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História A Little Wicked - Dois Leões


Escrita por: Muffin_Paradise

Capítulo 18 - Dois Leões


CAPÍTULO XVIII

DOIS LEÕES

– Entre Jasper... – a voz suave de Carlisle soou abafada atrás da porta de seu escritório enquanto o outro vampiro tinha seu punho erguido com a intenção de bater.

Jasper olhou e escutou o ambiente em sua volta, se certificando de que não havia ninguém por perto. Logo após os lobos partirem, Ron aparatou para casa enquanto Edward saíra com Harry de carro. Esme fora para o quarto terminar seu projeto arquitetônico, enquanto Alice se voltara para seus croquis de moda e Emmett com seu videogame.

Aquele era o momento mais oportuno para que o vampiro texano pudesse conversar com o patriarca dos Cullen a sós, sem o risco de ser perturbado.

Ao entrar no recinto e fechar a porta cuidadosamente atrás de si, Jasper fora saudado por Carlisle no qual estava sentado em sua elegante cadeira giratória de couro marrom, lendo um grosso compêndio de técnicas cirúrgicas. Ao vê-lo, Carlisle abaixara o livro, recebendo-o com um sorriso tranquilizante e olhos dourados quentes, cheios de afeto.

Jasper sorriu.

Depois daquela noite estressante, ficar ao redor de Carlisle e de suas emoções tranquilas e plácidas era relaxante, pacífico. Era quase como chegar a um porto seguro depois de enfrentar um mar revolto.

– Algum problema? – ele indagou.

Jasper acenou em positivo com a cabeça, se aproximando da mesa e se sentando na cadeira de frente para Carlisle, unindo suas mãos em cima da mesa. Mesmo tendo certo receio em ter aquela conversa, Carlisle era a única pessoa no qual Jasper poderia confidenciar sobre o os pensamentos que vinham se formando em sua mente e ele certamente sabia o que fazer.

– Carlisle... – Jasper murmurou em um tom baixo, cauteloso.

– Sim... – o outro imitou o tom de voz, sabendo que a conversa era séria.

– Eu quero que você me responda de maneira sincera e honesta, da maneira como você sempre foi conosco, em todos os momentos... – o loiro disse sem rodeios, vendo seu pai ficar consternado com o rumo que a conversa estava sendo direcionada – Você confia em Harry e nos outros bruxos?

Carlisle se ajeitou na cadeira, visivelmente surpreso pela pergunta que recebera.

– Jasper... O... O que se deve a isso?

- Confia ou não?

O Cullen mais velho olhou para o lado por um segundo e voltou a olhar para seu filho adotivo.

– Bem... Não há razões para eu não confiar. – ele respondeu de forma cuidadosa, olhando para o jovem e prosseguiu. – Mas... Eu creio que você têm razões para acreditar o contrário, não?

Jasper pausou por um breve momento, seu rosto marcado por cicatrizes ficando com um semblante sério.

– Durante as últimas semanas uma ideia não sai da minha cabeça... Uma sensação persistente, se assim preferir.

– Qual seria?

– De que estamos cada vez mais nos enrolando com uma corda que no fim só vai nos enforcar. – Jasper olhou com seriedade. – Esses assassinatos, rituais de magia negra, esses ataques contra nós, a ameaça dos lobos... Tudo isso acontecendo quase simultaneamente, desde que conhecemos os bruxos e eles entraram em nossas vidas.

Carlisle ficou sério.

– Jasper, onde exatamente você está querendo chegar? Você desconfia de algo? Eles deram algum indício?

Jasper deixou escapar o ar entre seus lábios entreabertos de maneira impaciente.

– Para começar, eles estão escondendo algo de nós. Desde o início... Carlisle, nós não sabemos nada sobre eles. – Jasper disse urgente – Nós não sabemos do real motivo deles terem vindo a Forks e do por que estarem aqui, não sabemos sobre seus antecedentes na Inglaterra, não sabemos o quê realmente eles são...

– Jasper... – Carlisle disse de maneira suave – Você passou semanas na companhia deles, não é possível que nesse meio tempo você não...

– Edward não consegue ler a mente deles... – ele interrompeu o outro –... Alice não consegue ver o futuro em relação a eles, eu não consigo sentir ou influenciar suas emoções. Eles sempre dão respostas evasivas a certas perguntas... O que conhecemos deles é apenas uma camada superficial. É como se eles mantivessem em uma parede vidro entre eles e nós... Eles nos veem e nos conhece, mas nós só conhecemos o que eles decidem compartilhar, o que não é muito, diga-se de passagem.

Carlisle coçou a testa que começara a ficar franzida a cada palavra dita e Jasper começara a sentir a preocupação dele afastar sua habitual tranquilidade.

– Jasper, você está sugerindo que Harry, Hermione e Ron são responsáveis pelos assassinatos em Forks? – Carlisle sussurrou baixo e sério, pois aquela hipótese o fez sentir subitamente pesado.

– Eu não sei. – Jasper murmurou sincero – E esse é o ponto. Eu não sei. Nós não sabemos...

O ex-confederado pausou, pressionando os lábios em uma linha fina.

– Enquanto estávamos na reunião, eu não pude deixar de reparar em Ron, e principalmente em Harry. – ele prosseguiu – Eles não pareceram chocados ao ver aquelas fotos. Eles pareciam um pouco incomodados como se aquilo fosse um aborrecimento menor ou algo assim. Mas não chocados.

O médico parou ao se relembrar das reações que ele vira horas antes.

– Pessoas reagem de maneira diferente a certas coisas Jasper... – Carlisle tentou argumentar, mais para si mesmo do que para o filho.

– Carlisle... Eu já vi coisas horríveis até mesmo quando eu era humano, nos meus tempos de Guerra e também depois de minha transformação. Mas ainda assim, aquilo foi estarrecedor pra mim.

Carlisle o fitou seriamente, acenando a cabeça com relutância.

– Harry, por exemplo... – Jasper sussurrou – O que você me diz do comportamento dele hoje?

– Um pouco abrasivo, eu acho... Irredutível. Poderia ter sido um pouco mais diplomático com os lobos, um pouco mais gentil por conta da situação delicada em que estamos.

Jasper acenou com a cabeça em positivo.

– O que você chama de ser abrasivo ou irredutível para mim tem outro nome, Carlisle... Eu já vi olhares como aquele antes... Era frio, inumano... – Jasper sussurrou. – De alguém que seria capaz de matar sem remorso.

– Você não está falando como se estivesse com desconfianças Jasper. – Carlisle respondeu preocupado. – Você está falando com certeza.

Jasper deu de ombros.

– Por enquanto estou tratando isso como possibilidades... Mas... Pense... – Jasper respondeu de forma lógica, gesticulando com as mãos – Com as coisas que vimos até agora e das coisas que sabemos por fora, eles poderiam muito bem ser adoradores do Diabo e assassinos, cometendo essas atrocidades debaixo do nosso nariz, enquanto se beneficiam de nosso apoio ao se passarem por nossos aliados, amigos ou...

Jasper se interrompeu enquanto Carlisle suspirou fundo, sabendo onde iriam chegar.

– Edward não me daria ouvidos. Eu não posso nem pensar sobre isso quando estou perto dele. – Jasper sussurrou – Ele já colocou Harry em um pedestal e não há ninguém que possa fazê-lo tirá-lo de lá... Eu sei disso, pois eu já cometi esse erro, como bem sabe.

Carlisle colocou as duas mãos no rosto por um momento até voltar a olhar para o filho adotivo.

– Se essas suposições forem verdade... Se isso for verdade, Edward não suportaria... – o Cullen mais velho sussurrou abalado, se apoiando no encosto de sua cadeira de couro. – Harry é a alma gêmea dele, o companheiro que ele esperou... Se o que você está me falando for verdade... Se Harry realmente estiver o usando...

– Isso quebraria o coração do meu irmão. – Jasper olhou para baixo ao se lembrar da intensidade das emoções de Edward em relação ao bruxo de olhos verdes, pois se aquilo fosse verdade, haveria sofrimento e dor sobre o teto dos Cullen.

Carlisle negou com a cabeça em um semblante doloroso.

– Isso o destruiria. – Carlisle corrigiu ao fitar o nada.

Os dois ficaram em silêncio por longos minutos, o som do tic-tac do relógio e o suave estalido do fogo da lareira acesa, que lançava sua luz pelo escritório do médico. Carlisle se levantou da cadeira, andando até a janela com vista para a floresta noturna enquanto mantinha suas mãos atrás das costas. Jasper manteve-se sentado, vendo o reflexo do rosto do outro vampiro pelo vidro da janela.

– Meses atrás... – Carlisle se pronunciou depois de alguns minutos – Edward me disse uma coisa que só agora eu pude me relembrar.

Jasper levantou a cabeça.

– O quê?

– Ele havia me confidenciado que vira algo na floresta em relação aos bruxos que o fez ficar assustado. Eu o disse para que ele guardasse precaução, mas que não os tratasse com pré-julgamentos... – Carlisle disse de maneira vaga – Por alguma razão isso escapou da minha mente do decorrer das semanas e meses...

– Ele chegou a dizer o quê foi que viu?

– Não... Não chegou. – Carlisle se virou para Jasper. – Mas agora que me veio a cabeça, vejo que suas desconfianças são... Justificáveis.

Os dois ficaram em silêncio mais uma vez, recolhidos em suas próprias cabeças. Em dado momento, Carlisle avançara até sua estante livros, seu dedo indicador passando pelas diferentes lombadas até encontrar um livro pequeno, encadernado em couro de aparência envelhecida e páginas amareladas. Pegando com cuidado, o vampiro olhou com seriedade para o livro e depois para Jasper.

– Meu pai foi um pastor e caçador de bruxas, você sabe bem... – o Cullen patriarca disse de maneira séria, olhos dourados cautelosos – Eu cresci ouvindo suas histórias e advertências sobre a existência delas... Ele me dizia que elas eram servas de Satã, incumbidas de espalhar o Mal pela Terra, assim como os vampiros e lobisomens. Eu o assisti torturar e matar muitas pessoas no qual ele acusava de bruxaria, muitas delas inocentes...

Jasper ficou em silêncio.

– Em sua busca por purificação ele acabou se tornando desumano, mas ele estava certo sobre a existência de lobisomens, sobre os vampiros... E quem sabe pode estar certo sobre as bruxas. – Carlisle disse, entregando o livro para Jasper.

– O que é isso? – Jasper perguntou ao tocar no livro de aparência antiga, vendo-o de todos ângulos.

– Meu pai mantinha registros e anotações sobre temas sobrenaturais – ele explicou – Esse diário e a cruz de madeira são as únicas coisas que consegui recuperar depois que a paróquia dele pegou fogo no Grande Incêndio de Londres, em 1666.

Jasper abaixou o diário, olhando para Carlisle com seriedade.

– Por que não mostrou isso para nós antes? – Jasper indagou, se sentindo um tanto quanto traído – Isso seria de grande valia pra nós desde o início.

– Porque ao ler você vai entender que isso foi escrito por um fanático perturbado que via o Mal em tudo, exceto em si mesmo... – Carlisle argumentou. – Não é muito para começar a investigar, mas é pelo menos um começo.

Jasper assentiu conformado, segurando o diário em suas duas mãos.

– Então vamos mesmo investigá-los? – Jasper perguntou.

– Sim... Temos de proteger nossa família e os laços que nos unem... Os Cullen devem se proteger.

– Se estivermos errados...?

– Se estivermos errados, coisa que eu prefiro manter-me acreditando, então colocaremos uma pedra sobre o assunto como deve ser... Harry é o companheiro de Edward, e por extensão, um filho para mim também.

Jasper concordou com a cabeça, andando até a porta, mas olhando para o outro antes de sair.

– E se estivermos certos, Carlisle?

Carlisle parou, olhando para o chão enquanto suas sobrancelhas se uniam em uma expressão de tristeza.

– Se estivermos certos, que o Senhor nos ajude, pois quem vai mais sofrer será o meu filho... – o médico disse em um sussurro.

Com resignação, Jasper fechou a porta atrás de si, determinado a trazer respostas para sua família.

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– Uma noite e tanto que tivemos, não? – Edward sorriu ao colocar as mãos nos bolsos da calça jeans, vendo Harry jogar a jaqueta que usava em cima da poltrona do canto de seu quarto.

– Sim, sim... Mas já passei por situações mais difíceis. – Harry respondeu, virando-se para ele, colocando as mãos em seus quadris – Pra ser bem sincero achei que seria pior...

– Todos nós pensamos. Jasper estava ponto de perder um parafuso com tanta tensão sobre ele... – Edward disse, franzindo a testa ao se lembrar do irmão que estava inquieto com as emoções de todos em volta, assim como seus pensamentos injustos em relação a Harry e os amigos, que para ele eram apenas frutos do nervosismo.

– Eu imagino... E imagino também o quão seria ruim se ele não estivesse lá, segurando as pontas... Ou melhor, as coleiras de certos cachorros. – Harry murmurou com um sorriso.

O semblante de Edward azedou ao entender a referência, apertando os punhos de tal forma que suas juntas emitiram um estalido seco.

– Jacob iria bater em você. – ele disse falsamente calmo.

– Hm? Ah sim, ele tentou... – Harry disse dando de ombros – Mas está tudo bem.

– Não Harry, não está ‘tudo bem’. Se ele fizesse algo, se ele... – Edward rebateu e se interrompeu, frustrado demais para se expressar verbalmente e isso fez com que o bruxo sorrisse com suavidade para ele.

– E dar a ele um motivo para querer te atacar? Oh, Ed... Você é tão mais inteligente que isso... – o humano respondeu levantando–se na ponta dos pés para beijar a bochecha dele.

A raiva de Edward foi substituída pela já familiar sensação de borboletas no estômago, assim como um formigamento agradável que estava em sua bochecha após ter sido beijado.

– Mas não inteligente o bastante quando você está envolvido no meio... – ele brincou, arrancando uma risada baixa do outro.

Harry tirou os sapatos e os empurrou com os pés para os lados, se jogando de costas na cama espaçosa e afundando nos travesseiros fofos. Sorrindo de maneira travessa, o bruxo cruzou os calcanhares enquanto colocava suas mãos de maneira comportada no ventre, olhando para Edward de maneira conspiratória.

– Então... – o bruxo disse de maneira arrastada.

O vampiro uniu as sobrancelhas.

 – Pode deitar do meu lado... Nesse quarto, não sou eu quem tem o costume de morder, você sabe... – Harry deu uma piscadinha.

Edward riu.

– Devo? – o vampiro disse com bom humor – E se for um plano seu para corromper minha virtude?

Harry arregalou os olhos e colocou a mão no peito.

- Meus planos vis foram descobertos! – ele disse de maneira dramática e riu, vendo Edward tirar os seus sapatos e deitar do lado em seu lado, de maneira acanhada.

– Brincadeiras a parte, eu sei que você não iria para casa... – Harry sorriu. – Você ficaria em cima de uma árvore, empertigado que nem uma coruja a noite inteira pra me viajar...

O vampiro franziu levemente o semblante sentindo-se ofendido.

– Eu só quero...

– Eu sei... – o bruxo sussurrou e depois sorriu levando a mão até a cabeça dele para acariciá-lo.

Edward ficou em silêncio apreciando a carícia que recebia, a sensação dos dedos dele tocando e enrolando em seu cabelo com ternura e afeição... Aquele gesto fazia o peito dele ser preenchido por um calor agradável, provocando nele uma louca vontade de rir de tão maravilhoso que era.

E por isso, em momentos como aquele, Edward começava a acreditar que aos poucos estava ficando louco. Louco, pois parecia que Harry havia o dominado por inteiro, deixando-o a mercê do encanto de seus olhos verdes, sorrisos, beijos e carícias, fazendo com que ele se tornasse o ponto focal de sua existência em uma rápida escala de tempo.

Com delicadeza, Edward interrompeu o toque gentil do humano, segurando o pulso deste e levando até o nariz. Fechando os olhos, ele inspirou profundamente, apreciando o fato de que o bruxo deixara de usar perfume, pois assim seu aroma natural não era alterado de maneira irritante pelos de origem sintética.

 “Não há perfume no mundo que se compare com dele...” ele pensou em prazer “Ele cheira como o meu próprio Paraíso... Como algo feito somente para mim”.

Edward sorriu, depositando no pulso de Harry um beijo respeitoso, quase reverente.

O bruxo corou ao sentir os lábios frios do vampiro naquele pedaço de pele nua ainda inexplorada, enquanto Edward pode sentir em seus próprios lábios a vibração das batidas do coração do humano. Sua garganta ardeu e coçou, os dentes brancos afiados como navalhas quase raspando naquela pele delicada que permitiria acesso a artéria no qual corria o sangue quente e de aroma doce...

Ele estava perto, tão perto... Mas a única coisa que fizera foi beijá-lo mais uma vez.

– Você é como uma heroína feita especialmente para mim... – ele divagou

Harry piscou os olhos, incrédulo e riu com uma voz rouca.

– O quê foi? – ele perguntou confuso diante risada abrupta do outro.

O bruxo balançou a cabeça em negação olhando para o vampiro com um olhar travesso.

– Já fui chamado de muitas coisas, mas ser comparado com uma droga é uma novidade.

– Hmmm... Pode ser um apelido carinhoso que eu darei a você... – o vampiro provocou. Harry bufou.

– Me chame disso e te chamarei de pote de purpurina. – ele revidou.

Edward riu, erguendo as mãos em redenção.

– Sem apelidos!

– Bom menino... – Harry brincou.

– Sabe... Mudando de assunto, mas nem tanto...  – Edward disse enquanto colocava o braço ao redor dos ombros do outro. – Nesta noite você me surpreendeu de novo.

– Em que sentido? – Harry indagou curioso.

– Sua postura diante dos lobos... Você parecia tão autoritário, tão...  Inflexível, frio... Gélido. Nunca recuando ou sendo intimidado... – Edward parou para pensar. – Na verdade, foi você que os intimidou...

– E... – Harry sussurrou para que ele continuasse.

– Eu meio que gostei. – Edward confessou.

– É mesmo? – um sorriso surgiu no rosto do rapaz de cabelos negros.

– Sim... – o vampiro afirmou com um sorriso sereno, seus dedos brincando com o cabelo do outro. – Você parecia tão inabalável, tão seguro de si, nunca precisando da minha intervenção, mesmo eu estando lá por você... Você não precisa de mim, Harry... E isso me deixa um tanto desnorteado, devo confessar.

O bruxo pareceu confuso.

– Eu não entendo...

Edward suspirou.

– Eu não tenho experiência com relacionamentos... – ele começou a explicar – O mais perto de um que tive foi com Bella e nesse relacionamento, eu percebi que sempre haveria uma desigualdade brutal entre nós... Por eu ser um vampiro, eu sempre estaria um passo a frente dela e ela sempre dependeria de mim e eu não me opunha a isso. Era como um leão estar junto de um cordeiro, entende? Eu sabia o que esperar e como agir...

– Você não pensou em transformá-la? – Harry perguntou – Assim vocês seriam iguais...

– Ela queria, mas eu neguei. Não queria que ela se transformasse em um monstro desalmado como eu... – Edward respondeu, fazendo com que o rapaz parecesse pensativo.

– Edward, você não é isso... – o bruxo repreendeu com suavidade. - Você é tudo, exceto um monstro desalmado.

Edward sorriu para Harry, pois mesmo não concordando com a afirmação do outro, ainda assim ficara feliz em ouvir aquelas palavras.

– Prosseguindo, você estava ok em estar nesse relacionamento desigual?

– Eu estava ok com isso pois de certa forma era previsível... Eu sabia como desempenhar o meu “papel”, digamos assim. – Edward prosseguiu em sua confissão.

– Isso é um pouco antiquado... E possivelmente machista, você sabe... – Harry sussurrou.

– Eu sei, mas eu fui criado dessa forma Harry... Eu tenho 17, mas também tenho quase 120. Eu sou de outra época, de um mundo que já não existe mais a não ser em livros, fotos ou filmes, assim como você... – Edward respondeu, pausando por um momento e prosseguindo – Com Bella, eu estava em uma posição segura, mas com você é tudo tão diferente...

– Então você... Você quer que eu seja dependente de você? – Harry sussurrou de forma cautelosa.

– Não! Céus, não... – Edward negou com veemência, beijando a testa do bruxo e olhando nos olhos dele. – O que quero dizer é que cada vez mais eu percebo que no nosso relacionamento há igualdade e que em certos momentos, é você que está alguns passos a frente... E eu acho que estou bem com isso.

Harry colocou a cabeça em cima do peitoral dele, sua mão acariciando os botões da camisa branca que o outro usava.

– É bom saber disso, mas... Você está errado em um ponto...

Edward franziu a testa preocupado.

- Perdão?

- Como eu posso explicar...

Harry respirou fundo enquanto abria os olhos e fitava o céu estrelado do teto de seu quarto e em especial um conjunto de estrelas.

- Veja... Aquela é a constelação de Leão... – ele disse pensativo fazendo com que Edward olhasse para cima – Eu nasci sob o signo de Leão... Em Hogwarts, fui selecionado para Grifinória, em que o símbolo é o leão... Acho que de muitas maneiras eu sou como um leão também: em situações difíceis e nas necessárias, eu posso ser duro, agressivo, brutal e algumas vezes cruel até. Eu “arranho” para me proteger, mas eu sofro mais fazendo isso do que por ser “arranhado”.

Harry parou e prosseguiu.

- Você está errado em dizer que eu não precisei de você, pois a verdade é o contrário. Eu precisei... Muito. – ele disse voltando o olhar para o outro. – E para minha surpresa, ao invés de me sentir como um garotinho dependente, assustado e frágil, eu precisar de você me fez sentir bem e forte...

Edward sugou o ar pelos lábios entreabertos, seu polegar acariciando a bochecha corada dele.

– Você realmente precisa de mim? – ele indagou em uma baixa.

Harry acenou em positivo com a cabeça.

– Sim, eu preciso. – Harry respondeu em um sussurro, como se dissesse um segredo.

– Então eu estarei aqui por você... – o vampiro disse de forma calorosa, seus olhos dourados quentes fitando-o com intensidade. – Sempre.

O rapaz de cabelos negros não respondera, apenas sorriu beijando-o rapidamente.

Edward olhou para cima e encarou a constelação que pairava sobre eles.

– Então o leão se apaixonou por outro leão... – ele continuou, beijando o queixo forte de Harry.

– Um leão um tanto quanto problemático... – o bruxo arfou, enquanto sentia os lábios frios de Edward beijar a dobra de seu pescoço, enquanto enterrava seus dedos nos cabelos avermelhados do outro.

– Um leão com possíveis tendências masoquistas... – Edward respondeu com uma risada rouca e musical ao se afastar para vê-lo melhor.

Os dois olharam de forma terna um para o outro por alguns momentos até que Harry franziu a testa como se algo lhe ocorresse no momento.

– Posso te perguntar algo? – o bruxo indagou.

- Claro...

– Por que Jacob Black odeia você? – Harry disse ao olhar para ele.

O vampiro suspirou diante do questionamento do outro.

– É uma longa história... – ele disse um tanto quanto incomodado.

Harry estreitou os olhos de maneira desconfiada.

– Hmm... Deixe–me adivinhar... – o bruxo murmurou  –...tem haver com Bella?

O vampiro arregalou os olhos.

– Você leu a mente dele?

– Não. Mas é um tanto quanto óbvio que a razão é muito além do fato de você ser um vampiro... Então presumo que deve envolver uma garota e a única garota que tenho em mente e no qual você se envolveu foi Bella. – Harry respondeu com uma risada baixa.

Edward riu em resposta, mas ficou quieto em seguida enquanto sua mente vagava pelos acontecimentos ocorridos há quase um ano, mas que pareciam ser bem mais do que isso.

– Os vampiros e lobisomens, digo, os metamorfos, são inimigos naturais. A razão disso é desconhecida, mas ainda assim um fato inegável... Apesar das diferenças e de todo o histórico de conflito entre nossas espécies, somos iguais em um aspecto: nós temos a capacidade de identificarmos aqueles nos quais são nossos pares perfeitos...

– Como almas gêmeas?  – Harry completou.

– De certa forma, apesar de eu ainda achar que vampiros não têm alma... – Edward franziu a testa, começando a abstrair em sua teoria. – Como seria possível se...

– Foco, Edward! – Harry demandou, fazendo com que o vampiro sorrisse para o bruxo.

– Certo... Bem, os lobos sabem quando encontram o seu par ideal quando eles sofrem algo que eles chamam de imprinting, uma espécie de vínculo instantâneo que faz com que eles sintam uma profunda conexão com uma pessoa.

– Jacob teve um imprinting por Bella. – Harry conjecturou.

– Isso... E até onde eu soube, eles eram amigos de infância e depois quando Bella voltou para Forks, eles se reconectaram novamente. – Edward explicou sem jeito. – Eles poderiam ter ficado juntos, mas...

Harry ficou em silêncio.

– Eu apareci e fiz com que Bella ficasse comigo... Que me escolhesse. – Edward prosseguiu, sentindo–se envergonhado. – Alice previu que havia uma possibilidade de que Bella e eu pudéssemos ter um futuro juntos... Eu me agarrei naquilo com unhas e dentes, pois mesmo negando, eu no fundo queria ter um alguém... Eu estava tão...

Edward parou, olhando para o teto do quarto.

– Tão cansado de ficar só... E por causa disso, eu ignorei meu próprio coração que me dizia que por mais que tentasse, Bella nunca poderia ser meu par ideal, nunca poderia realmente me completar... Em um universo alternativo, em outro mundo e em outras circunstâncias, poderíamos ter um futuro juntos, poderíamos ser almas gêmeas... Mas eu estava errado e isso custou a vida dela. – Edward murmurou pensativo – Jacob me odeia por que eu tirei dele a possibilidade de ser feliz com a companheira dele. Então o ódio dele por mim é mais do que justificável.

Harry respirou fundo.

– Você não pode sempre se culpar pelas coisas que acontecem, Edward... – o bruxo sussurrou enquanto acariciava o pescoço do outro.

– Mas eu deveria...

– Eu sei que você se sente culpado... – Harry interrompeu, se ajeitando na cama para que pudesse ficar de frente para o outro –... mas leve em consideração que Bella havia escolhido você.... Foi uma decisão dela também. E sim, talvez vocês pudessem dar certo, ou talvez vocês tivessem terminado e ela teria ficado com Jacob ou até mesmo com outra pessoa.

– Mas se eu não tivesse interferido, ela estaria ao menos viva. – o vampiro sussurrou deprimido.

– Talvez... Ou talvez ela teria morrido estando com Jacob. Não tem como saber... – Harry respondeu acariciando a bochecha fria do rapaz de cabelos acobreados, enquanto este parecia aos poucos compreender o que dizia. – Mas você não pode carregar esse peso consigo por todo o sempre... Entende o que quero dizer?

O vampiro suspirou ao abraçá-lo, beijando a testa de Harry enquanto fechava os olhos com força.

Por muito tempo ele havia estado sozinho. Ele tinha sua família é claro, ele os amava e era amado de volta por eles, mas mesmo sua família não era capaz de preencher aquele vazio que ele tinha dentro de si e que crescera ao longo das décadas.

Por muito tempo ele acreditou que era amaldiçoado a conhecer somente a solidão, a mudar-se de cidade em cidade e de escola em escola, repetindo o mesmo papel de adolescente humano por centenas de vezes, a ficar confinado naquela existência que o fazia se sentir miserável, infeliz.

Por muito tempo, ele lera livros, vira filmes, ouvia pensamentos e via as pessoas ao seu redor vivenciarem o amor e por conta disso, ele acreditou que aquilo era o mais perto que chegaria a conhecer desse sentimento. Ele acreditou que sabia tudo sobre o amor, mas nada disso prepara para aquela sensação que sentia ao ter Harry em seus braços: ele não sentia mais aquele vazio, ele não se sentia miserável, não se sentia infeliz.

Amor implodia em seu coração petrificado, morto e imóvel, fazendo-o se sentir mais vivo do que nunca ao longo de quase um século como vampiro.

Ele estava assustado.

Ele estava corajoso.

– Em momentos como esse, eu custo a acreditar que tudo isso seja real... – ele sussurrou enquanto seus lábios roçavam na pele de Harry. – Que você seja real...

– Hmm? – Harry disse.

Edward sorriu suavemente.

– Eu nunca senti por ninguém o que eu sinto por você, Harry... E nunca irei. – ele confessou, sua voz aveludada pronunciando as palavras com cuidado – Você entrou na minha vida, derrubou todos os meus alicerces, levou pro chão tudo em o que eu acreditava e tinha como verdade... Virou-me do avesso e de pernas pro ar...

Harry riu baixinho ao abaixar o rosto, enquanto Edward levou a mão até o queixo do bruxo, erguendo-o com delicadeza para que ele o olhasse. Se o coração de Edward batesse, ele estaria frenético no momento.

– Agora eu rezo todos os dias para que você nunca se vá... Que você nunca me deixe, que eu nunca fique só novamente... – o vampiro disse incapaz de conter a fragilidade em sua voz, seus olhos dourados calorosos fixos no verde-esmeralda do adolescente em seus braços – Você não tem ideia do quanto eu esperei por você...

O rosto de Harry ficara pálido pelo susto, mas gradualmente ficou corado, as bochechas e orelhas explodindo de cor.

– Edward... – o bruxo arfou.

– Eu... Eu sei que talvez seja cedo demais para dizer o que eu vou dizer e que você não pode me dizer o mesmo... Pelo menos não por agora... – Edward fechou os olhos, segurando as palavras em sua mente para que elas não escapassem  – O que eu quero dizer é que você, Harry James Potter, é o rapaz mais... Mais doce, gentil, corajoso e extraordinário que eu conheci em toda minha existência. Você conquistou cada pedaço de mim e agora eu sou eternamente devoto a você.

Edward prendeu a respiração, suas mãos tremendo enquanto tocava rosto de Harry com enorme reverência.

– Eu te amo...

Os olhos de Harry se encheram de lágrimas nos quais o vampiro limpara com o seu polegar antes mesmo de caírem.

–... de todo  meu coração. – ele completou.

Harry abaixou o rosto enquanto o cobria com as mãos, sua respiração instável e pulsação frenética, mas nenhum som vindo de seus lábios. Edward sentiu o cheiro salino de lágrimas, encostando a ponta de seu nariz no cabelo do bruxo até que este o abraçara pelos ombros, escondendo o rosto na dobra de seu pescoço, fazendo com que o vampiro envolvesse seu tronco em um abraço.

O bruxo chorou em silêncio enquanto seus dedos estavam na nuca de Edward, suas lágrimas molhando o colarinho da camisa que ele usava. O vampiro aos poucos entendia que naquele momento, Harry estava desarmado, sem sua coragem desafiadora, sem aquela frieza que ele mostrava ante aos lobos ou a situações ameaçadoras, sem o ar de autoridade que ele emanava. Harry estava assustado e isso deixou Edward desnorteado.

– Acho que dizer ‘eu te amo’ foi a coisa mais terrível que já te disse... – Edward murmurou baixinho, seu hálito gelado soprando no cabelo do outro.

Harry mexeu a cabeça minimamente em negação enquanto aos poucos se desvencilhou do abraço, levantando-se da cama enquanto limpava as lágrimas com as mãos, virando-se de costas ao olhar para janela. Edward calado ao ver o bruxo fitar o vazio por alguns minutos até que o mesmo se virou para vê-lo.

– Você me ama agora... – Harry sussurrou de forma fraca – Mas não me amará sempre... Um dia, cedo ou tarde, você pode me odiar...

Edward se levantou em um milésimo de segundo, ficando ao lado dele.

– Eu não vejo como isso poder acontecer, meu amor... – Edward disse erguendo o queixo dele para que visse os olhos do outro. – Harry, olhe para mim, vamos... Isso... Veja bem, eu nunca vou odiar você.

– Você não pode saber...

– Eu nunca poderia te odiar... Nunca! – Edward disse resoluto, seu olhar intenso e honesto – Eu apenas irei amá-lo... Sempre.

Harry uniu as sobrancelhas como se as palavras que ouvira começassem a fazer sentido, mordendo o lábio inferior.

– Por que você faz as coisas serem tão intensas? – Harry indagou de forma quase mal-humorada. – É injusto...

– Pois você vale a pena. – Edward respondeu calmo.

– Cafona. – o bruxo virou os olhos, fazendo o vampiro sorrir.

- Okay, permita-me reformular... – vampiro colocou a mão nos quadris do outro, aproximando-o de si, enquanto olhava-o intensamente – Eu estou disposto a fazer com que você seja meu, da mesma forma como eu já sou seu.

 Harry arregalou os olhos como uma criança assustada.

– Porra, Edward... – o bruxo arfou enquanto corava.

– Linguagem, Harry... – Edward corrigiu.

Harry gargalhou, apoiando a testa no ombro do vampiro enquanto suas mãos descansavam na cintura dele.

– O que você diz é mesmo verdade? – Harry questionou.

– A mais pura e absoluta verdade. – Edward sorriu, beijando o lóbulo da orelha do bruxo e ficando deliciado ao ver que o humano se arrepiara.

Os dois se beijaram, as mãos de Edward na cintura de Harry, seus dedos traçando com respeito e suavidade as bordas da camisa do outro, quase tocando a pele nua da base das costas do bruxo.

Harry respirou fundo, colocando a mão no peitoral de Edward e o afastando para trás.

– O que foi? – o vampiro perguntou confuso por aquela ação. Ele teria feito algo errado?

Harry ignorou, fazendo com que Edward caminhasse para trás até se sentar na cama.

– Eu quero testar uma coisa... – ele disse em um sussurro.

– Testar o quê? – Edward arregalou os olhos de maneira inocente.

– Não entre em pânico... Apenas relaxe, tudo bem? – Harry sussurrou arfante, colocando as mãos nos ombros largos do vampiro enquanto sentava em cima de seu colo, de frente para ele enquanto posicionava as pernas em seus lados.

– Harry... – Edward arregalou os olhos, já sentindo o nervosismo borbulhar em seu peito.

– Shhh... – o bruxo colocou o dedo indicador nos lábios dele e depois inclinando-se para beijá-lo mais uma vez.

Edward sentiu os lábios quentes de Harry o beijando de forma delicada, meiga e carinhosa, fazendo com que o vampiro fechasse os olhos e apreciasse sua língua quente, o gosto de sua boca, a textura e maciez dos lábios, da mesma forma em que sentia os dedos do bruxo em seu cabelo, tocando-o, acariciando-o.  Incentivado pelo beijo, Edward lentamente levou suas mãos até os quadris do bruxo, que, em resposta, pressionou suas coxas contra as pernas dele.

Harry continuou a beijá-lo, apoiando suas mãos no peitoral do vampiro, no qual subia e descia em uma busca irracional de ar - Edward não precisava respirar, mas ele sentia necessidade de preencher seus pulmões de ar se quisesse que seu cérebro e sua sanidade não entrasse em colapso.

Em meio a protestos, Harry separou-se do beijo, olhando-o com seus olhos verdes injetados de calor enquanto levou sua mão até a face do outro, a ponta dos seus dedos percorrendo as linhas esculpidas e definidas do maxilar másculo do vampiro e indo até seus lábios, acariciando-o com o polegar.

– Abra a boca Edward... – Harry sussurrou.

– Hm, o quê?

– Faça o que eu digo... Abra a boca... – o bruxo repetiu.

Edward soltou a respiração pela boca ao deixá-la entreaberta, sentindo uma vibração estranha dentro de si, como se fosse o fantasma da batidas aceleradas de seu próprio coração, órgão esse imóvel e petrificado.

Com cuidado, o bruxo levara a ponta de seu dedo indicador até a boca do outro, mais precisamente até o dente canino de aparência humana, mas ainda assim com a ponta afiada. Edward arregalou os olhos horrorizados, mas já era tarde demais: com um movimento rápido, Harry havia perfurado o dedo e exibia o indicador para cima onde uma gota de sangue rubro brotara da incisão feita.

O cheiro do sangue de Harry o nocauteou de imediato.

O aroma era muito mais intenso, muito mais doce e concentrado daquele que emanava da pele, saturou o ar em sua volta e preencheu seus pulmões, sua garganta ardendo com violência enquanto um rosnado crescia em peito. Os olhos do vampiro agora em negros como carvão, enquanto Harry sorria para ele como um diabo, passando a ponta de seu dedo ensanguentado nos próprios lábios, pintando-os de vermelho.

Edward achou que iria avançar para atacá-lo, mas em verdade ele estava paralisado, suas mãos ainda firmes nos quadris do garoto inglês enquanto uma ereção começava a crescer dentro de sua própria calça. Inclinado mais uma vez em sua direção, Harry o beijou novamente, dessa vez com vigor, intensidade e até mesmo de maneira faminta. Edward demorou alguns segundos para reagir, mas o beijou de volta, sentindo o gosto dos lábios de Harry misturados com o seu sangue, sangue de gosto doce, magnifico como um néctar que fazia sua garganta arder como ferro em brasa e contrair, mas ele ignorou.

Aquele beijo lhe causava uma sensação muito, muito melhor do que poderia ter se bebesse o sangue dele. Aquele beijo era narcótico, erótico, viciante, divino e pecaminoso... Flertava com o perigo, levava a ele para o Céu e o Inferno ao mesmo tempo. Ele nunca havia sido beijado daquele jeito, e agora que descobrira o quão bom era, ele queria mais.

Edward envolveu a cintura de Harry com os braços em um abraço possessivo, sua ereção apertando desconfortavelmente na calça jeans enquanto continuava a ser beijado. Em dado momento, Harry remexera seus quadris em um movimento controlado, fazendo com que um som animalesco escapasse dos lábios do rapaz de cabelos acobreados.

– MEU!!! – Edward rosnou possessivo, escondendo o rosto no pescoço quente do bruxo, sentido o corpo menor e quente pressionado contra o dele. – Meu!

– Sou? – Harry arfou em sua respiração quente, suas mãos acariciando os braços fortes do outro.

­– Somente meu... – Edward disse, raspando suavemente seus dentes na pele do pescoço do outro, em cima de sua jugular. Harry xingou baixinho, seus dedos segurando o cabelo de Edward enquanto seus próprios lábios quentes beijavam o pescoço frio do outro.

O vampiro manteve o rosto escondido na dobra do pescoço do bruxo, olhos fechados enquanto apreciava o calor e maciez daquela pele em contraste de sua própria, dura e fria como mármore. Com respirações curtas e controladas, Edward lentamente recobrava controle de si, mas ainda mantendo Harry em colo e em seus braços... Naquele momento não existiam inimigos, não existiam preocupações, não existiam ameaças, apenas existia eles dois naquele quarto.

Se afastando para vê-lo, Edward acariciou o rosto de seu namorado.

– Harry... O que foi isso? – Edward perguntou, soando e parecendo desnorteado.

– É só para mostrar que você é muito mais forte do que pensa... – Harry disse olhando nos olhos do outro. – Não tenha medo de ser quem você é, Edward... E também não tenha medo em seguir seus instintos...

– Mas... Eu poderia ter te machucado... – Edward olhou para baixo envergonhado, escondendo seus olhos negros.

– Shhh... – Harry pôs o dedo indicador no qual perfurara no lábio dele. – Você não me atacou, pois você se manteve no controle. Mais uma vez, você é mais forte do que pensa.

– Eu sou?

– Sim, é claro que você é... – o bruxo sorriu com doçura para ele, tirando o dedo dos lábios dele, no qual ainda ficara uma gota de sangue. – Então... Meu sangue é apetitoso Sr. Cullen?

Com um sorriso tímido e acanhado, o vampiro lambeu os próprios lábios no qual havia o sangue do bruxo. Fechando os olhos, ele sentiu em sua língua o jogo de nuances que compunha o gosto de Harry. Era doce, com algo que lembrava a sensação de seiva de frutas ou calor de um conhaque e pequenas partículas e nuances diversas  no qual ele não poderia identificar.

– Têm gosto de frutas vermelhas e conhaque... – Edward disse, beijando-o a ponta do dedo de Harry, fechando os olhos ao sentir a garganta contrair e arder em protesto.

– Bom pra você, aprendiz de Drácula, pois eu só sinto gosto de ferrugem e sal em minha boca... – Harry disse fazendo uma careta enojada.

Edward gargalhou, fazendo com que Harry risse em seguida. Ao parar de rir, o vampiro fitara o bruxo, observando suas bochechas coradas, olhos verdes cintilantes, lábios avermelhados pelos beijos, cabelos escuros selvagens... Um convite para Edward cometer luxúria.

– Você será a minha perdição Harry Potter. – Edward sussurrou para si mesmo.

Harry piscou os olhos, atônito por aquelas palavras.

– Escolha interessante de palavras...  – ele disse baixinho.

Edward sorriu, puxando-o para cama e se recostando nos travesseiros, fazendo com que Harry colocasse a cabeça em seu peitoral, ambos observando o céu artificial salpicado de estrelas.

.

.

.

Jacob Black odiava os vampiros.

Ele odiava aquelas aberrações mortas–vivas de pele cor de giz, frias e duras como pedra, com aquele cheiro insuportavelmente doce, floral e resinoso que emanavam de seus corpos e impregnava o ar em sua volta e que remetia a ele o cheiro de flores murchas em um velório, algo que no final das contas era bastante apropriado. Ele os odiava, pois para ele era absurdo que a sua tribo aceitasse que dividissem os territórios que eram seus há centenas de anos com aquelas aberrações.

Ele odiava vampiros.

Mas acima de tudo, ele odiava Edward Cullen.

Ele odiava aquele perpétuo ar de bom moço que ele fazia questão de manter, odiava seus modos refinados e elegantes, suas roupas caras que valiam mais do que as economias que ele e o pai dele, Billy Black possuíam, mas principalmente o odiava por que roubara Bella dele.

Bella era para ser sua, mas graças aquele sanguessuga ela estava morta. A felicidade de Jacob estava morta e enterrada, fazendo com que seus sentimentos fossem amargados pelo rancor que crescia em seu peito como raízes, drenando toda sutileza que antes ele tinha. Ele estava infeliz, mas de alguma forma era agradável pensar que Edward também estava infeliz. Ele tinha de estar infeliz, pois assim seria uma espécie de justiça divina saber que ele seria eternamente infeliz.

Mas então ele descobriu que estava enganado.

Edward não estava infeliz, não estava sofrendo pela perca de Bella, ele estava namorando, seguindo com a vida – ou seguindo com a morte? – em frente como se nada tivesse acontecido.

Enquanto caminhava até o local de treinamento ao lado dos outros membros do pack  – uma campina encravada no meio da divisa entre os territórios da Quileutes e dos vampiros – Jacob avistara o Edward de mãos dadas com bruxo de cabelos escuros, os dois conversando sobre algo até que o vampiro levou a mão deste até os seus lábios para beijá-lo de maneira carinhosa como nos filmes antigos.

Jacob apertou seus punhos enquanto olhava para baixo, sentindo ódio e nojo. Não pelo fato dos dois serem homens - colocando as coisas em uma balança, aquilo era o menor dos detalhes, apesar de também ter um pouco de contribuição.

Ele sentia ódio de Edward e nojo de si mesmo, pois no fundo ele estava com profunda inveja do vampiro: inveja de sua felicidade e inveja por ter achado alguém para si.

Ele se sentia infeliz enquanto Edward estava bem e isso era injusto aos seus olhos.

Enquanto todos se preparavam para o primeiro treinamento entre lobos, vampiros e também bruxos, Jacob os observou novamente, Edward e o arrogante bruxo de cabelos pretos que o humilhara na frente de seus companheiros de alcateia e dos outros vampiros.

“Eles se merecem... Duas aberrações, dois monstros...” ele pensou, cerrando os dentes com força e contraindo o maxilar.

Mas então, como se fosse provocado por ferroadas, ele vira Edward sorrir apaixonado enquanto Harry ficava na ponta dos pés para beijar a bochecha dele, indo depois em direção aos dois outros bruxos, o rapaz ruivo da noite do encontro entre sua alcateia e eles, ao lado de uma garota que nunca vira antes.  Jacob não desviou seu olhar, assistindo Edward colocar seus dedos na bochecha em que foi beijado, enquanto o vampiro grandalhão, Emmett, o provocava com comentários sobre os namorados.

A felicidade de Edward o enojava, fazia seu sangue ferver.

Ele não merecia aquilo. Jacob não sabia como, mas ele iria dar um jeito de tirar de Edward aquele sorriso, da mesma forma como o vampiro havia feito consigo. Ele iria fazer Edward ficar infeliz.

Seria olho por olho e dente por dente.


Notas Finais


Nos últimos dias minha vida está um caos, uma mistura de provas finais da facul, estresse de final de ano, eu lutando para tirar a primeira CNH, aliado também com um PUTA bloqueio criativo sobre essa história.

Esse capítulo pra mim foi o PIOR para escrever, pois tudo o que digitava não parecia bom o suficiente, vocês não têm noção. Mas de alguma forma, ao reler capítulos anteriores, eu pude encontrar o fio da meada e voltar aos trilhos. Eu SEI como essa fic vai desenrolar até o seu final, mas as vezes me dá um branco em continuar a narrativa para fazer chegar lá...

Curiosidades sobre o capítulo:
- O Grande Incêndio de Londres foi uma tragédia que realmente aconteceu em 1666, deixando 100mil pessoas desabrigadas e milhares de mortos. Carlisle é contemporâneo dessa tragédia, então valeu a pena mencionar a referência rsrs
- Enquanto eu refletia sobre a famosa frase de Crepúsculo, a do 'Leão e o Cordeiro', cada vez mais ficou claro em minha mente em como Harry é também um leãozinho em sua maneira de ser: ele é literalmente leonino, e é claro, o símbolo de sua casa, a Grifinória, é o leão. Harry é pura coragem, ousadia e bravura. Então ele está loooooooonge de ser o "cordeiro estúpido" da frase - sorry not sorry Bella.
- Preparem-se que cada vez mais o clima vai ficar TENSO entre os Cullens, lobos e bruxos.

Obrigado a todos que leem/favoritam essa fic! Por favor, comentem se quiser! Adoro ler seus comments... É tipo receber coca gelada com coxinha depois de escrever kkkkk

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Ahhh um aviso: eu comecei a escrever uma outra fic de HP, focada unicamente em Hedric, então caso tenham curiosidade, procurem no meu perfil rsrs

E OUTRO AVISO, o swiftie aqui está com uma ideia DOIDA de fazer uma série de One-Shots de HP baseada em 'Lover' de Taylor Swift, onde serão 18 capítulos, cada um inspirado pela faixa do álbum com diferentes ships como Drarry, Hedric, Dramione ou Romione, em universos e situações. Acham uma boa ideia? Me conte do que achar... Eu já até desenvolvi as ideias aqui para cada música kkkkkkkkk


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