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História A Little Wicked - Estranhos no Ninho


Escrita por: Muffin_Paradise

Notas do Autor


Essa é uma fanfic crossover entre “Harry Potter” e “Crepúsculo”, vagamente baseado em “O Mundo Sombrio de Sabrina”.

– O cânone de “Crepúsculo” permanece quase o mesmo, enquanto o de “Harry Potter” sofreu uma drástica mudança. Esqueça o que se passou nos livros e filmes de HP: nesse universo, as coisas são diferentes.

– Vai ter elementos de horror gore, drama, romance e suspense, então não espere encontrar uma fanfic soft e açucarada.

Espero que gostem!

Lembrando que eu também estou postando essa fanfic no AO3 em Inglês, sob o mesmo título.

Capítulo 1 - Estranhos no Ninho


CAPÍTULO 1

ESTRANHOS NO NINHO

Era segunda-feira.

Início de mais um ano enquanto o refeitório de Forks High School era preenchido com os sons dos estudantes: risadas, vozes animadas, conversas desinteressantes, pessoas desinteressantes.

Edward Cullen cutucava seu cachorro-quente com o garfo de maneira desinteressada, se concentrando naquele alimento de textura asquerosa – assim como todas as comidas humanas eram, em seu ponto de vista – mas preferindo olhar aquilo a prestar atenção nos outros em sua volta.

Em dado momento, ao levantar a cabeça, ele viu Rosalie olhar para as pontas de seus longos cabelos dourados.

‘Será que corto? Faz anos que mantenho o mesmo comprimento...’, sua mente divagou entre opções diferentes de cortes de cabelos e penteados.

Virando-se para esquerda, viu Jasper tateando a mesa com impaciência.

Quatro horas para sair daqui. Quatro horas...’

Jasper detestava ter que frequentar o colégio, mas ao contrário de Edward que se irritava mais com seu perpétuo estado de tédio por estar naquele lugar, Jasper se irritava com a aglomeração de humanos, seus corações pulsantes e sangues quentes correndo nas veias que o tentavam a cada segundo, mesmo com quase 50 anos desde que aderiu a dieta vegetariana dos Cullen. Alice acariciava a mão de seu companheiro enquanto seus olhos dourados pousaram no rosto de Edward.

‘Edward... Você está bem?’, a mente dela perguntou com suavidade.

Edward era próximos de seus irmãos, mas possuía maior intimidade com Alice, os dois tendo o hábito de terem conversas secretas onde ele lia sua mente e ela interpretava suas sutis expressões faciais, aprendidas ao longo das décadas.

Ele entortou a boca delicadamente e ela entendeu dando um sorriso empático.

Ele se sentia torturado.

Fazia décadas em que ele fingia ser um simples estudante de colegial para que depois ele e sua família se mudassem para outro lugar que tivesse pouco sol e que fosse insignificante para recomeçar esse ciclo. Se não bastasse estar preso nesse loop infinito, ele ainda possuía o dom da telepatia, que basicamente fazia com que seu cérebro agisse como um rádio, captando os pensamentos de todos em sua volta.

Além da mediocridade das conversas, ele ainda ouvia a contragosto os pensamentos desses jovens.

–... É claro que eu gosto de você Jess... Você é minha garota! – Mike Newton disse olhando para Jessica Stanley. “Não, não gosto de você desse jeito, mas é uma baita gostosa’.

–... Awn, Mike! – Jessica disse, abraçando o pescoço dele. ‘Espero que Elle olhe bem pra nós nesse momento...’

–... Ah vou adorar ir a um encontro com você! – “Na falta de coisa melhor é isso que me resta”

–... Wow, Carol, você tá ótima, o sol da Califórnia te fez bem! – ‘Ridícula, está horrível com esse bronzeado fake’.

–... Oi Thomas, você foi brilhante na última temporada, parabéns cara! – ‘Será que ele me nota nesse ano?’

–... É claro que estarei preparado para as provas! – ‘Vou ter que colar de alguém!!!’

Edward largou o garfo respirando fundo mais uma vez para se acalmar, mesmo sabendo que essa ação era inútil, pois seus pulmões tecnicamente não precisavam de ar. Esse era um dos poucos reflexos humanos que ele ainda guardava desde que fora transformado em vampiro há mais de cem anos.

Esse é o meu inferno particular. Que assim seja’. Ele deu de ombros, se se encostando à cadeira, enquanto varria com seus olhos a refeitório da escola. No canto esquerdo, distante de todas as mesas, três adolescentes estavam sentados em uma mesa mais reclusa, comendo seus lanches enquanto eram observados pelos estudantes ao redor.

Edward inconscientemente captou a conversa dos outros com sua audição sensível.

–... São ingleses?

– Sim... Foram transferidos de internato chique do Reino Unido...

– Ah, eu tive aula com o ruivo. O nome dele é Ron... Parece ser um cara legal.

– Tive aula com aquela garota de cabelo volumoso... Mas nem me pergunte o nome, porque eu me esqueci.

Edward voltou o olhar para os novos estudantes, que pareciam desinteressados.

Na ponta estava uma garota de cabelos castanhos volumosos ondulados, olhos castanhos gentis e reservados. Do lado dela, um rapaz ruivo de olhos azuis e rosto salpicado de sardas, bebericando uma lata de coca-cola enquanto sussurrava algo no qual Edward não conseguiu compreender. Por fim, havia um jovem rapaz de cabelos negros, tez de porcelana e olhos verdes que assim como ele, parecia aborrecido.

– O que foi Edward? – Alice perguntou, fazendo com que ele voltasse sua atenção para a sua  mesa.

– Temos novos colegas de classe. – Edward disse.

– Sério?

– Sim... Você não viu? – Edward indagou.

Desde o incidente com Bella, eles ficaram mais precavidos com a interação com os humanos e qualquer novato era previamente visto por Alice em suas visões, a fim de evitar futuros problemas.

– Não... – Alice deu os ombros enquanto vasculhou a refeitório até encontrar a mesa dos novatos. – Eu não vi.

– Nada? – Rosalie perguntou incrédula.

– Não.

Edward não respondeu, voltando sua atenção para a mesa do outro lado do refeitório: com cuidado, ele vasculhou com seus poderes os pensamentos de todos do refeitório até poder chegar a mesa dos novatos, mas tudo o que deparou foi com um estranho silêncio, como se seu poder tivesse sido ricocheteado para longe.

Tentou novamente, mas não obteve sucesso.

O ruivo e a garota olharam para Edward como se o tivessem pego no flagra. Seus semblantes estavam sérios.

Edward piscou os olhos, atônito.

Isso era impossível.

– Alice... – ele voltou-se para a irmã.

‘O que aconteceu?’, a voz mental dela soou em sua cabeça.

– Edward, o que houve? – Jasper perguntou.

– Eu... Eu não consigo escutar o que eles pensam. – ele sussurrou, mas os quatro vampiros ouviram perfeitamente virando-se de costas para os novatos. – Não consigo escutar...

– O quê? – Rosalie exclamou alarmada.

– Não consigo escutar. – ele repetiu.

– Como assim não consegue escutar, bro? – Emmet perguntou franzindo a testa.

– É como se eles estivessem no mudo... Nem uma palavra. Nenhum som. – Edward sussurrou.

– Tenta de novo... Concentre-se. – Rosalie exigiu.

Edward mais uma vez direcionou seu poder em direção ao ponto desejado, mas novamente só obteve silêncio. Olhando cuidadosamente, viu que dessa vez era ele que era observado pelo garoto aparentemente mais jovem, seus olhos verdes fitando-o intensamente enquanto sua expressão facial estava rígida, mandíbula fortemente contraída e lábios pressionados em uma linha reta.

Ele não conseguiu ouvir nada, absolutamente nada.

Observando os três novatos se levantarem (o ruivo era o mais alto dos três, quase da altura de Edward, enquanto que a garota e o rapaz de olhos verdes eram de estaturas baixas), os Cullen viram os jovens andarem pelo refeitório até a saída com discreta rapidez.

– Nada?

– Nada. – Edward piscou seus olhos dourados, olhando para as mãos. – Estranho...

Alice observou o irmão e por fim indagou.

– O que foi?

Edward levantou a cabeça para olhar para a irmã.

– Por um breve momento, eles pareciam saber o que eu estava tentando fazer... – Edward sussurrou.

– Acha que eles são vampiros? – Emmet perguntou.

– Não... Possuem olhos de diferentes cores... E eu pude ver o fluxo de sangue na face deles. – Edward disse.

– Deve ter sido impressão sua. – Rosalie assegurou.

– Ele também não podia ouvir os pensamentos de Bella. – Jasper disse.

– Sim, mas não com três ao mesmo tempo. – Rosalie respondeu. – É muita coincidência.

O sinal de alarme soou no refeitório, indicando a hora de retornarem a sala de aula.

– Melhor irmos para a aula... Mais tarde conversamos a respeito. – Edward se levantou da mesa, sendo acompanhado pelos outros até a saída, cada um se separando e seguindo o caminho para as suas respectivas salas de aula.

Andando até seu armário, Edward pegou o seu livro de biologia – mais um acessório inútil para a sua farsa humana – e caminhou até a sala de aula no outro prédio, abatido pelo enorme tédio que o aguardava.

...

...

Sentado ao lado da janela e sozinho – os estudantes, inconscientemente seguindo os instintos de sobrevivência e também pela intimidação não se sentavam ao seu lado - Edward olhava para as gotas de chuva que escorriam pelo vidro assim como observava as arvores com seus troncos cobertos de musgos verdes e úmidos. Apesar de pacata, pequena e insignificante, Edward gostava de Forks, gostava de observar essa paisagem verde e densa que o rodeava. Havia algo de pacifico ao observar a natureza desse pedaço de Washington.

– Muito bem classe, abram na página 394. Hoje estudaremos o reino plantae... – Professor Warren falou até ser interrompido por uma batida na porta. – Pode entrar.

O garoto de cabelos pretos entrou na sala entregando um papel para o professor.

– Desculpe interromper o senhor... Tive um pequeno contratempo com meu armário. – Edward escutou ele murmurar suavemente, sua voz modulada com um grosso sotaque britânico.

– Não, imagina. Como se chama?

– Harry, senhor, Harry Potter.

– Bem Sr. Potter, você deseja se apresentar a turma?

– Não senhor.

– Então pode se sentar ao lado do Sr. Cullen, ali na terceira mesa.

Com a proximidade, Edward vê-lo melhor: Harry Potter era pequeno, não mais que 1,65m, usava um suéter de tricô verde-esmeralda que realçava seus olhos que também possuíam uma impressionante tonalidade verde, coroados por longos cílios escuros e sobrancelhas escuras espessas que contrastavam com sua pele de marfim. Edward também avistou uma curiosa cicatriz em formato de raio que estava parcialmente ocultada por suas madeixas escuras

Ele no geral era muito bonito, havendo um frescor de juventude e inocência em suas feições, mas também algo que Edward não sabia bem como definir, pois a mente dele era completamente protegida. Em contrapartida o garoto o olhava com uma expressão que parecia ser incredulidade, desconforto, melancolia ou até mesmo tristeza... Edward mais uma vez tentou ler a mente dele, mas nada obteve.

Enquanto avançava, Harry foi atingindo pelo ar quente do aquecedor da sala e Edward teve uma violenta reação tal qual teve com Bella no ano passado.

Inacreditável.

Impossível.

O ar quente amplificou o odor do garoto, saturando o ar da sala com um delicioso cheiro que o lembrava lavanda fresca banhada por caramelo quente, algo tão divino que Edward mal conseguia raciocinar em resposta, apenas sentia cada músculo de seu corpo doer em um insana vontade de cravar seus dentes no pescoço do rapaz que se sentava ao seu lado, drenar cada gota de sangue daquele corpo.

Fazia décadas que ele não tomava sangue humano e até então, com exceção do de Bella, ele jamais sentiu desejo por um em particular.

Mas esse... Esse flertava perigosamente com o seu autocontrole.

– Você está bem? – Edward ouviu a voz preocupada do garoto ao seu lado.

Edward apenas balançou positivamente a cabeça, olhando para frente, se recusando a olhar para o jovem.

Sua mente já começava a traçar planos para atrair o garoto após a aula.

Seria fácil. Edward era atraente, sabia como manipular as pessoas com seu charme. Ele poderia se oferecer para mostrar os arredores para Harry... Poderia conduzi-lo sem perceber até a floresta, onde com um simples aperto quebraria o pescoço dele a fim de evitar possíveis gritos e sugaria seu sangue... Ele poderia...

Não.

Não.

NÃO!

Edward pensou em Carlisle, pensou em Esme, pensou em seus irmãos, na segurança de sua família... Ele já tinha trago problemas demais para eles no ano passado. Ele não poderia fazer isso com eles. Não!

Mas ele queria tanto... Tanto...

Enquanto divagava na dualidade de seus desejos primitivos e sua consciência, Harry passou silenciosamente uma nota a ele. Edward levou alguns segundos até que olhou para baixo, contemplando o pedaço de papel e a caligrafia.

Não é sua culpa. Eu sinto muito.

Antes que pudesse raciocinar sobre o bilhete, Edward vira Harry pegar sua mochila caminhando rapidamente até o professor, pedindo para se retirar, pois estava se sentindo mal. Harry olhou mais uma vez para Edward, antes de desaparecer ao passar pela porta.



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