História A História Do Melhor De Todos - Novo Mundo

 Eu corro na direção de Hiro, me sentindo um pouco mais leve que antes, e assim consigo desviar dos seus golpes d'água, jogados constantemente contra mim.

Com minha arma em mãos, ainda emanando um leve brilho azul, consigo me aproximar de Hiro, e assim o acertar com minha espada, em seu braço, com um corte limpo e reto. Apenas uma parte de sua armadura de água se desfaz, mas logo se reconstrói, um pouco mais fina que antes.

— Muito bom, Tokame, muito bom! — Enquanto eu mal percebo, Hiro me ataca com água por baixo, me jogando para cima. — Como você pode se sair dessa, hein? — Ele fala, de maneira confiante, para me motivar.

— Não se preocupe, eu sei o que estou fazendo! — Grito enquanto estou no ar, e me preparo para a próxima investida.

Me direciono para ele, e ao aterrissar no chão, corro em sua direção.

Assim que tento lhe acertar um golpe, Hiro o bloqueia com sua espada de uma mão, de maneira incrivelmente forte.

— Então, vamos lá… — Hiro fala, enquanto me encara com nossas espadas se cruzando e gerando atrito.

Começo a bloquear os golpes constantes da arma de Hiro, enquanto tento contra-atacar. Lutamos de igual para igual na espada, com um superando o outro a cada segundo que passava.

— Você é bom, Tokame, porém não deve achar que o inimigo ficará apenas no seu jogo... — Enquanto trocávamos golpes, ele se esquiva para trás e eu sou acertado com água no rosto. — Sempre fique atento! — Ouço, sem ver Hiro falar.

Me levanto rapidamente, sem mais ver Hiro em minha frente.

— Aqui! — Ele fala, enquanto toca meu ombro, por trás de mim.

Me viro rapidamente e consigo acertar o chapéu de Hiro, chegando a cortar um pouco de seu cabelo, e jogar seu chapéu no chão.

— Opa, cuidado com meu chapéu! — Ele fala, enquanto dá uma risada, e se esquiva para trás.

Sem pensar duas vezes, corro em sua direção, concentrado e determinado em acabar com este duelo.

Enquanto corro, Hiro parece se mover cada vez mais devagar. Consigo enxergar em meu campo de visão, um jato de água se aproximando lentamente. Me esquivo de seus ataques e me aproximo de Hiro. Giro minha espada para lhe dar um golpe rápido no pescoço.

Antes de acertar Hiro, paro, perto de seu pescoço, e o rendo. Hiro para imediatamente e larga sua espada. Toda a sua armadura de água, e a água em volta de sua arma, param de lhe envolver e derramam no chão.

— Uau, muito bom mesmo, Tokame. Hahaha — Ele fala, enquanto olha para a minha espada perto de seu pescoço.

Ele seca sua espada com um pano, e logo depois a guarda na bainha.

Guardo minha arma na bainha e lhe devolvo seu chapéu que estava no chão.

— Obrigado pela luta! — Falo, enquanto me curvo para ele ao entregar o chapéu.

— Eu que lhe agradeço, não tenho um duelo emocionante como esse a tempos! — Ele fala, recuperando o folego, depois da batalha.

Após o fim do duelo, Hiro se levanta e vai em direção ao mastro por um instante e começa a subir.

— O que você vai fazer ai? — Pergunto, confuso por ele subir no mastro agora.

— Não é nada, apenas notei algo aqui. Você pode voltar para a sua cabine agora. Foi um ótimo duelo — Ele fala, enquanto faz um sinal de polegar com sua mão e continua a subir o mastro.

— Ok então, Hiro. Muito obrigado! — Falo, enquanto volto para minha cabine, me sentindo cansado, mas super empolgado de ter enfrentado Hiro de igual para igual.

Fico pensativo sobre o que aconteceu antes. Nunca havia me movido tão rápido, mesmo tendo treinado estas técnicas no Japão, hoje foi algo totalmente diferente. Realmente o uso da mágia durante a luta pode ser algo bom, porém ainda tenho certas dúvidas sobre isso.

Em minha vida no Japão, o uso de magia era considerado por muitos, algo desonrado. Meu avô, por si mesmo me treinava magia, como uma tradição familiar, e como parte do dever de ser o mestre de nossa família antes de morrer, fazendo de nós, um dos poucos clãs além da própria força militar imperial a usar mágia em batalha. Outros clãs escolhiam não treinar as artes mágicas, por acreditarem que favorecia o usuário com uma força sobrenatural mais poderosa que sua força original, e sendo algo desonrado de se fazer.

Por isso, não tenho lembranças muito boas de minha infância. Sempre fui muito sozinho, com poucos amigos, era excluído pelos membros de minha aldeia, crianças de outros clãs, que repudiavam outros clãs que fizessem uso de magia.

Com este pensamento em minha cabeça, fico um pouco apreensivo de utilizar este poder.

— Olha a chuva! — Ouço Hiro gritar, enquanto um monte de água começa a cair em minha cabeça.

Olho para cima e vejo Hiro em cima do mastro do navio, jogando água do mar em mim.

— Hahaha, eu tinha que fazer isso! — Ele fala, rindo como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

— Muito engraçado… haha… Hahaha! — Começo a rir junto com ele. Este banho realmente esfriou minha cabeça.

— Tudo bem ai? — Hiro pergunta de cima do mastro, parecendo ter percebido que eu estava pensativo.

— Sim… Tudo bem! — Grito te volta, um pouco apreensivo de meus pensamentos, mas com um pouco de certeza.

— Qualquer coisa, pode falar comigo. — Ele fala, enquanto desce o mastro.

Hiro aterrissa no chão, amortecendo a queda com água, e vem em minha direção.

— É algo sobre a magia? — Ele me pergunta, olhando em meus olhos.

— Sim… mas eu acho que tudo bem... — Falo, um pouco para baixo.

Me lembro de nossas conversas em todos os dias que treinamos, sobre o uso da magia e meus motivos para usar apenas poucos encantamentos.

Hiro me dizia que o uso de magia era algo normal e bastante praticado pelo Ocidente, mas isto ainda era algo que me deixava sem saber o que fazer direito.

— Tokame, apenas pude lhe dizer o que eu sabia sobre o conceito de magia, somente um mago ou feiticeiro poderia lhe dizer maiores detalhes...

— Eu sei que tipos de pessoas são essas, mas elas não eram muitas no Japão. Eu nunca conheci um de verdade, mas sei que existem. — Comento, como se fossem lendas ou mitos.

— Existem vários magos e bruxos na Europa, você poderia procurar algum para tirar suas dúvidas, e até aprender algo novo. — Hiro fala, tocando em um assunto delicado para mim

— Entendo… talvez aprender algo novo possa ser bom… — Falo, apreensivo, lembrando de meu passado.

Após conversar com Hiro, volto para minha cabine. Harris já havia dormido e o lugar estava escuro. Ainda molhado de antes, eu entro no banheiro para me secar.

Depois de me secar e trocar de roupa, deito em minha cama, fazendo o mínimo de barulho para não acordar Harris. Começo a me lembrar de meus treinos de magia com meu avô. Me lembro de uma técnica para concentrar o poder mágico em si, e começo a copiar minhas memórias, juntando minhas mãos e meditando em minha cama.

Me sinto leve e calmo a medida em que vou me concentrando, mantendo minha mente limpa. Sem que eu perceba, enquanto eu meditava, caio no sono.

Abro meus olhos novamente e vejo que já está claro, eu não havia dormido totalmente, mas estava descansado e sem fadiga ao acordar. Talvez isso deva ter sido algum efeito da meditação ou coisa parecida.

— Ei, Tokame, você está acordado? — Harris me pergunta, olhando para mim do lado de minha cama. Realmente ele é bem alto, para conseguir me olhar com facilidade mesmo eu estando na cama de cima.

— Bom dia, Harris — Falo enquanto saio de minha cama e aterrisso no chão.

— Parece que você está um pouco atrasado hoje. Se troque logo, já chegamos próximos ao porto. — Ele fala, enquanto olha para a janela, admirando a vista.

— Tudo bem então. Não precisa me esperar, te encontro depois no deque principal. — Falo, enquanto entro no banheiro para me trocar.

Após me trocar, vejo a cabine apenas com minhas coisas, semelhante do jeito que a encontrei pela primeira vez.

 Visto minha armadura, pego minha bolsa com minhas coisas e deixo a cabine, a trancando pela última vez antes de sair.