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História A história de nós dois - Sentimentos sufocados e desejos escondidos


Escrita por: CaliVillas

Capítulo 15 - Sentimentos sufocados e desejos escondidos


Enfim, chegou o fatídico dia da festa de aniversário da Lia, que rolava animada noite a dentro. Havia muita mais gente do que ela convidara, pois era sempre assim, alguém trazia um amigo, que trazia outro amigo. Em canto da sala, uma mesa com salgados e petiscos gordurosos, refrigerantes e muitas bebidas alcoólicas contrabandeadas, música alta e alegre de todos os tipos, os móveis da sala foram afastados para abrir espaço para as pessoas dançarem, algumas já um tanto bêbadas e barulhentas e, como prometeram, pais dela desapareceram de cena, deixando o terreno livre para os jovens se divertirem. Nina dançava solta, com as outras amigas, tentando parecer animada e descontraída, não querendo pensar no fim da festa e no seu possível desenrolar mais tarde, no quarto da amiga, tirar da sua mente a imagem insistente de Gabriel e Lia transando. Nesse momento, Lia surgiu, feliz e saltitante, com um copo de cerveja em uma das mãos e rebocando Gabriel com a outra, entrou no meio do grupo, rodopiando e dançando, eufórica.

— Eu posso fazer o que eu quiser, sem ninguém me enchendo a paciência, porque sou maior de idade, agora! – ela anunciava, em voz alta para vencer a música, erguendo o seu copo bem no alto.

— Não exagere! – Nina avisou, sorrindo da animação da amiga.

— Eu falei que ela já bebeu demais – Gabriel corroborou, seus olhos se cruzaram rapidamente com os de Nina.

— Vocês dois são chatos, uns estraga-prazeres! Hoje é o meu aniversário e eu quero me divertir! – Lia gritou, dando mais um desequilibrado rodopio, quase caindo, o líquido dourado do copo em sua mão, voou em um arco, atingindo com precisão, sua inocente vítima, molhando em cheio o vestido, que grudou no seu corpo, imediatamente. – Me desculpa, Nina! – pediu, arrependida pela bobagem que fez, ao ver a amiga encharcada de cerveja.

— Está tudo bem, Lia. Eu vou limpar isso e já volto – a garota respondeu conformada, indo em direção ao banheiro e Lia deu de ombros e voltou a dançar alucinadamente.

No banheiro, Nina fez o que pôde, mas não conseguiu melhorar o estrago, pois era impossível se livrar do odor azedo da bebida. Assim, sem ter o que fazer, deu de ombros e abriu a porta, ganhou o corredor, dando de cara com um garoto, fizeram uma rápida e involuntária dancinha de indeciso vai e vem, querendo continuar os seus caminhos.

— Você não devia beber tanto – o garoto a aconselhou com o olhar sério e em tom recriminador.

— Eu não bebo! – Nina respondeu na defensiva, um tanto irritada, percebendo que era devido ao forte cheiro de cerveja da sua roupa, mas ele lhe deu um sorriso brincalhão. — Ah! Isso? – Apontou para sua roupa molhada. — Foi um acidente – explicou-se mais relaxada, percebendo a piada.

— Então, vamos começar de novo. Oi, o meu nome é Carlos.

— E o meu é Nina.

— Pois é Nina, eu não conheço ninguém aqui, nessa festa – ele confessou.

— Não?! Como veio parar aqui?

— Um amigo chamou um amigo que me chamou, ele conhece a dona da festa.

— Lia, ela é minha amiga.

— Então, Nina, como agora só conheço você, quer dançar comigo?

— Claro!

 

— Quem é aquele garoto que está dançando com Nina? – Gabriel quis saber, um tanto desconfiado, dissimulando o ciúme, ao observar de longe Nina dançando, animadamente, com um garoto desconhecido.

— Não sei – Lia deu de ombros, sem interesse. – Eu não conheço a metade das pessoas que estão na festa – respondeu, já um tanto alterada pela bebida. – Gabriel, pare de bancar o irmão mais velho, chato e superprotetor! Deixe Nina se divertir, ela já é bem crescidinha! Aliás, ele é um gatinho, talvez, ela se dê bem até o fim da festa – falou de um jeito malicioso, para a tristeza do rapaz, que não conseguia desviar o olhar, mas Lia o puxou para continuarem dançando.

Durante o restante da festa, Gabriel perdeu Nina de vista, ofuscado pela elétrica Lia, que não parava, dançando, pulando, bebendo o tempo todo, sem se desgrudar dele. Já era de madrugada, quando os últimos convidados foram expulsos pelo pai dela.

— Vou nessa! – Gabriel anunciou.

— Não espera, fica mais um pouco – Lia pediu, segurando-o pela mão.

— Não, já está tarde. Tenho que ir.

— Então, posso fazer o meu último pedido de aniversário? – Ela insistiu, com uma vozinha infantil, que o irritou, mas vendo que seria difícil dissuadi-la, então assentiu com a cabeça — Me leva para o quarto e me bota para dormir.

 

Nina não estava acostumada a beber, foram apenas duas doses, por insistência dos amigos, mas foi o bastante para fazer sua mente rodar. Dançou com Carlos por um bom tempo, trocaram alguns beijos impulsivos, sem emoções e sem sentidos, nada que vislumbrasse algum futuro, era só o momento, até que com a desculpa de pegar uma carona com uma amiga, ela foi embora. Ao chegar na casa escura e solitária, com as ideias ainda girando na sua cabeça, atirou-se no sofá, um tanto enjoada com o cheiro azedo da cerveja, que ainda persistia no seu vestido, sem vontade de dormir, ligou a televisão em um filme antigo que já havia assistido antes, para não prestar atenção, somente para acabar com a companhia do silêncio, fechou os olhos e o mundo girou dentro da sua cabeça, as imagens de Gabriel e Lia juntos, apareciam, se fundiam e desapareciam em um louco caleidoscópio.  Imaginando que naquele momento, a festa já teria terminado e se Lia houvesse seguido seus planos, estaria no quarto com Gabriel agora, talvez se beijando, se abraçando, se tocando, aquela ideia embrulhou seu estômago, teve vontade de vomitar e chorar. Não queria pensar nos dois juntos na cama, envolvidos nos braços um do outro, entre carícias e beijos, transando, tentou se concentrar no filme, no seu peito uma mescla de raiva e tristeza crescia, contudo não tinha mais nada a fazer senão se conformar. Foi quando ouviu o barulho da porta se abrindo e, para o seu espanto, Gabriel entrou por ela.

— Eu não pensava que iria voltar tão cedo – ela revelou, sem pensar, com certo alivio.

— Já estava na hora – ele respondeu, dando de ombros.

— E Lia?

— Eu a pus na cama, estava muito bêbada, apagou rapidinho. Então, boa noite, Nina – Virou-se, foi na direção do seu quarto.

— Gabriel! – Nina vi ali a sua chance, a oportunidade única, então se decidiu, o chamou em voz mais alta do que queria, ficando de pé em um pulo. Ele parou esperando, calado, sem se voltar para ela, com o coração batendo furioso, o pensamento veloz criando uma cena nítida. – Gabriel, o que houve conosco? – Esperou por algum tempo, como ele não respondia, ela se aproximou, tocando as costas dele. – Nós éramos tão amigos, como irmãos – completou, porém, ele permaneceu imóvel.

— Você fugiu – ele a acusou em voz baixa, com olhos fechados, sacudindo a cabeça em negação, ainda de costas para ela, os punhos cerrados com tanta força, que as juntas estavam ficando doloridas.

— Eu não tinha outra escolha – ela lamentou em um sussurro. – Não podia perder você – Para logo a seguir, mudar de tom ao perceber que ele ainda se recusava a olhar para ela — Ei! Pare de bancar o idiota e olhe para mim, quando estou falando com você! – Esbravejou, dessa vez lhe dando um empurrão com força.

Ao sentir o ardor da mão dela nas suas costas, a raiva se espalhando por todo o seu corpo, considerou que nunca haveria um momento mais oportuno, era a sua hora, a sua chance, o tudo ou nada, então ele se voltou para ficarem frente a frente, olhos nos olhos, em chamas, a segurou pelos braços.

— Nina, eu não sou seu irmão! – Gabriel afirmou, firme e lentamente, como se quisesse que ela decorasse aquelas palavras, em seguida, com um movimento rápido, a envolveu com nos seus braços e a beijou.

Assustada, Nina resistiu por um breve instante, no entanto, ao sentir a maciez dos lábios deles contra os seus, cedeu, suas bocas se abriram e as línguas se tocaram, no calor dos corpos, os braços se espreitaram, as mãos passearam pelos cabelos, costas, braços, em um beijo cada vez mais intenso.

Como uma pequena rachadura, que rompe a represa de sentimentos sufocados e desejos escondidos, os envolvendo em um turbilhão inexplorável e urgente de emoções, afastando-os do mundo que desapareceu ao seu redor.

– Eu não sou seu irmão, Nina – Gabriel repetiu nos lábios delas.

— Não, você não é meu irmão, Gabriel – murmurou junto aos lábios dele, enquanto continuavam a se beijar cada vez mais intensamente, enquanto as suas mãos se procuravam. 

 



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