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História A Jornada - Capítulo XIII - Sangue de Dragão


Escrita por: AzusaKim

Notas do Autor


Olá! *limpa as teias de aranha* alguém ainda por aqui?

Faz meses, quase um ano que eu estou ausente, eu venho me esforçando muito para essa atualização acontecer e cá estamos nós.

Não vou fazer promessas, mas eu agradeço se você foi paciente e me esperou. Um beijo no coração e boa leitura!

Capítulo 13 - Capítulo XIII - Sangue de Dragão


Capítulo XIII -  Sangue de Dragão



Não havia botes salva vidas para todos, a maioria dos homens estavam sendo tragados pelas frias ondas que engoliam o navio, Jongin segurava a mão de Kyungsoo afim de mantê-lo próximo, não deixaria o sacerdote se perder naquela confusão que o navio se tornara. Não enxergava Baekhyun e Chanyeol, caminhava arrastando o Do consigo, avistou Sehun que se preparava para sair dali em um dos poucos botes ainda não destruídos.


“Vamos com você.” Ele praticamente gritou para se fazer ouvido.


“Vai deixar os outros?” Sehun respondeu também gritando, procurando os demais com os olhos.


“Kyungsoo é o futuro da Ordem, nós precisamos salva-lo” Jongin colocou Kyungsoo a sua frente fazendo-o subir no bote, o sacerdote estava em choque e não conseguia esboçar nenhuma reação.


“Certo, não é uma certeza de sobrevivência mas vou tentar nos tirar da tempestade.” Sehun entrou no bote seguido de Jongin.


Em pouco, ele tocava as águas furiosas do oceano, as cordas que o mantinha preso a embarcação maior haviam sido soltas, com os remos em mãos os dois aspirantes a marinheiros se esforçaram contra a corrente que os tentava tragar. Em pensamento Jongin implorava para que o espírito brilhante que o ajudara da outra vez surgisse novamente, ele precisava sobreviver, precisava que Kyungsoo sobrevivesse.



XxXxX



Baekhyun se sentía perdido, Kyungsoo havia sido arrastado para longe e ele não conseguia enxergar quase nada, só conseguia sentir o choque das águas frias do oceano contra seu corpo. Avistou Chanyeol a poucos passos de si, tentou correr em sua direção mas foi impedido pelo choque do navio contra o que parecia ser um ajuntamento de pedras pontiagudas, estavam no meio da tempestade e não havia qualquer sinal de que conseguiriam escapar.


O chão do convés se partiu e aos poucos a rachadura foi aumentando até dividir o navio no meio, Baekhyun respirava com dificuldade, não sabia quando mas em algum momento começou a chorar e agora, lhe faltava ar em meio às lágrimas que causavam um choro alto, estava com medo, aterrorizado seria a palavra correta. Ele sabia que viajar para longe tinha seus perigos, mas nunca pensou que morreria em um barco de estrangeiros totalmente a deriva sem qualquer ajuda.


Sentiu o corpo ser atingido por uma onda forte que o arrastou para o oceano em meios aos destroços, tentou nadar para a superfície o mais rápido que conseguia, o ar em seus pulmões cada vez mais falho. Não conseguia se agarrar a nada que o mantesse fora da água,  aos poucos foi perdendo o controle dos sentidos até que por fim tudo que conseguia enxergar era a vastidão negra da inconsciência e seu silêncio.


XxXxX


Jongade sabia que estavam muito encrencados, por mais força que ele e Junmyeon colocavam sobre a porta, era impossível abri-la, a água estava cada vez mais alta e já quase alcançava a altura dos ombros, estava cansado demais pra continuar, olhou para Junmyeon que ainda tentava de alguma forma mover a porta, ele não parecia disposto a desistir.


Num momento, o som estrondoso da tempestade foi substituído pelo do barco que parecia estar rachando ao meio, e quando menos os dois viajantes esperaram a parede de madeira que anteriormente dividia o quarto de um compartimento comum do navio se desfez em milhares de pedaços, a abertura os sugou quase que instantaneamente para o profundo das águas.


Junmyeon nadava com a força que ainda lhe restava, mas a corrente o puxava para baixo, viu Jongdae se agarrar a uma corda no meio da água que estava presa a um dos milhares de destroços que boiavam. Juntos, eles conseguiram chegar a superfície se apoiando num grande destroço de madeira, provindo de uma das diversas portas do navio, olhou ao redor a tempo de ver a última parte inteira da embarcação afundar e o desespero se fez presente quando se deu conta que as únicas pessoas na superfície eram ele e Jongdae.


XxXxXxX


Baía de Barbaria, manhã seguinte ao naufrágio.


Sehun puxava o bote para a praia com a ajuda de Jongin, estavam exaustos e ensopados, haviam remado a noite toda e com muito custo conseguiram se afastar da tempestade. Olhando ao redor perceberam que estavam no litoral de Barbaria, a oeste era possível ver o cais de madeira e o início do vilarejo, logo acima uma parede de pedra se estendia e na ponta dele o castelo forjado nas rochas erguia-se imponente. Kyungsoo desceu do bote em silêncio, olhou para os outros dois, em sua cabeça não conseguia acreditar que eram os únicos sobreviventes, Baekhyun não podia estar morto, nem Jongdae, muito menos Junmyeon e Chanyeol.


"Vocês os deixaram para morrer." A voz do sacerdote era sem vida e rouca.


"Não tivemos escolha Kyungsoo, se ficássemos lá para ajudar morreríamos todos." Sehun justificou.


"Jongin." Kyungsoo se virou para o moreno com os olhos transbordando em lágrimas. "Você os deixou para morrer!" A voz antes baixa agora era um grito, ele avançou em direção ao Kim socando-lhe o peito.


"Kyungsoo, calma!" Jongin tentava afastar o sacerdote enquanto o mesmo continuava a lhe socar.


"Baekhyun era nosso futuro e você o deixou para morrer!"


"Eu não podia deixar você!" Jongin segurou os braços de Kyungsoo com força, encarando-o nos olhos. "Eu não podia deixar você morrer! Eu precisava te salvar!"


"Eu não tenho importância! Eu não vou mudar a nossa realidade, ele era o herdeiro, eu sou só um membro da Ordem!" O Do gritava a plenos pulmões enquanto as lágrimas rolavam descontroladas pelo rosto.


"Você tem importância pra mim Kyungsoo! Eu não me importo com essa droga de reino, com essa droga de missão! A única coisa que me importa é você! E eu não ia te deixar morrer."


O sacerdote se calou atônito, percebeu que Jongin também chorava, um choro tão doído quanto o dele próprio, percebeu que não fora uma escolha fácil, que Jongin também sentia as perdas. Sentiu ser abraçado pelo Kim que o apertou contra o peito, se permitiu chorar alto, havia perdido a única família que de fato tivera em toda a vida, Baekhyun, Chanyeol, Jongdae e Junmyeon o acolheram durante aquele curto tempo, mais do que sua família jamais sonhou em o acolher. Doía porque sabia que não conseguiriam encontrá-los naquele imenso oceano, doía porque teriam que continuar sozinhos.


"Precisamos nos encontrar com a princesa, ela vai saber o que fazer." Sehun quebrou o silêncio "Há uma chance de encontrá-los vivos, existem muitas ilhas ao redor de Barbaria, podemos solicitar uma equipe de buscas."


"Faremos isso." Jongin desfez o abraço, passando a segurar a mão de Kyungsoo como forma de conforto. "Se existe uma chance de encontrá-los, nós faremos isso."



XxXxXxX


Em algum lugar no oceano, dois dias após o naufrágio.


A cabeça doía como se mil gongos ecoassem dentro, a luz vinda da pequena janela incomodava a visão, poderia vomitar a qualquer momento. Jongdae encarou o lugar ao redor e logo seus olhos pousaram em Junmyeon que estava sentado encarando o vazio do outro lado da cela onde foram colocados, pés e mãos munidos de correntes como os criminosos que a capitã daquele navio disse que eram. Quando o navio de velas negras resgataram ambos em meio aos destroços do naufrágio, os Kim pensaram que seria uma esperança de sobrevivência, no entanto, quando os tripulantes souberam que se tratavam do capitão da guarda real do imperador e de seu noivo, o cenário mudou.


"Acha que vão nos lançar no mar?" Jongdae questionou com a voz rouca.


"Já teriam feito se fosse o caso" Junmyeon respondeu baixo.


"Tem noção de quanto tempo estamos aqui?"


"Um dia, dois no máximo."


"Nós deveríamos ter mentido." Jongdae suspirou, como puderam ser tão ingênuos?


"De fato, deveríamos ter mentido."


Ouviram a porta da cela ser destrancada, o som dos três cadeados sendo abertos deixaram os dois prisioneiros tensos, seriam mortos? Finalmente seriam alimentados? Haviam chegado em terra firme? Nenhuma das dúvidas fora esclarecida, mas uma maior surgiu quando a porta foi aberta e eles puderam encarar o homem que adentrava.


"Chanyeol?!"



XxXxXxX



Park Chanyeol estava muito, mas muito ferrado.


Sentado naquela cadeira de madeira de frente para a mulher que tanto parecia consigo, o desejo de ter morrido afogado se fazia cada vez mais gritante.


"Dez anos Park Chanyeol, dez malditos anos." Os olhos castanhos banhados em fúria analisavam o garoto rigorosamente. "Deixou nossa mãe morrer sem ter notícias suas, ela morreu de desgosto pelo único filho homem dela ser um cretino desertor que sumiu em um navio quando nós mais precisávamos de ajuda."


"Yoora e-"


"Não me chame pelo meu nome!" A garota levantou de onde estava sentada esbravejando "Você não tem o direito de me chamar pelo meu nome Park Chanyeol, para você eu sou a Senhora Park, a líder do norte."


"Yoora, por favor!" Chanyeol se levantou, era visivelmente mais alto que a garota mas não o suficiente para evitar de levar um tapa no rosto.


"Eu pensei tantas coisas sobre você, eu tentei tantas vezes te achar! E tudo que você fez foi se esconder mais e mais! Eu pensei que estivesse morto!" Yoora gritou socando o peito do rapaz. "Quando a mamãe se foi, eu e Nath ficamos a deriva, o povo cobrou um novo líder e você não estava lá!"


"Mas você estava." Chanyeol segurou a menina pelos ombros encarando-a nos olhos. "Eu nunca seria líder daquele lugar Yoora."


"Nathaly morreu por sua causa Chanyeol, ela morreu tentando encontrar você."


O Park sentiu suas pernas fraquejarem, Park Yoora e Park Nathaly eram irmãs de Chanyeol, Yoora a caçula e Nath a mais velha, ele sempre soube que ela iria procurá-lo algum dia mas não imaginou que perderia a vida fazendo isso. Nathaly era uma das melhores navegadores do Norte, ele ouviu muitas vezes sobre suas histórias e quando a notícia do naufrágio da frota que ela comandava chegou ao Sul, Chanyeol jamais imaginou que ele seria o motivo.


"Eu sinto muito." Sussurrou.


"Eu também." Yoora suspirou abraçando o irmão. "Eu odeio você, mas é bom saber que está vivo."


"Eu amo você baixinha" Riu soprado afagando os cabelos negros da irmã.


"Eu ainda vou ter a honra de matar você Park Chanyeol, como preço por todos esses anos." A garota se mantinha séria, mas Chanyeol sabia que ela não o odiava realmente.


"Eu sei que você está muito irritada comigo, mas eu preciso de um favor Yoora." Desfez o abraço encarando o olhar carrancudo da irmã.


"Você não está em posição de me pedir favores."


"Eu sei, mas eu preciso mesmo que me ajude." Chanyeol passou as mãos pelos cabelos nervoso "Havia mais gente naquele navio, pessoas importantes que eu preciso encontrar."


"E você quer que eu mude a minha rota para procurar um bando de cretinos súditos de Minseok?"


"Exato."


"Não mesmo." A garota lhe deu as costas voltando a se sentar.


"Yoora! Nós estamos em uma missão pela Ordem, uma missão que vai mudar o rumo de todo o império!" O garoto se ajoelhou diante da outra.


"A Ordem não passa de um bando de fanáticos, eles não sabem o que dizem."


"Yoora, por favor, eu faço qualquer coisa como pagamento por essa busca."


"Se jurar que aceita ser julgado pelo conselho nortenho por sua traição e que irá ficar ao lado do seu povo e assumir seu dever comigo, eu posso desviar um navio da frota para essa busca." Um sorriso malicioso surgiu nos lábios da menina, ele nunca aceitaria.


Chanyeol bufou, se fosse julgado perderia a cabeça e, mesmo que o deixassem vivo teria que se comprometer pelo resto de seus dias com Yoora e suas ordens. Amava a irmã mais que tudo na vida, mas não pertencia mais ao norte e não queria voltar para lá. Vasculhou na mente uma forma de convencer a menina Park de lhe ajudar sem ter que realizar promessas e então, como uma luz dos deuses ele se lembrou de uma importante tradição nortenha.


"Yoora, as tradições quanto a nossa família permanecem a mesma? Digo, se um de nós se perde, é capturado ou exilado, nós ainda temos obrigação de lutar pela vida dessa pessoa?"


"Mas é claro, porque acha que Nath foi atrás de você? Família é família e nada está acima dela."


"Então você tem por obrigação me ajudar." Sorriu para menina que parecia confusa.


"E porque você tem tanta certeza disso?"


"Eu me casei Yoora e a minha pessoa se perdeu neste naufrágio, eu exijo que inicie as buscas por ele e por seu irmão." Mentira, das mais absurdas.


"Você o que?!" Os olhos de Yoora dobraram de tamanho.


"O nome dele é Baekhyun e seu irmão se chama Jongdae, preciso dos dois vivos e se possível, alguns amigos também."


"Recolhemos dois prisioneiros junto com você, um deles disse que se chama Jongdae."


"Onde ele está?!" Chanyeol se levantou rapidamente.


"No compartimento de carga, onde ficam as celas mas-"


Não conseguiu terminar a frase, o garoto Park já havia saído com pressa, nada mais importava para ele do que a chance de encontrar os amigos.



XxXxXxX



"Como assim você é irmão daquela doida?!" Jongdae parecia incrédulo.


Estavam na cozinha do navio, Jongdae comia o terceiro prato de sopa enquanto Junmyeon terminava o primeiro.


"Eu sei, é estranho e uma história longa demais pra eu explicar." Chanyeol suspirou encarando os dois amigos. "Estou feliz que estejam bem e vivos."


"Nós também estamos felizes em te ver Park, eu pensei que morreríamos." Junmyeon divagava entre a sopa e o rosto do outro.


"Precisamos encontrar os demais, Yoora vai nos ajudar, vamos até Barbaria para encontrar a princesa, no caminho já iniciaremos as buscas."


"Acha que eles estão vivos?" Jongdae questionou, o medo visível na voz.


"Eu espero que sim Dae, eu não sei o que vou fazer se não estiverem."



XxXxXxX



Ilha Anciã, dez dias após o naufrágio.



Estava fresco e úmido, o som da queda d'água soava como uma suave melodia, a luz cruzava a água formando um singelo arco íris que direcionava seus raios coloridos para o ninho feito de galhos e folhas. No centro dele, três ovos coloridos reluziam, um dourado escamoso, um verde reluzente e liso e o negro, que parecia ser feito de pedra. Atrás dos grandes ovos,  o corpo miúdo do garoto estava disposto, ele estava encolhido enrolado entre as folhagens, sobre as pedras ao redor algumas velas fumegavam aromas tranquilizadores, propositalmente para fazer o rapaz dormir.


Aquela era a ilha de Tarakona, a mais distante de Barbaria, era o berço das lendas antigas e o ápice da conquista de muitos heróis. Tarakona significa Dragão nas línguas antigas e é dela que provém toda a magia que envolve esses seres e é nela que eles nascem. Há dois dias, um grande dragão branco com escamas grosseiras visitava a caverna atrás da cachoeira para verificar se o pequeno humano ainda estava vivo. Havia banhado ele com seu sangue para que seus ferimentos se curassem rápido, enrolado entre as folhas para que se conectasse com a magia da ilha e assim como os ovos, se fortalecesse, estava fraco demais e sem isso não sobreviveria.


Dragões não são os seres mais dóceis do mundo, mas, um dragão reconhece o outro e dragões cuidam um do outro.


Os dragões de Tarakona eram especialmente inteligentes, diferentes dos que nasciam nas demais ilhas, eles não seguiam apenas os instintos, eram capazes de raciocinar, entender os humanos e se conectar com eles. Foi assim que a raça dos cavaleiros de dragões surgiu entre os povos antigos, muito antes de Jakar ou Barbaria existir, quando não existia a divisão das dinastias, quando o povo era um só e possuía o coração digno da confiança de um dragão.


Quando Baekhyun acordou, muito mais do que perdido, se sentiu amedrontado com a visão do dragão branco que dormia deitado em volta do ninho. Se assustou ainda mais ao ver os três ovos a sua frente e em como eles eram quase do  tamanho da sua cabeça e principalmente, se maravilhou em perceber o quanto eram lindos. Se sentou entre as folhas um pouco tonto, as pernas e braços que estavam enrolados nas raízes do chão aos poucos foram sendo soltas, parecia que a natureza havia entendido que ele já estava bem.


Se pôs de pé caminhando sorrateiro pela caverna até se esgueirar para fora, passando por um vão entre a queda da cachoeira e o rochedo, precisou sufocar uma exclamação quando seus olhos visualizaram o que existia lá fora: dezenas de dragões, de todas as cores e tamanhos, voando livremente entre as árvores. Percebeu que estava a alguns metros do chão, a caverna ficava no início da queda d'água e não seria uma descida fácil até lá, pensou em pular mas não tinha certeza da profundidade do lago formado pela cachoeira.


Antes que pudesse pensar em uma forma mais segura de descer, sentiu ser pego pela camisa que vestia, desesperado percebeu que se tratava do dragão branco lhe segurando por uma das patas. Se encolheu com medo, fechando os olhos e se preparando para ser o café da manhã da criatura, no entanto, para sua surpresa, o dragão alçou voo em direção à margem do lago logo abaixo deles, colocando o garoto no chão em segurança  após pousarem.


Baekhyun caminhou entre as árvores em busca de frutos que pudesse comer, a todo momento o dragão o seguia com os olhos como se o vigiasse.


"Eu não sei o porque você me salvou, mas eu espero que não esteja planejando me comer no jantar." Ele riu nervoso encarando o dragão se bufou como resposta.


Conseguiu achar um pé de maçã e perdeu a conta de quantas comeu, não tinha noção de quanto tempo estava ali mas tinha certeza que morreria de fome se não encontrasse uma maneira de ir embora. Pensou em convencer o dragão a lhe levar a Barbaria, mas não sabia o quão destrutivo e agressivo a criatura poderia ser no meio de uma civilização.


"Você podia me mostrar como sair daqui não é? Eu preciso voltar para os meus amigos, eles precisam de mim." Baekhyun se aproximou do dragão vendo o mesmo erguer a cabeça balançando para os lados. "Acho que isso é um não." Suspirou.


O dragão apontou para a caverna com a cabeça, deixando o Byun confuso, antes que pudesse pensar em uma pergunta foi pego novamente e levado de volta a caverna. A criatura deitou em volta dos ovos e empurrou Baekhyun com a cabeça para que se aproximasse deles.


"São seus?" Ele perguntou vendo o dragão apenas bufar e se aconchegar mais próximo do ninho "Acho que isso é um sim, então você é uma mãe acredito, por isso cuidou de mim acha que eu sou um filhote." Rio soprado, o destino estava sendo bom demais consigo.


Baekhyun se sentou de frente para os ovos, eram talvez, as coisas mais bonitas que seus olhos já haviam visto. Tocou o primeiro, dourado e pomposo, estava frio e por um momento pensou que não existia vida ali, mas conseguia sentir um pulsar leve entre as escamas, provavelmente um dragãozinho calmo nasceria dali. O segundo, verde e liso teve receio de tocar a princípio, parecia escorregadio e pensou que o quebraria mas, a surpresa veio quando o tocou: pequenas pulsações elétricas correram entre seus dedos e quando afastou sua mão pode ver um raio se formar entre os dedos e a superfície do ovo, fascinante.


Então, encarou o terceiro, era negro e parecia inabalável como as paredes daquela caverna, tocou suavemente o ovo e se assustou com a sensação. Estava quente, quase pegando fogo, fervia o suficiente para queimar as mãos de qualquer ser humano mas as suas, as suas estavam confortáveis em toca-lo. Sentiu seu coração vibrar enquanto os dedos corriam curiosos pelas escamas, se aproximou mais e, quando colocou  as duas mãos sobre o ovo, a visão surgiu.


Pelos seus olhos passaram lapsos de lembranças que ele não sabia que tinha, talvez fossem seu futuro ainda desconhecido, mas ele montava um majestoso dragão negro de olhos amarelos como o sol, eles voavam livres pelo céu azul enquanto observavam o império lá do alto, era como se ele e o dragão fossem um.


Sentiu o corpo todo em chamas e quando voltou a si estava ensopado de suor, do ovo uma fumaça cinzenta saía. Encarou as próprias mãos percebendo uma marca que não estava ali antes, era uma escama, desenhada como se houvesse sido gravada com ferro quente. Olhou em volta e o dragão branco não estava mais ali, assim como os dois outros ovos que haviam sumido, por algum motivo entendeu, que o propósito de estar naquela caverna era aquele ovo negro pois ele era seu, pertencia a si tanto quanto ele mesmo parecia pertencer aquele lugar.




XxXxXxX



Seak, Capital de Barbaria - Dez dias após o naufrágio.



"Nós procuramos em todos os lugares, nenhum sinal dele." Yoora se pronunciou representando as tropas do norte.


Estavam na sala do conselho de Barbaria, a mesa redonda era composto por Yuri, seu marido Yifan, a líder Yoora, Chanyeol, Jongdae, Junmyeon, Kyungsoo, Jongin e Sehun. Chanyeol e os nortenhos haviam chegado à cinco dias e desde então as buscas por Baekhyun não pararam. Fora um alívio para o Park e os dois Kim encontrarem os amigos vivos e a salvo com a princesa, mas o desespero voltou a tomar conta quando nenhum deles soube dizer o paradeiro de Baekhyun.


"Precisa haver algum lugar que não fomos ainda." Jongdae se pronunciou aflito.


"Não quero te desesperar Kim, mas, estamos falando de um náufrago de dez dias atrás, é impossível que ele tenha sobrevivido à deriva em algum destroço ou até mesmo em um bote." Yifan se pronunciou, era possível sentir o pesar nas palavras.


"Não vou cancelar as buscas, Baekhyun está vivo e eu sinto isso." Chanyeol estava abatido, não dormia direito desde que chegaram.


"Há uma ilha onde não procuramos." Yuri se pronunciou chamando a atenção de todos "Mas não temos autorização para pisar nela, precisamos ser convidados por seus moradores."


"Certo, você é a rainha deste lugar, pode conseguir um convite pra nós." Kyungsoo parecia esperançoso com a ideia.


Yuri riu sem humor, estrangeiros sempre são tão ingênuos.


"Não se pode pedir um convite a um dragão." Ela sorriu "Tarakona é o berço do Sangue de Dragão, toda a magia da raça está concentrada na Ilha Anciã e nós só podemos entrar se o dragão mestre nos convidar."


"E existe alguma forma disso acontecer?" Jongdae questionou.


"Se o dragão te julgar digno o suficiente, ele permite que você conheça a ilha mas, somente aqueles que fazem parte da linhagem dos antigos cavaleiros de dragão possuem essa honra." Yuri explicou e em pouco o silêncio da sala foi tomado pela risada aguda de Sehun.


"Você só pode estar de brincadeira?! Isso é uma lenda para entreter crianças, dragões são seres irracionais só precisamos de uma boa estratégia para entrar na ilha e não sermos atacados."


"Vocês podem tentar se quiser, mas Yuri fala a verdade." Yifan defendeu a esposa, sua expressão antes preocupada agora estava fechada "Adianto que não retornaram vivos e se por acaso Baekhyun chegou até lá, o máximo que encontraram será sua ossada"


"Que seja, Yoora prepare os navios." Chanyeol se levantou deixando a reunião.


Se Baekhyun podia estar nesta ilha então ele enfrentaria até o último dragão para tê-lo de volta.



XxXxXxX



Ilha Anciã, norte de Barbaria.



O navio nortenho havia ficado a dois quilômetros da costa, por segurança Yoora ficara nele com seus homens, Chanyeol, Jongdae e Junmyeon remaram em um bote até chegarem a praia, Jongin Kyungsoo e Sehun ficaram em Barbaria, o sacerdote precisava relatar tudo a Ordem e não queria ser deixado sozinho. Quando o bote chegou a areia, os três rapazes entraram em estado de alerta, a frente uma mata fechada se levantava e em um raio de um quilômetro aos lados, nenhum sinal de dragão.


Junmyeon empunhava uma espada, Jongdae um machado e Chanyeol uma lança dupla, uma arma comum no norte e que fora dada pela irmã antes de descerem do navio. Caminharam sem maiores problemas entre as árvores, estava tudo tão silencioso que os três pensaram que teriam sido aceitos pelo dragão mestre no entanto, entre as sombras eles eram observados pelos dragões que acompanhavam cada movimento. Não era a pretensão que ocorresse um ataque, eles sentiam que as intenções dos corações dos humanos eram certas e por isso, não os trataram como um real perigo.


O problema começou quando os olhos de Jongdae brilharam em direção a dois ovos perdidos entre as folhas numa clareira na floresta. Um ovo dourado e um esverdeado, pareciam lhe chamar para mais perto, se aproximou sorrateiro para observar mais de perto, Junmyeon e Chanyeol o seguiram com receio.


"Fascinantes." Jongdae tinha um sorriso largo no rosto. "São como jóias preciosas do tamanho da nossa cabeça, já imaginaram o quanto eu conseguiria pesquisar sobre as espécies se levasse só um deles pra casa?"


"Jongdae, não se atreva, esses ovos não são seus." Junmyeon repreendeu tentando puxar o garoto para longe.


"Você está vendo dragões por aqui? Pois eu não estou." Fez uma careta para Junmyeon, tirando do bolso da calça um saco marrom.


"Você anda por aí com sacos?" Chanyeol franziu o cenho.


"Nunca se sabe quando vamos precisar colher umas amostras, eu sou um cientista Chanyeol, gosto de coisas novas."


"Coisas novas e mortais, porque é isso que vai acontecer se tirar esses ovos do lugar: vamos morrer." Junmyeon respondeu, carrancudo.

 

Antes que Jongdae pudesse responder, um rugido pode ser ouvido por toda a ilha, seguido de uma forte chama de fogo azul que cruzou as árvores incendiando-as, Chanyeol e Junmyeon correram em direção à praia deixando Jongdae para trás, esse que aproveitou para colocar os dois ovos no saco. Os três corriam o mais rápido que podiam, porém aos poucos perceberam que estavam cercados, de todos os lados, de todos os tamanhos e formas surgiram dragões até que um majestoso dragão branco bloqueou a passagem dos três, ele os observava como se pudesse ler seus corações.


Os três garotos permaneceram imóveis por segundos que pareceram anos, o dragão os analisava e por fim percebeu que Jongdae carregava algo que não lhe pertencia. Passou a encara-lo de maneira intimidadora, enquanto em suas entranhas a bola de fogo azul se preparada para ser liberada sobre o corpo pequeno do Kim. No entanto, uma quarta presença humana o fez parar.


"Não!" A voz de Baekhyun pode ser ouvida, estava aflita enquanto corria em direção aos outros. "Não pode machucar eles!" Gritava para o dragão que passou a encara-lo.


"Baekhyun!" Chanyeol exclamou indo em direção ao Byun e o abraçando. "Pela deusa você está vivo!"


"Estou, mas não vamos continuar por muito tempo se ela não permitir." Apontou para o dragão que parecia curioso vendo a cena. "Sei que está com medo e que invadiram a sua casa, mas eles só estavam procurando por mim, porque se preocupam como você se preocupou." Se aproximou do dragão que aos poucos parecia mais calmo.


"Ele tá mesmo conversando com o dragão?" Junmyeon sussurrou atônito.


"Toma, eu trouxe o seu ovo até você, esqueceu dele quando foi embora da caverna." Nas costas, Baekhyun carregava o ovo negro em uma bolsa feita de folhas.


No entanto, o dragão não aceitou o ovo de volta, Baekhyun tentou entregá-lo por duas vezes e nas duas, a criatura empurrava em sua direção com a cabeça.


"Certo, vocês pegaram algo?" Baekhyun se voltou para os amigos, viu Jongdae suspirar.


O Kim pegou o saco com os ovos que havia roubado colocando aos pés do dragão, que imediatamente tomou na boca, porém, como se algo houvesse sido desperto na criatura, ele voltou a encarar Jongdae fixamente e em seguida devolveu para o humano os ovos coloridos.


"Acho que ela confiou em você." Baekhyun sorriu.


"Porque tem tanta certeza que é ela?" Jongdae questionou confuso.


"Só uma mãe salvaria um filhote a deriva, ela me salvou do mar e me manteve vivo."  Baekhyun se aproximou do dragão que permitiu que ele lhe acariciasse a cabeça. "Eu preciso que você permita que eu vá para casa." Sussurrou e em instantes a majestosa criatura alçou voo, liberando a passagem.


Caminharam em silêncio até a praia, tomando o bote e remando até o barco onde Yoora os esperava aflita. Mal entraram na embarcação e Chanyeol foi alvo do abraço preocupado da irmã.


"Vimos o fogo, pensei que estivessem mortos!" Yoora exclamou, preocupada.


"Estamos bem, graças a Baekhyun." Chanyeol sorriu, desfazendo o abraço e puxando o menino pela mão "Yoora, este é Byun Baekhyun, Baekhyun, está é minha irmã caçula Park Yoora, a líder do norte."


"É uma honra conhecê-lo, é bom te ter na família Baekhyun."


"Obrigado." Sorriu, se virando para Chanyeol abaixou o tom de voz. "O que ela quer com família?"


"Uma longa história Baek, eu prometo esclarecer tudo, mas antes você precisa descansar."


"Não, antes você precisa me dar um abraço!" A voz de Jongdae se fez presente ao mesmo tempo que ele agarrava o amigo pela cintura. "Senti sua falta irmão, pensei que tinha te perdido."


"Não cruzo o rio sem você, esqueceu?" Baekhyun sorriu, juntando as testas de ambos em uma silenciosa demonstração de amor.


Riram juntos e por um momento podiam suspirar aliviados, estavam todos vivos e voltariam ao curso da missão em breve. O que nenhum deles podia contar eram com os três ovos de dragão guardados em uma das caixas do navio, que a cada minuto que passava se tornavam mais quentes e prestes a rachar.



Notas Finais


Byun Baekhyun, o Escolhido de Tarakona, Pai dos Dragões, o primeiro de seu nome /parei

Seria Baekhyun a nossa Daenerys? Prometo que ele não vai tacar fogo em tudo.

Eu conto com o apoio de vocês, aceito comentários, pode chamar no twitter @milksebun ou se preferir temos um mini (bem mini mesmo) grupo do whats que as vezes eu solto umas ideias dos próximos capítulos, é só pedir o link. É isso, obrigada por ler até aqui.

XOXO <3


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