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História A história de nós dois - Véspera de natal


Escrita por: UranoZanette

Notas do Autor


Olá galerencia!
Eu debati internamente comigo mesmo durante um tempinho se deveria ou não escrever um capítulo de festa de formatura... Mas aí pensei que ficaria muito mais do mesmo e real não teria nada pra acontecer de importantíssimo. Daí resolvi não inventar e pular logo pra parte legal :3
Espero que gostem!

Capítulo 54 - Véspera de natal


O dia 24 de dezembro sempre pareceu a Shoto uma data ligeiramente desagradável e entediante, principalmente depois que sua mãe tinha saído de casa. Nesse ano, porém, acordar de manhã o encheu com a antecipação do encontro marcado com Izuku há algumas semanas. Pegou o celular e checou, uma terceira vez, a confirmação de reserva no hotel, então abriu a bolsa para conferir se os produtos listados pelo namorado estavam mesmo corretos. 

Até então, as ocasiões em que haviam tido qualquer atividade sexual foram todas espontâneas, por isso o pensamento apenas sobre o que fariam aquela noite deixava seu coração acelerado. 

Saiu do quarto para almoçar ao meio dia, sem conseguir deixar de olhar para o relógio algumas vezes, querendo que o tempo passasse mais rápido. Tinham combinado de se encontrar às 8, sair para beber alguma coisa e depois passar a noite juntos no lugar escolhido por Shoto. 

Pensar nisso tirava totalmente seu foco do "almoço em família" torto que vivenciava no momento, mesmo que Natsuo e Fuyumi estivessem presentes e eventualmente lhe dirigissem a palavra para serem respondidos apenas com frases curtas. Assim que terminou de comer, resolveu ocupar um pouco a cabeça com alguns exercícios até que o sol se pôs, anunciando a hora de se arrumar. Talvez aquele tenha sido o banho mais demorado de sua vida, mas queria estar apresentável nesse dia, portanto escolheu uma blusa social e um blazer cinza-escuro e foi até em frente do espelho no quarto para se ajeitar.

— O que está fazendo?

Shoto estava arrumando o cabelo para trás da forma que os amigos ensinaram, quando a voz de sua irmã o fez soltar uma exclamação. A ideia era manter o encontro e o relacionamento em segredo, por isso, quando viu as figuras de Fuyumi e Natsuo parados na porta de seu quarto, não soube o que dizer. Por um momento os três ficaram se olhando em silêncio até que a moça deu um passo para dentro do cômodo e fechou a porta, arrastando para dentro o mais velho, que começou a falar, com uma voz de quem estava se divertindo com o que via. 

— É óbvio o que ele está fazendo, ele tem um encontro. — Natsuo apontou para o irmão, que apenas apertou os punhos, desejando que eles apenas fossem embora. — Quem diria, Shoto? Quem é a sortuda?

— Fala baixo Natsuo! — Fuyumi sussurrou ao mesmo tempo em que gesticulou na direção do rapaz, quase querendo tapar a boca dele. — O papai não sabe.

— "O papai não sabe"? — Natsuo repetiu a frase olhando para a menina e depois se virou na direção de Shoto e cruzou os braços. — Com quem você está metido? É alguma vilã ou coisa do tipo?

— Ignora ele, Shoto. — Fuyumi praticamente atropelou o irmão ao lado para dar um passo na direção do mais novo. — Sua blusa está abotoada errado.

Com a pequena mudança de assunto, Shoto olhou para baixo e constatou que havia realmente pulado a primeira casa e todos os botões estavam desencontrados. Talvez tenha sido a ansiedade que não o fez perceber. De repente, assim, estava deixando que a irmã corrigisse sua roupa com certa naturalidade e um sorriso meigo no rosto. Já fazia tempo que a havia ultrapassado em altura e, por isso, a voz dela soou de baixo quando murmurou, animada:

—  Tenho certeza que ele vai te achar uma graça, não precisa ficar tão nervoso, ok? Vai dar tudo certo.

— Ele? — Shoto viu Natsuo colocar as mãos na cintura por cima do ombro da irmã. — Ah cara, não acredito que você também sabe e não vai me dizer quem é...

— Você sabe? — Shoto interrompeu, dando um passo para trás antes que a menina terminasse de fechar o último botão. Assim que ela confirmou com a cabeça, ele olhou para os próprios pés, pensativo. Talvez confiar nos irmãos não fosse uma má ideia. Mesmo assim, o fato dela ter descoberto era preocupante, por isso emendou outra pergunta: — desde quando?

— Desde que vocês foram visitar a mamãe daquela vez… não era muito bem uma certeza da nossa parte, mas vocês não disfarçam tão bem assim.

— A mamãe também sabe?

— O Shoto levou um vilão para visitar a mamãe!? — Natsuo interrompeu a dúvida do outro com a sua própria. Começou a frase em voz alta, mas foi abaixando o volume assim que o olhar mortal dos outros dois o atingiu.

— Não tem nenhum vilão. — A moça revirou os olhos. — Pare de criar coisas na sua cabeça!

— É porque vocês não falam as coisas que eu...

— É o Izuku.

Shoto interrompeu a reclamação do irmão para admitir com quem estava namorando, enfim, em parte porque queria poder se aproximar mais dos dois no dia a dia, em parte porque sabia que quando o rapaz colocava algo na cabeça, ele poderia ser bem insistente. Contraiu os lábios quando Natsuo piscou algumas vezes em sua direção, parecendo confuso. Então, como se uma lanterna se acendesse na cabeça do mais velho, ele subitamente exclamou:

— Você está namorando o Deku?! — A próxima coisa que aconteceu foi Natsuo levar um tapa de Fuyumi, vindo de cima para baixo, seguido por um "cala a boca" em volume baixo, porém incisivo. Shoto teve vontade de fazer o mesmo, mas não sabia se tinha tanta intimidade com o irmão quanto a moça, por isso apenas o escutou prosseguir, quase sem conseguir conter o riso. — Cara, o papai vai ficar doido quando souber disso.

— E é por isso que a gente não vai dizer nada desnecessário por aí. — Fuyumi deu um sorriso amarelo para Natsuo e um mais verdadeiro na direção de Shoto. — Pode deixar, a gente te cobre. Ele não vai nem saber que você saiu de casa.

— Ah, mas pode crer! — Natsuo completou, usando um tom artificial de seriedade, quando Shoto confirmou com a cabeça o que a irmã tinha acabado de sugerir, depois emendou ao dar de ombros. — Irmão serve para essas coisas, pode confiar na gente. Sinceramente, eu não via a hora de começar a acobertar tuas escapadas, mas por essa eu não esperava mesmo… Meu irmão está namorando o filhote do All Might, que loucura... Você vai passar a noite?

— S-sim… — Shoto gaguejou com as bochechas vermelhas ao praticamente admitir o tema do encontro.

— Aí garoto! — Natsuo encostou no irmão com um punho fechado, num movimento que simulava um soco, mas sem nenhuma força, e Shoto viu o olhar de Fuyumi queimar para o lado do mais velho, como se quisesse lhe dar outro tapa, mas então ela concordou com a cabeça no que ele continuou — pode ficar tranquilo que o velho não vai nem desconfiar. Nós temos nossos esquemas. Você vai e volta pelo portão dos fundos, qualquer coisa manda mensagem amanhã.

Depois de acenar com a cabeça que havia entendido os detalhes do plano, Shoto terminou de se arrumar em um disfarce com óculos falsos e capuz. Com ajuda dos irmãos, escapuliu pelo portão de trás da casa, onde o jardim crescia mais alto. Desejaram-se feliz natal ao se despedir de forma breve. Dali, precisou andar um pouco até a estação, já que não teria quem o levasse. Estava considerando ter um carro quando pegou o trem até a estação marcada. Esperou perto de um pilar, encolhido o suficiente para não ser reconhecido, até que o celular vibrou no bolso com a mensagem de Izuku sobre o estar procurando. Se encontraram perto de um café e deram as mãos para sair pela rua lotada. 

Resolveram não passar em um bar e, ao invés disso, caminhar juntos para ver o evento na cidade. As decorações coloridas deixavam tudo mais bonito e brilhante, conforme os dois andavam sem rumo por um tempo, conversando sobre pequenos assuntos. De certa forma, esse momento juntos ajudou a acalmar a ansiedade de Shoto, principalmente quando Izuku se aconchegou em seu abraço embaixo da grande árvore enfeitada no meio da praça. 

De repente, a lembrança lhe passou pela cabeça e Shoto avaliou que aquele seria o melhor momento, por isso colocou a mochila para frente e retirou dela um embrulho de presente.

— O que é isso? — Izuku espichou os olhos para dentro da bolsa, inquieto.

— Para você. — Respondeu estendendo o embrulho mal feito, fruto de uma tarde inteira de luta contra o papel de presente no dia anterior.

— Oh! — Izuku tomou a caixa nas mãos. — É grande… O que é?

— Um Nintendo novo.

— Que? — Izuku praticamente engasgou a palavra, com olhos redondos dirigidos ao que segurava. — Você me deu um videogame?!

— Achei que fosse gostar… — Shoto franziu o cenho enquanto olhava para os próprios pés, inseguro.

— E-eu adorei! — Izuku o acalmou com os braços, antes de coçar a nuca. — Mas agora vai parecer que meu presente para você é bobo…

— Para mim? — Shoto soou genuinamente surpreso, antes do rapaz concordar com a cabeça e tirar do bolso um pequeno embrulho colorido, em formato de trouxinha amarrada com um laço vermelho. Assim que puxou as pontas, o conteúdo chamou sua atenção: um pingente prateado e bem pequeno escrito "PLUS ULTRA".

— É desses de abrir. — Izuku explicou enquanto praticamente desdobrou o metal, exibindo a primeira foto que tiraram no dia em que começaram a namorar. — Eu mandei reduzir a imagem, mas não é nem jóia nem nada… Eu queria algo para você usar, então fiquei pensando no que tínhamos em comum, daí vi esse cordão e… e-eu deveria ter pensado melhor…

A fala do rapaz foi interrompida pelo beijo na boca de Shoto, que lutou contra começar a chorar. Algo tão cheio de significado… não era o presente de Izuku que soava bobo agora. Passou a corrente pela cabeça, assim que se separaram, e olhou no fundo dos olhos verdes, iluminados pelas luzes da rua. Nunca mais queria tirar aquilo do pescoço.


Notas Finais


Leu até aqui comenta "Shoto burguês safado"


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