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História A Linguagem Das Flores - Eu Te Amo


Escrita por: Caahs

Notas do Autor


Olá, queridos leitores!

Venho comunicar que chegamos ao fim de mais uma estória. Ainda teremos um próximo capítulo, mas ele é só um "bônus" de lemon, hahaha.

Obrigada por todos que acompanharam, favoritaram, comentaram, choraram e riram com a estória. Eu pessoalmente gostei muito de escrevê-la e pretendo continuar com algumas ideias de Cherik mais para frente. Antes de mais nada, vamos às músicas!

Colour Me In - Damien Rice
A New Beginning - James Spiteri

Links nas notas finais como sempre.
Perdoem os possíveis erros e boa leitura.

Capítulo 5 - Eu Te Amo


No instante em que os primeiros raios de sol adentraram pela janela, atravessando as grossas cortinas de tecido creme, Erik tornou-se consciente de suas ações. Ele pôde sentir um peso adicional sobre seu braço esquerdo, uma perna entrelaçada com sua própria, um braço jogado ao redor de seu abdômen e um bafo quente sendo expelido de encontro à pele de seu pescoço; informando-o de que não estava sozinho naquele cômodo, o qual não lhe pertencia. Lentamente, suas pálpebras permitiram a entrada de luz, movendo-se repetidamente até que a vista se acostumasse com a claridade local. Seus olhos instantaneamente viraram-se para a figura pacificamente adormecida ao seu lado. A expressão calma e serena presente nos entornos do rosto de Charles fizeram Erik acreditar que talvez estivesse preso na realidade fantasiosa de seus sonhos e não vivenciando aquele momento; completamente alerta de seus inquietos pensamentos e silenciosos questionamentos.

Segundos, minutos ou até mesmo horas foram perdidas ali naquele íntimo momento, no qual Erik encontrava-se plenamente inebriado pela cena banhada na mais natural iluminação. Sua mente cravava em memória todo e qualquer detalhe presente na face alheia; cada enfeitar de sardas em torno das bochechas caucasianas e nariz ligeiramente alargado, cada tremer de cílios negros e curtos, cada inflar de pulmões, fazendo com que o compacto corpo fosse de encontro parcial ao colchão. A claridade refletia no cabelo desarrumado, destacando dentre um punhado de fios castanhos alguns intensamente avermelhados, assim como aqueles cujas pontas sobressaíam dos poros no contorno do rosto de Charles.

Erik o observou estático, sentindo as pontas de seus lábios curvarem-se em contentamento e ternura por aquele que ali descansava em paz com seus próprios pensamentos turbulentos. A ponta de seus dedos percorreu pelo braço do telepata cuidadosamente, com medo de que um toque mais brusco fosse acordá-lo de seus devaneios.

Entretanto, não tardou muito mais do que o previsto para que a face serena se contorcesse em distúrbio devido à luminosidade, gradativamente afundando o rosto no espaço encontrado entre o pescoço e o ombro de Erik.  

“Que horas são?” A voz rouca e adormecida, de sotaque britânico intensificado e ligeiramente fanha ecoou no interior da pequena bolha imaginária, que envolvia somente a cama sobre a qual descansavam. Seus membros imitavam o movimento de suas pálpebras e face, contraindo e relaxando logo em seguida, acordando os músculos até então dormentes.

“Ainda bem que você acordou. Pensei que precisaria te empurrar da cama para levantar.” Erik respondeu sarcasticamente, nem se dando o trabalho de procurar por um relógio.

Charles grunhiu, exalando contra o tecido de algodão que se prendia no corpo do gestor. “Por que você não tirou isso antes de dormir?” Suas mãos alcançaram os botões desatacados, resvalando a ponta dos dedos no magro, porém definido abdômen de Erik.

Erik entrelaçou seus dedos com os da pálida mão que descia pelo seu torso, trazendo-a para perto de sua boca. “Talvez porque alguém estava desesperadamente tentando me levar pra cama.”

Ambos caíram em gargalhada com o comentário feito, sorrindo descontraidamente um na direção do outro como se fosse o gesto mais natural do universo.

“Pelo menos em um sentido a missão foi cumprida com sucesso.” Charles comentou, abrindo os olhos lentamente e deixando-o cair de encontro com as acinzentadas e ligeiramente esverdeadas orbes de Erik. Ele poderia olhar para aqueles mesmos olhos todos os dias de sua vida e ainda assim ser incapaz de decifrar sua exata cor, dotada de tão exótica e escandalosa beleza; mutável conforme a luz, assim como as escamas de um admirável camaleão.

Seus olhos se fecharam ao sentir o entrelaçar de longos dedos por seu cabelo, massageando sua nuca com leveza e cautela.

“Como você está se sentindo?” Erik perguntou em um sussurro, quase tão suave quanto o movimento de suas mãos.

Após engolir uma parte de saliva e esticar o corpo todo preguiçosamente, arqueando as costas e os dedos de maneira quase felina, Charles sorriu em resposta. “Minha cabeça não dói mais, minha garganta parece melhor e meu corpo menos dolorido.” Um único riso deixou o espaço entre seus lábios. “Eu diria que você é um ótimo remédio para resfriado.”

“Agradeça a sopa de galinha. É realmente milagrosa.” Erik trouxe o rosto de Charles para mais perto, depositando um singelo beijo em sua testa.

“Bem, você foi o responsável pela sopa. Então acho que devo continuar a agradecê-lo.” Sorrateiramente, Charles roubou um beijo do homem deitado ao seu lado, permitindo o desabrochar de um sorriso travesso pelos seus lábios levemente inchados.

Erik não reagiu ao pressionar de lábios com mais do que um arquear de sobrancelhas. “Você vai me deixar doente.” Ele comentou informalmente, sem reclamar, de fato, sobre o gesto recebido.

O corpo de Charles se afastou rapidamente, rolando os olhos em desdém. “Como se você realmente se importasse.” Ele retrucou, sentindo-se energizado naquela específica manhã. Seus olhos desviaram-se do homem em sua cama para o relógio no móvel ao lado.

“Acho que você deveria ir trabalhar.” O telepata sugeriu, preocupado com o horário revelado pelo visor.

Erik, apoiando-se agora em seus cotovelos, encarou a expressão conturbada de Charles. “Me expulsando já tão cedo, Charles?”

O telepata engatinhou na direção de Erik, circulando sua fina cintura com ambas as pernas e apoiando-se nos próprios joelhos. “Não se engane, por mim eu manteria você aqui nessa cama o dia todo.” Seus olhos rapidamente correram por todo a parte exposta do torso de Erik, prendendo o lábio inferior entre os dentes superiores e admirando a vista por breves segundos antes de novamente encontrar o olhar ligeiramente dilatado que o procurava. “Mas infelizmente são nove da manhã e creio que você já esteja atrasado. Devo preparar um buquê de desculpas para o seu chefe?”

“Merda.” Erik surpreendeu-se com o horário, dito que raramente dormia além das sete da manhã. Ele gentilmente empurrou Charles para o lado, tirando o convidativo peso e calor que pressionavam contra seu corpo e levantando-se rapidamente. “Shaw vai me matar. Eu espero que Emma tenha inventado uma boa justificativa.” O gestor murmurou enquanto colocava o par de calças e abotoava sua camisa abarrotada.

Charles o observava sentado na cama com ambas as pernas cruzadas. As costas de suas mãos coçavam o canto de seus olhos, escondendo o cansaço presente por detrás de uma coloração tão distinta e vibrante.

“Não quer tomar uma xícara de café antes de ir?” O telepata ofereceu gentilmente.

Ao terminar de afivelar seu cinto, Erik olhou para a cama e sorriu carinhosamente em resposta. Toda a ansiedade acumulada em seu corpo momentaneamente dissipou-se pelo cômodo de fragrância tão familiar e cativante. Esse era o efeito resultante da mera presença de Charles ao seu redor.

“Obrigado pelo convite.” O gestor se aproximou, tomando o rosto de Charles entre ambas as mãos e acariciando suas bochechas antes de beijá-las. “Mas acho melhor comprar algo no caminho.” Sua expressão contorceu-se por míseros segundos, entristecido por ter de deixar aquele lugar; aquela pessoa em especial.

Charles assentiu, arrumando a gola desajeitada da camisa branca. “Nós marcaremos outro dia.” Ele disse sem se importar demasiadamente, mas internamente desejando que Erik ficasse por mais escassos minutos.

“Definitivamente.” Erik forçou um sorriso e relutantemente desvinculou-se de Charles, sem antes afagar pela última vez seus sedosos fios acastanhados. “Eu te ligo mais tarde. Descanse e lembre-se da sopa na geladeira, vai te fazer bem.”

Após vestir seu casaco e apoderar-se de sua maleta de couro preta, Erik olhou mais uma vez para o interior do aconchegante e espaçoso apartamento, recordando-se das cenas da noite anterior com um honesto sorriso. No entanto, Erik tinha um longo trajeto até o trabalho para percorrer, entrando no primeiro táxi que avistou e pedindo para acelerar o passo a fim de evitar um alvoroço ainda maior dentro do escritório.

 

“Se o Shaw perguntar, você encheu a cara na noite passada e não acordou no horário.” Emma disse ao ver a figura do gestor passando corriqueiramente pela mesa da recepção.

Erik parou de imediato, virando-se para encarar a recepcionista. “Encheu a cara? Quantos anos você acha que eu tenho, Emma? Vinte?” Ele questionou indignado, levantando ambos os braços em harmonia com seus turbulentos sentimentos.

Divergindo seus olhos da tela do computador, Emma riu ao notar as peculiaridades da aparência de Erik naquele momento. “O que você queria que eu dissesse, docinho? Você não tem amigos e nem parentes. Deveria ter dito a verdade, que você estava ocupado demais agradando seu namoradinho, não é mesmo?”

Os lábios de Erik formaram uma fina linha tensionada, imitando o estado de seus dentes que rangiam no interior de sua boca. “Pare de ler meus pensamentos.” Ele a alertou, deixando-se ser tomado pela raiva que emanava das profundezas de seu corpo.

“Não preciso.” Emma respondeu com seriedade. “Você está usando as mesmas roupas de ontem e seu cabelo está terrivelmente bagunçado. Além disso, você cheira a flores e entrou com um riso abestalhado.” Um sorriso puramente irônico se formou dentre as feições da recepcionista, que se deu o trabalho de levantar uma das mãos para apontar na direção de cada detalhe por ela mencionado.

Bufando em contragosto, Erik ajeitou minimamente os fios impertinentes de seu cabelo avermelhado e relaxou os dedos que apertavam contra a alça da maleta no mesmo instante em que um punhado de ar deixou o espaço entre seus lábios.

“Ele nem se importou, Erik. Disse que você deveria estar precisando de umas doses de álcool.” Emma reclinou-se na cadeira, cruzando ambas as mãos sobre os joelhos como alguém pertencente à alta sociedade. “Vá para sua sala. Perguntarei sobre os detalhes no almoço.” Ela deu de ombros, voltando sua atenção para a tela do computador.

“Não há nada para contar.” Erik murmurou, alisando seu casaco na tentativa de parecer mais apresentável aos olhos de seu chefe e equipe.

“Erik, querido, sempre há algo para contar.” O sorriso de Emma misturou-se com o brilho do eletrônico em questão, mal sendo notado por aqueles que a viam através da porta de vidro. Um gesto reservado somente para Erik, que já havia seguido em direção de sua sala.

Sem outra alternativa viável de escape, Erik se viu poucas horas depois aprisionado em um pequeno restaurante familiar próximo do prédio em que trabalhava. Sentada do lado oposto, a mulher de cabelos dourados apoiava-se com ambos os cotovelos sobre a mesa escura e amadeirada, aguardando friamente pelos pensamentos do gestor, os quais em breve seriam vocalizados.

Após um extenso suspiro, Erik começou a contar – da forma mais resumida possível; sobre os diversos acontecimentos dos últimos meses envolvendo ele e Charles, guardando a maior parte dos detalhes para si mesmo. Seu dialeto divagou pelos mais aleatórios fatos, desde as conversas no quarto dos fundos para os chás e cafés no fim das tardes, terminando no jantar feito por Erik no dia anterior, fato que ocasionou em seu fatídico atraso. Singelas particularidades, como o brilho nos ofuscantes olhos azuis de Charles pela manhã, a vermelhidão de seus lábios após mordiscá-los, o tom presunçoso de sua voz ao pedir por um favor, a adorável melodia de sua gargalhada; todas elas foram mantidas somente em secretos pensamentos, para deleite próprio do gestor.

“Querido,” Emma anunciou em voz alta; sua expressão tornando-se menos neutra e mais repleta de compaixão a cada palavra dita por Erik, cada sorriso inconscientemente apresentado por ele ao falar sobre o floricultor que tanto lhe cativara. “Você está realmente perdido.”

 

“Então deixe-me ver se entendi direito,” Moira disse, limpando as gotículas de sopa que permaneceram no canto de sua boca com um guardanapo de papel. “O Erik veio até aqui, cozinhou pra você, te colocou na cama, te beijou e foi embora pela manhã?” Ao lado dela, sentado de frente para a bancada, Charles assentiu. “E ainda assim você se recusa a afirmar que vocês estão em um relacionamento?”

“Eu gostaria que fosse tão simples, Moira.” O telepata suspirou, balançando a cabeça em negação. “Nós não conversamos sobre isso. E se foi tudo só um lapso de sua personalidade? E se ele se arrepender mais pra frente?” Ele começou a criar desesperadas hipóteses para o comportamento de Erik – mesmo ciente da verdade que insistia em persegui-lo constantemente até os confins de sua mente; parando somente quando encontrou o silencioso julgamento de sua advogada e fiel amiga, que o encarava estupefata.

“Charles, eu te amo, mas você precisa parar com essas ideias. É nítido o que vocês sentem um pelo outro.” As feições do floricultor suavizaram assim que uma das delicadas mãos de Moira repousou em seu ombro.

Prendendo o lábio inferior entre dentes incisivos, Charles virou a cabeça lentamente para melhor fitar a mulher ao seu lado. “Você realmente acha isso?” Seu coração palpitou e o sangue fora então bombeado rapidamente para o restante de seu corpo, acumulando-se majoritariamente na parte posterior de suas orelhas e bochechas.

“Eu tenho certeza.” Moira afirmou com determinação, apertando os dedos contra o tecido do pijama de Charles. “Agora pare de se martirizar e vá tomar um banho. Depois trate de agarrar aquele homem com todas as suas forças.” Ambos riram por um curto instante, deixando-se contagiar pela risada alheia.

Ao se levantar em direção ao seu quarto, o telepata pôde ouvir a voz de Moira ecoando pelas finas paredes do apartamento. “Estou falando sério, você não pode deixar escapar um homem que cozinha tão bem assim, Charles!”

 

O sol, encoberto pelas nuvens que juntas davam vida e forma à imaginação daqueles a observá-las, preparava-se para sumir perante o horizonte acinzentado e dar lugar à lua prestes a enfeitar o céu com todo seu brilho e charme. O vento tornava-se mais presente, uivando pelas ruas estreitas e atingindo os mais despreparados em rajadas curtas. Os carros deixavam os estacionamentos e seguiam em direção de suas respectivas residências, conduzidos por pessoas exaustas e ansiosas pelo conforto de suas camas.

No entanto, a angústia de Charles ao deixar o complexo de apartamentos rumo à floricultura era de origem totalmente distinta. O ar deixava seus pulmões com rapidez ao se lembrar da pessoa à sua espera do outro lado da porta que separava o ambiente comercial do privado.  Seus lábios já se encontravam em intenso rubor de tantas mordidas ali destinadas; e suas pernas incessantemente se moviam, acompanhando um ritmo musical inexistente.

Observando o rápido vulto esverdeado das árvores a passarem em frente de seus olhos, Charles só conseguia pensar em ver o rosto de Erik novamente; encostar gentilmente a ponta de seus lábios no dele, sentir a superfície áspera de sua barba a crescer, escutar o timbre rouco de sua voz em seus ouvidos e quem sabe até dentro de sua mente idealista. Porém, o telepata também compreendia que aquelas não eram as tarefas pretendidas, não sem antes ter uma conversa com o gestor.

No interior da floricultura estava Raven debruçada sobre o balcão, lendo uma revista sobre moda e suas últimas tendências. Um sorriso faceiro brotou em seu rosto ao ouvir o sino anunciando a presença de seu irmão. “Ele está lá dentro te esperando.” Ela apontou para o quarto dos fundos.

Charles assentiu, engolindo seco e recompondo-se o suficiente para dar o primeiro passo em direção à porta. Ao caminhar pelo balcão Raven o ofereceu uma sucinta piscadela adjunta de um largo sorriso.

As mãos levemente trêmulas de Charles encontraram a maçaneta, e seu estalo reverberou por todo o estabelecimento. Porém, no instante em que seu olhar cruzou com o de homem sentado no sofá, a Terra pareceu parar de girar.

Erik se levantou instantaneamente, quase perdendo a compostura que lhe custou a vir desde o término do período de trabalho. “Olá.” Ele disse com a respiração a oscilar, se aproximando com passos largos da figura de Charles, que também se esforçava para deixar o suporte rígido da porta em suas costas e ir de encontro ao gestor.

“Como você está?” O gestor perguntou, ajeitando parte do cabelo de Charles que insistia em cair sobre sua testa e por fim repousando a mão em sua nuca.

“Bem.” Charles pensou em diversas coisas para contar a Erik naquele momento, como por exemplo, sobre a garganta que agora não o incomodava mais, o nariz ainda obstruído, a tosse por vezes incessante, e até mesmo a visita de Moira. Entretanto, no instante em que as mãos de Erik tocaram seu pescoço e o calor emanou de seu corpo, as palavras já não conseguiam juntar-se em frases lúcidas; dignas de fala.

“Erik,” O telepata chamou sua atenção. “Nós precisamos conversar.” Sua voz era fraca, quase um sussurro perdido em meio à sonoridade latente de ambos os corações.

Da garganta de Erik, um pequeno som de concordância foi ouvido antes de acolher o rosto de Charles em mãos e trazê-lo mais para perto, sentindo novamente a textura de lábios aveludados de encontro aos seus.

Charles arfou em surpresa, mas logo suas pálpebras bloquearam a claridade e suas mãos agarraram-se nas extremidades do grosso casaco de Erik, o puxando para mais perto de si. As sensações, fossem aquelas presentes na superfície da mente alheia ou de origem corpórea – sempre tão convidativas; instigavam Charles a orientar sua cabeça na posição desejada e aprofundar o beijo recebido com fervor. Pela primeira vez suas línguas se encontraram, ambas sedentas por um ínfimo contato, uma chance para desvendar não só as preferências um do outro, mas também salvar em memória cada fragrância, cada peculiaridade dos respectivos paladares.

Erik se entregava ao gesto da mesma forma como respondia aos fatos do dia a dia, passionalmente. Todo movimento era uma chance extra para poder se expressar da maneira que mais lhe convinha no momento, transmitindo naquele extenso toque de lábios e pressionar de dedos em contato com a lombar do telepata, tudo o que havia até então guardado para si. Enquanto Charles, por mais que tentasse agir de maneira oposta, não conseguia resistir à tentação de acompanhar as ondas de puro fascínio e ardor, advindas do homem em sua frente. As palmas de suas mãos bagunçavam os escassos fios avermelhados de Erik, outrora passeando desgovernadamente pela região de seu robusto peito e clavícula.

Ambas as bocas se separaram, não por vontade própria, mas sim pelo puro queimar de seus pulmões em necessidade de ar para expandir-se. No entanto, as mãos não se moveram se quer um milímetro, não adicionando nem removendo distância entre eles.

“Erik,” Charles disse novamente com um frouxo sorriso delimitando a forma de seus avermelhados lábios. “Conversar.” Ele murmurou, incapaz de formular frases de maior complexidade.

O gestor concordou. “Certo.” Ele respirou fundo em tentativa de recompor sua postura nitidamente abalada. As almofadas foram dispensadas do sofá, indo diretamente de encontro ao chão e dando espaço para que Erik pudesse se sentar. “Venha cá.” Suas mãos sinalizaram para o lugar ao seu lado.

Charles caminhou para o local indicado enquanto umedecia os lábios em constante formigamento com o ápice da língua. “Certo.” Ele sentou-se sobre uma das pernas cruzadas e deixou com que outra cambaleasse para a beira do sofá, sem tocar os pés no chão.

Os olhos azuis do telepata traçaram um agonizante caminho desde os joelhos de Erik até seu rosto, trancando-se em um transe hipnótico imediato com os olhos acinzentados que o observavam com a mesma quantia de curiosidade. Um olhar diferente do calculista e magnético de sempre, repleto de um obsoleto afeto e desejo, representado pela dilatação de suas pupilas.

Uma vez preso dentre as garras imaginárias de Erik, a escapatória assemelhava-se quase à uma quimera, cujos diferentes corpos prendiam a atenção de qualquer um que ousasse se aproximar; ora por medo, ora por diligência.

Erik, espantado com o movimento de Charles em sua direção, segurou-o pelos ombros antes de que ele pudesse aproximar ainda mais seus rostos. “Charles?” A voz, tão encantadora quanto a figura portadora, chamou pelo nome de telepata.

Lentamente, Charles dispôs-se de joelhos no sofá, circundando a coxa de Erik e permitindo com que seus olhos caíssem de encontro aos finos lábios; tão próximos que o telepata era capaz de sentir seu hálito na direção de sua face. “Eu quero te beijar.” Ele murmurou.

Os dedos de Erik apertaram contra o tecido do suéter de Charles, fechando os olhos por um breve momento em concentração. “Era sobre isso que você queria discutir?” O gestor perguntou, deparando-se com uma inesperada onda de sentimentos. Luxúria, carinho, afeto; todos que naquele instante pareciam somar-se com seus próprios e salientá-los estrondosamente.

“Não.” Charles se inclinou para a frente, resvalando sua boca na de Erik sedutoramente.

“Scheiß drauf.” Erik sussurrou antes de moldar seus lábios nos do telepata novamente, abraçando-o pelos quadris com um dos braços e recebendo o calor convidativo de seu corpo em consequência.

Em contrapartida ao beijo anterior, esse provava-se desenvolver de forma mais lenta e acalentada, no qual ambos conseguiram com um certo esforço abandonar a prévia euforia em pró da suavidade presente no gesto recebido. A mão de Erik, espalmada sobre a arqueada coluna de Charles, percorria por todo o seu entorno, eventualmente apertando as laterais do corpo em contato com adoração e cuidado.

Erik

Erik, eu –

Charles projetava junto às sensações por ele sentidas; não havendo um limite exato entre o que pertencia a ele ou Erik. Não dentro de sua cabeça.

Suas mãos agarravam-se ao rosto de Erik como se quisesse sempre mantê-lo por perto, para si. Os lábios afastaram-se para serem então pressionados contra a mandíbula do gestor, marcando cada mínimo pedaço de pele levemente bronzeada.

Charles. Você é tão –

Uma voz estridente quebrou com o íntimo momento sendo construído até então. “Meu Deus, me desculpem!” Raven gritou ao abrir uma pequena fresta da porta, fechando-a imediatamente após ver o que estava acontecendo do outro lado.

Charles sentiu, junto ao calor, um rubor de cunho envergonhado tomando conta da coloração de seu rosto. “Eu não acredito nisso.” Ele murmurou, correndo uma das mãos pelo seu pescoço.

“Qual o problema, Raven?” O telepata perguntou em voz alta, levantando-se do sofá com as pernas bambas e evitando ao máximo olhar na direção de Erik.

“Tem um cliente perguntando sobre flores.” Ela disse, projetando só para Charles em seguida.

Eu achei que vocês estivessem só conversando! 

Charles virou-se para Erik antes de deixar o quarto. “Espere só um minuto, por favor. Não irei demorar.”

Nós estávamos em um outro tipo de conversa. Charles respondeu com um sorriso malicioso e privado para Raven, o qual fora modificado para um de natureza mais alegre e natural ao atender o cliente em questão.

Raven rolou os olhos e estremeceu. Por favor não faça isso de novo, é bizarro. Além disso, eu preciso falar com o Hank, ele me deve dez dólares.

Não acredito que vocês estavam fazendo apostas sobre minha vida amorosa.

Raven riu, apoiando-se no balcão enquanto observava seu irmão. Você não faz ideia, Charles.

O problema do cliente foi resolvido rapidamente, com um lindo arranjo de orquídeas como um pedido de desculpas pela demora.

Charles voltou para o quarto dos fundos, fechando a porta e prendendo-se na superfície amadeirada como um gato a utilizar suas garras, evitando mais descuidos de sua parte. “Então, sobre a conversa...” Ele disse, encarando a figura distante de Erik.

“Eu não me importaria em tê-la novamente. Você é muito bom com as palavras.” O gestor sagazmente retrucou, sorrindo de orelha a orelha.

“Obviamente.” Charles concordou, soltando um breve riso que ajudou a relaxá-lo perante a situação. “Mas o que eu quero realmente te perguntar é sobre isso.” Ele apontou para ambos os corpos, indicando um invisível laço entre eles.

“Se estamos em um relacionamento ou não?” Erik pareceu confuso com a pergunta, franzindo o cenho e virando a cabeça ligeiramente para um dos lados. A confirmação de Charles aprofundou ainda mais as dúvidas do gestor.

“Eu achei que já estávamos envolvidos.” Erik disse com sinceridade, estendendo um dos braços e silenciosamente pedindo para que Charles se aproximasse. “Não estamos?”

Com ambas as mãos dentro dos bolsos da calça, o telepata caminhou lentamente na direção de Erik. “Estamos. Quer dizer, se você quiser que nós estejamos, é claro.”

Erik se aproximou da beirada do sofá, recebendo a cintura de Charles entre as mãos. “Achei que tivesse deixado isso bem claro desde muito tempo atrás.” Um sorriso doce desenhou-se por seus lábios finos.

“Raven sempre diz que eu posso ser inteligente em muitos assuntos, mas sou um tolo em perceber quando alguém está interessado por mim.” O telepata sussurrou, arrumando os desalinhados fios avermelhados na cabeça de Erik.

“Bem, caso eu não tenha sido claro o suficiente. Estou muito interessado em você.” Erik fitou o cintilar dos olhos azuis de Charles de encontro ao seu, quase tão límpidos como a água de um oceano caribenho.

Os braços de Charles cruzaram-se por detrás do pescoço de Erik, devolvendo o sorriso encontrado. “Fico feliz em saber que temos algo em comum.”

“Espero que essa não seja a única semelhança.” Erik comentou, virando seu rosto para beijar o interior do braço pálido de Charles.

De fundo, ambos puderam ouvir mais gritos de Raven, despedindo-se do casal e alertando-os sobre a possibilidade de manchas ao redor do sofá. Uma troca de olhares, seguida de sinceras gargalhadas fizeram com que o supostamente tenso clima amenizasse. E, depois de mais uma troca de beijos, cada um pudesse seguir para sua própria residência.

 

Cafés foram compartilhados, dezenas de histórias contadas, pensamentos trocados, diversas partidas de xadrez jogadas até o amanhecer, visitas ao cinema, teatro, museus, exposições. Vários xingamentos também foram proferidos em momentos de tensão, assim como muito mais beijos dados a fim de uma rápida reconciliação. Apesar das desavenças, Charles e Erik continuaram unidos durante o período de tempo que se passou. E independentemente dos acontecimentos passados, das brigas e das noites passadas em claro, o sentimento que um sentia pelo outro só se intensificava, como a harmonia de uma doce música clássica que alcançava seu ápice.

“Hoje nós vamos sair.” Charles murmurou, terrivelmente animado para alguém que acabara de acordar.

Erik, diferente do telepata, levantou-se cedo da cama e agora deixava o banheiro esfumaçado depois de uma longa caminhada. “Para onde?” Ele ergueu uma sobrancelha enquanto enrolava uma toalha branca ao redor de sua cintura.

Charles acompanhou o caminho sinuoso de uma única gotícula d’água a descer pelo torso de Erik. “É uma surpresa.” Ele sorriu, prendendo o lábio inferior entre os dentes. Sua telepatia não escondia os verdadeiros pensamentos que passavam por sua mente lasciva.

A natureza de seu sorriso refletiu-se nos finos lábios de Erik, que se aproximou de Charles lentamente. “Se você continuar a me mandar essas imagens nós não vamos sair de casa hoje.” Ele sussurrou próximo do ouvido do telepata.

Por mais tentador que seja te ter aqui comigo, não quero que aconteça como no jantar da semana passada. Charles projetou enquanto inclinava-se para frente, roubando um curto beijo de Erik.

Erik compartilhou mentalmente com o telepata a cana mencionada em flashes, assim como as palavras ditas por Raven ao perceber o motivo que levou à falta dos dois no jantar que ela havia preparado com tanto carinho.

Eu não sei você, mas eu tive um belo jantar. Erik mencionou, quebrando o contato entre seus lábios para expor um largo sorriso, digno de um predador dos mares. No entanto, ainda repleto da mais pura afeição.

“Ela recusou-se a falar comigo por uma semana inteira, Erik.” Charles disse em meio a um riso acalentado, esgueirando-se entre os lençóis para desvincular-se dos braços do gestor.

“Então não valeu a pena?” Erik questionou, virando-se para procurar por um par de calças e uma camiseta lisa.

Braços pálidos cruzaram-se em frente ao abdômen do gestor. “Eu nunca disse isso.” Charles sussurrou contra a pele de seus ombros antes de pressionar sua boca no mesmo local.

 

O sol espremia-se por entre as nuvens, cumprimentando aqueles que escolhiam deixar suas residências e também os que preferiam permanecer no conforto delas. As diferentes formas da natureza viravam-se no encontro da luz e banhavam-se em seu esplendor com suas vibrantes colorações, embelezando a paisagem sórdida do subúrbio e trazendo vida à cidade de Nova York.

Há cerca de vinte quilômetros do apartamento de Charles, o jardim botânico de Nova York se destacava perante as demais atrações turísticas da cidade. Seu acervo contava com inúmeros jardins e coleções vegetais de diversas nacionalidades e climas, espalhados em um terreno vasto; mais de um milhão de metros quadrados ocupados por cachoeiras artificiais, alagadiços e matas florestais. Além de manter uma biblioteca magnânima com cerca de sete milhões de espécimes botânicos datados em seus arquivos.

“Venha, quero te mostrar um lugar.” Charles sorriu, entrelaçando os dedos de uma das mãos com os de Erik e guiando-o por seu extenso parque de diversões pessoal.

“Como você consegue não se perder aqui dentro?” Erik questionou, abismado com a agilidade de Charles perante as diferentes rotas que lhes eram oferecidas. Era como se ele tivesse um mapa gravado no centro de sua mente.

Charles riu com a pergunta feita. “Eu costumava fugir para cá, desde quando eu e Raven éramos pequenos e passávamos as férias aqui. Gastei horas olhando para o centro de pesquisas e imaginando como seria trabalhar aqui.” Seu sorriso para Erik era como a visão do paraíso em si, mais brilhante do que o mais caro dos cristais. “Perdi a conta de quantas vezes vim parar aqui, fosse para folhear os livros na biblioteca ou simplesmente observar as árvores e as flores ao redor.” Ele explicou, divergindo seu olhar entre a natureza e o homem ao seu lado.

Erik não sabia dizer ao certo quantos passos deu até então, quantas cores diferentes conseguiu distinguir dentre o matagal que os envolvia com seu cheio amadeirado e outrora adocicado. Os pássaros cantavam sobre suas cabeças em direção ao infinito azul do céu e nada mais podia ser ouvido além dos cascalhos arrastados por ambos os pares de pés a movimentarem-se pela estreita trilha. Seu olhar ficava-se somente na figura ao seu lado, que transmitia em pensamento e sorrisos toda a alegria e gratidão por estar ali, em um lugar que um dia lhe trouxe tantas boas memórias em momentos de dificuldade.

Ambos subiram por uma espessa escada talhada pela própria natureza em pedra escorregadia coberta por musgos até alcançarem o topo de uma colina, na qual uma pequena placa de madeira indicava o ‘jardim das abróteas.’

A mão de Erik, repleta de suor, desgrudou-se da alheia ao observar o cenário em sua frente com as feições pálidas, como se estivesse acabado de deparar-se com uma assombração.

Charles virou-se, confuso com as ações do gestor. “Erik? Está tudo bem?” Ele perguntou preocupado, aproximando-se com curtos passos enquanto seus pulmões expandiam-se rapidamente em busca de ar.

“Como...?” Os olhos de Erik piscavam rapidamente, assegurando-se de que aquilo era real e não só uma criação de sua imaginação. “Eu não estou sonhando, certo?”

O telepata debochou o questionamento de Erik com um sorriso. “Por mais que minha companhia seja tão magnífica quanto esse lugar,” ele gesticulou com as mãos, quase jogando-se em meio as flores amarelas e brancas que os rodeavam. “Eu prefiro acreditar que tudo isso esteja acontecendo de verdade.”

“Mas eu nunca estive nesse lugar antes. Como eu poderia...?” O semblante presente em seu rosto variou conforme a totalidade de emoções percorrendo pelo seu interior. A dúvida, a confusão e o horror em confronto com um distinto entusiasmo ao direcionar seu olhar para o homem em sua frente.

“Erik, querido. Não estou entendendo o que está te deixando tão desorientado.” Charles sussurrou, acolhendo o rosto de Erik entre ambas as palmas avermelhadas de suas mãos.

Com as sobrancelhas ainda profundamente franzidas, Erik tornou a falar. “Eu poderia te mostrar.” A afirmação beirou o tom duvidoso ao deixar os lábios do gestor.

“Você tem certeza? Sei que não gosta quando invado seus pensamentos e eu respeito sua decisão.” Charles acariciou a pele ligeiramente áspera da mandíbula de Erik, sentindo-o assentir com determinação.

Trazendo uma das mãos para junto daquela encostada em seu rosto, Erik a posicionou de encontro às suas têmporas. “Eu quero que você veja, Charles.”

Ao fechar os olhos em concentração, Charles passou por diversas cenas e emoções até finalmente alcançar aquela que havia bagunçado com os sentidos de Erik de forma tão espalhafatosa. Em sua frente ele foi capaz de ver o mesmo campo florido que seus pés calçados agora tocavam, o mesmo cheiro característico das flores que os rodeavam, a mesma vista que os abraçava calorosamente. Porém o mais surpreendente ainda estava por vir, no momento em que Charles assistiu sua própria imagem aparecer e dissipar-se pelo ar logo em seguida, repetidas vezes; ora sendo abraçado, ora sendo beijado. As ilustrações presentes na cabeça de Erik – em seus sonhos; eram quase tão nítidas quanto um filme sendo mostrado na tela do cinema.

Charles deixou o convidativo calor oferecido pela mente de Erik e automaticamente agarrou uma de suas mãos, o puxando pelo jardim e atravessando uma camada densa de flores e grama até chegar nos pés da árvore de cerejeira, cujo tronco descansava na beirada da colina. Suas rosáceas pétalas espalhavam-se pelo local de acordo com o movimento do vento, adicionando uma coloração extra ao ambiente.

“Eu nunca entendi o porquê dessa árvore de cerejeira no meio de tantas abróteas. E talvez seja só uma coincidência da natureza.” O telepata sussurrou, largando a mão de Erik e ajoelhando-se para pegar uma das flores amareladas. “Mas acho que talvez as peças estejam se encaixando.”

“As abróteas indicam um novo começo, Erik.” Charles ofereceu a flor para Erik, seus olhos quase fechados em meio à claridade, mas ainda assim capazes de exprimir um azul tão vívido quanto aquele que coloria a flor de amarelo em sua posse.

Os longos dedos de Erik circularam a flor junto à mão de Charles, guiando-a para perto de sua boca e ali depositando um casto e singelo beijo. “Desde o momento em que te conheci.” Ele murmurou, sua voz vagamente trêmula, mal contendo por detrás dela o torvelino de emoções que o preenchia. “Por um novo começo então.” Em direção ao céu ambas as mãos foram erguidas rapidamente. “Com você.” O metalocinético terminou, repousando sua testa na de Charles. Seus olhos nem mesmo piscavam, com medo de que aquela ilusão fosse desaparecer como em seus sonhos mais ludibriosos.

“Não seja tolo, Erik. Eu não vou sumir.” Charles murmurou, inconscientemente alerta dos pensamentos do metalocinético. “Eu te amo demais pra isso.”  Suas bochechas coraram ainda mais após a confissão feita. Por mais que quisesse desviar seu rosto para um dos lados, Erik não o permitia.

“Então creio que seja uma boa hora para dizer que o sentimento é recíproco.” O gestor murmurou, não segurando as pontas de seus lábios que se desdobravam lentamente em um largo sorriso.

Eu te amo, Charles.

Os ponteiros do relógio poderiam então parar, as nuvens não mais se remodelarem perante o claro céu azul, as flores de cerejeira não mais flutuarem pelo ar que os rodeava. Pois para Erik, aquele momento era mais do que precioso. Sua própria mente deixava-se preencher com a mais positiva das sensações, os mais puros sentimentos, aqueles que há muito tempo não fora capaz de sentir. Quiçá naquele campo florido ou dentro de seu apartamento, ao lado daquele mesmo telepata que o presenteou com muito mais do que simples flores, Erik havia encontrado uma porção de paz que nunca antes cruzou por seu caminho; a peça remanescente de seu complexo quebra cabeças. 


Notas Finais


Músicas: https://soundcloud.com/jspiteri/a-new-beginning - A NEW BEGINNING
https://www.youtube.com/watch?v=QUn-k0jzbFs - COLOUR ME IN

Dicionário: Scheiß drauf - Que se dane

Espero que tenham gostado e beijos!
Até semana que vem


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