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História A Ilha do Lobo. - O começo de algo novo.


Escrita por: akirasam946

Notas do Autor


Olá, mais um capítulo e um pouquinho mais de Louis e Gael.

Capítulo 5 - O começo de algo novo.


Fanfic / Fanfiction A Ilha do Lobo. - O começo de algo novo.

"Louis."

-Dois bolinhos de canela e dois café expresso saindo!! Disse Molly levando a bandeja para a mesa que ficava mais próxima da janela que na opinião da mesma era a mesa mais reservada, usada geralmente para namorados.

O sorriso que as pessoas demonstravam também davam a entender que era mesmo essa a intenção.

-O amor está no ar...Disse Molly sonhadora.

E Louis lhe sorriu de onde estava.

Ela voltou e ajudou o amigo a tirar mais uma fornada de pãezinhos de batata do forno.

-Humm...Cheirinho bom não é?

O rapaz confirmou e lhe sorriu, já fazia um mês e meio desde de que começou a trabalhar ali e a cada dia se sentia mais feliz, as pessoas o tratavam bem, riam para ele, conversavam tão abertamente que era como estar em um sonho, as vezes, como hoje ele tinha vontade de se beliscar para ter certeza de que era mesmo real.

-Bom, acho que posso ir agora, deixei a massa descansando sobre a mesa, acho que temos mais que suficiente para amanhã.

Molly sorriu, Louis sempre pensava com cautela, sempre fazia um pouco a mais e nunca esquecia nada, era impressionante como ele conseguia manter esse ritmo tão correto o tempo todo, mas as vezes ela o sentia um pouco tenso, por isso ela deu um tapinha em suas costas de modo amigável.

-Hey, hoje a noite vá a minha casa, vamos jantar juntos, Sunan vai estar lá e Lana também.

-Dana não vai poder ir? Perguntou Louis se lembrando da amiga delegada.

-Ela ainda está com problemas para achar um ajudante, subdelegados de confiança são um problema sério, mas não fuja do assunto, você deve ir.

Louis sorriu um pouco surpreso, apesar de estar acostumado com a gentileza de todos, essa era a primeira vez que lhe chamavam para algo, talvez por isso se sentiu tocado e ficou parado sem saber o que dizer ou fazer.

-Lou? Hey? O que foi?

-Ah! Desculpe, sim! Eu vou. E Allan? Ele não vai?

-Allan foi visitar a mãe, eles não se falavam há muito tempo e ela está doente, acho que Sunan o obrigou a ir.

Louis tirou o avental verde com o logo da cafeteria e o pendurou perto de um armário, soltou o cabelo que estava um pouco mais longo enquanto ouvia a amiga contar sobre isso, na realidade ele já sabia que Allan e Gael tinham mães diferentes, mas ele nunca perguntou sobre isso.

-A mãe de Allan...Porque ela não vem na ilha?

Molly sentou-se ao ver que tudo estava calmo na cafeteria.

-Bem, ela e o pai do Allan não foram um casal feliz, ouso dizer que nenhuma das antigas namoradas de George foram, foi um caso de uma noite eu acho, enfim...Quando Allan nasceu ela o deixou com George e foi embora, apenas alguns anos mais tarde mandou notícias, de modo de Allan não a tem em alto estima, mas mesmo assim ela é a mãe dele e agora está doente, seria bom ir até ela, mesmo sendo tudo tão complicado, ele já perdeu o pai e mesmo que o homem tenha sido um carrasco com o filho ele chorou quando o perdeu, nunca ouve entre eles uma única conversa após ele fugir com Sunan, e isso sempre me pareceu muito triste.

-E Sunan não quer que isso aconteça de novo. Finalizou a mulher bem baixinho como se a dor de Allan e de Sunan fosse dela também.

-E mesmo assim eu creio que a mãe de Allan não pode perdoa-lo também. Continuou ela.

Louis vestiu o casaco, ainda o mesmo, não tinha tido tempo para comprar um novo.

-Sunan. Louis adivinhou.

Molly concordou.

-Ela não o aceita, mas isso não muda o fato de que o filho dela o ama profundamente, mas como Sunan é a melhor pessoa do mundo insistiu para que Allan fosse ver a mãe...E Allan sendo como é me pediu para cuidar de Sunan como se ele fosse uma criança. Amo os dois.

Louis riu, a tal mãe de Allan perdia muito em deixar de conhecer Sunan e de aceita-lo, também perdia muito em não compreender o amor lindo que tanto Allan como Sunan tinham, mas a vida é assim.

-Eu vou, o que devo levar no jantar?

Molly sorriu e se levantou para ir atender outro cliente.

-Leve um sorriso, tenho tudo que preciso lá em casa e depois desconfio que Sunan vai fazer sobremesas chinesas e tailandesas, é uma delícia.

Louis saiu, acenou dando mais um adeus e pegou a bicicleta, a dias a estava usando, realmente havia se habituado a andar com ela, era rápido e mais prático e tinha uma cestinha onde podia carregar algumas sacolas, por isso passou no mercado e comprou algumas coisas e depois rumou para casa, no caminho no entanto resolveu parar na praia, bem pertinho do chalé.

Vinha sonhando em fazer isso, o dia estava ensolarado o que era raro e o vento não estava tão frio, deixou a bicicleta encostada nas pedras e foi apreciar o mar, estava parado perdido em seus pensamentos quando uma voz lhe assustou.

-Seus pensamentos parecem tão distantes...

-Gael. Louis disse se voltando tentando a todo custo controlar seu coração e suas pernas que queriam correr dali o mais rápido possível.

-Eu o assustei. Afirmou Gael pois podia ver isso claramente, mesmo que não tivesse percebido o quão alto batia o jovem coração.

-Não...Bem, talvez um pouco, mas a culpa foi minha, eu estava distraído. Respondeu tentando ser cauteloso e não dar margem para interpretações que pudessem levar a perguntas que ele certamente não poderia responder.

Gael sempre se orgulhou de poder ler as pessoas como se fossem páginas de um livro aberto, mas Louis não era assim, tudo nele inspirava segredo e cautela, ele era na opinião do outro um pequeno e delicioso segredo que estava louco para desvendar.

Louis controlou sua respiração e diminuiu sua ansiedade, dizendo a si mesmo que ali não era a prisão onde viveu e aquele homem não era o louco que o havia aprisionado, era apenas o dono de uma cafeteria muito charmoso, bonito e viril.

O homem estava a poucos passos dele, vestia uma roupa casual de corrida e calçava um tênis, parecia um pouco suado o que indicava realmente uma corrida, isso era ainda mais viril e o fazia exalar masculinidade.

-Não está meio tarde para uma corrida?

Gael deu de ombros e se aproximou mais um pouco, gostava do cheiro do mar e do cheiro de Louis misturados, gostava dos cabelos revoltos contra o sol, o brilho avermelhado dos fios reluzindo contra o vento era mágico, havia tanta luz nesse rapaz que podia eclipsar a beleza ao redor, mas ele nem mesmo sabia disso.

-Eu corro todos os dias e como hoje pela manhã estava chovendo resolvi vir apenas agora, precisava de sol.

Louis concordou, ele também precisava por isso estava ali, sol e o gosto de liberdade eram uma combinação maravilhosa.

-É tão lindo aqui, eu queria muito vir até este ponto, não resisti hoje, após a chuva sempre fica mais belo.

Gael sorriu ao ver Louis fechar os olhos e deixar o sol tomar sua face corada e bela num beijo quente, não pode se conter e elevou a mão para tocar os fios que voavam mas não o fez, recolheu segundos antes que o rapaz abrisse seus lindos olhos tristes.

-Plantei flores no jardim, quer ver? Disse Louis surpreendendo aos dois com seu pedido, a um momento apenas estava assustado e agora queria a companhia do homem, estava um tanto bipolar e sabia disso.

-Quero sim. Respondeu Gael de modo gentil.

Eles caminharam o resto do caminho, Gael levou a bicicleta e Louis não tentou impedi-lo, aprendeu que o homem tinha esse instinto de ser cavalheiro mesmo com ele e respeitava isso, embora não pudesse entender completamente.

-Bem...Não sou bom em jardinagem, eu nunca plantei nada e pode ser que fique um pouco aleatório, mas...Gosto das cores. Disse Louis apontando o jardim que surgia a sua frente onde um caleidoscópio de cores pulsava sob o sol terno da tarde.

Gael ficou pasmo por alguns minutos, todo o jardim estava coberto de flores, colorido e lindo como se tivesse saído de um cartão postal, ele conhecia cada uma delas pois amava flores e aprendeu muito com sua mãe quando ainda criança.

Ramos de alfazema se espalhavam ao vento perfumando o jardim, delfínio azul perto das janelas se esgueirava ao sol e o agapanto lilás cobria a pequena estradinha de pedras de lado a lado, em vasos perto das janelas estavam as amarelas e belas alamandas com borboletas a lhes sobrevoar tranquilas e ainda haviam amores perfeitos, lilases e margaridas simples.

-Quando teve tempo para fazer tudo isso? Está tudo lindo, mas como?

Louis deu de ombros como se o trabalho feito pertencesse a outra pessoa, não estava acostumado a elogios, nunca antes os recebeu e sabia pouco em como aceita-los.

-Todos os dias eu planto um pouco, ganhei as mudas da Lana, ela e Dana trouxeram nas últimas duas semanas várias vezes, eu as plantei como achei que podia e acho que finalizei, faltam as floreiras da janela que devo replantar, mas eu acho que está mais alegre, acabei lendo sobre essas flores e estou tentando adubar e cuidar certinho.

Gael olhou o resultado ainda espantado que todo esse trabalho tenha sido feito por uma única pessoa, era inacreditável, ele conhecia cada uma das flores plantadas ali pois eram suas preferidas, mas não acreditava que estivessem tão lindas em tão pouco tempo.

-Ficou realmente lindo, talvez tenha descoberto um talento oculto aqui. Disse o homem passando os dedos nos pequenos botões do agapanto lilás de modo sonhador.

-Eu brincava no jardim da casa onde cresci enquanto minha mãe plantava flores como essas, sãos as minhas melhores lembranças da infância, antes mesmo que Allan fosse embora, antes de meus pais se separarem e antes de Owen nascer. Depois eu fui criado entre duas casas, com minha mãe em Dublin e depois com meu pai e sua nova esposa aqui na cidade, eu não tinha mais os jardins mas tinha um irmão novamente.

Louis sorriu feliz.

-Eu me lembro de desejar flores quando eu era uma criança. Disse se lembrando mas mudou rapidamente o assunto pois percebeu que podia revelar algo do passado que não queria se lembrar de modo algum.

-Quer um chá?

Gael não perderia a oportunidade por nada neste mundo, na verdade ele passou o último mês analisando tudo que podia sobre o comportamento de Louis, sabia que ele era muito dedicado, impecável na cozinha e que sempre se cobrava demais, neste ponto chegava a ser quase absurdo como quando queimou alguns biscoitos e se recriminou por dias, mas isso podia ser perfeccionismo, porém parecia ser algo a mais, no entanto ele não tinha chances de analisar melhor na cafeteria, ali em casa era mais fácil e menos informal e claro que ele notou o modo como o rapaz mudou de assunto de forma rápida e fez a anotação mental de pesquisar mais a fundo Louis, talvez até mesmo com a ajuda de Dana e os meios legais para isso, mas no momento um chá seria bom.

Ele seguiu Louis para dentro e se sentiu maravilhado, a casa estava limpa, aconchegante e adorável, cheirava a ervas frescas como camomila e erva doce e logo Gael as viu penduradas em ramas na cozinha, assim como tomilho e alecrim, toda a casa estava ao mesmo tempo igual e diferente, o cheiro de Louis estava em tudo...Doce e sedutor como sempre, impregnado no tapete, nas paredes e nas almofadas da sala, o instinto predador do homem alto pulsava, mas ele se continha.

-Açucar ou adoçante? Perguntou Louis na cozinha, se mexia com desenvoltura, sua pequena figura vestida tão simplesmente era adorável ali, ele parecia mais relaxado e menos apreensivo, podiam ser as flores, a casa ou mesmo o fato de que agora ele estivesse de guarda baixa ou se sentisse seguro.

-Mel se tiver. Respondeu Gael se aproximando um pouco.

Louis se moveu e logo veio com as xícaras, mas dessa vez não fugiu como fazia, permitiu que Gael se aproximasse e pegasse a xícara de sua mão tocando de leve seus dedos.

-Eu comprei mel ontem, gostei muito do aroma. Respondeu Louis se sentando em frente a Gael tentando entender porque nutria esse profundo respeito e até um certo receio, mas que bem lá no fundo era misturado por um desejo atípico e estranho, talvez porque uma parte dele achava o homem lindo demais.

Os cabelos revoltos caiam nos olhos e Louis os tirou e prendeu atrás da orelha o que deixou a cicatriz a mostra.

-Como ganhou essa cicatriz? Perguntou Gael de forma simples, mas era uma pergunta que havia esperado muito para fazer e foi feita sem pensar naquele momento.

Louis tomou o chá lentamente, claro que ele parecia esperar por isso, a resposta era tudo menos a verdade.

-Acidente de infância, não me lembro bem como a fiz.

Gael tinha um dom especial, ele podia notar a verdade e a mentira, podia ser a variante dentro das pupilas, a forma como elas se contraiam e traíam a razão ou mesmo a pele, arrepiada na tentativa de encobrir algo, ou ainda o modo como os olhos se desviavam propositalmente, seja como for Louis mentiu e ele sabia, mas não iria insistir, isso no entanto aguçava sua curiosidade. Resolveu mudar de tática.

-Amanhã é sua folga, quer ir a um lugar comigo?

Louis mal tinha se recuperado da pergunta e isso o pegou ainda mais de surpresa e antes que pudesse de fato pensar...

-Sim.

Gael sorriu e deixou a xícara na mesa.

-Te pego as dez? Dez da manhã?

Louis concordou e viu o homem sair e fechar a porta.

É claro que ele podia negar, devia negar...Mas não queria mesmo negar, mesmo sendo inexperiente percebia que Gael o olhava, podia ser somente desejo no olhar dele e se fosse...Bem, podia se permitir viver um pouco, não foi por isso que fugiu?

-Viver e não sobreviver. Disse para si mesmo.

-Eu fugi para viver...

Enfim...Viver significava correr riscos. Não muitos, mas alguns.

Não pensou mais no assunto, limpou a casa, lavou sua roupa e depois de um banho se arrumou para ir a casa de Molly, escolheu uma blusa branca de mangas longas de lã macia e uma calça jeans mais clara, suas peças eram poucas, mas essas eram as mais novas que tinha.

-Como estou Merlin?

O gato ronronou em aprovação, ele vinha todas as noites e algumas vezes de manhã, Gael nunca disse nada, mas ele devia saber sobre isso.

-Pena que seu dono não estará lá...Acha que ele pode querer algo comigo?

Merlin rolou na cama pedindo carinho e Louis sorriu.

-Bem, eu acho que não. Ele é um homem e tanto e eu sou...Sou somente um auxiliar de confeiteiro com aspirações culinárias trabalhando na cafeteria deste homem, impossível.

No fundo era como uma história de contos de fadas, mas ele não era a Cinderela e ali não era um mundo mágico, era a vida real e a vida real pode ser perigosa, deixou seus pensamentos de lado e resolveu que devia mesmo ir.

Apagou as luzes e pegou as chaves, saiu e caminhou lentamente pela estrada de pedras que levava a casa de Molly, mas não iria a pé, perto do penhasco avistou o brilho dos faróis do Toyota de Lana, ela ligou mais cedo e combinou de encontra-lo ali.

-Hey, vamos! Ohhh está um gato, se eu gostasse da fruta te pegava.

Louis corou.

-Não diga isso!

Ela riu.

-Porque não? Espere até Gael te ver hoje.

-Ele vai?

Lana riu.

-Lógico que sim, somos amigos desde de o jardim de infância, esqueceu?

Louis tremeu, podia ser o frio, mas ele achava que não.

Lana o observou.

-Gosta dele não é?

-De quem?

Lana sorriu.

-De Gael é lógico...Assim como eu gosto de Molly.

Louis suspirou.

-É diferente...Mas porque não se declara para ela?

-É complicado...Somos amigas há muito tempo, como ela vai reagir a isso? Além disso ela gosta de homens.

Louis ficou em silencio por um tempo.

-Não saberá se não tentar, sei que ela teve seus relacionamentos e tem uma filha, mas as coisas mudam.

Lana riu.

-Tem toda razão, é que tenho medo...Mas e você, porque é diferente? Não saberá se não tentar.

-Gael é...Lindo e é...Rico e ainda por cima é meu chefe. Bons motivos não acha?

-Isso tudo eu sei, mas ele parece ter algo com você, uma ligação, um olhar, sei que ele está ficando louco por você.

Louis se embaraçou no que queria dizer e a mulher sorriu divertida.

-Gael é intimidador não é?

Louis concordou.

-Depois eu não sei o que ele pode querer de mim, quer dizer...Olha só para mim? Pelo amor de deus! Não há nada para se impressionar, nem mesmo sou bonito, não tenho roupas boas e sou pequeno e magro demais.

Lana suspirou enquanto fazia uma curva na longa estrada bem pavimentada da ilha.

-Não sei quem te disse isso, mas é uma baita mentira, você é lindo, realmente lindo e quem não perceber isso precisa de óculos, além disso é um cara esforçado, sabe cozinhar, cuidar de uma casa e plantar um jardim, creio que suas qualidades são as melhores e eu não posso afirmar mais acho que é bom de cama, estou certa?

Louis corou profundamente.

-Lana!!

Ela riu alto.

-O que um homem como ele pode querer com alguém como eu?

-Jura?? Não sabe mesmo o que ele quer com alguém bonito como você? Ela respondeu com uma nova pergunta se divertindo muito com essa conversa.

Louis revirou os olhos.

-Pode ser muito absurdo o que eu vou dizer...Mas eu quero mais que sexo, pode me chamar de antiguado e tudo o mais, mas penso assim.

O carro parou em frente a uma casa simples e ela desceu, depois deu um tapinha nas costas do amigo.

-Acho que Gael quer mais também, vamos entrar?

Louis suspirou e por um segundo quis voltar, mas depois se lembrou de que devia viver e a seguiu para dentro da casa iluminada, ao passar pela porta sentiu o doce aroma de algo que parecia vir da cozinha e logo Sunan surgiu com uma bandeja cheia de copinhos com uma cor verde clara salpicados do que parecia um açuçar brilhante por cima.

-Creme de pandam fresco com raspas de coco jovem e açúcar de confeiteiro. Disse Sunan entregando um copinho para Louis.

Lana sorriu e se apoderou de dois.

Molly vinha logo a seguir com sucos coloridos em copos de plástico alto.

-Bem vindos! Disse sorrindo e indo para perto de Lana que tratou de ajuda-la o mais rápido possível.

Louis sorriu pequeno, tinha certeza que Molly já havia percebido o modo como Lana a amava, mas talvez esperasse que ela enfim tomasse a iniciativa, quem sabe?

A casa era simples mas grande, haviam muitas pessoas ali, amigos e conhecidos, não era realmente somente uma reunião entre amigos próximos, mas uma grande confraternização, Louis viu muitos dos frequentadores da cafeteria, mas ali era uma cidade pequena, as pessoas se conheciam desde de sempre, isso era bem normal, ele também viu Wendy andando entre as pessoas e rindo para elas, era uma menina adorável e inteligente, todos a admiravam muito.

-É delicioso, posso ter mais?

Sunan serviu mais um doce para Louis.

-É alguma receita de sua terra natal?

Sunan negou.

-Eu sou chinês e essa sobremesa é tailandesa, mas eu amo os sabores asiáticos, todos eles ou quase todos, neste ponto a culinária tailandesa é absolutamente maravilhosa, não só sabores mas aromas, sempre faço em casa e conhecendo Molly eu achei que podia dar uma mão na cozinha, metade da cidade está aqui hoje, suas reuniões de amigos são famosas.

Louis concordou.

-Já conheceu Owen? Perguntou Sunan de repente.

-Na verdade não, ele nunca foi a cafeteria e pelo que sei estava fora do país.

Sunan apontou para a porta.

-Ele voltou e parece que já te viu, isso vai ser bem interessante, porque pelo que estou vendo Gael acabou de chegar e também está vindo para cá.

Louis se virou no momento em que um homem alto de pele mais morena pelo sol parou em sua frente, ele era belo e sua beleza era equiparada a de Allan, embora a dele fosse mais afiada e jovem e lembrava Gael vagamente no jeito do nariz e nos ossos largos da face, mas parecia mais atrevido, talvez quase na idade de Louis.

-Boa noite Louis, eu sou Owen, ouvi falar de você...Ouvi muito a seu respeito.

Louis estava sem graça.

-Prazer em conhece-lo, espero que tenha ouvido coisas boas a meu respeito.

Os olhos famintos do homem analisavam cada pedacinho do corpo menor, seu olhar era invasivo e atrevido, quase como se pudesse despi-lo ali mesmo e isso era intimidante e Louis não estava se sentindo bem com isso, se afastou lentamente.

-Bem...Eu vou ajudar Molly na cozinha...

Gael chegou e se aproximou parando ao lado oposto de Louis e tocou em seus ombros tensos.

-Que bom que veio, vejo que já conheceu meu irmãozinho caçula.

Owen parecia um pouco nervoso, mordeu o lábio inferior numa tentativa de se acalmar.

-Escondendo ele de mim meu irmão? Nosso pai deve estar se revirando no túmulo ao perceber que não foi somente Allan a se envolver com outro homem.

Louis se encolheu, ele percebeu o que Owen insinuou e não gostou, mas não tinha como rebater, estava mudo de espanto.

-Sempre soube que gosto de homens e de mulheres, você não é diferente, que joguinho é esse agora? Se nosso pai se revirar no túmulo deve ser por remorso de nunca ter experimentado, não acha?

Owen riu e Gael também riu, a tensão se dissipou como fumaça e Louis relaxou um pouco mais.

-Louis vai acreditar que somos inimigos agora. Reclamou Owen, mas piscou para Louis de modo provocativo.

Gael puxou Louis para seu lado usando a manga da blusa alheia para isso.

-Louis é inteligente, já percebeu que estamos apenas brincando um com o outro, somos irmãos.

Louis até podia ter percebido mas mesmo assim ele lidou com olhares depravados de Owen a noite toda e por volta da meia noite estava cansado e resolveu ir embora a pé, caminhar sob as estrelas, após se despedir cautelosamente da dona da casa saiu de mansinho e rumou para fora, não havia andado muito quando sentiu alguém se aproximado, se virou e viu Gael.

-Está indo embora sozinho?

Louis confirmou.

-É perto e eu estou realmente cansado, mas muito feliz por ter vindo, nunca antes havia experimentado doces tão gostosos, preciso tentar reproduzir na cafeteria, se permitir é claro.

Gael se aproximou mais e tocou o braço de Louis o puxando para mais perto dele.

-Peça a Sunan, se ele permitir eu também permito, pois as receitas são dele.

-Eu pergunto a ele...Disse Louis encabulado pela proximidade alarmante.

-Você sempre se afasta e sempre se encolhe, parece mais uma raposinha assustada, eu sou tão ruim assim? Disse Gael tocando os cabelos que o vento teimava em revirar.

Louis engoliu em seco, ele não podia se apavorar, esse homem era diferente e ele tinha certeza disso.

-Eu sou tímido e tenho pouca experiencia com namorados...E não sou uma raposa. Tentou explicar embaraçado pela analogia, aliás se ele fosse uma raposinha assustada tinha toda razão do mundo para isso, o homem a sua frente parecia um predador intimidante.

-É por isso mesmo?

-Você é meu chefe. Rebateu Louis.

Gael se aproximou mais e o beijou, quando seus lábios se tocaram o corpo todo de Louis tremeu dentro do abraço do outro homem como se medo e frio se misturassem numa grande sensação que percorria cada célula do caminho.

Mas o beijo era bom, encaixava, se mesclava e diluía como se fosse feito para isso, como se precisasse ser assim, os lábios doces e gentis de Louis aceitavam os provocantes e quentes de Gael e do fundo da garganta surgiu um gemido rouco e sexy que arrepiou o homem mais velho o provocando terrivelmente.

Gael o soltou meio perdido em tentar manter o controle, ele nunca antes o perdeu, mas com Louis isso era impossível, ele quase irrompeu seu lado animal, ali e agora.

-Louis...Disse Gael ainda tentando se controlar.

-Preciso ir! Disse Louis e correu estrada a fora, fugindo sem nem mesmo dar uma última olhada para trás.

Gael sorriu meio perdido, um homem lobo e uma raposinha? Farejou o ar em busca do perfume do corpo pequeno e o sentiu doce, olhou para todos os lados e não viu ninguém, deixou a magia da terra o envolver plenamente e os fios de prata da Lua tocar de modo invisível sua alma mutante e mutável e sentiu o calor vir abrasador, mas não doloroso, era sublime e delicioso como uma libertação total e explodiu em pele, ossos e pelos brancos reluzentes e uivou para a Lua perdidamente em abandono pois ele havia achado sua alma gêmea, ele sabia e teria que fazer tudo que estivesse ao seu alcance para ter ele ao seu lado, para sempre.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, podem imaginar o que ouve com Louis? No próximo capitulo vão descobrir um pouco.
Obs: As flores que mencionei são todas flores de jardim, são mesmo lindas, eu cultivo algumas.
Pandam é um doce tailandês muito gostoso, pode ser usado dentro de um pãozinho doce ou como creme em copinhos com coco e açucar de confeiteiro, mas tem centenas de usos na culinária asiática.


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