História A História de um Garoto Viking (Hiatos) - Soluço

Essa é Berk, fica doze dias ao norte de desanimo e alguns graus ao sul de morrendo de frio, ela é enraizada no meridiano da tristeza. Minha aldeia, em uma palavra: Sólida, ela existe há sete gerações, mas todas as casas são novinhas em folha. Temos pesca, caça e um pôr do sol encantador, que vai por mim, é a única coisa que preste nessa porra de pedaço de terra largado no meio do oceano esquecida pelos deuses.

O único problema são as pragas, lagartos com asas gigantes, alguns cospem fogo, gás, água, são “aberrações da natureza”. Para mim, são apenas animais carnívoros fazendo o que animais carnívoros fazem, caçam para sobreviver, coisa que nós vikings fazemos também.

Mas não nego que eu também desejo mata-los, não por ódio ou prestígio como alguns poucos membros da vila, mas sim para proteger as pessoas que amamos como a maioria aqui fazemos.

E porque eu não gosto da vila? Então, em um lugar cheio de brutamontes e homens e mulheres guerreiros e parrudos, ser uma espinha-de-peixe falante idiota não é a melhor das sensações.

O único que se salva e ao mesmo tempo se queima é o Melequento, meu primo. Ele é um chato, insuportável, idiota, cabeça de iaque, mas é meu melhor amigo... único amigo.

Tem o Perna-de-Peixe também, mas não somos muito chegados hoje em dia, nos afastamos quando fui taxado de inútil pela vila. Não porque ele quis, mas ele faz parte de uma das famílias mais grandiosas da vila e eu não queria manchar sua reputação. A mãe dele também era como uma para mim, ela entendeu minhas razões e depois de muita relutância, ela aceitou.

Até tentei me afastar dos Jhorggensons, mas a tia Thayara é irredutível quando coloca algo na cabeça, e é claro que o Gosmento vai na onda para não apanhar. Enquanto ao Melequento? Somos colados desde pequenos, antes que eu pudesse terminar de falar ele me deu um soco na cara e segurou o colarinho da minha roupa e me balançou falando que não me deixaria sozinho. “Minha imagem na vila já é manchada mesmo” era o que ele dizia.

E apesar do meu pai ser daquele jeito turrão dele, eu sei que ele me ama. Ele só queria que eu fizesse por mim e conseguir merecer o respeito da aldeia, mesmo sendo chefe ele não poderia força-los a isso, e nem queria ser visto como um tirano.

Outra que sempre esteve comigo e o Melequento era a Cabeça-Quente, apesar de ser sempre nas sombras. Não conseguir fazer com que ela se afastar-se de mim, ao menos consegui fazer com que ela fosse discreta.

Havia outra garota com a gente também, ela era dois anos mais velha, mas sempre andava com a gente.

Ainda não me apresentei né? Meu nome é Soluço, nomezinho estranho eu sei, mas nossos ancestrais acreditavam que nomes estranhos afastavam gnomos e trolls. E acredite, tem piores, o próprio Melequento é um exemplo disso. Em breve começará o treinamento para novos guerreiros. Embora muitos treinem desde crianças, agora será um treinamento exclusivo para matar dragões. E agora que eu e os outros jovens da vila fizemos 16 anos começaremos a treinar para matar as pragas que assolam as nossas vidas.

Tia Thayara me dizia que minha mãe acreditava que vikings e dragões poderiam conviver em paz. Eles são animais, só querem se alimentar, nós os atacamos e eles se defendem, ou eles nos atacam para sobreviver. Se pensar em um jeito mais amplo, a paz é realmente impossível pelo simples fato de não conseguirmos nos comunicar.

Mas enfim, agora estou aqui largado sob a grama da enseada que fica dentro da floresta, tem um lago com uma água ótima, e por ser conectado ao mar, tem peixes em abundancia aqui.

Abro meus olhos quando ouço um farfalhar vindo das árvores. E de lá vejo uma garota loira de olhos azuis, seus cabelos estão penteados em uma trança e o machado em suas costas demonstrava que ela não era alguém boa de se irritar.

Mas não era mesmo, a garota de quem falo é Astrid Horffenson. Ela é só a maior guerreira da nossa aldeia. Se duvidar, ela vence até mesmo alguns adultos.

Astrid: O que você está fazendo aqui? — Pergunta em um tom demonstrando um pouco de superioridade, mas mesmo assim consigo ouvir curiosidade em sua voz.

Soluço: Ah não sei, matando um fúria da noite talvez. — Digo sarcástico enquanto me levanto.

Astrid: Acho bom você não testar minha paciência, não estou para idiotas hoje. — Disse sacando seu machado e apontando para mim quando passei ao lado dela enquanto andava em direção à floresta.

Soluço: Eu não sou doido tá bom Astrid? — Digo seguindo rumo à floresta com minhas mãos nos bolsos da calça enquanto sinto seus olhos perfurarem minhas costas. — Não tem como eu testar sua paciência, se isso é algo que você não tem. — Tiro uma mão do bolso acenando ainda de costas para ela enquanto adentrava as árvores.

O engraçado que eu disse que não era doido para testar a paciência dela, mas no fim acabei cutucando um dragão com vara curta. Tia Thayara sempre me dizia que eu puxei esse meu sarcasmo de minha mãe, acho que é por isso que me sinto tão bem e tão livre em usar ele não importa quem for.