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História A Lei do Casamento - Dramione - Capítulo 2


Escrita por: Silver-Shades

Notas do Autor


Ooooi, amores!
Quero dizer que estou muito feliz com a resposta ao primeiro capítulo!
Um agradecimento especial a @camilagomes94, @Alassea, @chris_chris, @anjaencantada, @Plummitt, @m-peppy, @JGMalfoy e @biachasemalfoy pelos comentários maravilhosos!

Capítulo 2 - Capítulo 2


O falatório que se seguia dentro da sala de visitas estava deixando Draco com dores de cabeça. Sentado em uma cadeira muito cara de couro marrom envelhecido, ele tomou o restante do líquido em seu copo e se dirigiu ao bar no canto do cômodo para enchê-lo novamente.

Theo, Blásio, Pansy e Daphne estavam em sua casa. Aos sábados à noite, como naquele dia, e algumas vezes na sexta-feira ou no domingo à tarde, o grupo de sonserinos se encontrava na Mansão Malfoy para jogar conversa fora, fazer apostas de pôquer ou esvaziar garrafas de Whisky de Fogo em frente à lareira. Porém, aquele dia claramente era uma exceção. Todos estavam falando sobre a maldita Lei do Casamento. Draco só queria distância desse assunto. Já bastava a conversa que teve com sua mãe.

━ Ainda não consigo acreditar que o Ministério aprovou isso. Potter não tem influência suficiente com o ministro? Não é possível que ele deixaria algo assim ir em frente e interromper seu namorico com a Weasley-fêmea ━ Daphne começou, e Draco revirou os olhos. Não era a primeira vez que ela se referia ao testa rachada e à Weaslette com ironia. Parecia uma adolescente nervosa quando o nome “Potter” entrava no assunto.

━ Lei barrada ou não, você está livre, Daphne ━ Pansy respondeu rapidamente. ━ Pior para nós, que precisaremos seguir essa baboseira e nos casarmos sabe-se lá com quem. Não mexendo na minha herança está tudo ok, nascido-trouxa ou não. Uma pena que apenas um filho é o passaporte de saída desse casamento, mas acho que cada um pode seguir sua vida e pronto.

━ Acho que está fora do alcance de Potter ━ Theo voltou ao questionamento da Greengrass mais velha. ━ Caso contrário, a lei teria sido barrada logo no Wizengamot. O papo que corre no Ministério é que há meses pensam na lei. O Departamento de Relações Bruxas só estava definindo os detalhes para enviar o projeto para a votação...

━ O que eu sei ━ Blásio interrompeu ━ é que seremos obrigados a nos casar com sangues-ruins. Um brinde a isso. Espero que pelo menos arranjem uma mulher gostosa para me satisfazer e depois limpar a sujeira, como elfo doméstico ━ falou sarcasticamente, arrancando uma risada nasalada de Draco.

A realidade era que apenas Draco e Blásio ainda tinham o ideal purista enraizado no cérebro. Theo, agora sem pai para obedecer, não se importava com toda a “diluição do sangue puro” que Draco insistia em discutir. Ser aceito por McGonagall novamente em Hogwarts, para ele, fora a segunda chance que jamais imaginava ter. Então ele se agarrou a essa nova chance, formando-se com notas máximas no N.I.E.M. e entrando no Ministério da Magia, no Departamento de Cooperação Internacional em Magia.

Mas Draco não podia reclamar. Todos ali sofreram com o final da guerra e passaram por alguma dificuldade, e cada um deles havia seguido seu caminho, tentando vencer os fantasmas do passado e atingir algum sucesso.

Daphne foi prometida a um bruxo sangue-puro antes da Batalha de Hogwarts, com um contrato assinado entre as duas famílias. Os Greengrass não se posicionaram na guerra e, dessa forma, estavam limpos. Esse arranjo não era incomum para as famílias puro-sangue, mas acontecia por dois motivos específicos: proteção da riqueza da família e geração de herdeiros de sangue-puro para continuar a linhagem. Logo após a queda de Voldemort, Daphne saiu da casa dos pais e foi morar com o homem, nenhum dos dois realmente feliz com o arranjo. Porém, concordaram em manter o acordo para não se enquadrarem na lei, e como o casamento não contou com uma cerimônia de união mágica, tecnicamente, ambos estavam livres para seguir suas vidas como quisessem, livrando-se apenas da prestação de contas com o Ministério.

Blásio voltara à propriedade de sua mãe na Itália e assumira alguns negócios familiares de vinícolas, trabalhando com a exportação de matéria-prima para a produção de vinhos na Inglaterra. Ele também começara sua linha de garrafas especiais dos mais variados vinhos, com diferentes fermentações e teor alcóolico, tornando-se famoso ao redor da Europa com seu produto.

Pansy não tinha um contrato de casamento igual ao de Daphne, portanto teria que se casar com um nascido-trouxa, assim como seus amigos. Seus pais ainda estavam vivos, mas não possuíam o mesmo prestígio ━ mesmo que pequeno ━ da família Greengrass, uma vez que seu pai fizera alguns acordos com Voldemort e tudo fora passado ao Ministério. Por sorte, não houvera julgamento, já que nenhum Parkinson esteve envolvido com casos de assassinatos, torturas ou algo semelhante, mas não podia tentar a sorte com um suborno ou arriscar arranjar um casamento e passar por cima da Lei.

E Draco, bem, toda a herança fora passada para seu nome e ele se tornara o chefe da família após a prisão de Lucius. Ele se esforçou muito na tentativa de limpar o nome Malfoy no mundo bruxo, encerrando os negócios clandestinos. Também criara sua própria companhia produtora de poções, seguindo o exemplo de Blásio, para exportação em outros países da Europa. Como não voltara para Hogwarts devido à prisão domiciliar, todo seu tempo livre fora gasto estudando a papelada e os negócios da família, obtendo todo o conhecimento para prover o melhor cuidado para sua mãe e ele mesmo.

E todos estavam no mesmo barco novamente. Parecia o final da Batalha de Hogwarts: sentados juntos, com as vestes rasgadas e sujas, no canto mais distante do salão principal de Hogwarts, longe do Trio de Ouro e seus amigos, imaginando qual seria a punição de cada um por terem pais Comensais, uma marca negra no braço, uma tentativa de entregar Potter a Voldemort. Mas agora, dois anos depois, todos estavam bem vestidos, mais ricos, desfrutando do melhor whisky e conforto, porém não mais importantes para o mundo bruxo, tentando vislumbrar o que a vida estaria lhes destinando com a Lei do Casamento.

• ───── ✾ ───── •

O dia seguinte ao jantar com os Weasley foi um domingo, e Hermione acordou bem cedo, tendo perdido o sono pouco depois do amanhecer. O relógio do quarto indicava que já se passavam das 7h00 e os feixes dourados batiam na parede paralela à cama, iluminando parcialmente o quarto. Ela se levantou, foi ao banheiro fazer sua higiene matinal, e logo desceu para preparar um chá e o café da manhã.

A noite anterior não foi nada do que esperava. Sabia, é claro, que Rony não superaria o término da noite para o dia, mas um casamento entre eles estava fora de cogitação. Basicamente, seria trocar seis por meia dúzia. Mesmo que Rony fosse um amigo, a situação do casamento não seria nada aceitável. Viveriam entre brigas e discussões, como da primeira vez em que se relacionaram romanticamente. 

Mas o que Harry dissera não saía de sua cabeça. Será mesmo que ela estava sendo tão ingênua ao pensar que essa Lei do Casamento poderia lhe trazer um relacionamento duradouro? Havia uma chance real de que seu futuro marido a entendesse, apoiasse, e até mesmo a amasse? Amasse um filho?

Seu raciocínio logo se foi para os possíveis candidatos com quem ela poderia ser pareada pelo Ministério. Pegando seu chá, caderno e caneta, foi se sentar no balcão da cozinha para colocar a cabeça para funcionar. Ela agiria como a mulher organizada e preparada que sempre fora em Hogwarts, e então faria uma lista com todos os homens puro-sangues que conhecia para pesquisar sobre eles.

No momento em que estava se acomodando, as chamas verdes do flu rugiram em sua sala, revelando uma Gina Weasley com um sorriso contido.

━ Oi, Mione. Bom dia! Como você está? Eu sinto tanto por não ter falado nada ontem à noite! Estava receosa de apenas te chatear ainda mais, ou deixar Rony mais irritado ━ a ruiva se desculpou, aproximando-se da amiga e lhe oferecendo um abraço apertado. ━ Desculpe, desculpe, desculpe!

━ Gin, está tudo bem. Confesso que fiquei sim um pouco chateada com os dois, e por isso vim embora tão rápido. Mas acho que Harry pode ter razão. E se eu for pareada com alguém insuportável? E se eu tiver sido iludida com a situação, achando que teria uma vida feliz? ━ Hermione choramingou, ganhando mais um abraço da amiga.

━ Olha, Hermione, não vou dar razão para ninguém nessa história. Sempre acreditei na mudança interior de uma pessoa, mas isso não depende só de mim. Olha só para Percy! Quem diria que aquele fantoche do Ministério acordaria para a vida e mudaria totalmente suas ações? Ele foi capaz de ver como estava errado e como foi injusto conosco. Mas da mesma forma que ele mudou totalmente após a guerra, alguém pode ter continuado acreditando em toda a baboseira puro-sangue, sem se importar em mudar o comportamento. Você tem que pensar nesses dois lados.

━ Eu sei. Estive pensando nisso, e antes mesmo de você chegar estava querendo anotar os nomes dos possíveis candidatos que conheço. Pensei que dessa forma eu poderia me preparar melhor para meu futuro, até mesmo pesquisar um pouco sobre a vida de cada um e ver o que me aguarda.

━ Mas Hermione, considerando que é o Ministério quem vai parear os casais, qual a chance de você ficar com alguém da lista? Não conhecemos todos os puro-sangues da Londres Bruxa, e mesmo que não fosse o caso, é o teste de compatibilidade de personalidade que manda ━ a ruiva a questionou.

Hermione bufou resignada.

━ Certo, certo! Você tem razão. Acho que dessa forma eu estaria me iludindo, listando os possíveis candidatos, quando na verdade, minha situação pode ser totalmente diferente. Como você acha que vai ser, de acordo com o que o Profeta escreveu?

━ Olha, não tenho muito certeza. Basicamente, deve ser uma avaliação física e psicológica, unida com nosso formulário. Não consigo imaginar uma forma deles descobrirem como parear os casais com mais de 90% de compatibilidade. Só se o Departamento de Mistérios conseguiu criar algum feitiço específico para isso ━ Gina respondeu com um olhar pensativo.

━ Sinceramente? Não duvido nada. Não deve ser difícil criar um feitiço de combinação. Acho que alguma teoria rúnica daria o suporte para isso.

━ Esqueci que estava falando com a bruxa mais brilhante da nossa geração. Não sei como eles não te chamaram para criar isso! ━ Gina riu com a ironia, ganhando um arquear de sobrancelha por parte da amiga, e um sorriso divertido logo em seguida.

━ Jamais me chamariam. Estou diretamente envolvida com a Lei, seria um conflito de interesses ━ Hermione suspirou novamente, pensando em sua próxima pergunta. ━ E o motivo principal da Lei? Sabemos que essa história de “eliminar o preconceito entre as raças” é só conversa.

━ Sim, eu também acho que é. Olha, entendi que os casais devem ter, pelo menos, um filho dentro desse casamento. E com isso, caso queiram, podem pedir o divórcio em seguida. Eu, pessoalmente, não queria que meu filho crescesse sem o lado paterno presente, mas também não sei se quero engravidar. Minha carreira como Artilheira está só começando, e como não haverá nenhum tipo de influência na vida pessoal de cada um com o casamento, pensei que não haveria problema em investir nela primeiro. E de qualquer forma, também prefiro conhecer melhor a pessoa antes de sair tendo filho só para me livrar do Ministério ━ Gina terminou e Hermione assentiu em concordância.

━ Também acho que não haverá influência em nossas carreiras, e concordo com sua opinião de esperar. Mas você tem sorte, Gin. Dificilmente seu futuro marido terá alguma objeção contra isso. Agora, comigo? Os puro-sangues são cheios de regras da sociedade. Espero que isso não aconteça, mas também não duvido que a família em que irei entrar queira que eu abandone tudo em prol de criar herdeiros, considerando que não haja objeção em ter filhos mestiços ━ a morena respondeu calmamente, com um pingo de tristeza no tom de voz.

Gina rapidamente cortou o assunto, antes que piorasse o humor de Hermione. 

━ Vamos finalizar por aqui tudo bem? O que podemos fazer é torcer pelo melhor, e convenhamos, você é extremamente inteligente e lógica. Vai achar uma solução para qualquer coisa! E independentemente disso, ainda terá seus amigos como suporte ━ finalizou, sorrindo fraternalmente para a amiga. Logo ela se levantou da cadeira, engoliu o restante do chá e puxou a mão de Hermione. ━ Vamos! Vamos sair um pouco. Podemos ir até o Beco Diagonal comprar algumas roupas e depois almoçar no Caldeirão Furado. 

Hermione revirou os olhos, mas concordou com a amiga.

━ Tudo pode ser esquecido com compras, não é mesmo? ━ Ela riu divertida. ━ Mas OK, vamos então.

• ───── ✾ ───── •

Na segunda-feira de manhã, Hermione estava se preparando para o trabalho. Sua noite, e posteriormente seu sono, foram tranquilos, resultantes do cansaço do dia anterior por ter passado a tarde com Gina Weasley. Elas almoçaram, compraram roupas novas, discutiram mais um pouco sobre a lei, e Hermione comprou alguns livros. Depois de um café, cada uma seguiu o caminho para casa. 

A partir daquele dia, ela, sua chefe Rose e um funcionário do Departamento de Cooperação Internacional em Magia começariam os preparativos do novo projeto para os Centauros, pedindo a delimitação das terras em que viviam, o fornecimento de proteção mágica para que não fossem atacados e o que mais fosse preciso para que o mundo bruxo passasse a ver as criaturas como seres providos de sentimentos. Seria o primeiro projeto pioneiro de sua carreira, e uma aprovação a colocaria no mapa da regulamentação das Criaturas Mágicas. O novo projeto, em um primeiro momento, abrangeria apenas Londres, mas Hermione almejava levar toda a mudança legislativa no que diz respeito às criaturas mágicas aos outros países da Europa, e depois ao mundo.

Um passo de cada vez.

Theodore Nott seria seu parceiro nesse projeto. Para novas criações de leis, ou a remodelação das mesmas, agora era necessário a participação do setor de legislação do DCIM. A hierarquia no Ministério ainda tinha pontos bagunçados após a guerra, as áreas ainda estavam sendo atualizadas e passavam por mudanças, a fim de melhorar a interação e facilitar os projetos interdepartamentais. 

Ele voltara a Hogwarts no mesmo ano que ela. Eles não eram amigos antes, mas com o final da guerra, a situação era diferente. Ele estava tentando. Estava se reconstruindo, assim como ela. Seu pai foi morto na Batalha de Hogwarts, tornando-o órfão, assim como ela. Seus amigos não voltaram para a escola, assim como os dela. Talvez os sonserinos não fossem tão ruins assim, no fim das contas. Talvez apenas não tenham tido para onde correr no meio de uma guerra. Talvez não tivessem opção. Eram muitos “talvez” em sua cabeça.

Eles trombavam nos corredores, faziam aulas juntos, mas não conversavam, apenas estavam cientes da presença um do outro, da história de vida de cada um até o momento. Um aceno de cabeça aqui, um olá ali, mas nada além. Ele se formou com notas máximas no N.I.E.M.s e logo entrou no Ministério, assim como ela. Eles pareciam ter muito em comum, mas nenhuma amizade havia surgido, até então.

Com o novo projeto para os Centauros, essa amizade em potencial poderia crescer. De fato, eles teriam que passar muito tempo trabalhando juntos. E um novo amigo não faria mal, não é mesmo? Harry estava sempre ocupado com os deveres de auror. Rony, bem, a situação ainda não era boa, e Gina sempre seria sua amiga, independente de qualquer coisa, mas também seguiu seu caminho com as Harpias, ficando muito tempo longe com treinos e jogos. Certamente um novo amigo não faria mal, mas ela não esperava nada dele.

Pegando todo seu material de estudo, relatórios e anotações sobre os Centauros que havia arquivado até agora, encheu sua caneca térmica com café fresco e saiu em direção à lareira para pegar o flu e entrar direto em seu escritório.

Depois de inúmeras invasões no Ministério durante a guerra, inclusive a dela própria para pegar o medalhão de Umbridge, o Ministro Shacklebolt e os aurores fizeram feitiços de ligação e reconhecimento nas lareiras correspondentes às casas dos funcionários, levando-os diretamente ao seu departamento de trabalho. Apenas visitantes usavam as passagens para o átrio principal agora, reduzindo drasticamente o número de pessoas que circulavam ali, e tornando mais fácil barrar a entrada de alguém, caso necessário.

O escritório das Criaturas Mágicas já estava lotado àquela hora da manhã. Era um grande departamento, localizado no sexto andar do Ministério. As salas tinham um tamanho adequado para trabalhar e receber visitas, se e quando necessário. Cada sala era decorada com móveis de madeira, assentos confortáveis e um banheiro simples. Hermione colocou o café e os documentos em sua mesa e se dirigiu ao escritório de Rose, para decidirem o primeiro passo a ser seguido.

O escritório da chefe do departamento era um pouco maior que os outros do andar. A porta branca de vidro fosco com detalhes escuros estava fechada, talvez indicando a presença de outra pessoa lá dentro. Hermione levantou a mão para bater, mas foi chamada por Rose, provavelmente já esperando a visita. Ela não demorou a abrir e entrar, percebendo que realmente havia outra pessoa ali. Rose estava de pé perto de sua mesa, olhando para alguns papéis espalhados, e se virou em direção à porta com um sorriso radiante, acenando com a cabeça para ela se aproximar.

━ Entre, Hermione. Theo chegou faz pouco tempo. Estamos organizando a primeira fase do projeto.

Rose era uma mulher mais velha de estatura mediana, com os cabelos vermelhos escuros. Extremamente inteligente, começou sua carreira no Ministério exatamente no mesmo estágio que Hermione, décadas antes, tornando-se chefe depois de um tempo. Não era preciso dizer o quanto ela gostava da morena, sempre lhe passando todo o conhecimento que obteve. Ela já sabia que Hermione seria sua sucessora no cargo, então faria o possível para prepará-la para o trabalho.

━ Olá, Rose. Bom dia! Como foi o final de semana? ━ Hermione a cumprimentou, estendendo a mão para um aperto profissional, mas carinhoso. Desviando o olhar para o homem, estendeu a mão para ele, dessa vez sorrindo timidamente. ━ Oi, hum… Theodore. Acredito que você irá trabalhar conosco por um tempo. Bem vindo ao departamento.

━ Bom dia! Obrigado ━ ele respondeu educadamente. ━ Espero ser muito útil e estou feliz por trabalhar com vocês. Agradeço o convite, Rose.

Rose acenou com as mãos impacientemente. 

━ Bem, bem. O final de semana foi ótimo, estamos bem e Theo merecia a oportunidade. Fim da enrolação. Temos muito a ser feito, e conversas aleatórias apenas irão nos atrasar. Estávamos definindo o primeiro passo do projeto, e acredito que, antes de qualquer coisa, precisamos definir a população centáurea remanescente no país e onde eles estão vivendo. Também seria interessante avaliar se há centauros mais novos, ou se durante esses dois anos eles foram atacados. Dessa forma podemos definir quais proteções seriam as melhores, e se precisaremos recrutar outros departamentos para o projeto.

Hermione e Theo assentiram em concordância. Ela já havia pensado em tudo isso antes, é claro, seu raciocínio trabalhara junto com o de sua chefe desde o início, o que facilitava o processo.

━ De acordo, chefe. Acho que damos conta dessa primeira parte. Conheço algumas terras para as quais o rebanho que vivia em Hogwarts fugiu, e acho que um membro que conheci durante a escola sobreviveu à guerra. Ele pode nos ajudar. ━ Hermione olhou para Theodore, que acenou confirmando a ajuda.

━ Tudo certo por enquanto, então. Vocês podem me trazer um relatório até sexta-feira? Uma semana deve ser o suficiente para vocês se prepararem para viajar e reunir todas as informações.

━ Tudo bem! ━ ambos responderam juntos, sorrindo levemente com o ocorrido. Olhando para Theodore, ela continuou: ━ podemos nos encontrar no almoço para conversarmos sobre os detalhes? Durante a manhã vou reunir o que conseguir para nos ajudar. 

Ele assentiu com a proposta e agradeceu Rose novamente. Despedindo-se das duas mulheres na sala, pegou sua maleta de trabalho e saiu do escritório, fechando a porta com um pequeno clique.

━ Senti um pouco de desconforto, Hermione. Foi só você chegar que ele ficou estranho, ele estava falando abertamente sobre o caso comigo, até sugeriu algumas coisas. Perdi alguma coisa aqui? Vocês estão juntos? Vocês estiveram juntos? ━ Rose se sentou em sua cadeira estofada, arqueando uma sobrancelha divertida para a morena.

Hermione repetiu o movimento e se sentou do outro lado da mesa, suspirando levemente antes de falar:

━ Não aconteceu nada entre nós, curiosa. Não somos amigos. Ele voltou para Hogwarts no mesmo ano que eu após a guerra. Considero-nos conhecidos, apenas. Nunca trocamos mais que duas ou três palavras durante esse tempo.

━ Ele é um ótimo garoto. Recebi boas referências do chefe do DCIM, por isso o escolhi para trabalhar conosco no projeto. Lógico que a morte do pai dele não foi um desserviço para o mundo bruxo, mas não deve ser fácil estar sozinho e sem família. Você entende bem o sentimento, minha querida.

Rose era uma das únicas que sabia o que Hermione fizera com seus pais no ápice da guerra. E também sabia que ela não tivera sucesso em reverter o feitiço, sendo obrigada a ficar longe deles. Não foi fácil, e a mulher mais velha sempre esteve com Hermione, ajudando no que podia. Nesse caso, enchendo-a de trabalho para espairecer a mente. Merlin sabia como a jovem gostava de ler e resolver problemas. 

━ Sim, eu sei, Rose. Obrigada ━ Hermione respondeu em voz baixa. ━ Mas concordo com você. Pelo menos em Hogwarts, ele sempre foi um aluno dedicado e tinha notas tão boas quanto as minhas no último ano. Vai ser uma ótima adição ao nosso time ━ ela terminou com um sorriso leve.

━ E a Lei do Casamento? Já sabe o que vai fazer?

Hermione bufou. Ela, por um momento, esquecera-se desse fato. 

━ Para falar a verdade, pensei muito e em nada ao mesmo tempo. Acho que só saberei o que fazer depois que receber a carta com o nome do meu futuro marido. Não quero me iludir com alguém hipotético, e nem esperar o pior da situação.

━ Quem sabe seu futuro marido não é Theodore Nott, hum? Já sabemos que ele é um bom garoto, vocês têm coisas em comum, e… ━ Rose conteve um sorriso, mas não interrompeu o que ia dizer ━ ...teriam filhos lindos, inteligentes e babões.

Hermione arregalou os olhos em descrença do que estava ouvindo, mas não deixou de rir com a insinuação.

━ Eu não disse que não queria me iludir? Pensar em alguém específico vai fazer exatamente o contrário! ━ Ela se levantou rapidamente, na intenção de voltar à sua sala. ━ Preciso ir se quiser apresentar os dados para Theo no almoço. Tenha um bom dia e me chame se precisar.

Mas antes que pudesse sair, Rose a chamou novamente, fazendo-a se virar para olhar em sua direção.

Theo, hein? Bom trabalho, Hermione. Feche a porta quando sair, por favor. ━ Ela voltou aos papéis que estavam sobre a mesa, mas o sorriso em seu rosto era explícito, deixando Hermione com as bochechas levemente rosadas enquanto fechava a porta para se dirigir a sua sala.

• ───── ✾ ───── •

Hermione olhou para o relógio em sua mesa e viu que já estava na hora do almoço, e consequentemente de se encontrar com Theo... Theodore Nott. Maldita Rose e sua língua. Agora ela pensaria nisso como um problema de transfiguração. E se realmente eles fossem pareados juntos? Pelo menos não seria tão ruim assim. Eles trabalhavam no mesmo local, poderiam se conhecer melhor.

Pare, Hermione. Não se iluda com a situação.

Empurrando os pensamentos indesejáveis para o fundo do seu inconsciente, ela pegou toda a pesquisa que fizera até o momento e guardou em uma pasta branca. Levantou-se de sua cadeira, ajeitou as vestes e seguiu em direção a porta, sendo interrompida por duas batidas contidas ao mesmo tempo em que colocou a mão na maçaneta.

Theo estava... Nott. Melhor. Nott estava parado na soleira da porta, com as mãos no bolso e um rosto sem expressão, olhando para ela. Ele limpou a garganta antes de falar, aparentemente nervoso.

━ Ahn… oi! É… eu pensei que poderíamos almoçar no Beco Diagonal, talvez no Caldeirão Furado. ━ Ele passou a mão pelo cabelo castanho curto, visivelmente nervoso. ━ Acho que poderia ser mais calmo para discutirmos a primeira fase do projeto, sabe… podemos trabalhar melhor assim… a não ser que...

Hermione estava estática com a visão à sua frente. Ele estava chamando-a para almoçar em outro lugar. Com a desculpa que seria para trabalhar. Ele estava se preocupando com o bem-estar, no intuito de fazerem um bom trabalho.

Imersa em seu pensamento, ela nem notou quando o homem parou de falar, perdendo metade da frase. Balançando a cabeça, reorganizou seus pensamentos, mas ele começara a falar novamente.

━ Mas se você quiser… também podemos ficar aqui. Ahn, o que você achar melhor… Bem, você é a assistente da chefe, eu não devia ter me metido…

━ Theo, pare! ━ Droga. Ela se recompôs do erro que acabou de cometer. ━ Não se preocupe. É claro que podemos ir. Realmente um lugar mais calmo fora do refeitório facilitaria o trabalho, e o Caldeirão está ótimo. Deixe-me só pegar minha bolsa ━ ela respondeu educadamente, virando-se e tentando esconder a vergonha por chamá-lo pelo apelido. 

Sério, Hermione? Nem um dia trabalhando com ele e já está assim? Ele com certeza acha que você é louca e vai pedir para sair do projeto.

Respirando fundo e colocando uma feição estóica no rosto, ela se aproximou dele para saírem. Eles seguiram para o elevador, indo até o átrio, e então usaram o flu para o Beco Diagonal, chegando diretamente ao restaurante. Escolheram uma mesa mais ao fundo, longe da porta, mas visível aos atendentes. Assim que se acomodaram, dois menus flutuaram em sua direção, abrindo na seção do almoço.

━ Hum… o que vai pedir? ━ ela perguntou receosa. Sem “Theo” dessa vez.

Ele levantou os olhos do cardápio e olhou para seu rosto, torcendo a boca em indecisão.

━ Não sei, quase nunca venho aqui.

Hermione fez uma careta e estranhou. Por que alguém que quase nunca frequentava um determinado lugar a convidaria para ir exatamente neste lugar?

Antes que ela pudesse abrir a boca, Theo continuou.

━ Não me entenda mal, por favor! ━ disse com os olhos arregalados. ━ Geralmente não venho com ninguém aqui durante o almoço, costumo ficar no refeitório do Ministério, ou almoçar na minha sala, ou almoço com meu amigo e sua mãe na casa deles.

Hermione assentiu e sorriu levemente.

━ Eu gosto muito do bife com fritas, mas o prato vegetariano também é sensacional. Acho que vou pedir ele e um suco de abóbora.

━ Então irei te acompanhar.

Ela sorriu para a resposta e chamou o garçom.

Os sucos chegaram primeiro e eles tomaram um gole. O silêncio era claramente palpável, ambos nervosos com a situação que estavam. Mas Hermione foi a primeira a falar novamente.

━ Rose falou muito bem de você. Acho que vamos trabalhar bem juntos. ━ Ela ofereceu um sorriso simpático, tentando puxar assunto.

━ Bem, você é Hermione Granger. Em que mundo você faz algo que não fica bom? ━ ele arriscou a brincadeira, recebendo uma risada leve em troca.

━ Obrigada. ━ Ela manteve o sorriso, gostando do humor do homem à sua frente. ━ Você esteve na minha cola durante o oitavo ano. Teve tantas notas boas como eu. ━ Ele assentiu, também sorrindo. ━ O que te trouxe ao Ministério?

Theo tomou mais um gole de água, mas não deixou de responder a pergunta.

━ A guerra… bem, eu não estava nos eixos. Não pertencia àquele caos. Meu pai… ━ ele suspirou, chamando a atenção de Hermione.

━ Por favor, não fale. Me desculpe ━ ela se apressou em cortar o assunto ━ Não queria ser inconveniente…

━ Não se preocupe, está tudo bem ━ ele a confortou e continuou: ━ meu pai não era uma boa pessoa, você sabe disso, e quando ele morreu… eu quis fazer algo de bom com o “legado” que ele me deixou. Então decidi voltar à Hogwarts, estudar o máximo possível e conseguir um trabalho onde eu pudesse fazer o bem. Ajudar a criar ordem nesse mundo em que vivemos. Deixá-lo melhor para os que viriam depois de mim ━ ele terminou com olhos voltados para baixo, claramente envergonhado com a confissão.

Hermione chamou sua atenção, pegando sua mão que estava próxima do copo e a soltando em seguida. Ela não fazia ideia do que estava dando nela, mas as palavras de Theo tocaram seu coração, lembrando-a de que estava fazendo o mesmo com sua vida. 

━ Isso é muito bonito! Fico feliz por você estar seguindo esse caminho. ━ Ela ofereceu um sorriso maior dessa vez.

Os pratos chegaram logo em seguida, cortando qualquer resposta que Theo pudesse lhe dar. Eles comeram em silêncio, vez ou outra apenas trocando um olhar tímido, mas logo desviando para qualquer outro lugar. Ao final da refeição, ele olhou para o relógio e quebrou o silêncio.

━ Bem, temos aproximadamente quarenta minutos para falarmos sobre o projeto. Você havia dito mais cedo que iria reunir algumas informações para me mostrar?

Hermione assentiu e pegou sua bolsa, retirando a pasta branca de dentro dela, abrindo-a para espalhar alguns papéis sobre a mesa.

━ Sim! Eu conheci o rebanho de Centauros que residia em Hogwarts, e um dos membros mais antigos, Ronan, ainda está vivo. Consegui a localização dele através de um amigo, e acho que podemos nos preparar para visitar essas terras. Pode ser um bom começo. 

━ Ótimo. Podemos levar alguns suprimentos também, talvez algumas poções de cura, visto que não sabemos o que podemos encontrar lá. Tenho um amigo que pode conseguir para mim ━ ele falou profissionalmente. Sequer parecia a mesma pessoa nervosa de pouco tempo antes.

Hermione assentiu novamente em concordância, anotando nos papéis o que estava sendo decidido.

━ Quando podemos ir? Acredito ser preferível durante o dia, mas precisamos avisar o Departamento que estaremos ausentes.

━ Quarta-feira está bom para mim. É tempo suficiente para conseguir as poções. Tudo bem para você? ━ Theo perguntou.

━ Sim! Quarta está ótimo. Vou passar na sala de Rose para avisá-la do andamento do caso. ━ Hermione anotou tudo e em seguida guardou a pasta de volta na bolsa, notando que estava quase na hora de voltar para o Ministério. Theo percebeu o movimento e começou a tirar a carteira do bolso para pagar o almoço.

━ Ei, o que está fazendo? ━ ela perguntou confusa. 

━ Anh… pagando? Eu convidei, eu pago ━ ele afirmou, colocando o dinheiro sobre a mesa e se levantando para sair.

Hermione abriu a boca em choque, demorando alguns segundos para perceber que Theo já estava perto da lareira para voltar ao Ministério. Voltando a si, ela recolheu suas coisas rapidamente e se aproximou dele.

━ Obrigada, mas não precisava fazer isso, eu trouxe dinheiro comigo ━ ela disse, cruzando os braços na frente do peito.

━ Que isso, Hermione. Foi um prazer. Sou eu quem agradeço por escutar minha lamentação no início. ━ Theo acenou com a cabeça, entrando na lareira.  ━ Te vejo amanhã? ━ Ele deu um sorriso e jogou o pó de flu em seus pés, chamando o Ministério como destino e sendo engolido pelas chamas verdes logo em seguida.

Hermione estava tão chocada com o almoço e com ele a chamando pelo primeiro nome que mal conseguiu raciocinar sobre o que acabara de acontecer. Então entrou na lareira e chamou pelo Ministério, fazendo uma nota mental para dissecar o almoço quando voltasse para casa.

 


Notas Finais


Hummmm, Theo? Apostas?
Até quinta que vem!
Super beijo e um bom final de semana <3


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