História A Lista De Não Beijos De Choi YoungJae - Sobre Um Plano Que Não Deu Certo.

~Autora~

Kim YuGyeom iria fazer quinze anos no ano que vem. Choi YoungJae estava prestes a fazer vinte e dois anos. HyeMin ia fazer catorze anos e tudo estava em mudança naquela casa.

Seus pais estavam todos felizes e animados com as novas oportunidades, mas havia uma coisa incomodando a cabecinha confusa do irmão mais velho: O casamento.

Seu pai havia programado uma pequena “reunião” depois do trabalho aquela noite, YuGyeom sabia sobre o que ele falaria, e sabia que daria muito errado. Já YoungJae torcia para que não fosse o que seu irmão tinha dito. Segundo ele, “Tudo estava sob controle.”

HyeMin se sentia desconfortável durante uma ligação, mas YuGyeom também a confortou, dizendo que era pra segurar bem firme a câmera, porque ia ter uma briga feia naquela noite.

Todos estavam preparados psicologicamente para a tragédia, e assim que o relógio bateu nove da noite, a mesa já estava pronta, todos os talheres alinhados. Jimin tinha combinado com Yugy de passar a noite ali, portanto, tinha mais uma cadeira á mesa. Nove e quinze a campainha tocou. Duas garotas e uma velha muito elegante entraram pela porta da sala, acompanhadas pelo Choi mais velho. Todos sorriam de orelha a orelha. HyeMin sorria agradável, parecia estar realmente feliz ao reconhecer as meninas. Primas de segundo grau elas eram. Mas apenas de consideração, já que foram adotadas pela velha estéril. Ambos os garotos engoliram em seco, Jimin apenas observava aquilo tudo e pegou na mão de YuGyeom. Eles trocaram um olhar muito significativo e sorriram, se apresentando para as novas mulheres daquela casa. YoungJae fora arrumar mais três lugares na mesa enquanto sua mãe conversava coisas sem importância com as “convidadas”.

Nove e meia todos estavam sentados na mesa, envolta de uma agradável comida e uma conversa. YuGyeom se fechou das visitas e ficou conversando coisas que apenas ele e Jimin entendiam, ainda de mãos dadas debaixo da mesa. Diferente do que a tia havia pensado no começo da visita, aquele gesto apenas significava segurança. Eles estavam se apoiando. Embora todos que ali viviam tinham plena consciência do que estava pra acontecer, o que mais sofreria ali seria o próprio YuGyeom. O plano já estava pronto, tinha sido montado meticulosamente pelos dois melhores amigos ali e ambos sabiam que doeria, mais valeria a pena.

O clima começou a pesar perto das nove e quarenta. Quando a mesa já tinha sido praticamente esvaziada e todos estavam satisfeitos. Senhor Choi se levantou da cadeira sério demais e proclamou com gosto:

- Choi YoungJae. Eu gostaria de te dizer que estou extremamente orgulhoso com todos os ganhos que você já teve. Fico feliz por você ter se tornado esse adulto maravilhoso que é. - YuGyeom apertou a mão de Jimin por debaixo da mesa, ainda nervoso com tudo aquilo. Carinhoso, o amigo fez um movimento com o polegar, querendo dizer que ficaria tudo bem. - Kim YuGyeom, eu gostaria de dizer que você tem um futuro promissor. Que você tem muita capacidade administrativa e que merece tudo de bom.

HyeMin prendeu a respiração. Prevendo o que iria acontecer dali em diante. Senhora Choi tinha um olhar confuso, não entendia o que ele estava querendo dizer com aquilo. A velha sorria maliciosa e suas filhas soltavam risadinhas disfarçadas.

- Eu gostaria de fazer um comunicado que irá mudar toda a nossa vida. - A atenção se fixou no mais velho novamente. - YuGyeom você vai se tornar o herdeiro da empresa da senhora Jung. Suas filhas irão estudar direito e você será o novo presidente.

YuGyeom não tinha expressão. Ele já estava esperando por isso, tinha escutado aquilo em uma conversa por telefone outro dia. Já estava preparado para receber aquela notícia. E, olhando Jimin, saberia que o final daquilo já estava decidido, quase na hora de colocar seus planejamentos em pauta. Respirou fundo, só mais alguns minutos.

Dez horas em ponto marcaram no relógio, e Choi YoungJae estava desesperado. Seu irmãozinho iria embora, para sempre? Como ficaria sua vida, sem ser acordado com um sorriso dele? Como ficaria toda aquela situação? E o plano deles, quando seria colocado em prática?

- E você, YoungJae. Foi prometido á umas das herdeiras da concorrência, se encontrará com ela amanhã, na nossa empresa, para os preparativos do noivado. Não se preocupe com sua faculdade e com seus futuros serviços, você poderá ser livre. Só não vai poder namorar. Mas isso você já não faz, não é?

Em exatos dez e três, Kim YuGyeom e Park Jimin se levantaram, com uma feição divertida, uma decisão fora tomada ali. Sua mãe percebeu. As mãos dadas.

- Já que você está fazendo esses comunicados importantes e eu já não vou morar mais aqui, também tenho que te falar uma coisa importante, Pai. - ele disse com a voz irônica.

YoungJae percebeu, ele estava fazendo aquilo para salvar a si, e um peso de culpa foi formado em suas costas. Seus olhos tinham se tornado embaçados, e era quase impossível enxergar. E envolta de tudo, um sorriso se formou nos lábios de YuGyeom. Era pra si, ele pôde perceber.

- Eu gostaria de deixar oficial, eu e Jimin… - trocaram olhares cúmplices, e sorrisinhos. - Estamos namorando!

HyeMin virou o rosto cautelosamente em direção ao seu pai, que tinha uma feição raivosa. YoungJae tinha seu rosto já molhado, sabia o que estava prestes a acontecer. Quis intervir quando, Senhor Choi se aproximou de seu irmão. Mas não havia forças.

Sua mãe foi em direção ao Park, e o puxou até a porta da frente, tirando o menino de vista de seu marido, sua lágrimas eram silenciosas e não atrapalhavam sua visão. Ela empurrou o menino até lá fora, e antes de fechar a porta, agradeceu pela coragem. Park disse que iria esperar Yugy na sua casa, já tinham combinado tudo.

Sorrindo orgulhosa, Senhora Choi aprovou todo aquele plano.

Yugyeom enfrentava seu pai com um olhar decidido. Sabia de todas as palavras que ele iria dizer, todas as possibilidades que aconteceria, e a pior se concretizou. Sem palavras, sem piedade.

Em um momento, sua visão era perfeita, em outro, Yugy se encontrava jogado no chão, com a cabeça latejando. HyeMin gritava, mais tudo parecia muito longe na percepção do garoto. Seu corpo estava ficando dolorido, por vezes recobrava a consciência e conseguia ver o mais velho de todos ali transferindo golpes. Sem piedade.

YoungJae tinha pego sua mãe e sua irmã, levando até o andar de cima. Arrumando algumas roupas dentro de malas e bolsas.

Suas primas riam alto e davam corda á toda atrocidade que estava acontecendo. A velha tinha pego algo sólido e dado em mãos do mais velho. Que pegou e o jogou pra longe.

Querendo ou não, ainda estava sóbrio de si. Não queria matar, apenas ensinar uma lição.

Na cabeça de YuGyeom tudo estava muito nublado. Pôde ver seus irmãos e sua mãe saindo de casa, sentiu alívio. Tinha avisado HyeMin para ir até a casa de TaeHyung, que ele estava os esperando.  Logo depois iria até Jimin, e tudo ficaria bem. Escutava coisas vindo de suas primas imbecis e não ligava.

Estava apanhando por algo que não era verdade, queria poupar seu irmão de casar com aquela vadia, e conseguiria. Nem que fosse sua última ação naquela vida.

Se ele fosse deserdado de casa, conseguiria fazer com que YoungJae ficasse com a empresa, ficando sem tempo para noivados e coisas afins, a faculdade iria ocupar muito seu tempo, e aprendendo a reger uma empresa, o faria ter tempo apenas pra dormir, e quem iria se casar com a garota seria ele. Com toda certeza seu pai faria isso, pra que ele “aprendesse” a gostar de mulher. Ou apenas esqueceria o assunto.

Aos poucos YuGyeom já não sentia mais dor. Aos poucos, seus olhos foram se fechando vagarosamente. Aos poucos, suas preocupações se tornaram pequenas. As provocações de suas primas não existiam mais.

A única coisa que sentia era o chão frio. Mas pelo menos era mármore.

O relógio bateu Dez e quarenta. O corpo mole do garoto fora tirado dali, sendo levado por mãos macias e cheia de anéis caros. As risadinhas maldosas da velha e suas filhas eram as únicas coisas que conseguia distinguir. Um cheiro horrível vindo do chão áspero. Fora levado até a sarjeta.

Tentando abrir os olhos, tentando se levantar, YuGyeom sentiu um cheiro familiar. Uma voz acolhedora.

- O que te fizeram, YuGyeom? - perguntou alguém, preocupado. - Vem. Levante.

E então, não sentia mais o chão. Não conseguia enxergar totalmente ainda, algo o impedia, e alguém tinha o salvado. Se permitiu sorrir e agradecer aos céus.

Se aconchegou no colo do familiar, que riu abertamente.

- Eu vou cuidar de você, pequeno. Descanse…