerável, com a presença dos responsáveis e também televisionada. Esperaram, conversando no auditório até que tudo estivesse pronto, já no começo da tarde. Inko foi uma das primeiras a chegar e foi cumprimentar o filho e os amigos antes de sentar na plateia. Izuku notou que ela já estava chorando assim que chegou e sinceramente tinha vontade de fazer o mesmo.

Viu a família de Shoto, composta pelo pai e dois irmãos, chegar. Fuyumi acenou de longe enquanto estavam falando com ele. Izuku imaginou se Endeavor fosse querer lhe dizer alguma coisa, mas ele apenas o olhou de cima a baixo, com um semblante assustador e foi se sentar do outro lado da arquibancada. A relação deles não estava um pouco estranha para alguém que namorava seu filho? Bom, Shoto ainda não se sentia confortável para abrir o jogo com a família sobre isso, portanto Izuku podia apenas suspirar em silêncio. Tinha certeza que uma hora as coisas se resolveriam, não era como se estivesse com pressa para abraçar o sogro, principalmente depois de terem lutado de forma tão séria na prova final. Em algum momento, teve até mesmo a impressão de que Endeavor seria capaz de matá-lo durante aquela luta, por mais absurdo que sua mente quisesse acreditar que isso fosse.

No meio de pensamentos, chamaram sua atenção para o fato de que estava murmurando enquanto todo mundo já havia feito fila. Correu para se posicionar entre os colegas e a cerimônia finalmente começou em alguns minutos. 

A princípio, o discurso foi como um encerramento normal, tirando o fato de que estavam com os uniformes de herói, mas então os alunos foram sendo chamados um por um para receber diploma, numa espécie de apresentação para o mundo dos novos profissionais. A turma 3-A foi a penúltima e a visão dos amigos subindo no palco e fazendo um pequeno discurso cada fez o coração de Izuku ficar apertado. 

Quando foi sua vez, precisou engolir o choro e a ansiedade para se apresentar, precisava passar confiança em rede nacional para que se tornasse o símbolo da paz, idealizado pelo seu mentor que não estava presente. Subiu no palco e uma onda de aplausos se espalhou pela plateia, recebeu o diploma e, com um sorriso genuíno no rosto disse:

— Muito obrigado pelo apoio de todos. Onde quer que haja perigo, eu certamente estarei lá por vocês!

Foi a coisa mais curta e rápida que conseguiu pensar para sua apresentação durante toda a semana anterior, mas agora que foi dita, não parecia tão bom assim. Um instante de silêncio seguiu até que outra onda de aplausos surgiu animada e durou mais do que a primeira. Izuku se curvou e então apertou o canudo com a mão trêmula antes de descer e voltar à fila.

Assim que a cerimônia foi fechada, finalizaram com um Plus Ultra coletivo e foram dispensados. Izuku conversou um pouco com Uraraka e Iida e os parentes desses dois também, enquanto a mãe de Kacchan falava alguma coisa com a sua. Finalmente estava na hora de buscarem as coisas pessoais no hall dos dormitórios para irem para casa. Foi lá que finalmente conseguiu se aproximar de Shoto durante aquele dia.

— Tem um minuto? — Pediu, incerto. — Queria conversar com você.

— Certo.

Shoto o olhou sem muita expressão e os dois foram discretamente até o corredor vazio do jardim de trás. Quanto mais o som dos passos ecoava pelas janelas, mais sentia que havia algo de errado. Pararam de frente um para o outro e se olharam. Izuku queria abraçá-lo mais do que nunca, mas sentiu que deveria ser cauteloso agora.

— Não acha estranho, — começou com um assunto pequeno, — deixar para sempre o quarto que dormiu pelos últimos três anos?

— É só um quarto. — Shoto olhou para os próprios pés. — Não é como se fosse muito diferente do que tenho em casa, no fim das contas…

— Shoto-kun é tão desapegado... — Falou com sinceridade, realmente impressionado com aquelas palavras. Porém quando o outro não respondeu, Izuku suspirou e segurou os dedos. — O que aconteceu com você?

— Eu tenho pensado… — Shoto o encarou com seriedade. — O que o ranking significa para você em relação ao nosso relacionamento? É inegável que Deku se tornou o número um dos últimos tempos, mas desde que te vi lutar contra o meu pai, esse tipo de coisa tem me incomodado. Onde eu me encaixo nessa história? Estar com você significa me contentar com o segundo lugar?

— Shoto-kun… — Aquela pergunta o pegou de surpresa e o fez engolir em seco com o coração disparado. Será que Shoto iria terminar com ele ali? Só o pensamento disso lhe trouxe lágrimas aos olhos, ao passo que sentiu a necessidade de dizer algo contra essa ideia. — E-eu n-n-não sou o All Might e você não é o Endeavor. Nós não precisamos viver as vidas deles e muito menos ter a mesma relação que eles tinham. N-nós somos pessoas diferentes...

— Mas então como? — Shoto o olhava de uma forma que o estava assustando. Não por medo dele, mas medo de perdê-lo naquele momento.

— Eu não sei. — Admitiu, lutando contra as lágrimas que queriam cair de seus olhos. Já fazia tempo em que vinha pensando que esse dia chegaria, de modo geral, mas ser confrontado daquele jeito era bem pior do que sua imaginação poderia adivinhar. — Você quer… terminar comigo?

— Eu não sei. — Shoto olhou para os próprios pés e Izuku fez o mesmo. Estava difícil encará-lo afinal. — Eu não sei o que fazer.

Izuku levantou o rosto e pode sentir as lágrimas quentes que ali escorriam. Quando seu olhar se cruzou com o do outro, mordeu o lábio, com um nó na garganta o impedindo de argumentar mais. Um tempo em silêncio se passou antes de Shoto finalmente suspirar e dar um passo à frente. Izuku não se mexeu, apenas apertou os punhos quando os braços dele o envolveram. Tinha um cheiro tão gostoso do amaciante de flores. Izuku sabia que não podia ser egoísta e prender o rapaz que gostava em algo que o faria mal, por isso reuniu toda a coragem que tinha e, com a testa encostada na clavícula dele, murmurou:

— Eu vou entender se quiser terminar comigo.

— Eu não quero. — Shoto apertou mais o abraço, deixando Izuku sem ter como expressar a surpresa que sentiu com aquelas palavras. A voz do rapaz então soou aguda perto de seus ouvidos, indicando que ele também estava chorando. — Definitivamente não quero terminar com você. Eu gosto muito de você, Izuku. Só não sei o que fazer… Eu não quero competir com você, mas também não quero ficar para trás… 

— Nós… — Izuku disse enquanto finalmente enrolou os braços em volta da cintura do namorado. O alívio finalmente fez as palavras virem, de uma forma que o rapaz resolveu dizer o que estava há um tempo entalado em sua garganta. — Nós não deveríamos ter que seguir o sonho de outras pessoas pela nossa vida…

— O sonho de outras pessoas? — Shoto franziu o cenho e o coração de Izuku se apertou ao notar o quão delicado era o assunto que havia começado.

— Competir pelo topo… é realmente algo que você tem feito por escolha própria? — Izuku engoliu em seco, lutando para não desviar o olhar do rapaz à frente. — É-é claro que todo mundo iria querer ser o número um, não me leve a mal, a minha posição é meio horrível para estar te falando isso também, m-m-mas essa obrigação de estar no topo é mesmo algo que parte do seu coração? 

— Meu coração… — Shoto olhou para baixo, com expressão de quem havia levado um tapa. O silêncio que se seguiu fez Izuku se questionar se deveria mesmo ter levantado aquele assunto bem no momento que a palavra "término" já havia surgido na conversa. Contudo, quando Shoto finalmente levantou os olhos, assustando-o, carregava um semblante surpreso. — Não é natural querer ser o melhor no que faz?

— N-não nesse sentido... — Izuku respirou fundo, buscando refrasear o que acabara de dizer — O primeiro lugar pelo primeiro lugar em si pode ser um objetivo, e certamente foi e tem sido assim para o seu pai, mas essa não é a unica maneira de viver que existe.

— Como então? — Shoto se desgrudou do abraço para ficar de frente para o outro. Seu rosto ainda estava molhado com as lágrimas de agora pouco. 

— Para mim, o que sempre tive como foco foi poder cuidar e proteger as pessoas. Mesmo antes disso se tornar uma obrigação com tudo essa coisa de One for All... Se estar em primeiro for a ferramenta que preciso para ser capaz de cumprir meu sonho, então é para isso que vou correr atrás.

— Entendo. — Enquanto Shoto o encarava com um olhar meio perdido, Izuku ficou imaginando o que se passava na cabeça dele. Considerou que talvez tivesse sido intrometido demais da parte dele dizer aquelas coisas quando eles mal tinham 6 meses de namoro, mas ao mesmo tempo, o fato de estarem se formando hoje tornava esse assunto importante. Finalmente, depois de terríveis minutos de consideração em silêncio, o rapaz completou. — Eu nunca tinha pensado sobre isso. Acho que você tem razão, mas… Não sei como viver se não for desta forma. Talvez eu realmente seja igual ao meu pai...

— Shoto-kun! — Involuntariamente, Izuku interrompeu e levantou os braços para limpar as lágrimas embaixo dos olhos dele, com o máximo de carinho que a rigidez de seus dedos o permitiam, massageando as bochechas até que a expressão de sofrimento que aquela última frase havia posto no rosto do rapaz suavizasse. Ao mesmo tempo, começou a falar: —  a verdade é que eu não deveria ser ninguém, não deveria nem mesmo estar aqui, mas por muita sorte eu estou. Antes eu não tinha nenhum amigo ou esperança de ser algo que me agradasse no futuro, mas agora eu acabei de me formar na U.A. junto com tantas pessoas queridas… incluindo você! A gente pode ser diferente daquilo que nos foi imposto. A gente vai dar um jeito de fazer isso funcionar, ok?

Izuku soou esbaforido quando sua voz falhou um pouco no final. A verdade era que estava lutando para não começar a soluçar quando o namorado repetiu as últimas palavras, com um ar triste, e depois concordou com a cabeça, antes de voltarem a se abraçar. O calor do corpo dele o protegendo do clima frio daquele corredor vazio era como estar sendo sufocado de carinho. Izuku gostava tanto do modo que eles se encaixavam tão bem que era difícil conter as emoções. Antes que pudesse notar, começou a se balançar devagarinho.

— Que é isso? — Shoto disse baixinho, sem parar o movimento.

— É um pouco triste que nós não vamos poder dançar juntos na festa hoje. — Izuku disse com certo pesar. — Pensei em compensar agora, que acha?

Shoto fez que sim, de maneira categórica, mas depois afastou-se para ajeitar os braços dos dois numa posição de valsa de verdade. Envergonhado do que estava fazendo tão subitamente fora de lugar, Izuku pegou na mão dele e mexeu os pés de forma rítmica para lá e para cá no pequeno espaço que tinham. Não era como se não soubesse dançar, mas a falta de música tornava aquilo meio desengonçado, por isso resolveu começar cantarolar alguma coisa de música clássica que Yuga o tinha feito começar a ouvir numa das vezes em que ficaram de bobeira. 

Não soube quanto tempo ficaram ali fazendo isso, suas vozes vibrando juntas em looping quando o rapaz pareceu aprender a melodia, mas não pode deixar de imaginar o dia em que estariam assim na frente de todas as pessoas. Um futuro possível com ele era o que Izuku mais almejava agora, afinal. Acima de tudo ele queria achar uma maneira para que Shoto fosse feliz, e para que ele mesmo pudesse participar dessa felicidade.


Notas Finais


Pois bem, agora que todo mundo ta com bastante tempo, que tal me deixar um comentariozinho?


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