1. Spirit Fanfics >
  2. A história de nós dois >
  3. De volta

História A história de nós dois - De volta


Escrita por: CaliVillas

Capítulo 13 - De volta


Artur encarou a filha, surpreso, mesmo esperando que a qualquer momento, ela poderia tomar essa resolução, já que nada estava certo, não havia uma data combinada para a sua partida.

- Aconteceu algo de errado naquela festa? – ele questionou, desconfiado pela decisão tão repentina.

- Não, pai, não houve nada de errado, só que estou com saudades da minha vida de antes. Não que vocês não sejam muito legais ou que eu não tenha gostado de ficar aqui, mas lá é a minha casa, onde eu cresci – esclareceu, Artur soltou um sonoro suspiro, resignado.

- Sei como é, você deve estar sentindo falta da sua mãe e dos seus irmãos.

- E do meu padrasto – completou, com um sorriso zombeteiro, brincando de provocar o pai.

- E do seu padrasto. Sei que Rui é um verdadeiro pai para você, e sou grato a ele por isso – admitiu. – Mas posso pedir uma coisa? – perguntou com ar sério.

- Claro! – Nina assentiu, o encarando, ansiosa.

- Quando você casar serei eu que a levará ao altar – exigiu, em um tom divertido, Nina riu achando graça daquele pedido sem sentido.

- Eu não vou me casar, pai. Não de verdade com cerimônia, festa, vestido e toda essa bobagem – ela revelou.

- Mas se um dia isso acontecer, lembre-se do meu pedido. – Ela percebeu que ele falava sério.

- Tudo bem, pai – respondeu, curvando-se para dar um beijo no rosto dele.

- Você vai esperar até as férias de verão? – Barbie indagou, já sentindo se entristecida com a iminente partida da enteada.

- Só faltam duas semanas para acabar o período e ainda poderei pegar o segundo semestre na minha antiga escola – Fez as contas, já que o ano escolar por lá terminava em julho.

Na semana seguinte, Ethan não apareceu nem deu notícias, no entanto, isso não incomodou Nina, que só desejava voltar para casa, olhar nos olhos de Gabriel e dizer-lhe que queria ficar com ele, independente do que acontecesse no futuro porque o amava.

Então, na outra semana, Ethan telefonou pedindo para conversarem. Nina escolheu um terreno neutro, uma lanchonete perto de casa, que costumavam frequentar nos seus bons tempos.

- Eu sei que agi como um verdadeiro idiota naquela noite, Nina. Você tinha todo o direito de dizer não – Ethan admitiu, em tom de penitência.

- Sim, eu sei disso, Ethan – ela rebateu, com firmeza.

- Mas, eu queria que você entendesse que eu tinha fantasiado com aquela noite, por muito tempo, seria algo especial para nós dois, por isso, fiquei frustrado e zangado e me comportei daquele jeito.

- Eram as suas fantasias, não as minhas.

- Eu sei disso. Estou muito arrependido e quero continuar como estávamos antes. Prometo que vou esperar o momento certo para você, Nina.

- Acho que não vai dá, Ethan – Ele a interrogou com os olhos -, porque eu vou embora, vou voltar para a minha casa no meu país – informou e o rosto do rapaz se transformou em uma máscara de decepção.

 

No momento em que soube que Nina retornaria, o coração de Gabriel se encheu de um misto de imensa alegria, medo e dúvidas, imaginando como ficariam, o que sentiria quando a visse outra vez, se os seus sentimentos continuariam iguais como antes. Não tinha ideia do que iria acontecer quando Nina estivesse, novamente, diante dele.

 

Ao entrar no avião, de volta para casa, Nina levava na bagagem boas e más recordações da sua estada ali e a certeza que desejava mais que tudo ficar com Gabriel, sem se importar com o que aconteceria dali para frente, pronta para enfrentar o mundo e muito mais para estar com ele. Aquela ideia a encheu de esperança e felicidade, agora, só queria vê-lo e conversar com ele, abrir seu coração. As horas do voo se passaram lentamente, tamanho a angústia do regresso e o desejo de concretizar o seu sonho de revê-lo, que crescia dentro dela, tentando sufocar o receio de ele não gostar mais dela.

Na chegada, Nina mal podia conter a ansiedade quando passava pela alfândega, esperava a bagagem e saia pela porta do desembarque, no meio do tumulto dos passageiros no regresso do fim de férias, na esperança que Gabriel estivesse lá, aguardando-a. Contudo, a sua chegada ao aeroporto foi, exatamente, igual a cena da sua partida, pois lá estavam a mãe, Rui e João, menos Gabriel, Nina sentiu uma pontinha de tristeza, imaginando porque ele não havia vindo recebê-la, se ainda estaria aborrecido com ela depois de todo esses meses.

Seguiu-se uma sequência de abraços, beijos e declarações de saudades e boas-vindas. Nina constatou, admirada, como João havia crescido ultimamente. Ao sair pela porta do aeroporto, em direção ao estacionamento, Nina foi atingida pelo ar abafado e o cheiro da cidade que tanto sentiu falta.

- E Gabriel? – Finalmente, teve coragem de perguntar, querendo parecer casual.

- Em casa, estudando. Almoçaremos juntos – Rui informou.

- Será o primeiro almoço em família depois de muito tempo – Marta completou animada.

 

Gabriel mal conseguiu dormir aquela noite, tamanho era ansiedade pela expectativa do reencontro com Nina. Seu sono foi leve e inquieto. Ao nascer do dia, sua angústia aumentou, pois mal podia esperar, enquanto as horas que se arrastavam devagar. Quando a família partiu para o aeroporto, ele não quis ir junto, com medo de como Nina o trataria naquele momento, não queria suportar a potencial frieza e a indiferença, por isso, inventou uma desculpa qualquer, ficou andando pela casa, aflito, sem encontrar sossego, porém ao ouvir os sons que vinham de trás da porta, correu para o seu quarto e esperou.

 

Voltar para a sua casa e estar cercada de todo aquele ambiente familiar, onde quase nada mudou, foi um alento, mesmo assim, o coração de Nina pulava forte como se quisesse fugir do peito e voar em direção ao objeto da sua angústia, mal podia esperar para revê-lo. Enquanto, tentava se livrar da agitação, da confusão das malas, distribuição de presentes e da euforia de sua mãe e de João, imaginava porque ele não teria vindo recebê-la. Até que, finalmente, conseguiu chegar à frente da porta fechada do quarto dele, hesitou por alguns segundos antes de bater, esperou sem resposta. Não desistiu, encheu-se de coragem e empurrou a maçaneta com a mão gelada. Quando a porta se abriu, estacou ao encontrá-lo, sentado à escrivaninha, com fone nos ouvidos, cabeça baixa, concentrado, debruçado sobre um livro, ela reparou os cachos caídos rebeldes na sua testa, parecia mais forte, encorpado e, ainda, mais bonito. Respirou fundo, antes de chamá-lo:

- Gabriel! – Sua voz saiu baixa, quase como para si mesma. Porém, ele ergueu o rosto e a encarou, os olhos fixos um no outro, paralisados, congelados naquele instante.

- Você já chegou! – Gabriel constatou em um sussurro, quase sem folego, tirando os fones. Durante todo aquele tempo, estava aflito, esperando por sua chegada, tentou se distrair lendo e ouvindo música. No entanto, agora ela estava bem ali, na sua frente, concreta e real, era como se todo aquele tempo em que estiveram separados não existisse. Notou como ela estava diferente, ainda mais bonita.  

Ele se levantou e ficaram cara a cara, sentindo seus corações dispararem, o tempo parou, mundo se encolheu a sua volta, deixando de existir.

- Sim, acabei de chegar – respondeu, com a voz mansa, louca para estender a mão e tocar nos cachos escuros e rebeldes na testa dele.

- Como foi a viagem? – Ele não sabia o que falar, se tivesse coragem, diria como que sentiu a sua falta e a abraçaria, apertado, sentido o corpo dela junto ao seu.

- Boa – ela disse, com fingida indiferença, mas queria falar que parecia demorar uma eternidade tamanha era a vontade de revê-lo.

- Legal! – Ele não sabia mais o que dizer, com receio de falar algo que não devia.

- Eu senti saudades – Ela teve coragem de confessar, olhando direto nos olhos dele.

- Eu também – Ele segurou o olhar.

- Gabriel, depois de todo esse tempo longe, eu pensei muito e só queria dizer que... – Ela estava pronta para falar o que, por tanto tempo, ensaiou, mas, nesse instante, calou-se, pois, a porta escancarou atrás dela, abruptamente, e Lia entrou correndo, atirando-se na direção de Nina e a envolvendo em um forte abraço.

- Nina, você voltou! Eu senti tanto a sua falta! – Lia exclamou, apertando ela nos seus braços, emocionada com o reencontro.

- Eu também senti muito a sua falta, Lia – Nina afirmou com sinceridade, tentando respirar.

- Eu e Gabriel sempre ficávamos apostando quando você iria voltar, não é, amor? – Nina estranhou aquele tratamento tão íntimo.

Nesse momento, Lia se soltou de Nina e envolveu Gabriel pela cintura, grudando seu corpo no dele, com muita intimidade, e dando-lhe um suave beijo nos seus lábios, o coração de Nina quase parou, o ar ficou preso no peito, paralisada e abismada, sem poder acreditar no que estava acontecendo bem diante dos seus olhos.

- Queríamos fazer uma surpresa para você, Nina! Eu e Gabriel estamos namorando! Não é o máximo?! – Lia revelou, entusiasmada, Gabriel a encarou, perdido, sem palavras, e Nina sentiu a aguda dor do seu coração que se partiu em mil pedaços.

- Sim, é – Nina murmurou, conseguindo respirar, seus olhos descrentes dançavam entre a radiante Lia e o confuso Gabriel, quando foi salva pela sua mãe, anunciando que o almoço estava servido.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...